49270864 sebenta de biologia molecular
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1 ANO
2 SEMESTRE BIOLOGIA MOLECULAR
2006/2007
Jorge Paulos
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Biologia Molecular - 1 Ano - FFUP 2006/2007
2 Captulo 1 - Genes |
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Biologia Molecular 1 Ano - FFUP 2006/2007
| Captulo 1 - Genes 3
Captulo 1 - Genes
1. Conceito de gene
A vida depende da capacidade das clulas em armazenar, obter e traduzir as instrues genticas
necessrias para manter o organismo vivo. Esta informao hereditria passada de uma clula s suas
clulas-filhas, durante a diviso celular, e de uma gerao de um organismo para outro, por meio das suas
clulas reprodutoras. Essas instrues so armazenadas, em todas as clulas vivas, nos genes, os elementos
que contm a informao que determina as caractersticas de uma espcie como um todo, bem como as de
um indivduo.
A maioria dos genes humanos consiste de longos segmentos de exes e de intres alternados, sendo
que a maior parte do gene consiste de intres. Por outro lado, a maioria dos genes de um organismo com
genomas compactos no possui introes. Isso explica o tamanho bastante menor dos seus genes, bem
como a grande proporo de DNA codificante nos seus cromossomas. Alm dos exes e dos intres, cada
gene est associado s sequncias de DNA reguladoras, as quais so responsveis por garantir que o gene
seja expresso nos nveis, no momento e no tipo celular adequados. No homem, as sequncias reguladoras
de um gene tpico esto dispersas por cerca de dezenas de milhares de pares de nucletidos. Essas
sequncias reguladoras so mais comprimidas em organismos com genoma compacto.
2. Informao gentica em eucariotas e procariotas
Por meio de um microscpio simples, possvel observar claramente que os organismos vivos podem
ser classificados, de acordo com as estruturas internas da clula, em dois grupos: os eucariotas e os
procariotas.
Os eucariotas mantm o seu DNA num compartimento limitado por uma membrana, chamado ncleo.
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4 Captulo 1 - Genes |
Os procariotas no possuem um ncleo compartimentado limitado para abrigar o seu DNA. A maioria
das clulas procariticas pequena e simples e, geralmente, vivem como indivduos independentes, tal
como os organismos multicelulares. Os procariotas so tipicamente esfricos ou em forma de bastes,
medindo poucos micrmetros de comprimento. Frequentemente, apresentam uma capa protectora
flexvel, chamada parede celular, seguida da membrana plasmtica que envolve um nico compartimento
citoplasmtico que contm DNA, RNA, protenas e uma grande quantidade de molculas pequenas
necessrias vida.
3. Informao gentica nos eucariotas
As clulas eucariticas, em geral, so maiores e mais elaboradas que as clulas procariticas e,
consequentemente, os seus genomas so maiores e mais elaborados tambm. Esta diferena
acompanhada por diferenas radicais nas estruturas e nas funes celulares. Alm disso, muitas classes de
clulas eucariticas formam organismos multicelulares que atingem um nvel de complexidade que no
alcanado pelos procariotas.
As informaes genticas das clulas eucariticas tm uma origem hbrida. A maior parte dessa
informao armazenada no ncleo, mas uma pequena quantidade permanece dentro da mitocndria e,
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em clulas vegetais, dentro dos cloroplastos. O DNA mitocondrial e o DNA dos cloroplastos podem ser
separados do DNA nuclear, analisados e sequenciados individualmente.
Os genes encontram-se no interior dos cromossomas, que contm cromatina que est includa no
ncleo celular. Basicamente, a cromatina pode incluir polmeros de DNA podendo ser eucromatina ou
heterocromatina, ou ento pode incluir apenas protenas histnicas ou no histnicas. Os estudos por
microscopia ptica, distinguiram dois tipos de cromatina no ncleo interfsico de muitas clulas
eucariticas superiores:
Heterocromatina forma altamente condensada, que inclui protenas adicionais e, provavelmente,
um nvel mais compacto de organizao, que est apenas a comear a ser analisado actualmente.
Normalmente, corresponde a 10% do genoma de uma clula e est concentrada em diversas
regies como o centrmero e o telmero. A maior parte do DNA compactado em heterocromatina
no contm genes, mas o que contm resistente expresso, porque a heterocromatina se
encontra compactada de forma no-usual.
Eucromatina restante cromatina menos condensada, composta por tipos de estruturas
cromossmicas como as fibras de 30 nm.
Os cromossomas de um indivduo podem ser cromatdeos irmos (ou cromtidas irms), ou seja,
quando so duas cpias de um dado cromossoma, replicado durante a fase S do ciclo celular, que se
separam durante a mitose. Existem tambm os cromossomas homlogos que emparelham durante a
meiose ou correspondem a cromossomas de espcies diferentes que mantm o mesmo nmero de genes
durante a evoluo.
Os cromossomas de um indivduo encontram-se organizados num caritipo atravs do seu nmero,
tamanho e forma. No caso do caritipo humano, este inclui 23 pares, sendo 22 pares de autossomas (ou
cromossomas somticos) e 1 par de heterossomas (ou cromossomas sexuais).
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Tendo em conta estes conceitos, pode definir-se genoma como sendo o conjunto do material gentico
de um determinado conjunto de cromossomas de um organismo. Num genoma, os genes pode encontrar-
se em vrias posies, sendo que cada uma delas se designa locus. Para alm disso, cada forma alternativa
de um determinado gene, designa-se alelo. Os alelos podem ser de dois tipos:
Alelo dominante alelo que expressa o seu fentipo mesmo quando um heterozigtico com um
alelo recessivo presente.
Alelo recessivo alelo que no expresso fenotipicamente num determinado heterozigtico.
Esta informao gentica de um organismo podem ser expressas de duas formas:
Gentipo a composio gentica de um organismo.
Fentipo a expresso fsica de um determinado gentipo (morfologia, comportamento,
fisiologia e relaes ecolgicas).
Quanto aos alelos presentes no genoma, os indivduos podem ser de vrios tipos:
Homozigticos quando os dois alelos so idnticos
Heterozigticos quando os dois alelos so diferentes.
4. Transformaes laboratoriais que envolvem Gentica
Fred Griffit injectou a forma rugosa da bactria num ratinho que morreu de pneumonia e injectou a
forma lisa da bactria noutro ratinho que sobreviveu. Noutra experincia seguinte, inactivou as formas
rugosas com temperaturas elevadas e s depois que as injectou noutro ratinho, o qual sobreviveu pois as
bactrias inactivas, deixam de ter caractersticas patognicas. Numa ltima experincia, utilizou clulas
rugosas inactivas pelo calor e lisas simultaneamente, sendo que como o DNA se encontra presente, entra
para a bactria de forma rugosa, passa a conferir-lhe caractersticas patognicas e o ratinho pode vir a
desenvolver uma pneumonia.
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Alfred Hershey um fago quando infecta uma bactria, tem de injectar o seu material gentico, manter-se
no interior da bactria e modificar o DNA. As clulas podem ser marcadas com compostos radioactivos,
sendo o mais comum a utilizao de fsforo-32. Para efectuar esta marcao tambm necessrio utilizar
algo que faa parte da constituio da protena, como o enxofre-35. Quando o fago infecta a bactria, vai
injectar o material e como a replicao do DNA semiconservativa e existem duas cadeias de DNA, vo ser
originadas 4 cadeias, existindo uma cadeia radioactiva e outra no radioactiva, devido utilizao do
fsforo. Desta forma, analisam-se as cadeias das descendncias vricas e consegue concluir-se acerca da
importncia da utilizao destes compostos na infeco de material gentico.
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8 Captulo 1 - Genes |
5. Estrutura do DNA
A molcula de DNA consiste de
duas longas cadeias polipeptdicas
compostas de quatro tipos de
subunidades nucleotdicas. Cada uma
dessas cadeias conhecida como
uma cadeia de DNA. As pontes de
hidrognio entre as regies das bases
azotadas mantm as duas cadeias
juntas.
Os nucletidos so compostos de
acares com cinco carbonos, aos
quais um ou mais grupos fosfato
esto ligados, e de uma base
contendo azoto. No caso dos
nucletidos do DNA, o acar uma
desoxirribose ligada a um nico
grupo fosfato (por isso o nome cido
desoxirribonucleico), e a base pode
ser adenina (A), timina (T), guanina
(G) e citosina (C). Os nucletidos esto covalentemente ligados numa cadeia atravs dos acares e dos
fosfatos, os quais permitem formar a estrutura principal alternada de acar-fosfato-acar-fosfato. Cada
cadeia polinucleotdica de DNA semelhante a um colar constitudo por quarto contas diferentes,
correspondentes s quatro bases azotadas, pois apneas as bases diferem nos quatro tipo de subunidades.
Esses mesmos smbolos so usados para representar os quatro diferentes nucletidos, que so as bases
ligadas com os seus grupos fosfato e acar.
A estrutura tridimensional do DNA a dupla hlice decorrente das caractersticas qumicas e
estruturais das suas cadeias polipeptdicas. Uma vez que essas duas cadeias so mantidas juntas atravs de
pontes de hidrognio entre as bases das duas cadeias complementares, todas as bases encontram-se no
interior da dupla hlice, e os acares e os fosfatos encontram-se na regio externa. Em cada um dos casos,
a base mais robusta, com dois anis (purina), emparelha com uma base com um nico anel (pirimidina). A
emparelha sempre com T e G com C. Essa complementaridade de bases permite que os pares de bases
sejam dispostos num arranjo energtico mais favorvel no interior da dupla hlice. Neste arranjo, cada par
de bases apresenta largura similar, mantendo a estrutura de acar-fosfato equidistante ao longo da
molcula de DNA. Para maximizar a eficcia do empacotamento pelo emparelhamento, as duas estruturas
enrolam-se uma em torno da outra para formar a dupla hlice, com uma volta completa a cada 10 pares de
bases.
Os membros de cada par de bases encaixam-se na dupla hlice apenas se as duas cadeias da hlice
estiverem na posio antiparalela, isto , apenas se a polaridade de uma cadeia estiver em orientao
oposta da outra cadeia. A consequncia desta caracterstica que cada cadeia de uma molcula de DNA
contm uma sequncia de nucletidos exactamente complementar da outra cadeia.
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6. Conformaes do DNA
A maior parte do DNA celular encontra-se sob a forma de hlice. A anlise desta molcula atravs de
raios-X informa-nos que as bases azotadas se encontram, geralmente, espaadas de 0.36 nm entre si, ao
longo dos eixos da hlice da molcula de DNA. As trs principais conformaes de DNA conhecidas so:
B-DNA a forma de DNA mais esperada de encontrar nas clulas. o DNA que respeita
completamente as regras de complementaridade de bases azotadas e que conduz existncia de
cadeias complementares e antiparalelas.
A-DNA existe em condies de baixa humidade, onde a estrutura principal bastante mais
compacta, exibindo grandes pores de bases que se encontram a seguir os eixos da hlice de DNA.
Z-DNA inclui pequenas molculas de DNA que alternam nucletidos de purinas e pirimidinas,
adoptando uma estrutura mais instvel que a estrutura em hlice. As bases criam como que um
zig-zag quando visualizadas de lado, sendo que quando o DNA adquire esta conformao particular,
ainda apresenta funo desconhecida.
7. Metilao do DNA
A metilao no DNA vertebrado restrita aos nucletidos de citosina na sequncia CG, que faz o
emparelhamento de bases com a mesma sequncia (na direco oposta), na outra cadeia de DNA de dupla
hlice. Consequentemente, um mecanismo simples permite a existncia de um padro de metilao de
DNA a ser herdado directamente pelas cadeias-filhas de DNA.
Uma enzima designada metiltransferase de manuteno actua preferencialmente nas sequncias CG
referidas anteriormente, que esto emparelhadas com uma sequncia CG j metilada. Como resultado, o
padro de metilao de DNA da cadeia-filha de DNA parental serve como molde para a metilao da
cadeia-filha de DNA, tornando esse padro directamente herdvel aps a replicao do DNA.
Logo aps a fertilizao, ocorre uma ampla onda de desmetilao do genoma, quando a grande maioria
dos grupos metilo so perdidos da cadeia de DNA. Essa desmetilao pode ocorrer tanto pela supresso da
actividade das metiltransferases de manuteno do DNA, resultando numa perda passiva de grupos metilo
durante cada ciclo de replicao de DNA, como por uma enzima especfica de desmetilao.
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10 Captulo 1 - Genes |
8. Tautomerismo
Geralmente, durante o enrolamento das cadeias de DNA, estamos perante um emparelhamento A=T e
GC, sendo que as formas tautomricas podem emparelhar com bases que normalmente no emparelham,
como por exemplo A com C e G com T.
Este processo ocorre normalmente no nosso organismo, mas na coexistncia de sistemas que nos
defendem dessas isomerizaes, como os sistemas de reparao de DNA, que quando entram em
funcionamento, removem os emparelhamentos de isomerismo e o DNA volta ao seu estado normal. No
entanto, quando o emparelhamento de isomerismo no retirado por esses sistemas, quando ocorrer a
replicao de DNA seguinte, o erro vai ser corrigido e as bases voltam a emparelhar segundo as regras
normais.
9. Sequncias invertidas - Palindromas
Geralmente, um palindroma entendido como uma sequncia de DNA de cadeia dupla, que lida da
mesma forma quando as duas cadeias so lidas numa direco definida. Formam-se estruturas cruciformes,
apresentando zonas que podem emparelhar por serem perfeitamente idnticas, e quando isso se verifica,
adquirem forma de alfinete, conferindo o aspecto de uma cruz molecula de DNA na sua totalidade.
Este acontecimento tambm pode ocorrer no RNA, sendo que as estruturas formadas se designam por
estruturas secundrias, adquiridas pela paragem da transcrio. Podem tambm adquirir estruturas
tercirias, sendo estas caractersticas de um RNA particular, o tRNA, que geralmente apresenta forma de
folha de trevo, formando um pseudo-lao.
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10. Desnaturao e renaturao do DNA
Durante a replicao e a transcrio do DNA, as cadeias de dupla hlice da molcula separam-se para
permitir o emparelhamento das partes internas das bases, com as bases dos nucletidos que vo ser
polimerizadas em novas cadeias polinucleotdicas.
O desenrolamento e a separao do DNA, referido normalmente como desnaturao pode ser induzido
experimentalmente atravs de um aumento da temperatura de uma soluo de DNA. medida que a
energia trmica aumenta, o aumento do movimento molecular resulta numa quebra das pontes de
hidrognio e de outras foras que pudessem estabilizar a dupla hlice. De seguida, as cadeias separam-se e
so conduzidas individualmente atravs da repulso electrosttica do grupo fosfato que est contido nas
desoxirriboses de cada cadeia.
Perto da temperatura de desnaturao, um pequeno aumento da temperatura causa uma perda das
fracas interaces que mantinham as cadeias juntas ao longo de todo o comprimento da molcula de DNA,
conduzindo a uma mudana abrupta na absorvncia de ultravioletas.
A temperatura de fuso (Tm) qual as cadeias de DNA se separam, depende de diversos factores. As
molculas que contm uma maior proporo de pares G-C requerem uma temperatura superior para
desnaturarem devido existncia de trs pontes de hidrognio entre as duas bases, tornando-as mais
estveis que as A-T que apenas apresentam duas pontes de hidrognio nas suas ligaes. No entanto, a
percentagem de bases G-C numa determinada molcula de DNA pode ser estimada atravs da temperatura
de fuso da molcula, sendo que quanto maior a percentagem de pares G-C, maior a temperatura de fuso
Tm.
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11. Compactao do DNA
Nucleossomas
As protenas que se ligam ao DNA para formar o cromossoma eucaritico so, tradicionalmente,
divididas em duas classes gerais: as histonas e as protenas cromossmicas no-histnicas. O complexo das
duas classes de protenas com o DNA nuclear conhecido por cromatina. As histonas esto presentes em
enormes quantidades nas clulas, de forma a que a sua massa total de cromatina seja quase igual massa
final de DNA.
As histonas so responsveis pelo primeiro e mais bsico nvel de organizao cromossmica, o
nucleossoma, o qual foi descoberto em 1974. Quando o ncleo interfsico delicadamente rompido e o
seu contedo examinado atravs de um microscpio electrnico, a maior parte da cromatina est na
forma de uma fibra com 30 nm de dimetro.
A organizao estrutural dos nucleossomas foi determinada depois de estes serem isolados, da
cromatina compactada pela digesto com enzimas especficas (nucleases) que quebram o DNA cortando-o
entre os cernes dos nucleossomas. Aps a digesto por um curto perodo, o DNA exposto entre as
partculas dos nucleossomas, o DNA de ligao degradado. Cada partcula do cerne nucleossmico
individual consiste de um complexo de oito protenas histnicas, duas molculas de cada uma das histonas
H2A, H2B, H3 e H4 e a dupla cadeia de DNA, que tem 146 nucletidos de comprimento. O octmero de
histonas forma, ento, um cerne proteico ao redor do qual se enrola a dupla cadeia de DNA. Cada partcula
do cerne do nucleossoma separada por um segmento de DNA de ligao, o qual pode variar em
comprimento desde poucos, at cerca de 80 pares de nucletidos. Este octmero de histonas , finalmente,
selado por uma outra protena histnica, H1.
Digesto com a nuclase do micrococcus
Os nucleossoma so as unidades bsicas de compactao do DNA, sendo que cada um deles ligado a
outro atravs de molculas de DNA linker. O DNA est protegido com protenas e passa a no ser digerido
pelas enzimas de restrio ou exonucleases. Quando cada nucleossoma era constitudo por 200 pares de
bases e o DNA linker tem o seu tamanho, a nuclease do micrococcus corta as molculas de DNA nas zonas
onde o DNA est livre, no estando associado a protenas. Quando a enzima actua durante mais tempo,
digere todo o DNA que corresponde ao DNA linker (8 a 114 pares de bases).
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Compactao da cromatina
O DNA dos eucariotas consiste em sequncias nicas e repetidas. Apenas uma percentagem inferior a
5% do DNA humano codifica protenas e RNA funcionais e as sequncias reguladoras que controlam a sua
expresso. O restante maioritariamente constituinte do DNA existente entre os genes e os intres que se
encontram inseridos em genes. Uma grande quantidade deste DNA (cerca de 50% nos humanos) derivado
de elementos mveis de DNA que contriburam para a evoluo dos genomas contemporneos.
Cada cromossoma consiste numa molcula individual e comprida de DNA com um numero de 210 Mb
nos humanos, organizada em nveis sucessivamente superiores de condensao, atravs de protenas
histnicas e no histnicas, com as quais se encontra altamente complexada. As molculas de DNA de
dimenses inferiores encontram-se nas mitocndrias e nos cloroplastos.
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12. Cromossoma metafsico
Um cromossoma uma molcula de DNA associada a protenas histnicas e
no histnicas. constitudo por dois cromatdeos ligados pelo centrmero que
se caracteriza por ser uma zona altamente compacta.
Para que um cromossoma seja funcional, tem de possuir:
Origem de replicao local onde se inicia a replicao do DNA;
Centrmero regio especializada e complexa dos cromossomas que
apresenta poucos ou nenhuns genes. o ponto de unio dos cromatdeos irmos
e contm uma estrutura (o cinetocoro) a que as fibras do fuso se ligam durante a
mitose e a meiose, pelo que tem um papel importante no movimento dos
cromossomas em direco aos plos;
Telmero sequncias de DNA existentes nas zonas terminais dos cromossomas, que impedem um
encurtamento de DNA pela aco de uma enzima especfica. O telmero pode ter o comprimento de
algumas centenas de pares de bases e participa na estabilidade e na replicao do cromossoma. Um
cromossoma normal possui dois telmeros. A enzima que protege os telmeros designa-se telomerase,
que j no est presente na maioria das clulas adultas. Nas clulas embrionrias, existe sempre a
telomerase, na medida em que esto em constante desenvolvimento.
Bandeamento dos cromossomas
Os cromossomas so submetidos a um tratamento proteoltico para depois serem colocados em
contacto com reagente de Giemsa, produzindo bandas distintas em locais caractersticos. Anlises
microgrficas dos cromossomas 4 e 5, mostram condies em locais onde as bandas surgem em locais
levemente assinalados de forma microgrfica.
Geralmente, as bandas G apresentam colorao violeta, sendo que as regies assinaladas a verde no
cromossoma 4 apresentam comprimento varivel e so mais comuns na regio do centrmero. Por
conveno, a regio p delimita o brao curto do cromossoma e a regio q , o brao longo. Cada um deles
est dividido em seces de maiores dimenses (1, 2, etc.) e subseces.
Existem ainda outros tipos de bandas de cromossomas:
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| Captulo 1 - Genes 15
O bandeamento de cromossomas permite revelar a existncia de determinadas sequncias importantes,
mas tambm se o cromossoma contm eucromatina ou heterocromatina em determinadas regies.
13. Tipos de DNA
Existem trs principais tipos de molculas de DNA:
Sequncias nicas contm os genes integrados na eucromatina.
Sequncias muito repetitivas encontram-se maioritariamente no centrmero e no telmero,
existindo sob a forma de uma sequncia simples de DNA designada DNA satlite.
Sequncias moderadamente repetitivas caractersticas dos elementos de DNA mveis. Estas
sequncias terminam, geralmente, com pequenas sequncias repetidas invertidas, sendo capazes
de gerar outras pequenas sequncias no local de insero. So responsveis por rearranjos do
genoma e no podem viver fora dele, sendo designadas por parasitas moleculares e por selfish
DNA. Podem ser de dois tipos: transposes e retrotransposes.
Sequncias moderadamente repetitivas
Depois de pesquisas sucessivas acerca destes elementos mveis, puderam ser maioritariamente criadas
duas categorias: aqueles que transpem directamente o DNA e os que transpem atravs de um
intermedirio de RNA, transcrito do elemento mvel por uma RNA polimerase, para depois ser convertido
numa molcula de DNA de cadeia dupla por uma transcriptase reversa.
Os elementos mveis que transpem atravs de um intermedirio de DNA so os transposes. Os
elementos mveis que transpem para novos locais do genoma atravs de um intermedirio de RNA so os
retrotransposes porque o seu movimento anlogo ao do processo infeccioso dos retrovrus. Isto
acontece porque os retrovrus podem ser identificados como retrotransposes que evoluram genes
atravs da codificao de capas virais, permitindo, consequentemente, a sua transposo entre as clulas.
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16 Captulo 1 - Genes |
Transposes a regio central relativamente comprida, que corresponde a um elemento IS, que
codifica uma ou duas enzimas necessrias para a transposio, est bloqueada por uma sequncia
repetitiva invertida em cada extremidade. Estas sequncias so aparentemente idnticas, mas
esto orientadas em direces opostas, sendo que cada uma delas caracterstica de um elemento
IS em particular. As sequncias de 5 para 3 no so transpostas com o elemento de insero,
sendo consideradas como sequncias que vo ser duplicadas, com uma cpia em cada
extremidade, durante a insero do elemento mvel. O comprimento destas sequncias 5- 3
constante para um determinado elemento IS mas a sua sequncia depende do locl de insero e
ainda varia com cada transposio do elemento IS.
Retrotransposes podem ser divididos em vricos e no vricos:
Vricos a regio central que codifica protenas est delimitada por duas sequncias
terminais de grande comprimento, as sequncias LTR, que so especficas. Tal como outros
elementos mveis, os retrotransposes vricos apresentam sequncias de destino bastante curtas
em cada extremidade. Estes retrotransposes contribuem com cerca de 4% para a constituio do
DNA humano, sendo que a replicao feita via transcriptase reversa e DNA polimerase. Para alm
disso, nestes retrotransposes tambm intervm uma protease, uma Rnase H e uma integrase que
permite a integrao do DNA de cadeia dupla no genoma da clula hospedeira.
No vricos contrariamente aos vricos, no possuem sequncias LTR, mobilizam-se na
forma de RNA, repetem-se bastantes vezes no genoma e no esto agregados como o DNA satlite.
So de dois tipos principais:
LINEs (long interspersed elements) o comprimento da sequncia de destino 5- 3
varia de acordo com as cpias do elemento em diferentes locais do genoma. Ainda que a
sequncia L1 apresente aproximadamente 6 kb de comprimento, quantidades variveis na
extremidade esquerda esto ausentes em 90% dos locais onde este elemento mvel
encontrado. A ORF (open reading frame) mais pequena, a ORF1, codifica uma protena
RNA-binding protein e a maior, a ORF2, codifica uma protena bifuncional, que pode actuar
tanto como transcriptase reversa ou como DNA endonuclase. Este retrotransposo no
vrico forma-se a partir dos transcriptos de RNA polimerase II, sendo o mais comum, o L1
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| Captulo 1 - Genes 17
LINE. Apresenta regies ricas em A/T e se houver um elemento L1, ento ele vai assegurar a
transposio dos restantes.
SINEs (short interspersed elements) constituem aproximadamente 13% do DNA
humano, apresentando um comprimento compreendido entre 100 e 400 pb. Estes
retrotransposes no codificam protenas, mas a maior parte deles contm uma sequncia
rica em A/T na extremidade 3, tal como os LINEs. Os SINEs so transcritos pela RNA
polimerase III, a mesma que transcreve genes que codificam tRNAs e outras pequenas
categorias de RNAs. De todos os locais do genoma huamno em que existem SINEs, uma
grande quantidade so os Alu que adquirem esta designao pois contm um nico sinal de
reconhecimento para a enzima de restrio Alu-I. Os elementos Alu apresentam uma
homologia considervel com o 7SL RNA que um componente de uma partcula de
reconhecimento sinal (SRP).
Transposio mediada por DNA Transposio mediada por RNA
Elementos IS da bactria
- cerca de 50bp nas repeties invertidas a ladear a transposase;
- fazem a exciso ou copiam o DNA e a insero no local alvo;
- IS1 e IS10.
Retrotransposes vricos
- cerca de 250 a 600bp nas sequncias repetidas directas (LTR), que ladeiam a transcriptase reversa, integrase e protenas retrovricas tipo Gag;
- saltam via intermedirio de RNA feito a partir da RNA polimerase II, que se liga ao do promotor de LTR esquerdo, e inserem-se no local alvo na forma de DNA de cadeia dupla (transcriptase reversa);
- elemento Ty (levedura) e elemento copia (Drosophila).
Transposes bacterianos
- contm gene que confere resistncia a antibiticos entre os elementos IS;
- copiam o DNA e a insero do local alvo;
- Tn9.
Transposes eucariotas
- tm repeties invertidas a ladear a regio codificante que contm intres;
- exciso do DNA e insero no local alvo;
- elementos P (Drosophila) e elementos Ac e DS (milho).
Retrotransposes no vricos
- comprimento varivel com regies ricas em A/T, codificam para a transcriptase reversa;
- transcrio para RNA a partir de promotor interno, transcriptase reversa forma DNA de cadeia dupla e insero no local alvo;
- elementos F e G (Drosophila), elementos LINEs e SINEs (mamferos), sequncia Alu (humanos).
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18 Captulo 2 Cdigo gentico |
Captulo 2 Cdigo gentico
O cdigo gentico o conjunto de regras atravs das quais a informao codificada no material
gentico (sequncias da DNA ou RNA) traduzida para protenas (sequncias de aminocidos) por clulas
vivas. Mais especificamente, o cdigo gentico define uma correspondncia entre codes e aminocidos:
cada tripleto de nucletidos numa sequncia de cido nucleico especifica apenas um aminocido.
1. Caractersticas do cdigo gentico
Degenerado O cdigo altamente degenerado na medida em que mais do que um codo pode
especificar o mesmo aminocido (excepo feita metionina e ao triptofano, que so ambos especificados
por um nico codo). Os diferentes codes que especificam o mesmo aminocido so designados por
sinnimos. Devido degenerescncia do cdigo, podem ocorrer vrias alteraes num gene (mutaes)
que no tero qualquer efeito na composio do produto gnico (mutaes silenciosas ou mutaes com o
mesmo sentido).
Universal O cdigo gentico parecia inicialmente aplicar-se a todos os genes, quer em
procariotas, quer em eucariotas. Foi, portanto, considerado um cdigo universal. Contudo, mais tarde,
foram encontradas algumas excepes no DNA mitocondrial de alguns organismos, que sero
desenvolvidas em 2.4.
No tem vrgulas O cdigo gentico lido seguido, na totalidade, desde o codo de iniciao at
um dos codes de terminao.
Codo especfico de iniciao A iniciao da traduo d-se sempre com o codo AUG e com um
tRNA iniciador que transporta o aminocido metionina (logo, todas as protenas vo ter a metionina como
primeiro aminocido).
Codes especficos de terminao Existem trs codes que no so reconhecidos por nenhum
tRNA: UAA (ochre), UAG (amber) e UGA (opal). So designados por codes sem significado, codes de
terminao ou codes de paragem, porque actuam como o ponto final no fim duma frase, isto ,
constituem parte do sinal de que a sntese da protena dever parar nesse ponto.
64 codes 61 deles codificantes, 3 deles codes de terminao
20 aminocidos e 4 nucletidos so necessrios trs grupos de quatro bases diferentes para se
constiturem os 20 aminocidos existentes.
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| Captulo 2 Cdigo gentico 19
2. Constituio do cdigo gentico
8 famlias de codes em que os dois primeiros nucletidos so idnticos e tm o mesmo
significado e o terceiro no tem qualquer significado na especificao do aminocido.
7 pares de codes que representam o mesmo aminocido independentemente do terceiro
nucletido poder ser qualquer uma das pirimidinas.
5 pares de codes em que qualquer purina pode preencher o terceiro nucletido sem que haja
alterao do aminocido codificado.
3 codes cujo significado determinado pela presena de uma base particular na terceira
posio: AUG (met), UGG (trp) e UGA (stop).
3. Conceito de wobble
Se o emparelhamento de bases perfeito de Watson-Crick fosse exigido entre codes e anticodes, as
clulas conteriam exactamente 61 espcies diferentes de tRNA, uma para cada codo que especificasse um
aminocido.
Contudo, muitas clulas contm menos de 61 tRNAs (tm, na realidade, 32). A explicao para o
pequeno nmero assenta na capacidade de um nico anticodo de tRNA reconhecer mais do que um (mas
no necessariamente todos) codo correspondente a um dado aminocido. Este reconhecimento pode
ocorrer devido ao emparelhamento no regular entre bases na que conhecida por posio wobble
(terceira base do codo de mRNA, correspondendo primeira no seu anticodo). A primeira e segunda
bases do codo formam, normalmente, pares de bases Watson-Crick com a terceira e segunda do
anticodo correspondente, respectivamente.
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20 Captulo 2 Cdigo gentico |
Particularmente importante o par das bases G-U,
que estruturalmente adapta-se to bem como o par G-C.
Portanto, um dado anticodo em tRNA com G na primeira
posio (wobble) pode corresponder aos dois codes que
tenham qualquer pirimidina na terceira posio, desde
que as outras duas correspondam.
Apesar de a adenina raramente ser encontrada na
posio wobble do anticodo, muitos tRNAs de plantas e
animais contm inosina (I), um produto desaminado da
adenina, nessa posio. Esta pode formar pares no
regulares com A, C e U. Assim, um tRNA com inosina na
posio wobble pode reconhecer os codes
correspondentes de mRNA com A, C ou U na terceira
posio (wobble). Por esta razo, tRNAs contendo inosina
so largamente utilizados na traduo de codes sinnimos que especificam um nico aminocido.
4. Cdigo gentico mitocondrial
O cdigo gentico usado nas mitocndrias diferente do cdigo padro usado em genes nucleares
procariticos e eucariticos, diferindo, at dentro dos vrios tipos de mitocndrias.
As principais alteraes so:
Metionina iniciadora codificada por AUG, AUA, AUU e AUC Metionina interna codificada por AUG e AUA Codes de terminao UAA, UAG, AGA, AGG Os tRNAs tm estruturas diferentes, nomeadamente na haste D e T Existem 22 tRNAs Todos os tRNAs tm na posio wobble um resduo de U que pode emparelhar com qualquer outra
das quatro bases passveis de estar na terceira posio no codo correspondente.
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| Captulo 3 Replicao do DNA 21
Captulo 3 Replicao do DNA
A replicao do DNA genmico um processo de grande complexidade que assegura ao organismo a
passagem das suas caractersticas especficas descendncia atravs da replicao do material gentico.
Este processo est intimamente ligado ao ciclo celular e alvo de uma estrita regulao, de modo a
assegurar que cada clula se divide s o nmero de vezes necessrio ao desenvolvimento e crescimento do
organismo.
1. Dogma central da Biologia Molecular
2. Ciclo celular e replicao
O tipo mais simples de reproduo envolve a
diviso de uma clula-me em duas clulas-filhas, Isto
ocorre como parte do ciclo celular, uma srie de eventos
que preparam a clula para se dividir, seguido da prpria
diviso, chamada mitose. O ciclo da clula eucaritica
normalmente representado em 4 fases. Os cromossomas e
o DNA que contm so copiados durante a fase S (sntese).
Os cromossomas replicados separam-se durante a fase M
(mittica), com cada uma das clulas-filhas a receber uma
cpia de cada cromossoma durante a diviso da clula. As
fases M e S so separadas por duas fases G, a fase G1 e a
fase G2, durante as quais os mRNAs e as protenas so
sintetizados.
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22 Captulo 3 Replicao do DNA |
3. Caractersticas da replicao
3.1. Semi-conservativa
Cada cadeia parental serve de modelo para a sntese de uma cadeia filha que lhe complementar,
processo que culmina com a obteno de duas molculas filha idnticas ao duplex inicial.
3.2. ARS
Qualquer segmento de DNA que tenha uma origem deve conseguir replicar-se. Ento, apesar de os
plasmdeos serem raros nos eucariotas, pode ser possvel constru-los a partir de manipulao in vitro. At
agora foi conseguido nas leveduras. Um fragmento transformante de alta frequncia possui uma sequncia
que confere a capacidade para replicar eficientemente nas leveduras, sequncia essa denominada ARS
(autonomously replicating sequence), que deriva de origens de replicao.
3.3. Replicao bidireccional e unidireccional
A origem pode ser usada para se iniciar replicao unidireccional ou bidireccional. O tipo de evento
determinado determinado pela quantidade (um ou dois) de forquilhas de replicao que partem da
origem. Na replicao unidireccional, uma forquilha de replicao parte da origem e continua ao longo do
DNA. Na bidireccional, duas forquilhas de replicao so formadas e continuam a partir da origem em
direco opostas.
4. Replices
Replico uma molcula de DNA ou RNA, ou uma regio no DNA ou RNA que replica a partir de uma
nica origem de replicao. o local onde se d um acto individual de replicao. O replico definido pela
sua posse no controlo de elementos necessrios replicao, e tem uma origem na qual a replicao
comea. Pode tambm ter um local de terminao, onde a replicao pra.
Para a maior parte dos cromossomas procariotas, o replico um cromossoma completo. Plasmdeos e
bacterifagos tambm so replicados como replices nicos.
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| Captulo 3 Replicao do DNA 23
Para os cromossomas eucariotas, h mltiplos replices por cromossoma.
5. Protenas necessrias replicao
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24 Captulo 3 Replicao do DNA |
6. Replicao em procariotas
6.1. Incio da replicao
Nos procariotas, a iniciao da replicao o nico evento, envolvendo um nico local no
cromossoma bacteriano, e o processo de diviso conseguido atravs do desenvolvimento de um septo
que cresce a partir da clula e a divide em dois.
Antes da replicao, o local-alvo palindromtico metilado nas adeninas de cada cadeia. A
replicao insere as bases normais nas cadeias-filhas, dando origem a DNA hemimetilado, no qual s uma
cadeia metilada. Ento, a replicao converte locais-alvo da Dam metilase de totalmente metilados para a
condio de hemimetilados.
Qual a consequncia para a replicao? A capacidade de um plasmdeo poder replicar a partir do
oriC depende do estado de metilao. Se o plasmdeo est metilado, inicia um ciclo de replicao, e quando
est hemimetilado os produtos acumulam-se, da que uma regio hemimetilada no possa ser usada para
iniciar um ciclo de replicao.
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| Captulo 3 Replicao do DNA 25
A replicao do DNA em E. coli bidirecional e originada numa nica origem do replicao (OriC). A
iniciao da replicao mediada pela DnaA, uma protena que se liga a uma regio da origem conhecida
como a DnaA box. Na E. coli, h 5 DnaA boxes, cada qual contm uma sequncia altamente conservada 5 ' -
TTATCCACA - 3 ' do consenso 9bp. A ligao da DnaA a esta regio faz com que se torne negativamente
superenrolada. Depois desta, uma regio de OriC acima das DnaA boxes separa-se. H trs destas regies, e
cada uma tem o comprimento de 13bp, e so ricas em AT (que facilita obviamente a quebra, porque
requerida menos energia para quebrar as duas ligaes do hidrognio que se formam entre nucletidos de
A e de T). Esta regio tem a sequncia 5 ' - GATCTNTTNTTTT - 3 do consenso. A quebra das DnaB boxes
requer ATP (que hidrolisado pela DnaA). Depois da quebra, a DnaA recruta um hexmero de helicases
(seis protenas de DnaB) s extremidades opostas do DNA quebrado. Este o local onde a forquilha de
replicao se formar. O recrutamento da helicase requer seis protenas de DnaC, cada uma unida a uma
subunidade da helicase. Uma vez que este complexo formado, cinco protenas adicionais de DnaA ligam-
se s cinco protenas originais de DnaA para formar cinco dmeros de DnaA. A DnaC , ento, liberta e o
complexo prepriming est completo. Para que a replicao continue, necessrio SSB para impedir que as
duas cadeias de DNA originem estruturas secundrias e se religuem, e DNA girase para aliviar o stress
(criando superenrolamentos negativos) criado pela aco da helicase de DnaB. O desenrolar do DNA pela
helicase de DnaB permite que a primase (DnaG) e a polimerase do RNA preparem cada molde do DNA de
modo que a sntese do DNA possa comear.
6.2. Protenas e enzimas requeridas
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26 Captulo 3 Replicao do DNA |
Origem de replicao activa sequncia particular de DNA na qual a replicao iniciada. A partir
deste ponto a replicao pode proceder-se unidireccionalmente ou bidireccionalmente.
Helicases II e III (5-3) e Rep (3-5) - quebram as pontes de hidrognio entre bases
complementares das duas cadeias.
Protenas que se ligam ao DNA: SSB (ligam-se cadeia de modo a que no se restabelea a dupla
hlice, enquanto as outras enzimas no esto ainda a actuar), DnaA (factor de iniciao da replicao que
promove a desnaturao do DNA no local de replicao activa) e DnaC (protena reguladora da DnaB).
Primer ou iniciador - sequncia de bases de RNA que vo iniciar a sntese.
Primases (forma de RNA polimerase que se liga DNA helicase, formando o primossoma) e
protenas associadas: DnaB (enzima que abre a forquilha de replicao durante a replicao), DnaT, DnaC,
priA, priB, priC
DNA polimerases I, II e III I, de 5 para 3 apresenta actividade de DNA polimerase, de 3para 5
apresenta actividade de exonuclease, estando envolvida na correco e reparao de erros, sintetiza nos
locais em que a RNase H removeu o primer; II est envolvida na reparao de erros de 5 para 3 e tem a
funo de exonuclease de 3 para 5; holoenzima DNA polimerase III o principal complexo enzimtico
envolvido na replicao de DNA procaritico e trabalha em conjunto com outras DNA polimerases,
reparando erros, sintetiza a partir do primer.
Ribonuclease H (RNase H) endonuclease no especfica que cataliza a quebra a ligao 3-O-P do
RNA, transformando num duplex DNA/RNA para levar a produtos 3-hidroxilados e 5-fosfatados.
Topoisomerases I e II (girase) I hidrolisa uma cadeia de cada vez, II hidrolisa duas cadeias de cada
vez. Removem (decatenizao) ou induzem (catenizao) o superenrolamento da cadeia cortando-a em
locais estratgicos.
DNA ligase liga os nucletidos de modo a formar-se uma cadeia.
6.3. Replissoma
O replissoma constitudo por duas DNA polimerase III que, por sua vez, so constitudas por trs
subunidades: uma com actividade de polimerizao, uma com capacidade de detectar erros e uma que
estimula a procura de erros.
O objectivo destas subunidades ou protenas replicar o genoma do organismo correcta e
rapidamente.
6.4. Enzima Klenow
A enzima Klenow o fragmento maior (C-terminal) da DNA polimerase I. Apresenta actividade de
polimerase 5-3 e actividade de exonuclease 3-5, removendo nucletidos pr-codificados.
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| Captulo 3 Replicao do DNA 27
usada em laboratrio para sntese de DNA in vitro por um processo designado por nick translation
(com incorporao de nucletidos radioactivos).
6.5. Sntese do DNA
Devido ao antiparalelismo da cadeia de DNA parental, das duas cadeias filhas a sintetizar, s um a
poder ser feita de modo contnuo na direco 5 para 3 a partir da regio da cadeia principal
imediatamente adjacente origem de replicao esta ser a cadeia avanada (cadeia contnua ou
leading).
A outra cadeia filha no poder ser sintetizada de
forma contnua, pois estar condicionada pelo facto da
DNA polimerase ter um a nica direco de sntese (de 5
para 3). Assim, esta cadeia atrasada (cadeia descontnua
ou lagging) ir ser sintetizada na direco oposta ao avano
da forquilha de replicao, atravs da sntese e posterior
ligao de mltiplos segmentos de DNA, todos iniciados por
um pequeno fragmento de RNA iniciador colocado pela
primase os fragmentos de Okazaki.
O processo de juno de dois fragmentos de Okazaki implica a remoo do RNA iniciador existente
no fragmento de Okazaki a partir da sua extremidade 5 por uma enzima do tipo RNAse com actividade
exonuclesica 5-3.
Ao mesmo tempo, para preencher esse espao, so adicionados novos nucletidos na extremidade
3 do fragmento de DNA que lhe fica adjacente, com a ajuda de uma das DNA polimerases que constituem
o complexo de replicao.
Os dois fragmentos de DNA so finalmente ligados um ao outro pela DNA ligase, que estabelece a
ligao fosfodiester final entre o grupo 3-OH do ltimo nucletido do primeiro fragmento de Okazaki e o
alfa-P da extremidade 5 do fragmento de Okazaki adjacente que acabou de ser sintetizado.
De modo a aliviar a tenso de toro das cadeias durante o seu desenrolar pela helicase, as
topoisomerases vo igualmente actuar neste processo.
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28 Captulo 3 Replicao do DNA |
7. Replicao em eucariotas
7.1. Protenas e enzimas requeridas
Helicases - quebram as pontes de hidrognio entre bases complementares das 2 cadeias.
Protenas que reconhecem os locais de origem e que fazem parte do complexo de pr-replicao
Protenas que se ligam cadeia simples de DNA (RPA replication protein A)
Primases - sintetizam uma pequena molcula de RNA (primer).
Exonuclease MF1 remove o primer.
DNA polimerases eucariotas
7.2. DNA polimerases
Localizao Nucl. Nucl. Mit. Nucl. Nucl.
Replicao Sim no sim sim (no)3
Reparao No sim no no sim
Funes:
5-3 polimerase sim sim sim sim Sim
3-5 exonuclease No No sim sim sim
5-3 exonuclease1
No No No No No
Primase sim No No No No
Associada com PCNA2 No No No Sim No
Prossessivity Baixa Alta
Sntese de cadeias Lagging
Leading
Leading
Lagging
1 actividade presente nas protenas associadas
2 Proliferanting Cell Nuclear Antigen
3 envolvida na reparao relacionada com a transcrio
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| Captulo 3 Replicao do DNA 29
7.3. Protenas da forquilha de replicao em humanos
Protenas SSB (single stranded binding proteins) ligam-se cadeia de modo a que no se
restabelea a dupla hlice, enquanto as outras enzimas no esto ainda a actuar.
PCNA desloca a DNA polimerase alfa e permite a ligao da DNA polimerase delta nas duas
cadeias.
RFC (replication factor C) estimula a actividade de DNA polimerase alfa
7.4. Incio da replicao
ORC (origin-recognition complex) determina onde ocorre o incio de replicao. Requer as protenas
ORC2-6 e ORC1.
1 Durante o incio da fase G1, os factores de
iniciao de replicao desfoforilados fazem
com que o ORC se ligue a uma origem de
replicao para gerar um complexo de pr-
replicao.
2 na fase S, as CDKs da fase S complexam e o
DDK fosforila componentes do complexo de
pr-replicao?
3 Isto faz com que o Cdc45 se ligue,
activao das helicases Mcm, que desenrolam
as cadeias de DNA e libertao de Cdc6
fosforilado e factores de iniciao Ctd1. RPA
liga-se s cadeias simples resultantes.
4 Um complexo de DNA polimerase Pol e -
primase inicia a sntese das cadeias-filhas.
5 DNA polymerase e os seus factores
acessrios (PCNA e Rfc) elongam as cadeias filhas iniciadas pela Pol--primase. ORC liga-se sequncia de
origem na cadeia dupla de DNA resultante, mas os factores de iniciao fosforilados no podem montar um
complexo de pr-replicao no local. Complexos da ciclina CDK do tipo B mantm os factores de iniciao
num estado fosforilado durante a fase S e G2 e no incio da anafase. Estes factores no podem iniciar novos
complexos at que as ciclinas sejam degradadas.
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30 Captulo 3 Replicao do DNA |
7.5. Telmeros e telomerase
Telmeros:
Parte terminal dos cromossomas
Mantm a estabilidade dos cromossomas
Repeties em srie de 5-26 bps
O tamanho varia muito, mas controlado de forma
especfica
Implicados no envelhecimento, cancro e variao antignica
Telomerase:
necessria para a manuteno do tamanho dos telmeros da linha germinativa
Actividade de transcriptase reversa
Clulas somticas no tm telomerase
Clilas germinativas e embries tm telomerase
Stem cells e clulas cancergenas tm telomerase, o que pode explicar a capacidade de diviso
contnua
8. Defeitos na replicao e reparao do DNA
Esto todas associadas a uma grande frequncia de mutaes gnicas e cromossmicas, a maior parte
est tambm associada a predisposio para cancro (especialmente leucemia).
Sndrome de Werner - provocado por mutaes na DNA polimerase
Ataxia telangiectasia - maior risco de raios-X, associado ao aumento de cancro da mama em
grvidas
Sndrome de Cockayne - provocado por um defeito na reparao de DNA associada transcrio,
causa sensibilidade luz solar, mas no predispe ao cancro
Sndrome de Bloom - provocado por mutaes no gene da helicase, induz um maior risco de raios-
X e uma maior sensibilidade luz solar
Pigmentose Xeroderma - provocado por mutaes em genes relacionados com a reparao de
cortes de nucletidos, estando associada a um grande aumento de cancro induzido pela luz solar e
com outros tipos de cancro, como o melanoma.
Anemia Fanconi causa sensibilidade luz solar e maior risco de raios-X
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| Captulo 3 Replicao do DNA 31
9. Tipos de replicao
9.1. Replicao tipo olho
Ocorre na bactria
Ao M.E. forma uma estrutura tipo
9.2. Replicao em crculos rolantes
Ocorre no rDNA de ocitos de Xenopus e em alguns bacterifagos
Corte na origem de replicao numa das cadeias do DNA
A cadeia deslocada serve de molde para a sntese da cadeia complementar atravs de
fragmentos de Okazaki
9.3. Replicao atravs de formas replicativas
Ocorre em certos vrus de cadeia de DNA simples (M13, 174)
Cadeia de DNA (+) serve de molde para sintetizar a cadeia de DNA (-) DNA de cadeia
dupla (RF I)
Protena A (codificada pelo genoma do vrus) corta o DNA no local de origem de replicao
RF II
Protena Rep = helicase
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32 Captulo 4 Transcrio |
9.4. Replicao tipo D-loop
Ocorre na mitocndria
H dois locais de origem de replicao
No h formao de fragmentos de Okazaki
Sntese comea no local de origem da cadeia H
Sntese na cadeia L comea quando cerca de 2/3 da cadeia H j replicou
Alteraes ou mutaes neste tipo de replicao conduzem a citopatias mitocondriais.
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| Captulo 4 Transcrio 33
Captulo 4 Transcrio
1. Sntese do RNA
A transcrio comea com a abertura e despiralizao de uma pequena poro da dupla hlice de DNA,
para expr as bases em cada cadeia de DNA. Uma das duas cadeias da dupla hlice de DNA age, ento,
como um molde para a sntese de uma molcula de RNA. Tal como no processo de replicao do DNA, a
sequncia de nucletidos da cadeia de RNA determinada pela complementaridade do emparelhamento
de bases entre os nucletidos a serem incorporados e o DNA-molde.
A cadeia de RNA produzida por transcrio o transcrito , portanto, aumentanda num nucletido
por processo e possui uma sequncia de nucletidos exactamente complementar cadeia de DNA utilizada
como molde.
1.1. Diferenas entre DNA e RNA
O primeiro passo executado pela clula para ler a informao necessria das suas instrues
genticas a cpia de uma parcela especfica da sequncia de
nucletidos de DNA um gene sob a forma de uma sequncia de
nucletidos de RNA. A informao na forma de RNA, embora copiada
de uma forma quimicamente distinta, tambm escrita essencialmente
na mesma linguagem do DNA, ou seja, a linguagem de uma sequncia
de nucletidos, de onde deriva a designao do processo de
transcrio.
Tal como o DNA, o RNA um polmero linear composto por
quatro tipos diferentes de subunidades nucleotdicas unidas entre si
por uma ligao fosfodister. O RNA difere quimicamente do DNA em
dois aspectos principais:
Os nucletidos do RNA so ribonucletidos, isto , contm o
acar ribose em vez de desoxirribose;
Embora, assim como o DNA, o RNA contenha as bases adenina,
guanina e citosina, ele contm a base uracilo (U), em vez da timina,
que ocorre no DNA. Uma vez que o uracilo, tal como a timina,
pode formar pares com estabelecimento de pontes de hidrognio
com a adenina, as propriedades de complementaridade por
emparelhamento de bases descritas para o DNA anteriormente, tambm se aplicam ao RNA. No
entanto, no raro encontrar outros tipos de emparelhamento de bases no RNA, como por exemplo a
guanina a emparelhar com o uracilo, ocasionalmente.
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34 Captulo 4 Transcrio |
Apesar destas pequenas diferenas qumicas, o DNA e o RNA diferem drasticamente nas suas
estruturas como um todo. Enquanto o DNA ocorre sempre nas clulas como uma cadeia de dupla hlice, o
RNA apresenta-se com uma cadeia simples. Portanto, as cadeias de RNA podem dobrar-se sob diversas
formas, do mesmo modo que uma cadeia de polipptidos pode dobrar-se, resultando na conformao final
de uma protena.
1.2. Enzimas que realizam transcrio
As enzimas que realizam a transcrio so denominadas de RNA polimerases. Assim como a DNA
polimerase catalisa a replicao do DNA, as RNA polimerases catalisam a formao de pontes fosfodister
que ligam os nucletidos entre si para formar uma cadeia linear.
A libertao quase imediata da cadeia de RNA do DNA, conforme a primeira est a ser sintetizada,
significa que muitas cpias de RNA podem ser produzidas a partir do mesmo gene num perodo de tempo
relativamente pequeno; a sntese de molculas de RNA adicionais pode ser iniciada antes que a do primeiro
RNA tenha terminado. Quando vrias molculas de RNA polimerase usam a mesma regio como molde,
deixando um pequeno intervalo entre si, cada uma sintetizando aproximadamente 20 nucletidos por
segundo, podem ser sintetizados mais de mil transcritos numa hora, a partir de um nico gene.
Apesar de a RNA poliermase catalisar essencialmente a mesma reaco qumica que a DNA
polimerase, existem algumas diferenas importantes entre estas duas enzimas:
A RNA polimerase catalisa a ligao de ribonucletidos e no de desoxirribonucletidos como a
DNA polimerase.
Ao contrrio das DNA polimerases envolvidas na replicao de DNA, as RNA polimerases podem
comear a sintetizar uma cadeia de RNA sem um iniciador. Isto pode acontecer porque a
transcrio no precisa de ser to precisa quanto a replicao.
O RNA no mantm permanentemente a informao gentica nas clulas. As RNA polimerases
realizam aproximadamente um erro em cada 104 nucletidos copiados no RNA, enquanto que a
DNA polimerase comete um em cada 107 nucletidos.
As consequncias de um erro na transcrio do RNA so muito menos significativas do que aquelas
que ocorrem na replicao do DNA.
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| Captulo 4 Transcrio 35
1.3. Tipos de RNA
A maioria dos genes transportados no DNA das clulas especifica a sequncia de aminocidos de
protenas:
RNA mensageiro (mRNA) molculas de RNA que so copiadas a partir desses genes de DNA que
especificam a sequncia de aminocidos das protenas.
RNA de transferncia (tRNA) formam os adaptadores que seleccionam aminocidos e os colocam
no local adequado dos ribossomas para serem incorporados em protenas.
RNA ribossmico (rRNA) formam o cerne dos ribossomas.
RNA nuclear (snRNA) direccionam o splicing do pr-RNA para formar o mRNA.
RNA nucleolar (snoRNA) utilizados para processar e modificar quimicamente os rRNAs.
Outros RNA no codificantes actuam em diversos processos celulares, incluindo a sntese de
telmeros, a inactivao do cromossoma X e o transporte de protenas para o retculo endoplasmtico.
1.4. Hibridizao
Quando uma soluo aquosa de DNA aquecida at 100C ou exposta a um pH muito alto (pH
13), a complementaridade de bases, que normalmente mantm as duas cadeias da dupla hlice unidas,
rompida, e a dupla hlice dissocia-se rapidamente em duas cadeias simples. Este processo, designado de
desnaturao de DNA, foi considerado irreversvel por vrios anos. Em 1961, entretanto, foi descoberto
que cadeias simples complementares de DNA reconstituam prontamente duplas hlices atravs de um
processo designado hibridizao ou renaturao de RNA, se fossem mantidas por um perodo prolongado
de tempo a 65 C. Podem ocorrer reaces similares de hibridizao entre quaisquer duas fitas simples de
cadeias de cidos nucleicos (DNA/DNA, RNA/RNA ou DNA/RNA), desde que tenham sequncias de
nucletidos complementares.
Hibridizao DNA-RNA cada transcrito de RNA complementar para uma nica cadeia da
molcula parental de DNA. Cada uma das cadeias simples de DNA transcrita de forma assimtrica,
ou seja, apenas uma cadeia transcrita num local em particular. Desta forma, a direco de
transcrio diferente e oposta nas duas cadeias simples de DNA.
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36 Captulo 4 Transcrio |
Hibridizao RNA-RNA processo maioritariamente utilizado em mecansimos de terapia gnica.
Depois de ocorrer a transcrio da molcula de DNA e se ter formado a molcula de mRNA
subsequente, este colocado em conjunto com uma molcula de RNA anti-sense. Com isto, a
molcula de RNA final com as duas cadeias sense e anti-sense no vai ser traduzida e deixa de
originar protenas que realizam processos celulares normais.
2. Transcrio nos procariotas
2.1. RNA polimerase bacteriana
Nas clulas procariotas, a transcrio dos RNA celulares, quer sejam ribossomais (rRNA),
mensageiros (mRNA), de transferncia (tRNA) ou outros, processa-se sob catlise de uma nica RNA
polimerase. A RNA polimerase bacteriana apresenta uma estrutura oligomrica, em que cada uma das
subunidades constituintes confere propriedades bioqumicas especficas, inerentes complexidade da
funo desempenhada pela enzima.
A holoenzima da E. Coli formada por cinco subunidades, constitudas por entidades proteicas
diferentes, designadas , , e , que na enzima activa se apresentam organizadas num complexo
constitudo por duas cadeias , uma cadeia , uma cadeia e uma cadeia . A core enzyme, de estrutura
2, tem a propriedade de catalizar a elongao das cadeias de RNA, mas depende da subunidade para
poder iniciar a transcrio. A iniciao da transcrio condicionada pela ligao do complexo aos stios
especficos do DNA, que correspondem ao incio de cada gene, inscrito no genoma celular sem solues de
continuidade fsica.
Na RNA polimerase da E. Coli:
A cadeia responsvel pela fixao dos nuclesidos trifosfato da ribose, precursores do RNA,
propriedade experimentalmente demonstrada mediante utilizao de anlogos radioactivos destes
substratos.
A cadeia apresenta carcter bsico acentuado, e determina a ligaao do complexo enzimtico ao
DNA molde, que como se sabe tem carcter cido.
O factor determina o reconhecimento da regio promotora de cada gene, sendo portanto
essencial iniciao correcta da transcrio dos genes bacterianos. A ligao do factor modifica a
conformao da core enzyme, conferindo-lhe a capacidade de reconhecer o DNA quele nvel especfico. O
factor da RNA polimerase DNA dependente que actua normalmente na transcrio de todos os genes
bacterianos designado por 70, devido sua massa molecular de 70 kDa.
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| Captulo 4 Transcrio 37
A subunidade intervm tambm no reconhecimento dos promotores, como indica o facto de
alteraes estruturais desta subunidade resultar na diminuio da afinidade da holoenzima para os
elementos promotores do DNA.
2.2. Regio promotora
Os elementos promotores da transcrio ou cis-acting elements de cada gene activo, que
correspondem ao stio de ligao da RNA polimerase ao DNA genmico da clula, podem ser identificados
pelo mtodo de footprinting.
A anlise de um nmero elevado de genes procariticos, e a caracterizao dos respectivos
promotores revelou a existncia de motivos estruturais comuns, localizados a montante do stio de
iniciao da transcrio, que foram designados consensus, elementos cannicos ou elementos de
consenso. Foram encontrados elementos constitudos por seis pares de bases, com predomnio dos
resduos A e T, e por isso designados por TATA box. Estes elementos promotores, tambm conhecidos por
sequncia de Pribnow, situam-se de modo geral na posio -10 dos genes bacterianos. Um outro elemento
de consenso designado por sequncia de reconhecimento, situando-se na posio -35.
Constata-se que os promotores fortes de E. Coli, mais eficazes por permitirem uma frequncia
elevada da transcrio do gene adjacente, so constitudos por sequncias de estrutura muito prximas da
dos elementos cannicos. Em contrapartida, os promotores fracos, que determinam a iniciao da
transcrio de um gene a taxas muito inferiores, apresentam substituies de nucletidos a nvel das
sequncias localizadas a -10 e a -35.
Este facto demonstra-se por experincias de mutagnese dirigida, em que so introduzidas, in
vitro, modificaes a nvel de uma ou de vrias bases dos elementos de consenso da regio promotora,
quer na sequncia -10, quer na sequncia -35. A substituio de uma nica base pode produzir uma baixa
importante, ou mesmo uma perda completa, da actividade promotora do elemento.
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38 Captulo 4 Transcrio |
2.3. Footprinting
O ensaio de footprinting consiste em submeter o fragmento de DNA, que contm a regio
promotora do gene, - previamente marcado a nvel de uma extremidade de uma das cadeias e ligado
enzima , a uma hidrlise controlada. Da
resulta o corte de todas as ligaes
fosfodister acessveis, logo que exclui os
segmentos de DNA que se encontram
protegidos pela ligao RNA polimerase.
A ausncia de cortes nesta regio
traduz-se na ausncia de bandas
correspondentes aos nucletidos do
segmento no hidrolisado, na
autorradiografia, definindo desta forma a
marca da protena sobre o DNA. Os
resultados dos ensaios de footprinting, a
par da sequenciao dos segmentos de
DNA, permitem determinar a posio e a
estrutura nucleotdica do stio de fixao da
protena ao DNA. Estes mtodos
experimentais permitem tambm
demonstrar as diferenas entre o papel de
cada uma das duas cadeias de DNA no
processo, em que apenas uma dela se
encontra protegida pela polimerase, facto
perfeitamente compatvel com a assimetria
da transcrio do DNA.
Atravs desta tcnica, foi possvel
observar-se que o stio de fixao
protena/DNA corresponde aproximadamente regio entre -50 e +20, facto ainda comprovado atravs de
estudos de proteco do DNA, que delimita a regio promotora dos genes bacterianos, ao segmento
delimitado pelas posies -44 a +20.
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| Captulo 4 Transcrio 39
1 amostras incubadas separadamente, na presena e na ausncia de RNA polimerase. (ou outra protena
de ligao ao DNA).
2 hidrlise pela DNase, em condies controladas, de modo a assegurar o corte sequencial da cadeia. O
segmento de DNA que se encontra ligado protena protegido da degradao pela nuclease.
3 desnaturao dos complexos DNA/protena.
4 anlise dos fragmentos de DNA produzidos em 2, por electroforese seguida de autorradiografia. No gel
de sequenciao, observa-se a ausncia do segmento de DNA protegido pela protena, na amostra (pista da
esquerda). A respectiva sequncia nucleotdica lida na pista da direita.
2.4. Iniciao da transcrio
A iniciao da transcrio implica a identificao da regio promotora do DNA molde de cadeia
dupla, e a formao do complexo de pr-iniciao com a polimerase.
o factor que modifica significativamente a afinidade da RNA polimerase para o DNA,
reconhecendo especificamente os promotores dos genes potencialmente activos para a transcrio. Nas
bactrias existe o factor major que designado vegetativo, de que so exemplo o 70 de E. Coli ou o
43 de B. Subtilis, a par de uma srie de outros factores especializados. As subunidades conferem
holoenzima a propriedade de reconhecer os stios de ligao a nvel do incio dos genes, aos quais se fixam
com maior ou menor afinidade, na dependncia da estrutura nucleotdica dos elementos promotores e da
identidade do factor em presena.
A fixao da RNA polimerase multimrica rpida, pois que a deteno dos promotores dos
diferentes genes se d sem que seja necessria a abertura da dupla hlice do DNA. Subsequentemente, e
devido desnaturao pontual induzida no DNA, a enzima ligada desloca-se ao longo do DNA molde, sem
ter que se fixar e libertar a cada passo. O nucletido que marca o stio de iniciao da transcrio
corresponde posio +1 do gene respectivo, designando-se os nucletidos situados imediatamente a
montante (5) pelos nmeros -1, -2, etc., e os resduos a jusante (3) no DNA do locus, nucletidos +2, +3,
etc.
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40 Captulo 4 Transcrio |
2.5. Elongao da transcrio
O complexo binrio constitudo pela holoenzima ligada ao promotor do gene converte-se
rapidamente aps formao da primeira ligao fosfodister, no complexo ternrio DNA-enzima-cadeia
nascente de RNA. Seguidamente, o factor liberta-se do complexo, e a core enzyme que prossegue a
polimerizao e a elongao da cadeia de RNA nascente. A libertao do factor faz diminuir a estabilidade
do complexo de iniciao, ao mesmo tempo que permite o deslizamento da core enzyme sobre a cadeia
molde do DNA, atravs de um mecanismo em que a regio aberta da dupla hlice acompanha esta
deslocao.
Durante este processo, a enzima ocupa um segmento de cerca de 70 pares de bases de DNA, mas
apenas numa extenso de 17 pares de bases se d a desnaturao pontual da hlice. Por outro lado, o
hbrido corresponde ao segmento da cadeia molde de DNA e ao RNA transcrito tem apenas existncia
transitria, sendo limitado apenas a uma extenso de cerca de 12 pares de bases. Aps a passagem da
enzima, a cadeia de RNA nascente destacada da sua ligao cadeia molde, dando lugar imediata
reconstituio da dupla hlice do DNA, na sua forma nativa.
O complexo constitudo pela RNA polimerase, pelo segmento de DNA contendo a pequena regio
em que a dupla hlice se encontra desnaturada, e pela cadeia nascente de RNA designado transcription
bubble. Em E. Coli, a transcrio um processo muito rpido, que para a sntese dos mRNA, a 37 C, ocorre
velocidade calculada de 40 a 50 nucletidos polimerizados por segundo.
2.6. Terminao da transcrio
2.6.1. Terminao dependente do
factor
O factor constitudo por uma protena hexamrica.
Quando a terminao dependente de si, ele liga-se sem que
seja necessria a formao de quaisquer estruturas secundrias
da cadeia nascente, e induz ruptura da ligao RNA/DNA molde
complementar. O factor dotado de actividade ATPsica RNA-
dependente, pelo que se desloca de forma activa sobre a cadeia
do RNA nascente, em direco extremidade 3, seguindo de
perto o percurso da RNA polimerase. Quando, devido a uma
pausa ou atraso da transcrio, a RNA polimerase alcanada
pelo factor , o segmento de RNA ainda hibridado com o DNA
molde dissocia-se, com libertao da RNA polimerase da sua
anterior ligao ao DNA.
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| Captulo 4 Transcrio 41
Contrariamente aos sinais de iniciao presentes no promotor dos genes bacterianos, os sinais de
terminao se encontram no prprio RNA em vias de transcrio e no directamente no DNA molde, quer
sejam do tipo dependente ou independente.
2.6.2. Terminao independente do factor
A terminao da sntese das molculas de RNA nos
procariotas muitas vezes determinada pela presena de
elementos de estrutura palindrnica no DNA. o caso de uma
sequncia de nucletidos, rica em G-C, que se encontra numa
das cadeias de DNA, e que aparece repetida em posio
invertida na regio imediatamente adjacente da cadeia
complementar.
Foi observado que estes elementos palindrnicos so
seguidos de uma regio de DNA constituda maioritariamente
por A e T.
A sequncia palindrmica vai dar origem a que a
cadeia de RNA em formao adquira uma estrutura secundria
em gancho, resultante do emparelhamento dos dois segmentos
de estrutura complementar e antiparalela, perante a qual a RNA
polimerase sofre atraso ou mesmo paragem. O hbrido DNA
molde RNA nascente imediatamente a jusante deste elemento
estrutural menos estvel por ser formado por
emparelhamentos dA-rU, da resultando a ruptura da ligao do
RNA nascente ao DNA molde. O imediato re-emparelhamento
das duas cadeias complementares do DNA nativo leva libertao da core enzyme, at a ligado ao molde,
e da molcula do RNA transcrito.
3. Transcrio nos eucariotas
3.1. RNA polimerases
Nos ncleos das clulas eucariotas, encontram-se trs tipos de RNA polimerases DNA
dependentes:
RNA polimerase I responsvel pela sntese de cerca de 80% da totalidade do RNA celular, localiza-
se no nuclolo, transcrevendo os genes dos RNA ribossomais, que conduzem produo dos rRNA
18S; 5.8S e 28S. Esta polimerase insensvel inibio pela -amanitina.
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42 Captulo 4 Transcrio |
RNA polimerase II responsvel pela sntese de cerca de 2% do RNA celular, localiza-se no
nucleoplasma, e catalisa a sntese dos produtos primrios precursores dos RNA mensageiros, que
do origem ao hnRNA. A RNA polimerase II inibida pela -amanitina a baixa concentrao.
RNA polimerase III responsvel pela sntese de cerca de 20% dos RNA celulares, est igualmente
localizada no nucleoplasma, e catalisa a sntese dos RNA de transferncia tRNA e outros pequenos
RNA, que incluem o rRNA 5S, o snRNA ou small nuclear RNA e snoRNA ou small nucleolar RNA. A
RNA polimerase III animal sensvel inibio pela -amanitina a concentraes relativamente
elevadas, mas a RNA polimerase III de levedura e a de insecto so insensveis a este inibidor.
3.2. Regio promotora
Os primeiros genes a serem sequenciados em transcries in vitro foram genes virais e genes
codificantes de protenas que so activamente transcritos tanto em alturas particulares do ciclo celular
como em tipos especficos de clulas diferenciadas.
Em todos estes genes, uma sequncia altamente conservada designada TATA box encontrada
aproximadamente 25 a 35 pares de bases acima do local de iniciao.
Para alm da TATA box existem outras regies promotoras como a CAAT box, que contm uma
citosina na posio -1 e uma timina na posio +1, com duas adeninas pelo meio, e que se encontra cerca
de 75 a 80 pares de bases acima do local de iniciao.
Por fim, existem outros genes que no contm TATA box nem CAAT box, apresentando uma
sequncia rica em C e G com aproximadamente 40 nucletidos, situada 100 pares de bases acima do local
de iniciao. O dinucletido CG estatisticamente menos representativo em DNA, sendo considerado
como uma regio genmica de DNA que indica que existe uma regio de iniciao da transcrio.
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Biologia Molecular 1 Ano - FFUP 2006/2007
| Captulo 4 Transcrio 43
3.3. Enhancers
A transcrio de vrios genes eucariotas pode ser estimulada por elementos de controlo
localizados vrios milhares de pares de bases acima do local de iniciao. Os mais encontrados so
designados por enhancers e raramente so encontrados fora de genomas eucariotas.
Os enhancers contm um conjunto de elementos proximamente unidos entre si que condicionam
a ligao de diversos factores de transcrio que estejam ligados a alguns milhares de pares de bases de
distncia. Desta forma, o DNA pode sofrer um rearranjo de tal forma que os factores de transcrio na
regio do promotor e do enhancer interajam para formar um complexo proteico de grandes dimenses.
3.4. Iniciao da transcrio
3.4.1. Complexo de iniciao com promotores contendo TATA box
A primeira enzima que se liga no vai ser a RNA polimerase, porque vai ser puxada para a
regio promotora por outros factores de transcrio q uese ligam anteriormente. Em conjunto com uma
das RNA polimerases I, II ou III, h uma protena que reconhece e que se liga TATA box, a TBP que
tambm necessria para iniciar o complexo de transcrio. Em todos os casos, consoante a RNA
polimerase em causa, ela vai estar presente para depois chamar outros factores adicionais, como o SL1 no
caso da RNA polimerase I, TFIIB na RNA polimerase II e TFIIIB na RNA polimerase III.
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44 Captulo 4 Transcrio |
3.4.2. Complexo de iniciao da RNA
polimerase I
Os elementos reguladores que comandam a
iniciao com a RNA polimerase I esto localizados
relativamente perto do local de iniciao da transcrio. Um
core element estende-se sobre o local de iniciao desde -40 a
+5, sendo essencial para a transcrio. Um elemento de avano
na cadeia estende-se tambm desde -155 a -60, estimulando a
transcrio in vitro pela RNA polimerase I.
A formao de um complexo de iniciao
totalmente activo com a RNA polimerase I comea com a
ligao de um factor multimrico de activao (UAF). Duas das
seis subunidades que compem o UAF so histonas que
provavelmente participam na ligao do DNA. Seguidamente,
um elemento trimrico liga-se ao elemento central com a TBP,
que cria contacto tanto com o UAF como com o factor central.
Finalmente, um complexo pr-formado com RNA polimerase I e
Rrn3p associa-se com protenas de ligao, posicionando a RNA
polimerase I junto aos locais de iniciao. Em clulas humanas,
o TBP estavelmente ligado a outros trs polipptidos, formando o factor de iniciao SL1 que liga o
promotor central e funcionalmente equivalente ao TBP.
3.4.3. Complexo de iniciao da RNA polimerase II
Para iniciar a transcrio, a RNA polimerase II necessita de vrios factores gerais de
transcrio (denominados TFIIA, TFIIB, e assim por diante). O promotor contm uma sequncia de DNA
denominada de TATA box, a qual est localizada a 25 nucletidos do stio no qual a transcrio iniciada. A
TATA box reconhecida e ligada pelo factor de transcrio TFIID, o qual permite a ligao adjacente do
TFIIB. Os restantes factores gerais de transcrio, assim como a prpria RNA polimerase, associam-se junto
ao promotor. Seguidamente, o TFIIH usa ATP para separar a dupla hlice de DNA, no ponto inicial de
transcrio, permitindo que a transcrio se inicie. O TFIIH tambm fosforila a RNA polimerase II,
modificando a sua conformao, de tal modo que libertada dos factores gerais de transcrio e pode
iniciar a fase de elongao da transcrio.
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| Captulo 4 Transcrio 45
3.4.4. Complexo de iniciao da RNA polimerase III
Ao contrrio dos genes codificantes de protenas e genes de pr-mRNA, as regies
promotoras do tRNA e do 5S-RNA contradizem inteiramente a sequncia transcrita. Dois elementos
promotores internos, designados por A-box e B-box, esto presentes em todos os genes do tRNA. Estas
sequncias altamente conservadas no s funcionam como promotores como tambm codificam duas
pores invariantes de tRNA eucariota que so necessrias para a sntese proteica. Nos genes do 5S-RNA,
apenas existe uma sequncia promotora interna, a C-box.
Existem trs factores de transcrio que so necessrios para a RNA polimerase III iniciar a
transcrio do tRNA e do 5S-RNA in vitro. Dois factores multimricos, TFIIIC e TFIIIB participam na iniciao
do promotor do tRNA e do 5S-RNA; um terceiro factor, o TFIIIA necessrio para a iniciao dos
promotores do 5S-RNA exclusivamente. Tal como acontecia nos complexos de iniciao da RNA polimerase
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Biologia Molecular - 1 Ano - FFUP 2006/2007
46 Captulo 4 Transcrio |
I e II, os factores de transcrio da RNA polimerase III ligam-se ao promotor do DNA em sequncias
especficas.
A metade terminal-N de uma subunidade do TFIIIB, denominado BRF, semelhante
sequencialmente ao TFIIB (um factor de transcrio da RNA polimerase II). Esta semelhana sugere que o
BRF e o TFIIB apresentem tambm funo semelhante na iniciao, nomeadamente, para direccionar a
polimerase para o local de iniciao correcto. Assim que o TFIIIB esteja ligado a um gene de tRNA ou 5S-
RNA, a RNA polimerase III pode ligar-se e iniciar o processo de transcrio na presena de trifosfatos
ribonucleosdicos.
A subunidade BRF do TFIIIB interage especificamente com uma das subunidades da
polimerase, tendo em conta a iniciao para esta RNA polimerase especfica.
Outra das trs subunidades que constituem o TFIIIB o TBP que surge aqui como
componente principal dos factores de transcrio para as 3 RNA polimerases eucariticas.
3.5. Terminao da transcrio
Nos eucariotas, os mecanismos para a terminao da transcrio diferem para cada uma das trs
RNA polimerases. A transcrio dos genes de pr-RNA pela RNA polimerase I terminada por um
mecanismo que requer um factor de terminao especfico da polimerase. Esta protena de ligao do DNA
liga-se a uma sequncia especfica no fim da unidade de transcrio. Uma terminao eficiente necessita
que o factor de terminao se ligue ao DNA modelo na orientao correcta. A polimerase III pura termina
depois de polimerizar uma srie de resduos de U. O hdrido desoxi(A)-ribo(U)-DNA-RNA, que resulta
quando uma extenso de Us sintetizada, particularmente instvel comparado com todas as outras
sequncias de pares de bases. A facilidade com que este hdrido pode ser fundido provavelmente contribui
para o mecanismo de terminao da RNA polimerase III.
Na maioria dos genes que codificam protenas de transcritos nos mamferos pela polimerase II,
assim que a polimerase transcreve cerca de cinquenta bases, a elongao progressiva altamente
susceptvel de ser processada e no termina at que uma sequncia que leve ao corte e segmentao do
RNA na sequncia que forma o fim da 3 do mRNA codificado. A RNA polimerase II pode ento terminar
num elevado nmero de locais localizados a mais de 0,5 2 kb alm deste local de adio poly(A).
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Biologia Molecular 1 Ano - FFUP 2006/2007
| Captulo 5 RNA e processamento 47
Experincia bioqumicas e de imunoprecipitao de cromatina sugerem que o complexo proteico que corta
e poliadenila o mRNA nascente transcreve em sequncias especficas associadas a domnios de terminais
carboxlicos fosforilados (CTD) de RNA polimerase II a seguir iniciao. Este complexo de
corte/poliadenilao pode suprimir a terminao pela RNA polimerase II at que a sequncia que assinala o
corte e poliadenilao seja transcrita pela polimerase.
Enquanto que alguma terminao da transcrio no regulada para a maior parte dos genes, para
alguns especficos, uma escolha feita entre elongao e terminao ou pausa entre algumas dezenas de
bases do local do incio da transcrio. Esta escolha pode ser regulada; contudo, a expresso da protena
codificada controlada no s pela iniciao da transcrio, mas tambm pelo controlo antecipado na
elongao da unidade de transcrio.
4. Inibidores da transcrio
Rifamicina holoenzima que actua na transcrio dos procariotas que inibe a iniciao.
-Amanitina enzima que actua na transcrio dos eucariotas. Nunca inibe a RNA polimerase I,
inibe a polimerase II e apenas inibe a RNA polimerase III em algumas espcies.
Actinomicina D primariamente utilizada atravs da sua ligao ao DNA no complexo de
iniciao da transcrio, inibindo a elongao atravs da RNA polimerase.
Streptolidigina enzima central que actua sobre a transcrio dos procariotas, inibindo a sua
elongao.
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48 Captulo 5 RNA e processamento |
Captulo 5 RNA e processamento
1. RNA mensageiro procariota
1.1. Caractersticas do mRNA
Policistrnico os mRNAs procariotas podem variar relativamente ao nmero de protenas que codificam.
Alguns mRNAs representam apenas um nico gene, sendo monocistrnicos, enquanto que outros (a
maioria) transportam sequncias codificantes para vrias protenas, ou seja, so policistrnicos. Nestes
casos, uma molcula de mRNA transcrita a partir de um grupo de genes adjacentes.
Colinear atraves da comparaao da sequencia nucleotidica de um gene com a sequencia de aminoacidos
de uma proteina, pode determinar-se directamente se o gene e a proteina so colineares. Assim, isto
acontece quando a sequencia de nucleotidos no gene corresponde exactamente sequncia de a.a na
proteina. Ou seja, o rna formado a partir do dna igual.
Cistro o teste de complementao usado pra determinar se duas mutaes existem no mesmo gene
ou em genes diferentes. Consiste na comparao da localizao das duas mutaes, sendo que seelas
existem no mesmo gene, ir existir uma diferena nos fentipos das configuraes cis e trans. Assim, a
configurao trans mutante porque cada alelo transporta uma mutao, mas a configurao cis apresenta
umalelo com duas mutaes e outro alello sem mutao. Desta forma, o mrna um cistro pois a
unidade definida pelo teste de complementao.
Polaridade o factor rho segue um percurso que estabelece uma relao entre a trancrio e a traduo,
que explica um fenmeno de ligao entre os dois processos. Nalguns casos, uma mutao nonsense num
gene de uma unidade de transcrio impede a expresso dos genes subsequentes nessa mesma unidade. A
principal causadesta caracterstica a falta de mrna correspondente s partes mais distantes da unidade.
1.2. Componentes bsicos do gene procariota
Um gene procariota constituinte do mRNA designado por opero e contm as seguintes
estruturas:
Promotor actua como iniciador da transcrio para o gene ou genes fisicamente ligados a si no
mesmo fragmento de DNA. Pode apresentar um ou mais locais reguladores sendo o mais comum a
existncia de duas sequncias consenso.
Repressor esta protena impede um determinado gene de ser expresso.
Operador localiza-se junto do promotor actuando como alvo da protena repressora. Quando
ocorre a ligao entre estes dois elementos, a RNA polimerase nao inicia a transcrio e a expresso
gnica interrompida (no caso de operes de controlo negativo).
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| Captulo 5 RNA e processamento 49
Factor de transcrio factor necessrio para auxiliar a RNA polimerase na iniciao da transcrio
junto do promotor.
Genes estruturais quaisquer genes que codifiquem para protenas. Representam uma enorme
variedade de estruturas e funes proteicas, incluindo protenas estruturais, enzimas com actividade
cataltica e protenas reguladoras.
Gene regulador descreve um gene estrutural que codifica para a protena envolvida na regulao
da expresso de outros genes. Um gene regulador codifica para uma protena que controla a transcrio
atravs da ligao a locais particulares do DNA.
1.3. Constituio do mRNA
Regio codificante consiste num conjunto de codes que representa a sequncia de
aminocidos da protena iniciando, normalmente, com AUG e terminando com um codo de
terminao.
5 leader regio extra presente na extremidade 5 que precede o incio da regio codificante,
ou seja, o codo de iniciao (sequncia nao traduzida).
3 trailer sequncia adicional que existe depois do sinal de terminao, constituindo a
extremidade 3 (sequncia no traduzida).
Regio intercistrnica existe entre as vrias regies codificantes que podem variar em
tamanho, podendo apresentar cerca de 30 nucletidos nos mRNAs de bactrias ou apenas 1 a 2
nucletidos separando o codo de terminao de uma protena do codo de iniciao da seguinte.
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50 Captulo 5 RNA e processamento |
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