347a de hegemonia religiosa no brasil 02abr12.docx) - ufrj · no ano seguinte, "o povo...
TRANSCRIPT
O processo de mudança de hegemonia religiosa no Brasil (versão preliminar)
José Eustáquio Diniz Alves1
INTRODUÇÃO
O Brasil passou por momentos de inflexão em sua histórica sem grandes traumas ou revoluções
sangrentas. A independência, em 1822, foi liderada pelo príncipe herdeiro que rompeu com a metrópole,
mas, ao invés de mudar o regime de governo, instalou a única monarquia das Américas. O fim da
escravidão, em 1888, aconteceu pelas mãos da princesa regente e nem de longe reproduziu o cenário da
Guerra de Secessão dos Estados Unidos. No ano seguinte, "o povo assistiu bestificado” a proclamação
da República. A República Velha caiu, em 1930, sem grandes resistências do coronelismo. O ditador
Getúlio Vargas, que foi deposto em 1945, voltou nos braços do povo em eleições livres e diretas em
1950. A ditadura militar promoveu um processo de distenção política em 1974, que cuminou com uma
eleição indireta para Presidente da República, em 1985. Mas isto ocorreu em um colégio eleitoral com
alguns representantes “biônicos”, que elegeu Tancredo Neves, mas quem assumiu a Presidência foi o
ex-lider do partido que sustentou por 20 anos o regime ilegítimo e autoritário.
O que todos estes acontecimentos históricos têm em comum é que o Brasil mudou, deixando de ser
Colônia, superando a Escravidão, derrubando a Monarquia, implementando a República (em suas
diferentes fases), promovendo a modernização, a industrialização e a urbanização, mas sem mudar de
religião. O país recebeu das mãos lusitanas em 1500 a religião hegemônica, que prevaleceu
incontestavelmente majoritária por cerca de 500 anos. A sociedade brasileira foi profundamente
marcada pelas práticas, ensinamentos e dogmas da religião Católica Apostólica Romana. Nos últimos
200 anos o Brasil passou por diversas transformações sociais, mas a religião herdada dos colonizadores,
mesmo em declínio, se manteve presente no lar da maioria da população brasileira.
De fato, não é comum um país mudar de religião. Os Estados Unidos, por exemplo, também passaram
por grandes transformações econômicas e sociais, mas continuaram predominantemente protestante e
1 Doutor em Demografia e Professor titular da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE. Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. Publicado em 02/04/2012 Aparte Inclusão Social em Debate: http://www.ie.ufrj.br/aparte/
2
não há grandes perspectivas de mudança. A Rússia fez uma grande revolução e viveu grandes
acontecimentos sangrentos, mas continuou católica ortodoxa. O Japão mudou completamente seu modo
de vida desde a revolução Meiji, mas manteve basicamente suas tradições religiosas. A Turquia se
modernizou, após Ataturk, mas não deixou de ser muçulmana. E assim por diante.
Porém, a grande novidade do século XXI é que o Brasil está deixando de ser majoritariamente Católico
Apostólico Romano e, caso haja permanência das atuais tendências, deve sofrer uma mudança de
hegemonia religiosa nos próximos 20 a 30 anos. Entre os 10 maiores países do mundo, isto deve
acontecer somente no Brasil, que é considerado o maior país católico do mundo e, provavelmente,
deixará de sê-lo em poucas décadas. O Brasil vai se tornar exemplo de um fenômeno raro, que é a
mudança sem precedentes na composição religiosa da população. E como costuma acontecer na história
brasileira, deve ser uma mudança sem grandes rupturas, sem traumas ou batalhas sangrentas. Só não será
uma revolução silenciosa porque algumas correntes evangélicas pentecostais, que mais crescem, não
costumam respeitar as leis do silêncio.
O DECLÍNIO DAS TAXAS DE PARTICIPAÇÃO DAS FILIAÇÕES CATÓLICAS NO BRASIL
Na segunda metade do século XX, devido ao crescimento demográfico, o Brasil tornou-se, em termos
absolutos, o maior país católico do planeta, pois até 1950, a Itália era o país com o maior contingente de
católicos do globo. No ano de 2011, dos dez países mais populosos do mundo2, apenas o Brasil
professava de forma majoritária a religião católica apostólica romana. Contudo, esse quadro pode mudar
nas próximas décadas. Existem autores que tratam explicitamente sobre o fim da hegemonia católica no
Brasil (Sanchis, 1997; Birman e Leite, 2002). Outros autores , como Neri (2007), já chegaram a falar em
fim ou redução do ritmo de perdas das filiações católicas. Portanto, ainda existem dúvidas se haverá ou
não mudanças na hegemonia religiosa, embora o presente artigo argumente no sentido da mudança.
Os dados do gráfico 1 mostram que o declínio da participação das filiações católicas no Brasil vem
ocorrendo desde o final do século XIX, com a instalação da República e do Estado Laico, que garantiu
2 Segundo o Instituto Population Reference Bureau, os dez países mais populosos do mundo, em 2011, eram a China (1,346 bilhão), Índia (1,241 bilhão), Estados Unidos (312 milhões), Indonésia (238 milhões), Brasil (194 milhões), Paquistão (177 milhões), Nigéria (162 milhões), Bangladesh (151 milhões), Rússia (143 milhões) e Japão (128 milhões).
3
liberdade de culto no país. Em 1872, primeiro censo do Brasil, os católicos eram 99,7% e mantiveram
uma taxa de 98,9% em 1890. Com a chegada de imigrantes de outras religiões na primeira metade do
século XX, o percentual de católicos caiu um pouco, mas ainda estava em 95% em 1940. Nas décadas
seguintes a tendência de uma leve queda continuou até 1980, quando o percentual estava em 89%.
Porém, a partir desta data a queda se acentuou e o percentual de católicos caiu para 83,3% em 1991, para
73,9% em 2000 e 68,4% em 2009 (segundo a POF/2009). Porém, é preciso registrar que não é um
procedimento adequado comparar os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), com os dados
censais. Somente com a publicação das informações do censo 2010 é que se poderá ter os números
corretos e se avaliar a dinâmica das mudanças.
O gráfico 1 também mostra que os evangélicos apresentam um tendência crescente dos percentuais de
participação, sendo os principais beneficiários do declínio dos católicos. Entre 1991 e 2009 o
crescimento das filiações evangélicoas mais do que dobrou, passando de 9% para 20,2% do total.
Gráfico 1: Percentagem de católicos e evangélicos na população brasileira: 1872 - 2009
Fonte: censos demográficos do IBGE e POF, 2009
Sondagem do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (Ceris) para a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) - "Mobilidade religiosa no Brasil 2005" – também mostrou a
99,7 98,995,0 93,5 93,0 91,8 89,0
83,3
73,9
68,4
0,1 1,0 2,6 3,4 4,0 5,2 6,69,0
15,420,2
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
18
70
18
80
18
90
19
00
19
10
19
20
19
30
19
40
19
50
19
60
19
70
19
80
19
90
20
00
20
10
4
perda de fiéis da Igreja Católica e o crescimento das igrejas evangélicas. Os números são um pouco
diferentes mas as tendências são as mesmas e até mais acentuadas do que na POF/2009. Os católicos
estavam com dois terços de participação (67,2%) e os protestantes, distribuídos entre as denominações
históricas e pentescostais, detinham 18% dos fiéis brasileiros, representando cerca de 33,1 milhões de
pessoas. Além da migração de uma religião para outra, houve aumento da população sem-religião, que,
chegou a 7,8% em 2005, pelos dados do CERIS.
Os dados da tabela 2, com base nos censos do IBGE, mostram os números absolutos (e as percentagens)
da distribuição das filiações religiosas no Brasil de 1970 a 2000 (com estimativas para 2010). Houve
crescimento, em termos absolutos, para todos os grupos até a virada do milênio. Porém, já existem
estimativas que o número total de católicos tenha diminuido não só em termos relativos, mas também
em termos absolutos na primeira década do século XXI. Se isto for confirmado pelo censo 2010, será
uma grande novidade. Mas este artigo argumenta que este é o cenário mais provável devido à
combinação de migração religiosa e dinâmica demográfica dos grupos (como veremos à frente).
O percentual de católicos, que era superior a 90% ao longo do século XX, caiu para menos de 3/4 no ano
2000. Se, na virada do milênio, os católicos tivessem o mesmo percentual da população que tinham em
1970, isto representaria 30 milhões de pessoas a mais. Pode-se dizer, então, que esses 30 milhões de
pessoas migraram para os demais grupos. Na primeira década do século XXI, as filiações católicas
estagnaram ou cairam em termos absolutos, e provavelmente todo o acréscimo demográfico, em torno
de 21 milhões de pessoas, foI para os outros grupos religiosos.
Tabela 2: População brasileira por grupos religiosos (em mil) e percentagens: 1970-2010
Religião 1970 1980 1991 2000 2010 (estimado)
Número % Número % Número % Número % Número %
Católicos 85.472 91,8 105.861 89,0 121.813 83,0 125.517 73,9 124.000 65,0
Evangélicos 4.815 5,2 7.886 6,6 13.189 9,0 26.452 15,4 42.000 22,0
Sem-religião 702 0,8 1.953 1,6 6.946 4,7 12.492 7,4 17.000 8,9
Outros 2.146 2,3 3.311 2,8 4.868 3,3 5.409 3,3 7.756 4,1
Total 93.135 100,0 119.011 100,0 146.816 100,0 169.871 100,0 190.756 100,0
Fonte: Censos demográficos de 1970 a 2000 do IBGE. Estimativa para 2010 (a verificar) Obs.: O grupo “outros” inclui os sem declaração
5
A tabela 3 mostra a distribuição dos grupos religiosos por situação do domicílio no ano 2000. Nota-se
que enquanto a população urbana total do país foi de 81,2%, os católicos tinham 78,8% de seus filiados
na área urbana e uma proporção de 21,2% na área rural. Isto quer dizer que os católicos conseguem
segurar mais suas filiações no meior rural, enquanto nas áreas urbanas – que são as que mais crescem no
país – quem leva vantagem são os evangélicos, os sem-religião e até as outras denominações religiosas.
Portanto, quanto mais o Brasil se urbanizar maior deverão ser as perdas católicas.
Tabela 3: População do Brasil e percentagem por grupos religiosos e situação de domicílio, 2000 Categorias Total % Urbana % Rural %
Católica 124.980.132 100,0 98.475.959 78,8 26.504.174 21,2
Evangélicas 26.184.941 100,0 22.736.910 86,8 3.448.031 13,2
Outras 6.215.379 100,0 5.816.381 93,6 398.999 6,4
Sem-religião 12.492.403 100,0 10.895.989 87,2 1.596.414 12,8
Total 169.872.856 100,0 137.925.238 81,2 31.947.618 18,8
Fonte: Censo demográfico 2000 do IBGE, (informações do banco Sidra do IBGE).
A tabela 4 mostra que a menor percentagem de católicos acontecem nas regiões Centro-Oeste e Sudeste,
regiões que também concentram as maiores percentagens de sem-religião. O maior percentual de
evangélicos está na região Norte. E a maior percentagem de católicos juntamente com a menor
percentagem de evangélicos está na região Nordeste.
Tabela 4: População do Brasil e percentagem por grupos religiosos e regiões, 2000 Regiões Total Católica % Evangélicas % Outras % Sem-religião %
Norte 12.911.170 9.201.896 71,3 2.550.483 19,8 309.638 2,4 849.152 6,6
Nordeste 47.782.487 38.194.778 79,9 4.903.939 10,3 1.025.884 2,1 3.657.887 7,7
Sudeste 72.430.193 50.100.464 69,2 12.685.289 17,5 3.560.318 4,9 6.084.121 8,4
Sul 25.110.348 19.438.123 77,4 3.849.565 15,3 834.059 3,3 988.603 3,9
Centro-Oeste 11.638.658 8.044.871 69,1 2.195.666 18,9 485.481 4,2 912.640 7,8
Brasil 169.872.856 124.980.132 73,6 26.184.941 15,4 6.215.379 3,7 12.492.403 7,4
Fonte: Censo demográfico 2000 do IBGE, (informações do banco Sidra do IBGE).
A tabela 5 mostra a distribuição dos 4 grupos de análise por Unidades da Federação no ano 2000. Nota-
se que o Estado do Rio de Janeiro é o que tinha a menor percentagem de católicos (55,7%) e a maior
percentagem de sem-religião (15,8%). Mas as maiores percentagens de evangélicos estavam em
Rondônia (27,2%), Espírito Santo (25%) e Roraima (22,5%), ficando o Rio de Janeiro em quarto lugar
6
em percentual de evangélicos (22%). O Rio de Janeiro também apresentou o maior percentual de
filiações classificadas neste trabalho como “outras”.
Tabela 5: População do Brasil e Unidades da Federação (UF) e percentagem por grupos religiosos, 2000 Brasil e UFs Total Católica % Evangélicas % Outras % Sem-religião %
Brasil 169872856 125518774 73,9 26184941 15,4 5676738 3,3 12492403 7,4
Rondônia 1.380.952 793.467 57,5 375.484 27,2 36.575 2,6 175.427 12,7
Acre 557.882 379.735 68,1 113.520 20,3 10.536 1,9 54.091 9,7
Amazonas 2.817.252 1.995.729 70,8 593.550 21,1 77.622 2,8 150.351 5,3
Roraima 324.397 215.566 66,5 72.947 22,5 7.397 2,3 28.487 8,8
Pará 6.195.965 4.569.774 73,8 1.119.823 18,1 145.624 2,4 360.745 5,8
Amapá 477.032 346.678 72,7 88.560 18,6 14.424 3,0 27.370 5,7
Tocantins 1.157.690 900.946 77,8 186.601 16,1 17.462 1,5 52.681 4,6
Maranhão 5.657.552 4.648.480 82,2 649.970 11,5 76.425 1,4 282.677 5,0
Piauí 2.843.428 2.554.155 89,8 170.918 6,0 31.551 1,1 86.806 3,1
Ceará 7.431.597 6.432.000 86,5 612.848 8,2 106.471 1,4 280.280 3,8
Rio Grande do Norte 2.777.509 2.321.344 83,6 247.755 8,9 41.998 1,5 166.412 6,0
Paraíba 3.444.794 2.924.154 84,9 303.151 8,8 40.186 1,2 177.303 5,1
Pernambuco 7.929.154 5.908.625 74,5 1.072.504 13,5 197.725 2,5 750.302 9,5
Alagoas 2.827.856 2.253.685 79,7 254.601 9,0 42.538 1,5 277.032 9,8
Sergipe 1.784.829 1.469.514 82,3 129.796 7,3 39.439 2,2 146.079 8,2
Bahia 13.085.769 9.682.822 74,0 1.462.399 11,2 449.552 3,4 1.490.997 11,4
Minas Gerais 17.905.134 14.091.479 78,7 2.437.186 13,6 553.614 3,1 822.855 4,6
Espírito Santo 3.097.498 1.953.386 63,1 773.129 25,0 73.390 2,4 297.594 9,6
Rio de Janeiro 14.392.106 8.016.396 55,7 3.163.742 22,0 943.951 6,6 2.268.018 15,8
São Paulo 37.035.456 26.039.203 70,3 6.311.233 17,0 1.989.364 5,4 2.695.655 7,3
Paraná 9.564.643 7.326.862 76,6 1.590.378 16,6 242.824 2,5 404.578 4,2
Santa Catarina 5.357.864 4.325.029 80,7 802.395 15,0 124.756 2,3 105.684 2,0
Rio Grande do Sul 10.187.842 7.786.231 76,4 1.456.791 14,3 466.478 4,6 478.341 4,7
Mato Grosso do Sul 2.078.070 1.444.579 69,5 378.653 18,2 89.045 4,3 165.792 8,0
Mato Grosso 2.505.245 1.837.724 73,4 418.149 16,7 74.390 3,0 174.982 7,0
Goiás 5.004.197 3.405.443 68,1 998.802 20,0 205.351 4,1 394.601 7,9
Distrito Federal 2.051.146 1.357.125 66,2 400.061 19,5 116.695 5,7 177.266 8,6
Fonte: Censo demográfico 2000 do IBGE, (informações do banco Sidra do IBGE). Nota: Em UF,católica somente romana, em 2000
Por apresentar maior diversidade religiosa o Rio de Janeiro pode ser considerado um Estado pioneiro
das tendências nacionais. Na verdade, o Rio de Janeiro está na frente dos demais estados brasileiros em
várias características sócio-demográficas: tem o maior percentual de população urbana, a maior
concentração populacional metropolitana, maior densidade demográfica, maior índice de envelhecimeto,
7
menor razão de sexo e menores taxas de fecundidade. Portanto, a excepcionalidade do Rio de Janeiro
nas questões religiosas não contradiz as demais áreas em que o estado está à frente das tendências
nacionais. Desta forma, o Rio de Janeiro, e principalmente a sua região metropolitana, é um bom caso de
estudo e, possivelmente, um bom preditor das tendências nacionais.
A tabela 6 mostra que o Estado do Rio de Janeiro antecipa tendências nacionais em cerca de 20 anos e a
“periferia” da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (isto é, a RMRJ menos a capital) está entre 25 e
30 anos à frente das tendências nacionais. Provavelmente os dados do censo 2010 vão mostrar que os
católicos já são menos de 50% do Estado do Rio de Janeiro e devem estar com menos de 40% na
“perifereia” da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (PRMRJ) – região onde os católicos perderam
14 pontos entre 1991 e 2000 e os evangélicos cresceram 11,6% no mesmo período. Isto quer dizer que,
mantida as tendências observadas, provavelmente, até 2030, as filiações católicas serão menos de 50%
da população nacional e até 2040 haverá empate entre as filiações de católicos e evangélicos no Brasil.
Para o ano de 2010 pode-se arriscar a existência de um empate entre católicos e evangélicos na PRMRJ
em torno de 38% (a verificar com os dados dos microdados do censo 2010). Dentre outros fatores, a
dinâmica demográfica ajuda a explicar este processo, como veremos pelas pirâmides populacionais e os
dados das distribuições etárias.
Tabela 6: Percentagem dos grupos religiosos para Brasil, Estado do Rio de Janeiro (ERJ), Cidade do Rio de Janeiro (CRJ) e “Periferia” da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (PRMRJ), 1991 e 2000
Religião 1991 2000 2010
Brasil ERJ CRJ PRMRJ Brasil ERJ CRJ PRMRJ Brasil ERJ CRJ PRMRJ
Católicos 83,0 67,3 69,8 61,2 73,9 55,7 61,1 47,2 ? ? ? 38 ?
Evangélicos 9,0 12,7 10,3 15,5 15,4 22,0 17,7 27,1 ? ? ? 38 ?
Sem-religião 4,7 13,7 11,5 18,2 7,4 15,8 13,3 20,6 ? ? ? ?
Outros 3,3 6,3 8,4 5,1 3,3 6,5 7,9 5,1 ? ? ? ?
Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000 do IBGE (informações do banco Sidra do IBGE).
A DISTRIBUIÇÃO POR SEXO E IDADE
O gráfico 2 mostra a pirâmide populacional da população brasileira para o ano 2000. Nota
equilíbrio entre o lado masculino e feminino e uma redução do grupo etário 0 a 10 anos, devido ao
processo de queda da fecundidade no Brasil. O gráfico 3 mostra a pirâmide para o conjunto da
população católica do Brasil, em 2000. As duas distribuições são muito semelhan
Gráfico 2: Distribuição por sexo e idade da população brasileira total,
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
Gráfico 3: Distribuição por sexo e idade das filiações católicas, Brasil: 2000
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
-20.000.000 -10.000.000
0-10
10-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60-69
70-79
80 - +
População total
Homens
-15.000.000-10.000.000 -5.000.000
0-10
10-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60-69
70-79
80 - +
Católicas
Homens
A DISTRIBUIÇÃO POR SEXO E IDADE, POR RELIGIÃO, NO BRASIL
O gráfico 2 mostra a pirâmide populacional da população brasileira para o ano 2000. Nota
do masculino e feminino e uma redução do grupo etário 0 a 10 anos, devido ao
processo de queda da fecundidade no Brasil. O gráfico 3 mostra a pirâmide para o conjunto da
população católica do Brasil, em 2000. As duas distribuições são muito semelhantes.
Gráfico 2: Distribuição por sexo e idade da população brasileira total, 2000
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
Gráfico 3: Distribuição por sexo e idade das filiações católicas, Brasil: 2000
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
0 10.000.000 20.000.000
População total - Brasil - 2000
Homens Mulheres
0 5.000.000 10.000.000 15.000.000
Católicas - Brasil - 2000
Homens Mulheres
8
O gráfico 2 mostra a pirâmide populacional da população brasileira para o ano 2000. Nota-se um certo
do masculino e feminino e uma redução do grupo etário 0 a 10 anos, devido ao
processo de queda da fecundidade no Brasil. O gráfico 3 mostra a pirâmide para o conjunto da
tes.
O gráfico 4 mostra a pirâmide populacional das filiações evangélicas para o ano 2000. Nota
presença maior de mulheres, crianças e jovens. Não aparece uma queda grande no grupo etário 0 a 10
anos (especialmente no lado masculino), mostrando que é uma população
processo de queda da fecundidade
brasileira tem uma maior proporção de mulheres e jovens (indicando maiores taxas de fecundidade) e
menor proporção de idosos na população
haverá crescimento da população evangélica. Se ainda houver atração de
então o crescimento será maior ainda.
Gráfico 4: Distribuição por sexo e idade das filiaçõ
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
O gráfico 5 mostra a pirâmide populacional das filiações da categoria “outras” para o ano 2000. Nota
uma presença maior de mulheres, mas não de crianças e jovens. Ao contrário, a cate
possui uma maior presença de adultos e idosos. Isto é mais acentuado nas religiões espíritas.
O gráfico 6 mostra a pirâmide populacional das filiações da categoria “sem
Ao contrário de todas as outras, nota
fato dos homens frequentarem menos as igrejas no Brasil (ao contrário do mundo muçulmano em que só
os homens podem frequentar todos os cultos das mesquitas) e a maior presença de jovens se deve
aqueles que não possuem religião definida. Nota
-3.000.000 -2.000.000 -1.000.000
0-10
10-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60-69
70-79
80 - +
Evangélicas
Homens
mostra a pirâmide populacional das filiações evangélicas para o ano 2000. Nota
crianças e jovens. Não aparece uma queda grande no grupo etário 0 a 10
anos (especialmente no lado masculino), mostrando que é uma população que estava
no ano 2000. O importante a notar é que a população evangélica
brasileira tem uma maior proporção de mulheres e jovens (indicando maiores taxas de fecundidade) e
menor proporção de idosos na população. Isto quer dizer, que apenas pelo efeito da inércia demográfica
haverá crescimento da população evangélica. Se ainda houver atração de fiéis de outras denominações
então o crescimento será maior ainda.
: Distribuição por sexo e idade das filiações evangélicas, Brasil: 2000
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
O gráfico 5 mostra a pirâmide populacional das filiações da categoria “outras” para o ano 2000. Nota
uma presença maior de mulheres, mas não de crianças e jovens. Ao contrário, a cate
possui uma maior presença de adultos e idosos. Isto é mais acentuado nas religiões espíritas.
O gráfico 6 mostra a pirâmide populacional das filiações da categoria “sem-religião” para o ano 2000.
Ao contrário de todas as outras, nota-se uma presença muito maior de homens e jovens. Isto se deve ao
fato dos homens frequentarem menos as igrejas no Brasil (ao contrário do mundo muçulmano em que só
os homens podem frequentar todos os cultos das mesquitas) e a maior presença de jovens se deve
eles que não possuem religião definida. Nota-se também que a presença de idosos é muito pequena,
0 1.000.000 2.000.000 3.000.000
Evangélicas - Brasil - 2000
Homens Mulheres
9
mostra a pirâmide populacional das filiações evangélicas para o ano 2000. Nota-se uma
crianças e jovens. Não aparece uma queda grande no grupo etário 0 a 10
que estava atrasada no
. O importante a notar é que a população evangélica
brasileira tem uma maior proporção de mulheres e jovens (indicando maiores taxas de fecundidade) e
. Isto quer dizer, que apenas pelo efeito da inércia demográfica
iéis de outras denominações
O gráfico 5 mostra a pirâmide populacional das filiações da categoria “outras” para o ano 2000. Nota-se
uma presença maior de mulheres, mas não de crianças e jovens. Ao contrário, a categoria “outras”
possui uma maior presença de adultos e idosos. Isto é mais acentuado nas religiões espíritas.
religião” para o ano 2000.
a presença muito maior de homens e jovens. Isto se deve ao
fato dos homens frequentarem menos as igrejas no Brasil (ao contrário do mundo muçulmano em que só
os homens podem frequentar todos os cultos das mesquitas) e a maior presença de jovens se deve
se também que a presença de idosos é muito pequena,
sinalizando o fato que as pessoas, na medida que vão envelhecendo, tendem a escolher uma religião,
especialmente nas idades onde é maior a probabilidade de mor
declaram sem religião.
Gráfico 5: Distribuição por sexo e idade das filiações da categoria “outras”, Brasil: 2000
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE Gráfico 6: Distribuição por sexo e idade das filiações da
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
A tabela 7 mostra a razão de sexo para os grupos religiosos. Nota
proporção de mulheres semelhante à da população brasileira. Mas os evangélicos
-700.000 -350.000
0-10
10-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60-69
70-79
80 - +
Outras
Homens
-1.800.000 -1.200.000 -600.000
0-10
10-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60-69
70-79
80 - +
Sem-religião
Homens
sinalizando o fato que as pessoas, na medida que vão envelhecendo, tendem a escolher uma religião,
maior a probabilidade de morte. Pouquissimas mulheres idosas se
Gráfico 5: Distribuição por sexo e idade das filiações da categoria “outras”, Brasil: 2000
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
Gráfico 6: Distribuição por sexo e idade das filiações da categoria “sem-religião”, Brasil: 2000
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
tabela 7 mostra a razão de sexo para os grupos religiosos. Nota-se que os católicos possuem uma
proporção de mulheres semelhante à da população brasileira. Mas os evangélicos e as “outras” filiações
0 350.000 700.000
Outras - Brasil - 2000
Homens Mulheres
0 600.000 1.200.000 1.800.000
religião - Brasil - 2000
Homens Mulheres
10
sinalizando o fato que as pessoas, na medida que vão envelhecendo, tendem a escolher uma religião,
te. Pouquissimas mulheres idosas se
Gráfico 5: Distribuição por sexo e idade das filiações da categoria “outras”, Brasil: 2000
religião”, Brasil: 2000
se que os católicos possuem uma
e as “outras” filiações
11
possuem uma presença muito maior de mulheres. A razão de sexo indica que os evangélicos possuem
apenas 77,6 homens para cada 100 mulheres e as “outras” possuem 75,7 homens para cada sem
mulheres. Já para os sem-religião a situação é oposta, pois existem muito mais homens, isto é, 152,3
homens para cada 100 mulheres.
Tabela 7 : População e razão de sexo (RS), por filiações religiosas, Brasil, 2000
Categorias 2000 2010
Homens Mulheres RS Homens Mulheres RS
Católica 62171584 63347189 98,1 ? ? ?
Evangélicas 11444063 14740878 77,6 ? ? ?
Outras 2445988 3230751 75,7 ? ? ?
Sem-religião 7540682 4951721 152,3 ? ? ?
Total 83602317 86270539 96,9
Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000 do IBGE (informações do banco Sidra do IBGE).
A tabela 8 mostra que os católicos e “outras” estão mais proporcionalmente distribuidas no grupo idoso
(60 anos e mais), enquanto os evangélicos estão mais concentrados nas crianças e jovens –
especialmente mulheres, e os sem-religião estão mais concentrados nas crianças do sexo masculino.
Tabela 8 : Percentagem total, crianças 0-10 anos e idosos (60 - +) por filiações religiosas, Brasil, 2000
Categorias 2000 2010
Total 0-10 anos 60 anos e + Total 0-10 anos 60 anos e +
Católica 73,9 71,5 77,1 ? ? ?
Evangélicas 15,4 16,6 14,8 ? ? ?
Outras 3,3 3,04 4,32 ? ? ?
Sem-religião 7,4 8,8 3,8 ? ? ?
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000 do IBGE (informações do banco Sidra do IBGE).
A tabela 9 mostra que entre a população católica as mulheres de 0-49 anos de idade constituem 41,7%
das filiações, sendo que este número sobre para 46,9% entre os evangélicos. Isto que dizer que a
população evangélica tende a crescer em maior ritmo pois possuem mais mulheres em idade reprodutiva
e mais meninas que vão entrar no período reprodutivo. Os evangélicos também possuem taxa de
fecundidade ligeiramente superior. Portanto, apenas pelo efeito demográfico é possível prever um maior
crescimento dos evangélicos.
Tabela 9: Percentagem de população feminina de 0
Categorias 2000
Católica 41,7
Evangélicas 46,9
Outras 42,9
Sem-religião 36,8
Total 42,2
Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000
A DISTRIBUIÇÃO POR SEXO E IDADE
REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO (PRMRJ)
O gráfico 7 mostra a distribuição por sexo e idade da população total da “Periferia”
Metropolitana do Rio de Janeiro (PRMRJ) no ano 2000. Ou seja, todos os municípios da RMRJ menos a
capital. Nota-se que a base da pirâmide não apresenta a redução observada na população brasileira. Isto
porque o processo de queda da fecundidade é
Gráfico 7: Distribuição por sexo e idade da população total da PRMRJ, 2000
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE Mas o gráfico 8 mostra que para a população católica da PRMRJ apresenta uma redução do grupo etário
0-10 anos de idade, além de um certo equilíbrio na razão de sexo. Contudo o gráfico 9 mostra que
evangélicos, assim como no Brasil, possuem uma distribui
-600.000 -400.000 -200.000
0-10
10-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60-69
70-79
80 - +
População total
Homens
Tabela 9: Percentagem de população feminina de 0-49 anos, por filiação religiosa, Brasil, 2000
2010
?
?
?
?
?
Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000 do IBGE (informações do banco Sidra do IBGE).
A DISTRIBUIÇÃO POR SEXO E IDADE DA POPULAÇÃO, POR RELIGIÃO, N
REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO (PRMRJ)
O gráfico 7 mostra a distribuição por sexo e idade da população total da “Periferia”
Metropolitana do Rio de Janeiro (PRMRJ) no ano 2000. Ou seja, todos os municípios da RMRJ menos a
se que a base da pirâmide não apresenta a redução observada na população brasileira. Isto
porque o processo de queda da fecundidade é menos veloz nesta região.
Gráfico 7: Distribuição por sexo e idade da população total da PRMRJ, 2000
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
Mas o gráfico 8 mostra que para a população católica da PRMRJ apresenta uma redução do grupo etário
10 anos de idade, além de um certo equilíbrio na razão de sexo. Contudo o gráfico 9 mostra que
evangélicos, assim como no Brasil, possuem uma distribuição por sexo e idade com maior peso entre
0 200.000 400.000 600.000
População total - PRMRJ - 2000
Homens Mulheres
12
49 anos, por filiação religiosa, Brasil, 2000
do IBGE (informações do banco Sidra do IBGE).
, POR RELIGIÃO, NA PERIFERIA DA
O gráfico 7 mostra a distribuição por sexo e idade da população total da “Periferia” da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro (PRMRJ) no ano 2000. Ou seja, todos os municípios da RMRJ menos a
se que a base da pirâmide não apresenta a redução observada na população brasileira. Isto
Mas o gráfico 8 mostra que para a população católica da PRMRJ apresenta uma redução do grupo etário
10 anos de idade, além de um certo equilíbrio na razão de sexo. Contudo o gráfico 9 mostra que os
ção por sexo e idade com maior peso entre
mulheres, crianças e jovens, também na PRMRJ. Isto indica que deverão apresentar maior crescimento
demográfico na primeira década do século XXI.
Gráfico 8: Distribuição por sexo e idade da população de católicos d
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE Gráfico 9: Distribuição por sexo e idade da população de evangélicos da PRMRJ, 2000
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
-210.000 -140.000 -70.000
0-10
10-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60-69
70-79
80 - +
Católicas - PRMRJ
Homens
-150.000 -100.000 -50.000
0-10
10-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60-69
70-79
80 - +
Evangélicas
Homens
mulheres, crianças e jovens, também na PRMRJ. Isto indica que deverão apresentar maior crescimento
demográfico na primeira década do século XXI.
Gráfico 8: Distribuição por sexo e idade da população de católicos da PRMRJ, 2000
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
Gráfico 9: Distribuição por sexo e idade da população de evangélicos da PRMRJ, 2000
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
0 70.000 140.000 210.000
PRMRJ - 2000
Homens Mulheres
0 50.000 100.000 150.000
Evangélicas - PRMRJ - 2000
Mulheres
13
mulheres, crianças e jovens, também na PRMRJ. Isto indica que deverão apresentar maior crescimento
a PRMRJ, 2000
Gráfico 9: Distribuição por sexo e idade da população de evangélicos da PRMRJ, 2000
O gráfico 10 mostra a distribuição da categoria “outras”. Nota
30 e 49 anos. Já o gráfico 11 mostra a distribuição da população da categoria “sem
maior presença de homens, crianças e jovens. Nestes dois aspectos a PRMRJ não difere muito das
características dos mesmos grupos religiosos nacionais.
Gráfico 10: Distribuição por sexo e idade da população de
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE Gráfico 11: Distribuição por sexo e idade da população de
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
-30.000 -20.000 -10.000
0-10
10-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60-69
70-79
80 - +
Outras -
Homens
-150.000 -100.000 -50.000
0-10
10-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60-69
70-79
80 - +
Sem-religião
Homens
O gráfico 10 mostra a distribuição da categoria “outras”. Nota-se uma maior presença de mulheres entre
30 e 49 anos. Já o gráfico 11 mostra a distribuição da população da categoria “sem
maior presença de homens, crianças e jovens. Nestes dois aspectos a PRMRJ não difere muito das
upos religiosos nacionais.
: Distribuição por sexo e idade da população de “outras” da PRMRJ, 2000
Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE
: Distribuição por sexo e idade da população de “sem-religião” da PRMRJ, 2000
demográfico 2000 do IBGE
0 10.000 20.000 30.000
PRMRJ - 2000
Mulheres
0 50.000 100.000 150.000
religião - PRMRJ - 2000
Homens Mulheres
14
r presença de mulheres entre
30 e 49 anos. Já o gráfico 11 mostra a distribuição da população da categoria “sem-religião” que tem a
maior presença de homens, crianças e jovens. Nestes dois aspectos a PRMRJ não difere muito das
da PRMRJ, 2000
da PRMRJ, 2000
15
1991
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49
2000
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49
A grande diferença da PRMRJ em relação ao conjunto do Brasil é que a presença dos evangélicos é
muito maior, especialmente na população de zero a 10 anos de idade, conforme mostra a tabela 10. Já no
ano 2000 os católicos representavam menos de 50% da população total e apenas 39,3% entre o grupo
etário 0-10 anos. Já os evangélicos chegavam em 28,3% entre o grupo 0-10 anos. Uma projeção para o
ano 2010 indica que os evangélicos podem empatar com os católicos na população total da PRMRJ e até
ultrapassá-los no grupo etário 0-10 anos.
Tabela 10 : Percentagem total, crianças 0-10 anos e idosos (60 - +) por filiações religiosas, Periferia da Região Metropolitana do Rio, 2000
Categorias
2000 2010
Total 0-10 anos 60 anos e + Total 0-10 anos 60 anos e +
Católica 46,6 39,3 55,8 ? 32 ? ?
Evangélicas 27,1 28,3 27,4 ? 35 ? ?
Outras 5,7 4,6 7,0 ? ? ?
Sem-religião 20,7 27,8 9,9 ? ? ?
Total 100 100 100 100 100 100
Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000 do IBGE (informações do banco Sidra do IBGE).
Isto é reforçado pelo gráfico 12 que mostra que os evangélicos pentecostais têm taxas de fecundidade
mais elevadas do que a dos demais grupos religiosos, especialmente entre as adolescentes e jovens.
Grafico 12: Taxas de fecundidade específicas por idade segundo filiações religiosas, Estado do Rio de Janeiro, 1991 e 2000.
Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000 do IBGE
16
A tabela 11 resume as informações por níveis geográficos. Nota-se que o processo de declínio dos
católicos e o crescimento dos evangélicos e dos sem-religião é comum em todos os níveis. O padrão é
muito semelhante, mas a diferença de nível é grande. Podemos dizer que a cidade do Rio de Janeiro está
adiantada em relação à média brasileira em cerca de 20 anos, o Estado do Rio de Janeiro está 25 anos na
frente e a “periferia” da RMRJ está à frente em torno de 30 anos.
Tabela 11 : Percentagem da população do Brasil, Estado do Rio de Janeiro (ERJ), Cidade do Rio de Janeiro (CRJ) e Periferia da Região Metropolitana do RJ (PRMRJ), por religião, 1991 e 2000
Religião 1991 2000 2010
Brasil ERJ CRJ PRMRJ Brasil ERJ CRJ PRMRJ Brasil ERJ CRJ PRMRJ
Católicos 83,0 67,3 69,8 61,2 73,9 55,7 61,1 47,2 ? ? ? ?
Evangélicos 9,0 12,7 10,3 15,5 15,4 22,0 17,7 27,1 ? ? ? ?
Sem-religião 4,7 13,7 11,5 18,2 7,4 15,8 13,3 20,6 ? ? ? ?
Outros 3,3 6,3 8,4 5,1 3,3 6,5 7,9 5,1 ? ? ? ?
Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000 do IBGE
Portanto, se o Rio de Janeiro e, em especial, a “periferia” da RMRJ forem realmente pioneiros do
processo de transformação religiosa no Brasil – e não exceções - já se pode prever um empate entre
católicos e evangélicos no Brasil na década de 2030. Os evangélicos deverão ultrapassar os católicos na
PRMRJ na corrente década. Os impactos dessa mudança precisam ser melhor estudados.
À GUISA DE CONSIDERAÇÕES FINAIS
A participação dos católicos na população passou de 99,7% no primeiro censo brasileiro, em 1872, para
95% em 1940 e para 91,8% em 1970. Analisando estes dados, nos anos de 1970, o sociólogo Candido
Procópio Ferreira de Camargo (1973) já falava em “catolicismo em declínio”. Trinta anos depois, Flávio
Pierucci (2004), que iniciou seus estudos com Camargo, mostrou que estas tendências se aceleraram:
“More of the same, portanto: o catolicismo em declínio, os pentecostais e os sem religião
em escalada. A diferença é que essas curvas agora se desenham de forma bem mais
pronunciada, o ritmo ficou mais acelerado (p. 19) Mais um capítulo, por conseguinte, apenas
mais agitado, dessa interminável novela que já dura quase setenta anos. Mas não ainda o
capítulo decisivo, ainda não. Para frustração de todos os que esperavam lances mais
17
emocionantes, a nova cara religiosa do País ainda não veio à luz, a grande virada protestante
ainda não se consumou, embora continue objetivamente prometida pela seqüência dos dados,
pela constância das tendências, pelas projeções mais conservadoras (p.21).
Contudo, a curiosidade geral é saber quando vai surgir “a nova cara religiosa do País”. Mas antes é
preciso saber se esta nova característica religiosa vai realmente emergir. O futuro é incerto. Inclusive
existem autores que escreveram sobre a interrupção das tendências históricas, como no seguinte estudo
de Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, que fala em estabilidade nos percentuais:
“A taxa de participação dos católicos no país, que já vinha caindo desde os primeiros
registros censitários brasileiros de 1872, passa a cair a taxas aceleradas nos anos 90 –
atingindo mais de 1 ponto percentual por ano – reduzindo-se de 83,3% em 1991 para 73,89%
em 2000. O trabalho atual demonstra, a partir do processamento de microdados de alta
qualidade estatística produzidos pelo IBGE, que pela primeira vez em mais de um século a
proporção de católicos no Brasil parou de cair, mantendo-se surpreendentemte estável no
primeiro quarto de década, com 73,79% em 2003” (Neri, 2007, p. 4).
Contudo, outras pesquisas do IBGE e de outros institutos, realizadas ao longo da década passada,
mostraram a continuidade das tendências históricas de declínio dos católicos e de aumento dos
evangélicos e das pessoas que se declaram sem-religião. A Pesquisa de Orçamentos Familiares –
POF/2009, indicou uma taxa de participação de 68,4% para os católicos, representando 130 milhões de
pessoas. Ou seja, pelos dados da POF/2009 os católicos continuavam crescendo em termos absolutos e
diminuindo em termos relativos. Pesquisa do Instituto Ceris mostrou uma percentagem menor de
católicos. Porém, somente o censo 2010 poderá determinar quais são os verdadeiros números.
O Rio de Janeiro é um estado que dita várias tendência sócio-demográficas no Brasil. Por exemplo, é o
Estado mais urbanizado, mais metropolizado, mais envelhecido e com as menores taxas de fecundidade
do país. Também é o Estado que tem apresentado a menor percentagem de filiações católicas, a mais
elevada percentagem de sem-religião e a maior diversidade religiosa (Alves e Novellino, 2006). No
estado fluminense, a “periferia” da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) – com cerca de 6
milhões de habitantes (equivalente ao 12º estado brasileiro) - é o local onde há o maior aprofundamento
das tendências gerais das mudanças religiosas. Este artigo aposta em uma situação de “empate técnico”
18
entre católicos e evangélicos, além de uma grande proporção de pessoas que se declaram sem-religião,
na “periferia” da RMRJ no ano 2010.
Confirmando esta tendência, como podemos interpretar esta novidade? Exceção ou uma dianteira do
processo de mudança? O Brasil vai emular as tendências da PRMRJ?
Se as tendências das últimas décadas se mantiverem, não é dificil imaginar que, para o Brasil como um
todo, os católicos devem ficar abaixo de 50% nos próximos 20 anos e deverá haver empate entre
católicos e evangélicos até 2040. Evidentemente, toda projeção está sujeita a inúmeras variáveis de
influencia e podem haver novidades ou mudanças de tendências. Mas os dados socio-demográficos
reforçam a perspectiva de mudança na hegemonia religiosa no Brasil, já que os evangélicos estão melhor
posicionados entre as mulheres, os jovens, a população urbana e entres as pessoas que se declaram
pretas e pardas (que mais crescem no país). O Brasil está ficando mais urbano, mais feminino, mais
miscigenado (com crescimento das populações que se declaram preta e parda), com maiores níveis
educacionais e mais de “classe média”, em termos de rendimento (Alves, 2011). Em todos estes pontos
os evangélicos levam vantagens sobre os católicos.
Além das especificidades da dinâmica demográfica vegetativa existe o processo de migração religiosa,
provocado pela disputa nos campos das crenças e pelo processo de conversão. Uma vantagem dos
evangélicos é que, por meio dos diversos grupos, eles cobrem um espectro mais amplo da demanda do
mercado religioso. Os evangélicos de missão – ou protestantes tradicionais – possuem maior
percentagem de pessoas com alta renda e alta escolaridade. Já os evangélicos pentecostais cobrem um
leque mais amplo e disputam, ao mesmo tempo, as camadas pobres e populares do país, quanto a nova
classe média brasileira. Existem evangélicos para todos os gostos e eles são capazes de customizar
(adaptar para atender a demanda de grupos específicos de indivíduos) a mensagem de fé para diferentes
segmentos da população.
Por meio da “cura pela fé”, da teologia da prosperidade, das obras sociais e de ajuda para os filiados e
população pobre ou em vulnerabilidade social, e com o uso generalizado da mídia e da música (até a
Globo se rendeu aos Festivais Gospels) os evangélicos vão expandindo seus terrenos. Eles se lançam
com mais firmeza no mercado religioso e se preparam para competir com outras correntes religiosas na
19
disputa de devotos, por espaço e legitimidade. Inclusive atuam de maneira mais enfática na
representação política em suas diversas esferas. Também são mais eficientes na rápida formação de seus
pastores.
Na década de 1990, o processo de difusão das filiações evangélicas, especialmente dos pentecostais,
pode ser descrito como um avanço que se deu, prioritariamente, tanto nos estratos sociais menos
privilegiados quanto nas periferias das cidades, nas regiões urbanas, entre as mulheres, a população
negra (preta + parda), as pessoas de nível educacional baixo ou médio, bem como entre os jovens. Desta
forma, pode-se dizer, grosso modo, que o Brasil vem passando por um processo de mudança religiosa e
cultural, com difusão da mensagem evangélica que acontece de baixo para cima, em termos sociais, da
periferia para o centro, em termos espaciais, do meio urbano para o rural em termos de situação do
domicílio, dos negros para os brancos, em termos étnicos-raciais”, dos jovens para os idosos, em termos
de geração, e das mulheres para os homens, em termos de gênero. Na década passada houve também um
crescimento dos evangélicos entre a nova classe média emergente.
Frigerio (2002), com base nas escolhas racionais, considera que os indivíduos escolhem sem grandes
custos sociais a religião que querem seguir, adotando certo tipo de compromisso e por um certo lapso de
tempo. O fato é que, racionalmente ou não, o Brasil está passando por um processo de mudança na
hegemonia entre grupos religiosos. Qual o efeito que isto vai ter sobre o país (e até sobre a América
Latina) ainda será objeto de muitos estudos. Este texto objetivou apenas descrever e prever algumas
tendências. Mas estudos mais aprofundados precisam ser feitos, especialmente depois que o IBGE
divulgar os microdado do censo 2010.
BIBLIOGRAFIA
ALVES, J. E. D. ; NOVELLINO, M. S. F. . A dinâmica das filiações religiosas no Rio de Janeiro: 1991-2000, Um recorte por Educação, Cor, Geração e Gênero. In: Patarra, Neide; Ajara, Cesar; Souto, Jane. (Org.). A ENCE aos 50 anos, um olhar sobre o Rio de Janeiro. RJ, ENCE/IBGE, 2006, v. 1, p. 275-308
ALVES, J.E.D. As transições da população brasileira. Scribd. 2011.
BIRMAN, P., LEITE, M. P. O que aconteceu com o antigo maior país católico do mundo? In: BETHELL, L. Brasil: fardo do passado, promessa do futuro. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2002.
20
BRANDÃO, Carlos R. Ser católico: dimensões brasileiras – um estudo sobre a atribuição de identidade através da religião. In: SACHS, V. et alü. Brasil & EUA: religião e identidade nacional, Rio de Janeiro, Graal, 1988.
CAMARGO, Cândido, P.F. Igreja e desenvolvimento. CEBRAP, São Paulo, 1971.
CAMARGO, Candido P. Ferreira (org.). Católicos, protestantes, espíritas. Petrópolis, Vozes, 1973.
DECOL, R.D. Mudança religiosa no Brasil: uma visão demográfica. Campinas, Revista Brasileira de Estudos de População, v. 16 – n. ½ - jan/dez. 1999.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo, Edusp, 1995.
FERNANDES, Rubem C. Aparecida: nossa rainha, senhora e mãe, sarava! In: SACHS, V. et alü. Brasil & EUA: religião e identidade nacional, Rio de Janeiro, Graal, 1988.
FRIGERIO, Alejandro. O paradigma da escolha racional: mercado regulado e pluralismo religioso, Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 20, n. 2, pp. 17-39, 2002
IBGE, Tabulação avançada do censo demográfico 2000: resultados preliminares da amostra, Rio de Janeiro, 2002.
IBGE, censos demográficos de 1970 a 2000.
JACOB, C. R. et alü. Atlas da filiação religiosa e indicadores sociais no Brasil. Rio de Janeiro, Ed. PUC-Rio, São Paulo, Loyola, 2003
MAFRA, Clara. Os evangélicos. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2001
NERI, Marcelo. Economia das religiões. FGV/IBRE, CPS, Rio de Janeiro, 2007
PRANDI, R., SOUZA, A.R. A carismática despolitização da Igreja Católica. In: PIERUCCI, A. F., PRANDI, R. A realidade social das religiões no Brasil. São Paulo, Hucitec, 1996.
ROSADO, Maria J. O impacto do feminismo sobre o estudo das religiões. Campinas, Cadernos PAGU, 16, 2001.
SANCHIS, Pierre. Conversão e participação política.. Cadernos de Pesquisa - CEBRAP, Rio de Janeiro, v. 6, p. 118-124, 1997.
Observação: este artigo será atualizado com os dados do censo demográfico de 2010. A presente versão é apenas uma tentativa de organizar os dados e apontar para tendências, mas que serão ou não confirmadas pelos dados censais.