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A APURAÇÃO DOS LUCROS PARA DECISÕES ADMINISTRATIVAS JOEl DEAN Em época de inflação, compensa à emprêsa determinar o lucro econômico real, além do contábil. Quais os méritos e limitações dos métodos que, para êsse fim, tem o administrador à sua disposição? De acôrdo com as diferentes finalidades a que se destinam, devem os lucros ser medidos de formas diversas. A espécie de apuração exigida para grande parte das decisões adminis- trativas não é dada pela demonstração convencional de lucros e perdas. O "Bureau of Internal Revenue", os acionistas e os bancos exigem tipos diversos de informações e também, em geral, demonstrações de lucros e perdas que atendam a dife- rentes requisitos. Ademais, a administração da emprêsa, para tomar decisões, faz exigências especiais da análise do lucro ; e a demonstração de lucros e perdas usada pelos administra- dores obedece, comumente, mais aos conceitos da análise eco- nômica do que às convenções do fisco. Há, ainda, muitos administradores que não estão satisfeitos com a demonstra- ção de lucros e perdas obtida por meio dos métodos conven- cionais de contabilidade, por julgarem que suas decisões pode- riam situar-se em plano mais elevado se essa demonstração correspondesse, mais de perto, aos propósitos da adminis- tração. JOEL DEAN - Professor da .«Graduate School of Business» da «Colum- bia University». NOTA: Este artigo é reproduzido sob autorização e traduzido de «The Accounting Review», vol. XXVI, n.? 2, abril de 1951.

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A APURAÇÃO DOS LUCROSPARA DECISÕES ADMINISTRATIVAS

JOEl DEAN

Em época de inflação, compensa à emprêsa determinaro lucro econômico real, além do contábil. Quais osméritos e limitações dos métodos que, para êsse fim,tem o administrador à sua disposição?

De acôrdo com as diferentes finalidades a que se destinam,devem os lucros ser medidos de formas diversas. A espéciede apuração exigida para grande parte das decisões adminis-trativas não é dada pela demonstração convencional de lucrose perdas. O "Bureau of Internal Revenue", os acionistas e osbancos exigem tipos diversos de informações e também, emgeral, demonstrações de lucros e perdas que atendam a dife-rentes requisitos. Ademais, a administração da emprêsa, paratomar decisões, faz exigências especiais da análise do lucro ;e a demonstração de lucros e perdas usada pelos administra-dores obedece, comumente, mais aos conceitos da análise eco-nômica do que às convenções do fisco. Há, ainda, muitosadministradores que não estão satisfeitos com a demonstra-ção de lucros e perdas obtida por meio dos métodos conven-cionais de contabilidade, por julgarem que suas decisões pode-riam situar-se em plano mais elevado se essa demonstraçãocorrespondesse, mais de perto, aos propósitos da adminis-tração.

JOEL DEAN - Professor da .«Graduate School of Business» da «Colum-bia University».

NOTA: Este artigo é reproduzido sob autorização e traduzido de «TheAccounting Review», vol. XXVI, n.? 2, abril de 1951.

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Este artigo tenta examinar, do ponto de vista da administra-ção, os tópicos da apuração de lucros que, a nosso ver, têmsido os pontos mais importantes de desacôrdo entre econo-mistas e contadores: (1) o significado da depreciação; (2) otratamento das perdas e ganhos de capital; e, talvez o mais im-portante atualmente (3) o nível-base de preços para a ava-liação do ativo (ou seja, custo atual versus custo histórico).Alguns comentários introdutórios sôbre a natureza do lucro ea influência de acontecimentos futuros nos valores presentesservirão para esclarecer as controvérsias.

A Natureza do Lucro das Emprêsas

o futuro tem papel preponderante nestes três tópicos da apu-ração de lucros, não só em relação aos valores econômicos,como às decisões de negócios. Os economistas consideram ofuturo como a fonte básica do valor presente do ativo e ohomem de negócios reconhece que, para suas decisões, o pas-sado é irrelevante, exceto como "preditor" do futuro. Ocontador porém, encontra aqui um problema: esforçando-sepor manter "padrões de realidade" fidedignos e conservadores,prefere relatar fatos históricos e evitar especulações sôbre ofuturo.

Para o contador ortodoxo, o lucro líquido é, em essência, umrelato histórico do passado. Para o economista, o lucro líqui-do é, em essência, uma especulação sôbre o futuro. Todossabemos que nossos rendimentos flutuam através dos anos,aumentando com a prosperidade e à medida que nossas habi-lidades crescem, e diminuindo com a depressão e a velhice.Sabemos que podemos fazer empréstimos que resgataremoscom rendimentos futuros e que devemos economizar paranossas dificuldades no porvir. Estas expectativas governamo montante que podemos gastar no presente. Esta quantiapode ser' considerada como o nosso rendimento para o con-

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sumo de bens, neste momento. Em têrmos econômicos, de-terminamos o valor atual do capital de todos os nossos ganhosfuturos e gastamos, neste ano, como rendimento, uma pres-tação equivalente a urna anuidade daquele valor. As socie-dades anônimas têm vida eterna, por isso que seu lucro líquidopode ser medido como a importância máxima que é possíveldistribuir em dividendos (teoricamente, desde o momentopresente até o futuro indefinido), sem diminuir a lucrativi-dade da companhia. Assim, o conceito se refere à preservaçãodo capital real dos acionistas. Logo, para estimar o lucro, épreciso que se faça um prognóstico de tôdas as mudanças daprocura, dos processos de produção, dos desembolsos paraoperação da emprêsa, das receitas e das mudanças de preços(a fim de estabelecer fluxos de numerário em têrmos de poderaquisitivo constante). É preciso um orçamento de caixa (ajus-tado para poder aquisitivo) que prognostique o futuro maisdistante. Se isto fôsse possível, poderia ser feito um planode empréstimos e investimentos que permitisse um pagamentoanual de dividendos equivalentes ao consumo uniforme debens, neste momento, que aqui entendemos como o índice delucro da firma.

Este conceito de lucro de emprêsa é um ideal inatingível, masdemonstra a importância dos fluxos futuros na apuração dolucro e é o árbitro certo para escolha do tratamento contábilmais exato de custos e receitas. O conceito de lucro do con-tador, assim como êste, requer, para sua apuração, uma con-solidação de transações datadas de desembolsos e entradas denumerano. Há, porém, uma diferença: o contador usa tran-sações passadas ao invés de futuras. (1)

O contador apura o lucro achando a diferença entre o patri-mônio líquido no princípio do ano e o patrimônio líquidono encerramento do ano. O ativo inclui os desembolsos queforam feitos para o ativo imobilizado (imóveis e máquinas) eo ativo realizável a longo prazo (financiamentos e investimen-tos a longo prazo), além do ativo realizável a curto prazo

(1) O economista considera irrelevantes os custos históricos que nãopodem, numa dada situação, ser recuperados. :estes, entretanto,não são desprezados pelo contador.

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(títulos fàcilmente negociáveis, estoques e contas a receber),do ativo disponível (caixa e depósitos bancários à vista) e dascontas de resultado pendente (despesas pagas antecipadamen-te). Do total, êle deduz alguns desembolsos futuros - o pas-sivo exigível a longo e a curto prazo, e também, às vêzes, asprovisões para contingências. Deduz também parte da impor-tância que foi gasta no ativo imobilizado e diz que aquelaparte representa a fração do custo original que já foi colo-cada na produção de estoque e, conseqüentemente, de nume-rário. O ativo total, menos as reservas e o passivo, constituemo patrimônio líquido, isto é, a mudança de ano para ano naqual está o lucro anual. (2)

O balanço contém, às vêzes, contas intangíveis de ativo, taiscomo fundos de comércio e patentes que, nominalmente, sãoantecipações do futuro. Porém, sua avaliação nos livros nãoestá intimamente ligada a expectativas. Estas contas têm suaorigem nas compras de marcas, mercados ou patentes e refle-tem os montantes pagos. Para ser conservador, o contadorgeralmente prefere amortizá-las tão ràpidamente quanto oslucros o permitam. O fundo de comércio, no balanço de umanova sociedade anônima, pode representar, ou os lucros dopromotor, ou "ações diluídas". À medida que os mercadosvão ficando estabelecidos e começam a entrar lucros, o fundode comércio é amortizado. Assim, o fundo de comércio teó-rico é amortizado à medida que se vai efetivando o fundo decomércio real.

O balanço do economista tem uma interpretação bem diferen-te, pois é uma tentativa de agregar os lucros que advirão, nofuturo, do patrimônio atual da firma. Cada ativo possui lu-cratividade própria. O valor desta lucratividade é difícil dedeterminar, mas, certamente, não é menor do que o preço que-se pode obter, no mercado, por êsse mesmo ativo. O valordos ativos, em conjunto, é, geralmente, maior do que o valor

(2) Assim, embora o contador não derive o lucro inteiramente dos:custos passados, limita as especulações sôbre recebimentos futuros.de caixa ao absolutamente certo; as previsões quanto a desem-bolsos futuros são, às vêzes, menos rigorosas, como, por exemplo;quando incluem provisões para contingências.

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dos ativos considerados separadamente. Este valor adicionaldepende da existência de uma organização já em funcionamen-to, com pessoal treinado, boas relações estabelecidas no mer-cado e liderança efetiva. (3) Pode ser chamado de fundo decomércio, mas é inteiramente diferente da maioria das espé-cies de fundo de' comércio contábeis. O importante, aqui, éque o balanço do economista provém inteiramente das expecta-tivas de lucro, enquanto que o balanço contábil pode ser tidocomo o instrumento básico para o cálculo do lucro con-tábil. (4)

Como já dissemos, as incertezas que se acumulam a cada pas-so, neste método, tomam-no adequado apenas para as estima-tivas mais gerais de lucro. Entretanto, êle pode servir de indi-cação quanto a "certos" e "errados" nas práticas contábeispara análise do lucro.

Ainda que contadores e economistas comecem de pontos devista bastante diferentes, na apuração do lucro, poderiam, pordefinição, chegar a estimativas iguais, mas isto só ocorrerianuma economia estacionária, em que os preços fôssem está-veis e a concorrência assegurasse que o custo seria uma boamedida de valor. No mundo real de negócios, de guerras ede inovações tecnológicas, as estimativas de lucro das emprê-sas feitas por contadores e economistas são tão diferentesquanto seus propósitos e métodos'. Ambas as espécies de apu-ração são importantes para a administração, mas substituiruma pela outra é mais ilusório do que geralmente se supõe;

Depreciação

O tratamento da depreciação é importante neste conflito bá-sico. Apenas durante os últimos cinqüenta anos é que a de-

(3) Quando o valor das partes excede o do total, é, obviamente, tempo'para liquidar.

(4) As cotações do mercado de ações estão, em geral, mais em confor-,midade com as noções de expectativas de valor do economista, do-que com as avaliações históricas do contador. O valor de mercadode uma ação não está logicamente relacionado ao seu valor contá-bil e é, comumente, bem diferente dêle.

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preciação tem sido aceita como dedução ao lucro. A medidaque os homens de emprêsas compreenderam que deve ser feitauma provisão para a reposição futura do equipamento, acha-ram necessário desenvolver um tratamento contábil relativo àreserva de depreciação. A insistência do contador de que areserva fôsse relacionada ao custo original em vez de ao custode reposição - que é comumente muito diferente - fêz comque a depreciação contábil tivesse utilidade econômica com-pleta, somente sob as condições hipotéticas simples de preçosestáveis e obsolescência previsível.

o objetivo da depreciação em contabilidade é apropriar àprodução o custo total do equipamento, durante o período noqual será usado. (5) A finalidade é garantir que as receitasequivalentes ao custo original sejam, em vez de distribuídascomo' dividendos, devolvidas ao ativo, em forma de mais equi-pamento ou dinheiro. Não é relevante para êste problemaque o montante, que é assim retirado aos dividendos, sejarealmente suficiente para a reposição. Esta, de acôrdo comos contadores, não tem relação com a apuração dos lucros.

Para os economistas, há duas espécies distintas de despesasde depreciação. A primeira é o "custo de alternativa" ("oppor-tunity cost") do equipamento, isto é, a alternativa mais lucra-tiva que é perdida porque o equipamento foi pôsto no seupresente uso. (6) A alternativa no uso de um ativo por umano pode ser a venda dêsse ativo no princípio, em vez de nofim do ano. O custo de alternativa poderia, então, ser medido

(5) Raramente é a vida útil do equipamento tão longa quanto suapossível vida física. Quando o equipamento é substituído, porqueestá obsoleto, muito antes de estar fisicamente desgastado, algumasfirmas fazem dois lançamentos: um para deterioração, que é deter-minado pela estimativa da vida física, e outro para obsolescência,determinado pela vida econômica, que preenche as deficiências dolançamento para deterioração física. A maioria das firmas nãodistingui os lançamentos para estas duas causas de retirada, massimplesmente lança a depreciação para um período mais curto,determinado pela «vida da obsolescência».

(6) l!:ste é, às vêzes, chamado «custo do promotor» (user cost). Parauma descrição das diversas espécies de custos do promotor, videW. A. Lewis, Overhead Costs, New York, Rinehart & Co. Inc,1949, pg. 4.

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pela queda do valor do equipamento durante o ano. Estaredução de valor residual, que mede a perda de capital resul-tante de se adiar e transferir a substituição do equipa-mento por um ano, produz uma estimativa de custo de de-preciação que é bem diferente da depreciação em linha retafeita para um determinado ano. Por exemplo, é comum lan-çar como depreciação anual um quinto do custo original deum automóvel. Entretanto, o declínio em seu valor residualdurante o primeiro ano está, normalmente, mais perto de 40%do que de 20% do custo original. Este valor residual nãotem, inerentemente, relação com o custo; assim, durantealguns anos do após-guerra, se elevou, produzindo, do ponto devista econômico, custos negativos de depreciação.

o custo de alternativa de depreciação depende da naturezada alternativa. Manter o equipamento inativo e guardá-lo paraanos futuros pode ser uma alternativa; ou é possível que nãohaja usos alternativos em outro lugar ou tempo e, assim, nãohá custo real em tê-lo na função presente. Uma reprêsa hidre-létrica é, talvez, um exemplo desta espécie de investimentoespecializado e imóvel. O custo econômico do uso do equipa-mento por um ano, de qualquer modo, nada tem a ver comos dois fatôres importantes da depreciação contábil, ou seja,o custo original e o resíduo eventual do equipamento.

A segunda espécie de custo de depreciação é o esgotamento deum ano de vida aproveitável. No caso da reprêsa, em quenão há custo de alternativa, a vida útil futura (que mede seuvalor para a firma já em funcionamento) está, não obstante,continuamente se esgotando. Para preservar o capital do pro-prietário, uma parte suficiente dos lucros brutos da reprêsadeve ser economizada e reinvestida em empreendimentos igual-mente lucrativos, talvez numa reprêsa de substituição. O mon-tante desta espécie de depreciação econômica não é determi-nado pelo custo histórico do equipamento. É melhor medidopelo valor de reposição de equipamento que produza, no futu-ro, rendimentos equivalentes. Esta espécie de depreciação nãoé um custo; o custo foi incorrido quando o capital foi imobili-zado originalmente. Trata-se, ao invés, de um ato de poupan-ça, e o montante a debitar cada ano é um problema financeiro

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relacionado às tendências passadas, presentes e futuras doslucros brutos, bem como às expectativas do nível de preços.

Ambos os conceitos econômicos de depreciação são importan-tes para a administração. O primeiro é necessário para asolução dos problemas oriundos das atividades lucrativas; osegundo para os problemas financeiros da preservação e admi-nistração do capital. Em nenhum dêles, entretanto, o custooriginal toma qualquer parte nas estimativas.

Tratamento dos Ganhos e Perdas de Capital

Os ganhos e perdas de capital podem ser definidos, em senti-do lato, como as mudanças não antecipadas do valor da pro-priedade, em relação a outros bens existentes no momento,isto é, refletem uma mudança na antecipação que alguém fazda lucratividade da propriedade. (7) As flutuações de preçosno mercado de ações são, quase tôdas, desta natureza.

A "propriedade" deve ser aqui interpretada em sentido lato, afim de incluir habilidade administrativa, estrutura da organi-zação, marcas e boas relações estabelecidas no mercado. Todoo ativo que compreende o valor da firma é vulnerável a essasmudanças. Por exemplo, o valor do dinheiro em caixa dete-riora, na inflação; as contas a receber são prejudicadas porimpontualidades não previstas nas reservas para devedoresduvidosos; o estoque está sujeito a incêndio, inundação, quedasde preço e concorrência de substitutos; o valor das instala-ções da fábrica é reduzido quando concorrentes instalamequipamento novo, mais eficiente; e as patentes podem tor-nar-se inúteis por uma decisão dos tribunais. A lista de pos-sibilidades é imensa.

(7) A definição fiscal não usa êste conceito de ganhos de capital comosendo inerentemente inesperados. Porém, as definições que se ba-seiam na evidência, como, por exemplo, os aumentos no valor demercado, são essencialmente equivalentes, É difícil, em princípio,conceber um ganho de capital que não seja caprichoso, uma vez.que o valor do capital é baseado em lucro previsível. Da mesmaforma, as perdas são claramente inesperadas, uma vez que nin-guém realiza um investimento na expectativa de uma perda.

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Estas são perdas de capital que, numa sociedade em expansão,são provàvelmente maiores, no total, do que ganhos de capital.Muitos dêstes riscos podem ser obviados pelo estabelecimen-to de provisões e reservas ou de taxas altas de depreciação.Quando uma administração conservadora faz provisões e re-servas em excesso, a diferença aparece, eventualmente, comoganhos de capital.

Uma boa diretriz contábil a seguir com relação a perdas eganhos de capital é evitar lançá-los, até que se transformemem dinheiro por meio de compra ou venda do ativo, umavez que não se sabe, até então, qual o seu valor exato emdólares. (8) Às vêzes, são feitas importantes reavaliaçõespara menos, quando o valor aparentemente desapareceu; masa experiência disciplinadora do período de 1929 a 1932 eli-minou virtualmente a prática de reavaliações para mais,acima do custo original.

Esta diretriz contábil de não reconhecer perdas e ganhos decapital até que sejam transformados em dinheiro faz surgiro problema do tratamento contábil adequado para receitasprovenientes destas reavaliações, na demonstração de lucrose perdas. Muitos dos itens estão relacionados a perdas eganhos de capital dos anos precedentes. Os contadores nãoestão de acôrdo sôbre se a transação real de numeráriodeveria ser debitada contra o lucro ou contra os lucros sus-pensos. (Para discussão da matéria, vide Accounting Re-search Bulletin 32, American Institute of Accountants). Po-rém, para alguns tipos de perdas e ganhos de capital, comopor exemplo, a perda na venda de maquinaria não depreciada,tem sido comum refazer-se as demonstrações do ano ante-

(8) As exceções a esta regra são: (1) a avaliação do estoque ao preçode custo ou ao preço de mercado - dependendo de qual dos doisseja o mais baixo - regra conservadora que exige reavaliações paramenos durante a deflação (quando o preço de mercado pode irabaixo do custo de estoque), mas não reavaliações para mais du-rante a inflação; e (2) a avaliação ao preço corrente de mercado,informação que é fàcilmente encontrada nos jornais. Porém, aaparente precisão que parece garantir estas exceções é, freqüente-mente, ilusória como medida, não só de valor de liquidação, comotambém de poder de lucratividade do ativo.

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rior, permitindo um tratamento adequado para as perdas eganhos de capital realizados.

~"'I1_JO tratamento dado aos relatórios financeiros para as perdase ganhos de capital não é matéria que interesse aos econo-mistas (desde que os relatórios sejam explicados). Os eco-nomistas estão preocupados com o futuro, não com o pas-sado. O importante é que ganhos e perdas de capital podem,comumente, ser previstos, com alguma antecedência, antes deserem transformados em dinheiro. (9) Uma administraçãorealista deve manter uma espécie qualquer de balanço,ainda que êste seja apenas uma estimativa que contenhaprevisão quanto a surprêsas, muito antes que venham a tor-nar-se suficientemente exatas para serem aceitas pelos conta-dores. Por exemplo, se os preços devem ser determinadoscom o objetivo de possibilitar uma taxa "razoável" de retôrnoao investimento realizado, deveriam refletir perdas e ganhosde capital projetáveis, se bem que ainda não transformadosem dinheiro. De outra forma, uma taxa de retôrno a seralcançada, baseada num valor de capital histórico "de fato",mas, não obstante, fictício, pode levar a desagradáveis sur-prêsas posteriores, oriundas das diretrizes de preços que delaproviriam.

Custos Correntes versus Custos Históricos

Ao apurar o lucro, os contadores, em geral, lançam os custosem têrmos do nível de preços ao tempo da compra - lan-çando o desembôlso histórico - e não em têrmos do nívelatual de preços. Para isto, dão várias razões: (1) porqueos custos históricos produzem uma apuração mais acuradado lucro; (2) porque os custos históricos são menos pas-síveis de discussão (mais objetivos) do que o cálculo dovalor presente de reposição; (3) porque a função do con-tador é registrar a história, seja ela relevante ou não para os

(9) Aceounting Research Bulletin 24 regula o tratamento a ser dado aintangíveis para estas operações.

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futuros problemas econômicos ou de negócios, mas presu-mivelmente na esperança de que o seja. (lO)

Os argumentos sôbre a contabilidade de custos históricostêm-se desenvolvido por décadas, mas nunca foi o debatemais veemente do que durante a inflação de 1941 a 1948.Essa época foi extremamente turbulenta: as emprêsas se agi-tavam, a fim de preencher a procura do após-guerra e esta-vam lutando por novas posições no mercado; houve uma cor-rida para lançar novos produtos; os investimentos de capi-tais estavam sendo feitos num volume tremendo. A situa-ção foi repleta de perdas e ganhos de capital resultantesdas mudanças violentas na procura, na oferta e na estru-tura de preços. A administração precisava da melhor espé-cie de informações, a fim de manter-se a par das condiçõese planejar eficientemente. A inflação levou os preços a apro-ximadamente o dôbro do seu nível de dez anos antes; tor-nou-se necessária uma revisão geral de idéias sôbre o valorde um dólar e o significado dos ativos mais antigos noslivros. Uma das conseqüências significativas da inflação foia controvérsia amarga entre contadores, advogados, econo-mistas e políticos sôbre a verdade ou ficção da prática con-tábil dêsse período. A discussão foi uma troca de especula-ções sôbre obrigações legais ou morais a investidores, pro-blemas de tributação, tradições contábeis estabelecidas, níveistuturos de preços e conveniência política. Da controvérsiasairam demonstrações de lucros e perdas com um número dereservas especiais e notas explicativas, além de alguns trata-mentos extraordinários de depreciação. (11)

(10) O ponto de vista de que a contabilidade não é essencialmente umprocesso de avaliação mas de apropriação de custos históricos, temrecentemente tido defensores de valor. Vide Accounting Review,vol. XI, n." 2, junho de 1936, pg. 188. Vide também AccountingResearch Bulletin n.? 33, American Institute of Accountants, 14de outubro de 1948.

(11) Entre os últimos, estavam a taxa aumentada de depreciação sôbreo custo original da «U. S. Steel», bem como a reavaliação paramenos que fêz a «Chrysler», das aquisições de após-guerra, para onível de custo do período anterior à guerra, antes do início doslançamentos de depreciação.

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Estava implícito, na maioria das diretrizes de depreciaçãoque, eventualmente, voltaríamos a preços do período ante-rior à guerra. Esta presunção parecia ser bastante irreal eirrelevante para a maioria dos economistas e era claro queas demonstrações de lucro publicadas tinham apenas come-çado a reconhecer a mudança básica no poder de compra dodólar. Com os preços num novo plano, os lançamentos dedepreciação, em têrmos de preços do período anterior àguerra, representavam apenas aproximadamente a metade dofinanciamento das reposições de após-guerra, sendo quaseimpossível determinar que parte do "boom" de investimentode capitais estava realmente acrescentando à capacidade pro-dutiva da nação.

As estatísticas de lucros de sociedades anônimas eram pro-vàvelmente superestimativas brutas de lucros econômicos,( 12) se bem que o montante da distorção fôsse difícil deestimar. Num período de inflação, o custo de vida sobe, tantopara as emprêsas, como para as pessoas. Sobem os custosde renovação dos estoques, de reposição do equipamentousado e de expansão da capacidade. Entretanto, as práticascontábeis geralmente falham em registrar adequadamenteêstes aumentos. Quando os estoques e a depreciação sãolançados aos custos originais, em vez de ao custo mais alto dereposição, o estoque e o ativo fixo são reavaliados à medidaque são movimentados. A contabilidade ortodoxa evita cuida-dosamente que as reavaliações ordinárias entrem na conta delucros e perdas - tratando-as como ajustes de lucros suspen-sos. Porém, quando as reavaliações acham um meio indiretode chegar às contas, pelo processo de rotação de ativo duran-te a inflação, elas acabam também por chegar à conta delucros e perdas. Estes lucros de reavaliação são tratadoscomo lucros ordinários da emprêsa e não podem ser distin-guidos, nos livros, de outros lucros. Assim, o lucro contábilsuperestima o lucro real da emprêsa, não somente durante ainflação, mas também durante algum tempo depois que ospreços tenham atingido estabilidade. É claro que não é sufi-

(12) ~ste ponto de vista foi geral e, indubitàvelmente, um dos fatôresque conservou baixos os preços de mercado das ações em relaçãoaos lucros correntes declarados.

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ciente deflacionar o rendimento declarado, dividindo os lucrosem dinheiro por qualquer índice de custo-de-vida, à semelhan-ça do que é feito para se achar o salário real. Os lucros sãoo resíduo de um cálculo que usa dólares de datas muitodiferentes - os dólares em dinheiro de hoje, os dólares doestoque do ano passado e os dólares do equipamento demuitos anos de prosperidade e depressão. Para medir oslucros reais, todos êstes ativos devem ser lançados em dóla-res com o mesmo poder de compra. Esta é uma operaçãotrabalhosa, e os dados necessários de preços, produtos edatas são comumente difíceis de estimar. Com algumas sim-plificações, entretanto, podem ser feitas aproximações úteis.Com relação aos impactos do nível de preços, podem serdistinguidas três espécies de estimativas de lucros: ( 1) lu-cros em dólares de valores reais mistos de diversos anos;(2) lucros em dólares ao valor corrente; e (3) lucros emdólares de valor constante. Os lucros declarados pela con-tabilidade convencional são, como já vimos, uma mistura dedólares de diferentes datas e, comumente, de poder aquisitivodiverso.

Lucros em Dólares ao Valor Corrente

A segunda espécie pode ser estimada por meio de ajustes donível de preços que fariam as receitas e custos, de um deter-minado ano, refletir o poder aquisitivo do dólar daquele ano.Isto remove muito da distorção causada por dólares de valorreal diferente na mesma demonstração de lucros e perdas. Asestimativas de lucros baseadas, cada ano, em dólares ao valorcorrente, seriam diretamente utilizáveis para diversos propó-sitos da administração (por exemplo, avaliação do desem-penho dos administradores da emprêsa). Serviriam, também,como passo intermediário na aproximação dos lucros em dó-lares de valor constante, uma vez que a deflação simples,análoga à da conversão de salários em dinheiro em "saláriosreais", seria legítima para fins práticos.

Os lucros em dólares de valor corrente são análogos aos queseriam dados pela contabilidade convencional para uma em-

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prêsa manufature ira que não tivesse ativo tangível, ou mesmoestoques. Supõe-se aqui que a companhia compra materiaisapenas de acôrdo com as necessidades, aos preços correntesde mercado, e aluga equipamento por montantes que refle-tem continuamente o custo corrente de reposição do equipa-mento. Os lucros que são estimados pela aproximação destasituação de ausência de ativo representariam lucros de ope-ração em dólares de valor corrente. Esta espécie de ajuste,não somente afasta aS perdas e ganhos fictícios trazidos porflutuações nos. níveis de preços, mas também revela algunsdos ganhos e perdas de capital mais permanentes, causadospor mudanças nos preços relativos.

Para muitas emprêsas, os lucros em dólares de valor correntepodem ser aproximados por uma combinação de depreciaçãobaseada no valor de reposição e no cálculo de custo de ma-teriais pelo método "UFa" - (último que entra - primeiroque sai). A depreciação em linha reta baseada no valor dereposição não ataca diretamente o problema, como já vimos,no sentido dos custos do promotor do negócio ou do desgastedo poder aquisitivo. Porém, a depreciação baseada no custode reposição é satisfatória, se bem que não inteiramente. É

preferível à depreciação de custo histórico para a maioria dasdecisões administrativas.

A contabilização do estoque pelo sistema "UFa" pode, emperíodos de inflação, ajudar a aproximar os lucros em dólaresde valor corrente. É atualmente muito usada e pode ser qua-lificada como um método legítimo para avaliação de custo demateriais para fins de impôsto de renda. Pelo método "UFa",os últimos materiais comprados são os primeiros lançados acusto da mercadoria vendida e, quando a rotação do estoqueé baixa, o lucro da emprêsa é apurado com base em preços demateriais, mais recentes do que os usados no método "FIFO"(primeiro que entra - primeiro que sai). Quando os preços es-tão em ascensão, "UFa" produz um lucro mais baixo do que"FIFO" (urna vez que os custos dos materiais debitados sãomais baixos) e, quando os preços estão baixando, mostra umlucro mais elevado. "UFa", assim, tende a eliminar os lu-cros contábeis que resultam da comparação de um estoque

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final com um estoque igual inicial declarado a preços dife-rentes.

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Porém, a escolha entre "UFO" e "FIFO" é ainda a escolhaentre os métodos da contabilidade de custos históricos, enenhum dêles atende completamente ao pedido do economistapara uma avaliação a preços correntes de mercado. Num anocomo o de 1946, em que houve uma elevação de-preços acom-panhada por expansão física de estoques, "UFO" poderia dar,para o estoque final e o custo da mercadoria vendida comdólares de poder aquisitivo diferentes valores, tão confusosquanto aquêles produzidos por "PIFO". Além disso, quandoos estoques estão sendo reduzidos, o custo da mercadoriavendida e os níveis de estoque começam a mostrar preços cadavez mais antigos e irrelevantes. Para atingir o ideal do rea-lismo econômico, é necessário reavaliar inteiramente os es-toques, a preços constantes.

Uma estimativa interessante do efeito da deflação de lucrosem dólares de valor corrente (13) foi a de que a cifra de50 bilhões de dólares para lucros totais de sociedades anôni-mas para 1946/1948era 38% fictícia. Dezenove bilhões foram,na realidade, lucros de estoque (isto é, aumento no valor emdólares de um estoque físico constante) mais subdepreciação(falha em lançar suficiente depreciação para fins de repo-sição ).

Lucros em Dólares de Valor Constante

Entretanto, o estudo feito pelo MAPI, foi, na realidade, umadeclaração incompleta da distorção total que havia ocorrido,uma vez que negligenciou as perdas de capital que a inflaçãotinha produzido no poder aquisitivo do ativo disponível. Istoé, se os preços subiram 50% entre 1940e 1947,um saldo ban-cário de um milhão de dólares, em 1947, valia apenas doistêrços do mesmo saldo em 1940, em têrmos daquilo que po-deria comprar. Deveria, também, movimentar-se 50% maisrápido para manter o mesmo ritmo de atividade. A perda

(13) Inflation and Postwar Profits, Machinery and AlJied ProductsInstitute, maio de 1949.

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ocorre em margens de segurança de liquidez. (14) Este eoutros efeitos menos importantes poderiam ser incluídosnuma estimativa completa da distorção dos lucros duranteuma inflação.

As estimativas contábeis de lucro podem ser deflacionadaspara dólares de valor constante por três métodos alternativosque diferem quanto à conceituação, bem como estatisticamen-te. Êstes três métodos podem ser caracterizados como: ( 1)deflação por meio de índices gerais de custos de reprodução;(2) deflação através de índices especiais de custos históricos;(3) deflação através de um índice único de custos históricos.O primeiro método, que é o mais caro e sofisticado dos três,é uma operação de duas etapas. Primeiro, tôdas as contassão lançadas novamente, a preços correntes, ano por ano, afim de eliminar a confusão de dólares de poder aquisitivo di-ferente e a fim de considerar as mudanças de preços relativosque são causadas por alterações nos hábitos de compra doconsumidor e nos custos de produção. Isto é conseguidoatravés do ajuste individual de cada conta. A etapa seguintedêste método é aplicar um índice geral de preços às contasajustadas, que agora refletem custos de reprodução. Isto éfeito a fim de tornar comparáveis, em poder aquisitivo, osdólares correntes de anos diferentes.

O primeiro método de deflação do lucro convencional da em-prêsa vem ilustrado no Quadro I, que compara os três métodosanalisados, aplicando-os a duas máquinas que foram adqui-ridas em datas diferentes, precedentes ao período-base dedeflação. A linha G mostra os resultados do uso do primeiro

(14) Pode-se perguntar por que possuir dinheiro, durante a inflação, éconsiderado uma perda, uma vez que é também possível dizer queaquêle que possui bens materiais realiza um lucro em relaçãoàquele que possui dinheiro. Esta é uma questão relativa e de-pende, parcialmente, da natureza da inflação. Se a inflação écausada por deprivação real, digamos, depois de um terremoto,aquêle que é proprietário de uma casa não danificada lucrou emrelação à maioria das pessoas. Porém, quando a inflação é oresultado da espiral salários-preços, nada é destruído senão o valordo dinheiro e isto é, muito razoàvelmente, visto como uma perdarelativa da habilidade dos proprietários e dos que percebem saláriosde comprarem bens de consumo.

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QUADRO I

ILUSTRAÇAO DE TRÊS MÉTODOS DE DEFLAÇAO

(Dados Hipotéticos)

Data de aquisiçãoMáquina X Maquina Y TOTAL

1934

350

Dados de preços:

A. Custo históricoB. Custo de reposição no período-

base (por exemplo, 1936-1939) .

C. Custo de reposição no períodocorrente (por exemplo, abrilde 1951) .

Nível geral de preços:

D. Na data de aquisiçãoE. No período-base .F. No período corrente .

Custo deflacionado:

G. Pelo primeiro método, defla-ção do custo corrente de

1938

$ 80 $ 60

100 100

150 200

70100180

1

reposição [( A ~ ) F] 83 YaC

H. Pelo segundo método, custode reposição no período base

A(A 13) .

J. Pelo terceiro método, de-flação do custo histórico(A-;-.D) .

100 100

114 100

$ 140

200

60100180

111 194 Ya

200

214

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método com as máquinas X e Y. A máquina X, que custa 80dólares em 1938, é lançada em têrmos do custo corrente dereprodução, por exemplo, de abril de 1951, ajustando os 80dólares por meio de um número índice especial que mostraque custaria cêrca de 150 dólares para ser substituída agora.Este custo de reprodução é, então, deflacionado pelo índicecorrente do nível geral de preços de abril de 1951, isto é, 180dólares. O resultado é 83 % dólares. O mesmo processousado para a máquina idêntica que foi comprada em épocaanterior e num nível mais baixo de preços, por exemplo, em1934, produz um custo deflacionado diferente, ou seja, 111dólares. O total da linha G, 194 %, representa o que as duasmáquinas teriam custado em 1951 se o nível geral de preçospermanecesse idêntico ao do período-base.

Este processo trabalhoso é justificado somente com a premis-sa de que a estrutura de preços mostra, ano por ano, a lucra-tividade relativa que se espera de ativos de produtividade di-ferentes, tais como imóveis e maquinaria. A suposição im-plica em que os preços são completamente flexíveis e que nãohá nunca racionamento (tanto público quanto privado) debens escassos, bem como capacidade em excesso para esto-que em excesso. Porém, como sabemos, a rigidez de preçosé bem generalizada no mundo real e, assim, os resultadosdesta deflação dão uma ilusão injustificável de precisão quenão vale, geralmente, o custo de sua determinação. Uma se-gunda dificuldade, com êste método, é o problema clássico deachar um índice do "nível geral de preços". Na teoria econô-mica moderna o problema é, por sua natureza, insolúvel.Assim, mesmo o "nível de preços" aproximado tem significadosomente quando se faz, na sua aplicação, uma presunçãonão-realística. (15) Porém, a despeito destas objeções teó-ricas, todos usam números índices e o problema prático éconstruir um que faça as suposições mais plausíveis sôbre osmétodos de compra e tenha um mínimo de distorção do mo-dêlo teórico de índice escolhido. O problema é suficientemen-

(15) Uma discussão recente do problema do número índice é encon-trada em M. J. Ulmer, «Economic Theory of Cost of Living IndexNumbers», Columbia University Press, New York, 1949.

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te difícil para um índice de consumidor em que o fim últimodo dinheiro é claro. Porém, o conceito de um custo-de-vidade emprêsa é matéria de especulação profunda que foi tocadaapenas superficialmente nas discussões teóricas.

o segundo método alternativo, que é menos custoso mas maisdifícil de racionalizar, é justificado pelas dificuldades surgi-das da conceituação pura de deflação. Por êste método, ocusto original é deflacionado por índices especializados.Assim, as mudanças nos preços relativos que são tão minu-ciosamente reconhecidas no primeiro método são deliberada-mente eliminadas da estimativa do rendimento. Como resul-tado, tôdas as contas são declaradas em têrmos de seus preçosdurante o mesmo período-base, digamos, 1936/1939. A supo-sição, neste método, é de que a estrutura média de um períodoqualquer de razoável estabilidade é mais significativa queos preços relativos de qualquer data, como denominadorcomum para combinação de quantidades físicas de tijolos, açoe maquinaria. Estas quantidades físicas são tomadas paramedir a verdadeira riqueza da companhia, sendo o problemado nível geral de preços claramente evitado. Assim, no qua-dro I, as máquinas X e Y são lançadas aos custos reais du-rante o período-base, 100 dólares, em vez de, como noprimeiro método, no que teriam custado êste ano, não tivesseo nível de preços mudado no período-base. Embora êste con-ceito afete as mudanças em produtos e tecnologia que oprimeiro tenta captar, é consideràvelmente menos custosopara aplicar e não representa um esfôrço maior para a nossacredulidade. Como o primeiro, entretanto, é uma tentativade medir o valor da propriedade em vez de seu custo.

O terceiro método, ainda mais barato, consiste em aplicar umíndice único a todos os itens da conta, usando o nível depreços da data do lançamento. Êste método não reconheceos movimentos de preço de artigos especiais e apenas lança aperda ou ganho no poder aquisitivo geral, incorrido ao tempoem que as diversas transações foram levadas a cabo. É,assim, um registro de custo histórico lançado em dólares devalor constante. Quaisquer que sejam os usos que tenha,êstes dependem da utilidade de qualquer registro de custos

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históricos. (16) Na ilustração do quadro I, o custo originaldas máquinas é deflacionado pelo índice geral de preços dadata em que foram compradas, a fim de mostrar o que teriamcustado, naquele tempo, se os preços em geral tivessem es-tado no nível do período-base.

Na prática, a verdadeira escolha de métodos de deflação sesitua entre o segundo e o terceiro métodos. O primeiro é eli-minado devido ao seu alto custo, sua pouca plausibilidade e adificuldade de estabelecer custos de reposição para maquina-ria velha. O segundo método recebe forte apoio devido aonosso conhecimento dos diversos aspectos em que a práticade preços difere da teoria de preços, na concorrência. Asgrandes diferenças no comportamento de preços para produ-tos diferentes, na última década, podem ser explicadas muitomelhor em têrmos de estruturas de concorrência de tipos di-ferentes do que por diferenças na procura por parte do con-sumidor. O problema importante, no segundo método, éescolher um período-base significativo. A virtude única doterceiro é a sua simplicidade, que pode compensar, pelo menosem comparações de períodos curtos, as imprecisões que apre-senta.

A segunda especie de deflação total a têrmos reais foi apli-cada pelo autor a três dos maiores fabricantes de produtoselétricos, para o período de 1935 a 1947. Todo o ativo foi lan-çado em têrmos de seu nível de preços de 1935, por meio dadeflação de cada grupo principal de ativos através de umíndice adequado de preços. As mudanças no ativo líquidototal da companhia, de um fim-de-ano a outro fim-de-ano,mais dividendos, menos novos fundos de capital (também lan-çados em dólares ao valor de 1935), dão uma medida dosseus lucros reais. Este método de estimar os lucros reaiseliminou das contas os lucros causados pela inflação dos va-lores em dólares QOsestoques que nada significavam em têr-mos reais; eliminou a expansão aparente de alguns dos ele-

(16) Um estudo bem conhecido de deflação por meio de um índice únicoé o de R. C. Jones, «Effective Inflation on Capital and Profits:Record of Nine Steel Companies», Journal of Accountancy, ja-neiro de 1949.

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mentos do ativo imobilizado que refletiam meramente o ele-vado custo do equipamento; revelou a perda em valor realdo ativo em dinheiro. (17)

Os resultados do estudo aparecem no Quadro lI. Ali, o lucroagregado é pôsto em contraste com o mesmo lucro, quandodeclarado em dólares de poder aquisitivo constante, e comos lucros reais deduzidos pelo processo de deflação total. Adiferença entre o curso aparente e real dos acontecimentos énotável; é o resultado do longo e contínuo aumento no nívelde preços. A alta de preços, de junho de 1946 até fins de1947, é refletida na grande diferença entre o lucro declaradoe deflacionado para 1947. A disparidade varia de companhiapara companhia, de acôrdo com as diretrizes diversas decada uma com referência a numerário, estoque e desembolsospara investimento em ativo fixo do período de após-guerra;mas para os fabricantes dêste tipo de artigos em geral, atendência do comportamento de lucros mostrada no quadro IIé mais ou menos típica.

Esta deflação de lucros não é uma demonstração completado conceito econômico do rendimento para estas companhias.Ela ajusta as cifras contábeis somente para mudanças nonível de preços e não para ganhos e perdas de capital emtêrmos de bens atuais. (18) A estimativa do lucro, repeti-mos, é essencialmente um problema de previsão, um esfôrço

(17) Uma análise desta natureza levanta diversos problemas de meto-dologia que não podem ser discutidos aqui, em pormenor. Os maisimportantes dentre êles são: (1) a escolha de índices apropriadosde preços; (2) a escolha de um período-base para os índices, quereflita adequadamente a idéia do analista da relação «normal» depreços entre os vários tipos; e (3) o grau de refinamento queparece ser necessário na deflação individual das contas do ativo,levando-se em consideração que os índices de preço têm apenasaplicabilidade geral em relação às propriedades de poucas com-panhias selecionadas. As três companhias estudadas foram a«General Electric Co.», a «Wes,tinghouse Electrical and Manufactu-ring Co.» e a «Radio Corporation of America».

(18) O primeiro método de deflação descrito, deflação de custos dereprodução, dá um ajuste parcial para perdas e ganhos de capital,mas não inclui, naturalmente, avaliações para menos do ativo quenão vale a pena substituir.

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para evitar as surprêsas que aparecem na forma de ganhose perdas de capital. Os ajustes de preços constituem umrefinamento das estimativas contábeis. O resultado, porém,continua a ser uma conjetura baseada em indicações de valorsecundárias, isto é, nas quantidades de ativo tangível. (19)

Impacto nas Decisões Administrativas

o importante papel desempenhado pelas estimativas de lucrosnas decisões administrativas justifica as críticas feitas àspráticas aceitas de contabilidade, na apuração de lucros. (20)Em geral, a espécie de apuração de lucro necessária para amaioria das decisões administrativas está mais próxima doideal do economista do que da prática do contador. Semuma compreensão dêstes conflitos entre as convenções da con-tabilidade e a análise econômica, há o perigo de que os lucroscontábeis influirão no raciocínio administrativo em áreas queestão além do seu domínio. A contabilidade é destinada afins especiais da análise financeira e à codificação de leispúblicas e administração de impostos. As conseqüênciaslegais da contabilidade são tão importantes, que se exigem, daprática contábil, grande uniformidade e acôrdo geral.

Porém, levar estas exigências de exatidão à análise geral eco-nômica destinada a informar as diretrizes administrativas,significa, muitas vêzes, obscurecer a verdadeira natureza deuma situação altamente incerta. Além disso, pode facilmenteconfundir uma administração menos sofisticada no tocanteàs relações da contabilidade com a realidade econômica.

(19) Para uma discussão dêste ponto, vide J. B. Canning, Economics ofAccounting, páginas 231-232.

(20) Os contadores não estão, absolutamente, desavisados em relação aêstes problemas, Um resumo dos pontos cruciais da questão, comum pedido de pensamento mais flexível por parte dos contadoresem face das mudanças importantes de preços, pode ser encontradoem G. O. May, Business Income and Price LeveIs - An AccountillgStudy. Amsrícan Institute of Accountants, julho de 1949.

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Conclusões

Ao invés de nos juntarmos à condenação feita às emprêsaspor terem dois grupos de livros, esta análise sugere que aemprêsa necessita, nestes discutidos tempos de elevação donível de preços, de três ou mais conjuntos de livros, a fimde fazer: ( 1) a declaração do lucro para fins fiscais; (2)a declaração do lucro computado pelos processos contábeisconvencionais; (3) a declaração do lucro deflacionado paradólares de poder aquisitivo constante.

A falha básica das demonstrações contábeis para fins de aná-lise econômica é que a contabilidade é, como está implícito noseu nome, um registro histórico, ao passo que os problemaseconômicos da administração têm a ver com o futuro. Comoresultado, as idéias econômicas de lucro, ativo e patrimôniolíquido são medidas pelos relatórios financeiros convencio-nais. Seria, entretanto, êrro tentar adaptar a contabilidadefinanceira a conceitos econômicos. Os problemas da admi-nistração tomam inúmeras formas; um sistema contábil queservisse a tôdas elas é difícil de conceber. Ao contrário, ascontas deveriam ser tidas como fonte de dados históricosbásicos que podem ser ajustados e combinados de diferentesmaneiras, para diferentes necessidades.