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O processo de mudança de hegemonia religiosa no Brasil (versão preliminar) José Eustáquio Diniz Alves 1 INTRODUÇÃO O Brasil passou por momentos de inflexão em sua histórica sem grandes traumas ou revoluções sangrentas. A independência, em 1822, foi liderada pelo príncipe herdeiro que rompeu com a metrópole, mas, ao invés de mudar o regime de governo, instalou a única monarquia das Américas. O fim da escravidão, em 1888, aconteceu pelas mãos da princesa regente e nem de longe reproduziu o cenário da Guerra de Secessão dos Estados Unidos. No ano seguinte, "o povo assistiu bestificado” a proclamação da República. A República Velha caiu, em 1930, sem grandes resistências do coronelismo. O ditador Getúlio Vargas, que foi deposto em 1945, voltou nos braços do povo em eleições livres e diretas em 1950. A ditadura militar promoveu um processo de distenção política em 1974, que cuminou com uma eleição indireta para Presidente da República, em 1985. Mas isto ocorreu em um colégio eleitoral com alguns representantes “biônicos”, que elegeu Tancredo Neves, mas quem assumiu a Presidência foi o ex-lider do partido que sustentou por 20 anos o regime ilegítimo e autoritário. O que todos estes acontecimentos históricos têm em comum é que o Brasil mudou, deixando de ser Colônia, superando a Escravidão, derrubando a Monarquia, implementando a República (em suas diferentes fases), promovendo a modernização, a industrialização e a urbanização, mas sem mudar de religião. O país recebeu das mãos lusitanas em 1500 a religião hegemônica, que prevaleceu incontestavelmente majoritária por cerca de 500 anos. A sociedade brasileira foi profundamente marcada pelas práticas, ensinamentos e dogmas da religião Católica Apostólica Romana. Nos últimos 200 anos o Brasil passou por diversas transformações sociais, mas a religião herdada dos colonizadores, mesmo em declínio, se manteve presente no lar da maioria da população brasileira. De fato, não é comum um país mudar de religião. Os Estados Unidos, por exemplo, também passaram por grandes transformações econômicas e sociais, mas continuaram predominantemente protestante e 1 Doutor em Demografia e Professor titular da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE. Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. Publicado em 02/04/2012 Aparte Inclusão Social em Debate: http://www.ie.ufrj.br/aparte/

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O processo de mudança de hegemonia religiosa no Brasil (versão preliminar)

José Eustáquio Diniz Alves1

INTRODUÇÃO

O Brasil passou por momentos de inflexão em sua histórica sem grandes traumas ou revoluções

sangrentas. A independência, em 1822, foi liderada pelo príncipe herdeiro que rompeu com a metrópole,

mas, ao invés de mudar o regime de governo, instalou a única monarquia das Américas. O fim da

escravidão, em 1888, aconteceu pelas mãos da princesa regente e nem de longe reproduziu o cenário da

Guerra de Secessão dos Estados Unidos. No ano seguinte, "o povo assistiu bestificado” a proclamação

da República. A República Velha caiu, em 1930, sem grandes resistências do coronelismo. O ditador

Getúlio Vargas, que foi deposto em 1945, voltou nos braços do povo em eleições livres e diretas em

1950. A ditadura militar promoveu um processo de distenção política em 1974, que cuminou com uma

eleição indireta para Presidente da República, em 1985. Mas isto ocorreu em um colégio eleitoral com

alguns representantes “biônicos”, que elegeu Tancredo Neves, mas quem assumiu a Presidência foi o

ex-lider do partido que sustentou por 20 anos o regime ilegítimo e autoritário.

O que todos estes acontecimentos históricos têm em comum é que o Brasil mudou, deixando de ser

Colônia, superando a Escravidão, derrubando a Monarquia, implementando a República (em suas

diferentes fases), promovendo a modernização, a industrialização e a urbanização, mas sem mudar de

religião. O país recebeu das mãos lusitanas em 1500 a religião hegemônica, que prevaleceu

incontestavelmente majoritária por cerca de 500 anos. A sociedade brasileira foi profundamente

marcada pelas práticas, ensinamentos e dogmas da religião Católica Apostólica Romana. Nos últimos

200 anos o Brasil passou por diversas transformações sociais, mas a religião herdada dos colonizadores,

mesmo em declínio, se manteve presente no lar da maioria da população brasileira.

De fato, não é comum um país mudar de religião. Os Estados Unidos, por exemplo, também passaram

por grandes transformações econômicas e sociais, mas continuaram predominantemente protestante e

1 Doutor em Demografia e Professor titular da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE. Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. Publicado em 02/04/2012 Aparte Inclusão Social em Debate: http://www.ie.ufrj.br/aparte/

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não há grandes perspectivas de mudança. A Rússia fez uma grande revolução e viveu grandes

acontecimentos sangrentos, mas continuou católica ortodoxa. O Japão mudou completamente seu modo

de vida desde a revolução Meiji, mas manteve basicamente suas tradições religiosas. A Turquia se

modernizou, após Ataturk, mas não deixou de ser muçulmana. E assim por diante.

Porém, a grande novidade do século XXI é que o Brasil está deixando de ser majoritariamente Católico

Apostólico Romano e, caso haja permanência das atuais tendências, deve sofrer uma mudança de

hegemonia religiosa nos próximos 20 a 30 anos. Entre os 10 maiores países do mundo, isto deve

acontecer somente no Brasil, que é considerado o maior país católico do mundo e, provavelmente,

deixará de sê-lo em poucas décadas. O Brasil vai se tornar exemplo de um fenômeno raro, que é a

mudança sem precedentes na composição religiosa da população. E como costuma acontecer na história

brasileira, deve ser uma mudança sem grandes rupturas, sem traumas ou batalhas sangrentas. Só não será

uma revolução silenciosa porque algumas correntes evangélicas pentecostais, que mais crescem, não

costumam respeitar as leis do silêncio.

O DECLÍNIO DAS TAXAS DE PARTICIPAÇÃO DAS FILIAÇÕES CATÓLICAS NO BRASIL

Na segunda metade do século XX, devido ao crescimento demográfico, o Brasil tornou-se, em termos

absolutos, o maior país católico do planeta, pois até 1950, a Itália era o país com o maior contingente de

católicos do globo. No ano de 2011, dos dez países mais populosos do mundo2, apenas o Brasil

professava de forma majoritária a religião católica apostólica romana. Contudo, esse quadro pode mudar

nas próximas décadas. Existem autores que tratam explicitamente sobre o fim da hegemonia católica no

Brasil (Sanchis, 1997; Birman e Leite, 2002). Outros autores , como Neri (2007), já chegaram a falar em

fim ou redução do ritmo de perdas das filiações católicas. Portanto, ainda existem dúvidas se haverá ou

não mudanças na hegemonia religiosa, embora o presente artigo argumente no sentido da mudança.

Os dados do gráfico 1 mostram que o declínio da participação das filiações católicas no Brasil vem

ocorrendo desde o final do século XIX, com a instalação da República e do Estado Laico, que garantiu

2 Segundo o Instituto Population Reference Bureau, os dez países mais populosos do mundo, em 2011, eram a China (1,346 bilhão), Índia (1,241 bilhão), Estados Unidos (312 milhões), Indonésia (238 milhões), Brasil (194 milhões), Paquistão (177 milhões), Nigéria (162 milhões), Bangladesh (151 milhões), Rússia (143 milhões) e Japão (128 milhões).

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liberdade de culto no país. Em 1872, primeiro censo do Brasil, os católicos eram 99,7% e mantiveram

uma taxa de 98,9% em 1890. Com a chegada de imigrantes de outras religiões na primeira metade do

século XX, o percentual de católicos caiu um pouco, mas ainda estava em 95% em 1940. Nas décadas

seguintes a tendência de uma leve queda continuou até 1980, quando o percentual estava em 89%.

Porém, a partir desta data a queda se acentuou e o percentual de católicos caiu para 83,3% em 1991, para

73,9% em 2000 e 68,4% em 2009 (segundo a POF/2009). Porém, é preciso registrar que não é um

procedimento adequado comparar os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), com os dados

censais. Somente com a publicação das informações do censo 2010 é que se poderá ter os números

corretos e se avaliar a dinâmica das mudanças.

O gráfico 1 também mostra que os evangélicos apresentam um tendência crescente dos percentuais de

participação, sendo os principais beneficiários do declínio dos católicos. Entre 1991 e 2009 o

crescimento das filiações evangélicoas mais do que dobrou, passando de 9% para 20,2% do total.

Gráfico 1: Percentagem de católicos e evangélicos na população brasileira: 1872 - 2009

Fonte: censos demográficos do IBGE e POF, 2009

Sondagem do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (Ceris) para a Conferência

Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) - "Mobilidade religiosa no Brasil 2005" – também mostrou a

99,7 98,995,0 93,5 93,0 91,8 89,0

83,3

73,9

68,4

0,1 1,0 2,6 3,4 4,0 5,2 6,69,0

15,420,2

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

18

70

18

80

18

90

19

00

19

10

19

20

19

30

19

40

19

50

19

60

19

70

19

80

19

90

20

00

20

10

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perda de fiéis da Igreja Católica e o crescimento das igrejas evangélicas. Os números são um pouco

diferentes mas as tendências são as mesmas e até mais acentuadas do que na POF/2009. Os católicos

estavam com dois terços de participação (67,2%) e os protestantes, distribuídos entre as denominações

históricas e pentescostais, detinham 18% dos fiéis brasileiros, representando cerca de 33,1 milhões de

pessoas. Além da migração de uma religião para outra, houve aumento da população sem-religião, que,

chegou a 7,8% em 2005, pelos dados do CERIS.

Os dados da tabela 2, com base nos censos do IBGE, mostram os números absolutos (e as percentagens)

da distribuição das filiações religiosas no Brasil de 1970 a 2000 (com estimativas para 2010). Houve

crescimento, em termos absolutos, para todos os grupos até a virada do milênio. Porém, já existem

estimativas que o número total de católicos tenha diminuido não só em termos relativos, mas também

em termos absolutos na primeira década do século XXI. Se isto for confirmado pelo censo 2010, será

uma grande novidade. Mas este artigo argumenta que este é o cenário mais provável devido à

combinação de migração religiosa e dinâmica demográfica dos grupos (como veremos à frente).

O percentual de católicos, que era superior a 90% ao longo do século XX, caiu para menos de 3/4 no ano

2000. Se, na virada do milênio, os católicos tivessem o mesmo percentual da população que tinham em

1970, isto representaria 30 milhões de pessoas a mais. Pode-se dizer, então, que esses 30 milhões de

pessoas migraram para os demais grupos. Na primeira década do século XXI, as filiações católicas

estagnaram ou cairam em termos absolutos, e provavelmente todo o acréscimo demográfico, em torno

de 21 milhões de pessoas, foI para os outros grupos religiosos.

Tabela 2: População brasileira por grupos religiosos (em mil) e percentagens: 1970-2010

Religião 1970 1980 1991 2000 2010 (estimado)

Número % Número % Número % Número % Número %

Católicos 85.472 91,8 105.861 89,0 121.813 83,0 125.517 73,9 124.000 65,0

Evangélicos 4.815 5,2 7.886 6,6 13.189 9,0 26.452 15,4 42.000 22,0

Sem-religião 702 0,8 1.953 1,6 6.946 4,7 12.492 7,4 17.000 8,9

Outros 2.146 2,3 3.311 2,8 4.868 3,3 5.409 3,3 7.756 4,1

Total 93.135 100,0 119.011 100,0 146.816 100,0 169.871 100,0 190.756 100,0

Fonte: Censos demográficos de 1970 a 2000 do IBGE. Estimativa para 2010 (a verificar) Obs.: O grupo “outros” inclui os sem declaração

5

A tabela 3 mostra a distribuição dos grupos religiosos por situação do domicílio no ano 2000. Nota-se

que enquanto a população urbana total do país foi de 81,2%, os católicos tinham 78,8% de seus filiados

na área urbana e uma proporção de 21,2% na área rural. Isto quer dizer que os católicos conseguem

segurar mais suas filiações no meior rural, enquanto nas áreas urbanas – que são as que mais crescem no

país – quem leva vantagem são os evangélicos, os sem-religião e até as outras denominações religiosas.

Portanto, quanto mais o Brasil se urbanizar maior deverão ser as perdas católicas.

Tabela 3: População do Brasil e percentagem por grupos religiosos e situação de domicílio, 2000 Categorias Total % Urbana % Rural %

Católica 124.980.132 100,0 98.475.959 78,8 26.504.174 21,2

Evangélicas 26.184.941 100,0 22.736.910 86,8 3.448.031 13,2

Outras 6.215.379 100,0 5.816.381 93,6 398.999 6,4

Sem-religião 12.492.403 100,0 10.895.989 87,2 1.596.414 12,8

Total 169.872.856 100,0 137.925.238 81,2 31.947.618 18,8

Fonte: Censo demográfico 2000 do IBGE, (informações do banco Sidra do IBGE).

A tabela 4 mostra que a menor percentagem de católicos acontecem nas regiões Centro-Oeste e Sudeste,

regiões que também concentram as maiores percentagens de sem-religião. O maior percentual de

evangélicos está na região Norte. E a maior percentagem de católicos juntamente com a menor

percentagem de evangélicos está na região Nordeste.

Tabela 4: População do Brasil e percentagem por grupos religiosos e regiões, 2000 Regiões Total Católica % Evangélicas % Outras % Sem-religião %

Norte 12.911.170 9.201.896 71,3 2.550.483 19,8 309.638 2,4 849.152 6,6

Nordeste 47.782.487 38.194.778 79,9 4.903.939 10,3 1.025.884 2,1 3.657.887 7,7

Sudeste 72.430.193 50.100.464 69,2 12.685.289 17,5 3.560.318 4,9 6.084.121 8,4

Sul 25.110.348 19.438.123 77,4 3.849.565 15,3 834.059 3,3 988.603 3,9

Centro-Oeste 11.638.658 8.044.871 69,1 2.195.666 18,9 485.481 4,2 912.640 7,8

Brasil 169.872.856 124.980.132 73,6 26.184.941 15,4 6.215.379 3,7 12.492.403 7,4

Fonte: Censo demográfico 2000 do IBGE, (informações do banco Sidra do IBGE).

A tabela 5 mostra a distribuição dos 4 grupos de análise por Unidades da Federação no ano 2000. Nota-

se que o Estado do Rio de Janeiro é o que tinha a menor percentagem de católicos (55,7%) e a maior

percentagem de sem-religião (15,8%). Mas as maiores percentagens de evangélicos estavam em

Rondônia (27,2%), Espírito Santo (25%) e Roraima (22,5%), ficando o Rio de Janeiro em quarto lugar

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em percentual de evangélicos (22%). O Rio de Janeiro também apresentou o maior percentual de

filiações classificadas neste trabalho como “outras”.

Tabela 5: População do Brasil e Unidades da Federação (UF) e percentagem por grupos religiosos, 2000 Brasil e UFs Total Católica % Evangélicas % Outras % Sem-religião %

Brasil 169872856 125518774 73,9 26184941 15,4 5676738 3,3 12492403 7,4

Rondônia 1.380.952 793.467 57,5 375.484 27,2 36.575 2,6 175.427 12,7

Acre 557.882 379.735 68,1 113.520 20,3 10.536 1,9 54.091 9,7

Amazonas 2.817.252 1.995.729 70,8 593.550 21,1 77.622 2,8 150.351 5,3

Roraima 324.397 215.566 66,5 72.947 22,5 7.397 2,3 28.487 8,8

Pará 6.195.965 4.569.774 73,8 1.119.823 18,1 145.624 2,4 360.745 5,8

Amapá 477.032 346.678 72,7 88.560 18,6 14.424 3,0 27.370 5,7

Tocantins 1.157.690 900.946 77,8 186.601 16,1 17.462 1,5 52.681 4,6

Maranhão 5.657.552 4.648.480 82,2 649.970 11,5 76.425 1,4 282.677 5,0

Piauí 2.843.428 2.554.155 89,8 170.918 6,0 31.551 1,1 86.806 3,1

Ceará 7.431.597 6.432.000 86,5 612.848 8,2 106.471 1,4 280.280 3,8

Rio Grande do Norte 2.777.509 2.321.344 83,6 247.755 8,9 41.998 1,5 166.412 6,0

Paraíba 3.444.794 2.924.154 84,9 303.151 8,8 40.186 1,2 177.303 5,1

Pernambuco 7.929.154 5.908.625 74,5 1.072.504 13,5 197.725 2,5 750.302 9,5

Alagoas 2.827.856 2.253.685 79,7 254.601 9,0 42.538 1,5 277.032 9,8

Sergipe 1.784.829 1.469.514 82,3 129.796 7,3 39.439 2,2 146.079 8,2

Bahia 13.085.769 9.682.822 74,0 1.462.399 11,2 449.552 3,4 1.490.997 11,4

Minas Gerais 17.905.134 14.091.479 78,7 2.437.186 13,6 553.614 3,1 822.855 4,6

Espírito Santo 3.097.498 1.953.386 63,1 773.129 25,0 73.390 2,4 297.594 9,6

Rio de Janeiro 14.392.106 8.016.396 55,7 3.163.742 22,0 943.951 6,6 2.268.018 15,8

São Paulo 37.035.456 26.039.203 70,3 6.311.233 17,0 1.989.364 5,4 2.695.655 7,3

Paraná 9.564.643 7.326.862 76,6 1.590.378 16,6 242.824 2,5 404.578 4,2

Santa Catarina 5.357.864 4.325.029 80,7 802.395 15,0 124.756 2,3 105.684 2,0

Rio Grande do Sul 10.187.842 7.786.231 76,4 1.456.791 14,3 466.478 4,6 478.341 4,7

Mato Grosso do Sul 2.078.070 1.444.579 69,5 378.653 18,2 89.045 4,3 165.792 8,0

Mato Grosso 2.505.245 1.837.724 73,4 418.149 16,7 74.390 3,0 174.982 7,0

Goiás 5.004.197 3.405.443 68,1 998.802 20,0 205.351 4,1 394.601 7,9

Distrito Federal 2.051.146 1.357.125 66,2 400.061 19,5 116.695 5,7 177.266 8,6

Fonte: Censo demográfico 2000 do IBGE, (informações do banco Sidra do IBGE). Nota: Em UF,católica somente romana, em 2000

Por apresentar maior diversidade religiosa o Rio de Janeiro pode ser considerado um Estado pioneiro

das tendências nacionais. Na verdade, o Rio de Janeiro está na frente dos demais estados brasileiros em

várias características sócio-demográficas: tem o maior percentual de população urbana, a maior

concentração populacional metropolitana, maior densidade demográfica, maior índice de envelhecimeto,

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menor razão de sexo e menores taxas de fecundidade. Portanto, a excepcionalidade do Rio de Janeiro

nas questões religiosas não contradiz as demais áreas em que o estado está à frente das tendências

nacionais. Desta forma, o Rio de Janeiro, e principalmente a sua região metropolitana, é um bom caso de

estudo e, possivelmente, um bom preditor das tendências nacionais.

A tabela 6 mostra que o Estado do Rio de Janeiro antecipa tendências nacionais em cerca de 20 anos e a

“periferia” da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (isto é, a RMRJ menos a capital) está entre 25 e

30 anos à frente das tendências nacionais. Provavelmente os dados do censo 2010 vão mostrar que os

católicos já são menos de 50% do Estado do Rio de Janeiro e devem estar com menos de 40% na

“perifereia” da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (PRMRJ) – região onde os católicos perderam

14 pontos entre 1991 e 2000 e os evangélicos cresceram 11,6% no mesmo período. Isto quer dizer que,

mantida as tendências observadas, provavelmente, até 2030, as filiações católicas serão menos de 50%

da população nacional e até 2040 haverá empate entre as filiações de católicos e evangélicos no Brasil.

Para o ano de 2010 pode-se arriscar a existência de um empate entre católicos e evangélicos na PRMRJ

em torno de 38% (a verificar com os dados dos microdados do censo 2010). Dentre outros fatores, a

dinâmica demográfica ajuda a explicar este processo, como veremos pelas pirâmides populacionais e os

dados das distribuições etárias.

Tabela 6: Percentagem dos grupos religiosos para Brasil, Estado do Rio de Janeiro (ERJ), Cidade do Rio de Janeiro (CRJ) e “Periferia” da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (PRMRJ), 1991 e 2000

Religião 1991 2000 2010

Brasil ERJ CRJ PRMRJ Brasil ERJ CRJ PRMRJ Brasil ERJ CRJ PRMRJ

Católicos 83,0 67,3 69,8 61,2 73,9 55,7 61,1 47,2 ? ? ? 38 ?

Evangélicos 9,0 12,7 10,3 15,5 15,4 22,0 17,7 27,1 ? ? ? 38 ?

Sem-religião 4,7 13,7 11,5 18,2 7,4 15,8 13,3 20,6 ? ? ? ?

Outros 3,3 6,3 8,4 5,1 3,3 6,5 7,9 5,1 ? ? ? ?

Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000 do IBGE (informações do banco Sidra do IBGE).

A DISTRIBUIÇÃO POR SEXO E IDADE

O gráfico 2 mostra a pirâmide populacional da população brasileira para o ano 2000. Nota

equilíbrio entre o lado masculino e feminino e uma redução do grupo etário 0 a 10 anos, devido ao

processo de queda da fecundidade no Brasil. O gráfico 3 mostra a pirâmide para o conjunto da

população católica do Brasil, em 2000. As duas distribuições são muito semelhan

Gráfico 2: Distribuição por sexo e idade da população brasileira total,

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

Gráfico 3: Distribuição por sexo e idade das filiações católicas, Brasil: 2000

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

-20.000.000 -10.000.000

0-10

10-19

20-29

30-39

40-49

50-59

60-69

70-79

80 - +

População total

Homens

-15.000.000-10.000.000 -5.000.000

0-10

10-19

20-29

30-39

40-49

50-59

60-69

70-79

80 - +

Católicas

Homens

A DISTRIBUIÇÃO POR SEXO E IDADE, POR RELIGIÃO, NO BRASIL

O gráfico 2 mostra a pirâmide populacional da população brasileira para o ano 2000. Nota

do masculino e feminino e uma redução do grupo etário 0 a 10 anos, devido ao

processo de queda da fecundidade no Brasil. O gráfico 3 mostra a pirâmide para o conjunto da

população católica do Brasil, em 2000. As duas distribuições são muito semelhantes.

Gráfico 2: Distribuição por sexo e idade da população brasileira total, 2000

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

Gráfico 3: Distribuição por sexo e idade das filiações católicas, Brasil: 2000

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

0 10.000.000 20.000.000

População total - Brasil - 2000

Homens Mulheres

0 5.000.000 10.000.000 15.000.000

Católicas - Brasil - 2000

Homens Mulheres

8

O gráfico 2 mostra a pirâmide populacional da população brasileira para o ano 2000. Nota-se um certo

do masculino e feminino e uma redução do grupo etário 0 a 10 anos, devido ao

processo de queda da fecundidade no Brasil. O gráfico 3 mostra a pirâmide para o conjunto da

tes.

O gráfico 4 mostra a pirâmide populacional das filiações evangélicas para o ano 2000. Nota

presença maior de mulheres, crianças e jovens. Não aparece uma queda grande no grupo etário 0 a 10

anos (especialmente no lado masculino), mostrando que é uma população

processo de queda da fecundidade

brasileira tem uma maior proporção de mulheres e jovens (indicando maiores taxas de fecundidade) e

menor proporção de idosos na população

haverá crescimento da população evangélica. Se ainda houver atração de

então o crescimento será maior ainda.

Gráfico 4: Distribuição por sexo e idade das filiaçõ

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

O gráfico 5 mostra a pirâmide populacional das filiações da categoria “outras” para o ano 2000. Nota

uma presença maior de mulheres, mas não de crianças e jovens. Ao contrário, a cate

possui uma maior presença de adultos e idosos. Isto é mais acentuado nas religiões espíritas.

O gráfico 6 mostra a pirâmide populacional das filiações da categoria “sem

Ao contrário de todas as outras, nota

fato dos homens frequentarem menos as igrejas no Brasil (ao contrário do mundo muçulmano em que só

os homens podem frequentar todos os cultos das mesquitas) e a maior presença de jovens se deve

aqueles que não possuem religião definida. Nota

-3.000.000 -2.000.000 -1.000.000

0-10

10-19

20-29

30-39

40-49

50-59

60-69

70-79

80 - +

Evangélicas

Homens

mostra a pirâmide populacional das filiações evangélicas para o ano 2000. Nota

crianças e jovens. Não aparece uma queda grande no grupo etário 0 a 10

anos (especialmente no lado masculino), mostrando que é uma população que estava

no ano 2000. O importante a notar é que a população evangélica

brasileira tem uma maior proporção de mulheres e jovens (indicando maiores taxas de fecundidade) e

menor proporção de idosos na população. Isto quer dizer, que apenas pelo efeito da inércia demográfica

haverá crescimento da população evangélica. Se ainda houver atração de fiéis de outras denominações

então o crescimento será maior ainda.

: Distribuição por sexo e idade das filiações evangélicas, Brasil: 2000

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

O gráfico 5 mostra a pirâmide populacional das filiações da categoria “outras” para o ano 2000. Nota

uma presença maior de mulheres, mas não de crianças e jovens. Ao contrário, a cate

possui uma maior presença de adultos e idosos. Isto é mais acentuado nas religiões espíritas.

O gráfico 6 mostra a pirâmide populacional das filiações da categoria “sem-religião” para o ano 2000.

Ao contrário de todas as outras, nota-se uma presença muito maior de homens e jovens. Isto se deve ao

fato dos homens frequentarem menos as igrejas no Brasil (ao contrário do mundo muçulmano em que só

os homens podem frequentar todos os cultos das mesquitas) e a maior presença de jovens se deve

eles que não possuem religião definida. Nota-se também que a presença de idosos é muito pequena,

0 1.000.000 2.000.000 3.000.000

Evangélicas - Brasil - 2000

Homens Mulheres

9

mostra a pirâmide populacional das filiações evangélicas para o ano 2000. Nota-se uma

crianças e jovens. Não aparece uma queda grande no grupo etário 0 a 10

que estava atrasada no

. O importante a notar é que a população evangélica

brasileira tem uma maior proporção de mulheres e jovens (indicando maiores taxas de fecundidade) e

. Isto quer dizer, que apenas pelo efeito da inércia demográfica

iéis de outras denominações

O gráfico 5 mostra a pirâmide populacional das filiações da categoria “outras” para o ano 2000. Nota-se

uma presença maior de mulheres, mas não de crianças e jovens. Ao contrário, a categoria “outras”

possui uma maior presença de adultos e idosos. Isto é mais acentuado nas religiões espíritas.

religião” para o ano 2000.

a presença muito maior de homens e jovens. Isto se deve ao

fato dos homens frequentarem menos as igrejas no Brasil (ao contrário do mundo muçulmano em que só

os homens podem frequentar todos os cultos das mesquitas) e a maior presença de jovens se deve

se também que a presença de idosos é muito pequena,

sinalizando o fato que as pessoas, na medida que vão envelhecendo, tendem a escolher uma religião,

especialmente nas idades onde é maior a probabilidade de mor

declaram sem religião.

Gráfico 5: Distribuição por sexo e idade das filiações da categoria “outras”, Brasil: 2000

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE Gráfico 6: Distribuição por sexo e idade das filiações da

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

A tabela 7 mostra a razão de sexo para os grupos religiosos. Nota

proporção de mulheres semelhante à da população brasileira. Mas os evangélicos

-700.000 -350.000

0-10

10-19

20-29

30-39

40-49

50-59

60-69

70-79

80 - +

Outras

Homens

-1.800.000 -1.200.000 -600.000

0-10

10-19

20-29

30-39

40-49

50-59

60-69

70-79

80 - +

Sem-religião

Homens

sinalizando o fato que as pessoas, na medida que vão envelhecendo, tendem a escolher uma religião,

maior a probabilidade de morte. Pouquissimas mulheres idosas se

Gráfico 5: Distribuição por sexo e idade das filiações da categoria “outras”, Brasil: 2000

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

Gráfico 6: Distribuição por sexo e idade das filiações da categoria “sem-religião”, Brasil: 2000

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

tabela 7 mostra a razão de sexo para os grupos religiosos. Nota-se que os católicos possuem uma

proporção de mulheres semelhante à da população brasileira. Mas os evangélicos e as “outras” filiações

0 350.000 700.000

Outras - Brasil - 2000

Homens Mulheres

0 600.000 1.200.000 1.800.000

religião - Brasil - 2000

Homens Mulheres

10

sinalizando o fato que as pessoas, na medida que vão envelhecendo, tendem a escolher uma religião,

te. Pouquissimas mulheres idosas se

Gráfico 5: Distribuição por sexo e idade das filiações da categoria “outras”, Brasil: 2000

religião”, Brasil: 2000

se que os católicos possuem uma

e as “outras” filiações

11

possuem uma presença muito maior de mulheres. A razão de sexo indica que os evangélicos possuem

apenas 77,6 homens para cada 100 mulheres e as “outras” possuem 75,7 homens para cada sem

mulheres. Já para os sem-religião a situação é oposta, pois existem muito mais homens, isto é, 152,3

homens para cada 100 mulheres.

Tabela 7 : População e razão de sexo (RS), por filiações religiosas, Brasil, 2000

Categorias 2000 2010

Homens Mulheres RS Homens Mulheres RS

Católica 62171584 63347189 98,1 ? ? ?

Evangélicas 11444063 14740878 77,6 ? ? ?

Outras 2445988 3230751 75,7 ? ? ?

Sem-religião 7540682 4951721 152,3 ? ? ?

Total 83602317 86270539 96,9

Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000 do IBGE (informações do banco Sidra do IBGE).

A tabela 8 mostra que os católicos e “outras” estão mais proporcionalmente distribuidas no grupo idoso

(60 anos e mais), enquanto os evangélicos estão mais concentrados nas crianças e jovens –

especialmente mulheres, e os sem-religião estão mais concentrados nas crianças do sexo masculino.

Tabela 8 : Percentagem total, crianças 0-10 anos e idosos (60 - +) por filiações religiosas, Brasil, 2000

Categorias 2000 2010

Total 0-10 anos 60 anos e + Total 0-10 anos 60 anos e +

Católica 73,9 71,5 77,1 ? ? ?

Evangélicas 15,4 16,6 14,8 ? ? ?

Outras 3,3 3,04 4,32 ? ? ?

Sem-religião 7,4 8,8 3,8 ? ? ?

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000 do IBGE (informações do banco Sidra do IBGE).

A tabela 9 mostra que entre a população católica as mulheres de 0-49 anos de idade constituem 41,7%

das filiações, sendo que este número sobre para 46,9% entre os evangélicos. Isto que dizer que a

população evangélica tende a crescer em maior ritmo pois possuem mais mulheres em idade reprodutiva

e mais meninas que vão entrar no período reprodutivo. Os evangélicos também possuem taxa de

fecundidade ligeiramente superior. Portanto, apenas pelo efeito demográfico é possível prever um maior

crescimento dos evangélicos.

Tabela 9: Percentagem de população feminina de 0

Categorias 2000

Católica 41,7

Evangélicas 46,9

Outras 42,9

Sem-religião 36,8

Total 42,2

Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000

A DISTRIBUIÇÃO POR SEXO E IDADE

REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO (PRMRJ)

O gráfico 7 mostra a distribuição por sexo e idade da população total da “Periferia”

Metropolitana do Rio de Janeiro (PRMRJ) no ano 2000. Ou seja, todos os municípios da RMRJ menos a

capital. Nota-se que a base da pirâmide não apresenta a redução observada na população brasileira. Isto

porque o processo de queda da fecundidade é

Gráfico 7: Distribuição por sexo e idade da população total da PRMRJ, 2000

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE Mas o gráfico 8 mostra que para a população católica da PRMRJ apresenta uma redução do grupo etário

0-10 anos de idade, além de um certo equilíbrio na razão de sexo. Contudo o gráfico 9 mostra que

evangélicos, assim como no Brasil, possuem uma distribui

-600.000 -400.000 -200.000

0-10

10-19

20-29

30-39

40-49

50-59

60-69

70-79

80 - +

População total

Homens

Tabela 9: Percentagem de população feminina de 0-49 anos, por filiação religiosa, Brasil, 2000

2010

?

?

?

?

?

Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000 do IBGE (informações do banco Sidra do IBGE).

A DISTRIBUIÇÃO POR SEXO E IDADE DA POPULAÇÃO, POR RELIGIÃO, N

REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO (PRMRJ)

O gráfico 7 mostra a distribuição por sexo e idade da população total da “Periferia”

Metropolitana do Rio de Janeiro (PRMRJ) no ano 2000. Ou seja, todos os municípios da RMRJ menos a

se que a base da pirâmide não apresenta a redução observada na população brasileira. Isto

porque o processo de queda da fecundidade é menos veloz nesta região.

Gráfico 7: Distribuição por sexo e idade da população total da PRMRJ, 2000

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

Mas o gráfico 8 mostra que para a população católica da PRMRJ apresenta uma redução do grupo etário

10 anos de idade, além de um certo equilíbrio na razão de sexo. Contudo o gráfico 9 mostra que

evangélicos, assim como no Brasil, possuem uma distribuição por sexo e idade com maior peso entre

0 200.000 400.000 600.000

População total - PRMRJ - 2000

Homens Mulheres

12

49 anos, por filiação religiosa, Brasil, 2000

do IBGE (informações do banco Sidra do IBGE).

, POR RELIGIÃO, NA PERIFERIA DA

O gráfico 7 mostra a distribuição por sexo e idade da população total da “Periferia” da Região

Metropolitana do Rio de Janeiro (PRMRJ) no ano 2000. Ou seja, todos os municípios da RMRJ menos a

se que a base da pirâmide não apresenta a redução observada na população brasileira. Isto

Mas o gráfico 8 mostra que para a população católica da PRMRJ apresenta uma redução do grupo etário

10 anos de idade, além de um certo equilíbrio na razão de sexo. Contudo o gráfico 9 mostra que os

ção por sexo e idade com maior peso entre

mulheres, crianças e jovens, também na PRMRJ. Isto indica que deverão apresentar maior crescimento

demográfico na primeira década do século XXI.

Gráfico 8: Distribuição por sexo e idade da população de católicos d

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE Gráfico 9: Distribuição por sexo e idade da população de evangélicos da PRMRJ, 2000

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

-210.000 -140.000 -70.000

0-10

10-19

20-29

30-39

40-49

50-59

60-69

70-79

80 - +

Católicas - PRMRJ

Homens

-150.000 -100.000 -50.000

0-10

10-19

20-29

30-39

40-49

50-59

60-69

70-79

80 - +

Evangélicas

Homens

mulheres, crianças e jovens, também na PRMRJ. Isto indica que deverão apresentar maior crescimento

demográfico na primeira década do século XXI.

Gráfico 8: Distribuição por sexo e idade da população de católicos da PRMRJ, 2000

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

Gráfico 9: Distribuição por sexo e idade da população de evangélicos da PRMRJ, 2000

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

0 70.000 140.000 210.000

PRMRJ - 2000

Homens Mulheres

0 50.000 100.000 150.000

Evangélicas - PRMRJ - 2000

Mulheres

13

mulheres, crianças e jovens, também na PRMRJ. Isto indica que deverão apresentar maior crescimento

a PRMRJ, 2000

Gráfico 9: Distribuição por sexo e idade da população de evangélicos da PRMRJ, 2000

O gráfico 10 mostra a distribuição da categoria “outras”. Nota

30 e 49 anos. Já o gráfico 11 mostra a distribuição da população da categoria “sem

maior presença de homens, crianças e jovens. Nestes dois aspectos a PRMRJ não difere muito das

características dos mesmos grupos religiosos nacionais.

Gráfico 10: Distribuição por sexo e idade da população de

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE Gráfico 11: Distribuição por sexo e idade da população de

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

-30.000 -20.000 -10.000

0-10

10-19

20-29

30-39

40-49

50-59

60-69

70-79

80 - +

Outras -

Homens

-150.000 -100.000 -50.000

0-10

10-19

20-29

30-39

40-49

50-59

60-69

70-79

80 - +

Sem-religião

Homens

O gráfico 10 mostra a distribuição da categoria “outras”. Nota-se uma maior presença de mulheres entre

30 e 49 anos. Já o gráfico 11 mostra a distribuição da população da categoria “sem

maior presença de homens, crianças e jovens. Nestes dois aspectos a PRMRJ não difere muito das

upos religiosos nacionais.

: Distribuição por sexo e idade da população de “outras” da PRMRJ, 2000

Fonte: censo demográfico 2000 do IBGE

: Distribuição por sexo e idade da população de “sem-religião” da PRMRJ, 2000

demográfico 2000 do IBGE

0 10.000 20.000 30.000

PRMRJ - 2000

Mulheres

0 50.000 100.000 150.000

religião - PRMRJ - 2000

Homens Mulheres

14

r presença de mulheres entre

30 e 49 anos. Já o gráfico 11 mostra a distribuição da população da categoria “sem-religião” que tem a

maior presença de homens, crianças e jovens. Nestes dois aspectos a PRMRJ não difere muito das

da PRMRJ, 2000

da PRMRJ, 2000

15

1991

0.00

0.02

0.04

0.06

0.08

0.10

0.12

0.14

0.16

15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49

2000

0.00

0.02

0.04

0.06

0.08

0.10

0.12

0.14

0.16

15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49

A grande diferença da PRMRJ em relação ao conjunto do Brasil é que a presença dos evangélicos é

muito maior, especialmente na população de zero a 10 anos de idade, conforme mostra a tabela 10. Já no

ano 2000 os católicos representavam menos de 50% da população total e apenas 39,3% entre o grupo

etário 0-10 anos. Já os evangélicos chegavam em 28,3% entre o grupo 0-10 anos. Uma projeção para o

ano 2010 indica que os evangélicos podem empatar com os católicos na população total da PRMRJ e até

ultrapassá-los no grupo etário 0-10 anos.

Tabela 10 : Percentagem total, crianças 0-10 anos e idosos (60 - +) por filiações religiosas, Periferia da Região Metropolitana do Rio, 2000

Categorias

2000 2010

Total 0-10 anos 60 anos e + Total 0-10 anos 60 anos e +

Católica 46,6 39,3 55,8 ? 32 ? ?

Evangélicas 27,1 28,3 27,4 ? 35 ? ?

Outras 5,7 4,6 7,0 ? ? ?

Sem-religião 20,7 27,8 9,9 ? ? ?

Total 100 100 100 100 100 100

Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000 do IBGE (informações do banco Sidra do IBGE).

Isto é reforçado pelo gráfico 12 que mostra que os evangélicos pentecostais têm taxas de fecundidade

mais elevadas do que a dos demais grupos religiosos, especialmente entre as adolescentes e jovens.

Grafico 12: Taxas de fecundidade específicas por idade segundo filiações religiosas, Estado do Rio de Janeiro, 1991 e 2000.

Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000 do IBGE

16

A tabela 11 resume as informações por níveis geográficos. Nota-se que o processo de declínio dos

católicos e o crescimento dos evangélicos e dos sem-religião é comum em todos os níveis. O padrão é

muito semelhante, mas a diferença de nível é grande. Podemos dizer que a cidade do Rio de Janeiro está

adiantada em relação à média brasileira em cerca de 20 anos, o Estado do Rio de Janeiro está 25 anos na

frente e a “periferia” da RMRJ está à frente em torno de 30 anos.

Tabela 11 : Percentagem da população do Brasil, Estado do Rio de Janeiro (ERJ), Cidade do Rio de Janeiro (CRJ) e Periferia da Região Metropolitana do RJ (PRMRJ), por religião, 1991 e 2000

Religião 1991 2000 2010

Brasil ERJ CRJ PRMRJ Brasil ERJ CRJ PRMRJ Brasil ERJ CRJ PRMRJ

Católicos 83,0 67,3 69,8 61,2 73,9 55,7 61,1 47,2 ? ? ? ?

Evangélicos 9,0 12,7 10,3 15,5 15,4 22,0 17,7 27,1 ? ? ? ?

Sem-religião 4,7 13,7 11,5 18,2 7,4 15,8 13,3 20,6 ? ? ? ?

Outros 3,3 6,3 8,4 5,1 3,3 6,5 7,9 5,1 ? ? ? ?

Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000 do IBGE

Portanto, se o Rio de Janeiro e, em especial, a “periferia” da RMRJ forem realmente pioneiros do

processo de transformação religiosa no Brasil – e não exceções - já se pode prever um empate entre

católicos e evangélicos no Brasil na década de 2030. Os evangélicos deverão ultrapassar os católicos na

PRMRJ na corrente década. Os impactos dessa mudança precisam ser melhor estudados.

À GUISA DE CONSIDERAÇÕES FINAIS

A participação dos católicos na população passou de 99,7% no primeiro censo brasileiro, em 1872, para

95% em 1940 e para 91,8% em 1970. Analisando estes dados, nos anos de 1970, o sociólogo Candido

Procópio Ferreira de Camargo (1973) já falava em “catolicismo em declínio”. Trinta anos depois, Flávio

Pierucci (2004), que iniciou seus estudos com Camargo, mostrou que estas tendências se aceleraram:

“More of the same, portanto: o catolicismo em declínio, os pentecostais e os sem religião

em escalada. A diferença é que essas curvas agora se desenham de forma bem mais

pronunciada, o ritmo ficou mais acelerado (p. 19) Mais um capítulo, por conseguinte, apenas

mais agitado, dessa interminável novela que já dura quase setenta anos. Mas não ainda o

capítulo decisivo, ainda não. Para frustração de todos os que esperavam lances mais

17

emocionantes, a nova cara religiosa do País ainda não veio à luz, a grande virada protestante

ainda não se consumou, embora continue objetivamente prometida pela seqüência dos dados,

pela constância das tendências, pelas projeções mais conservadoras (p.21).

Contudo, a curiosidade geral é saber quando vai surgir “a nova cara religiosa do País”. Mas antes é

preciso saber se esta nova característica religiosa vai realmente emergir. O futuro é incerto. Inclusive

existem autores que escreveram sobre a interrupção das tendências históricas, como no seguinte estudo

de Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, que fala em estabilidade nos percentuais:

“A taxa de participação dos católicos no país, que já vinha caindo desde os primeiros

registros censitários brasileiros de 1872, passa a cair a taxas aceleradas nos anos 90 –

atingindo mais de 1 ponto percentual por ano – reduzindo-se de 83,3% em 1991 para 73,89%

em 2000. O trabalho atual demonstra, a partir do processamento de microdados de alta

qualidade estatística produzidos pelo IBGE, que pela primeira vez em mais de um século a

proporção de católicos no Brasil parou de cair, mantendo-se surpreendentemte estável no

primeiro quarto de década, com 73,79% em 2003” (Neri, 2007, p. 4).

Contudo, outras pesquisas do IBGE e de outros institutos, realizadas ao longo da década passada,

mostraram a continuidade das tendências históricas de declínio dos católicos e de aumento dos

evangélicos e das pessoas que se declaram sem-religião. A Pesquisa de Orçamentos Familiares –

POF/2009, indicou uma taxa de participação de 68,4% para os católicos, representando 130 milhões de

pessoas. Ou seja, pelos dados da POF/2009 os católicos continuavam crescendo em termos absolutos e

diminuindo em termos relativos. Pesquisa do Instituto Ceris mostrou uma percentagem menor de

católicos. Porém, somente o censo 2010 poderá determinar quais são os verdadeiros números.

O Rio de Janeiro é um estado que dita várias tendência sócio-demográficas no Brasil. Por exemplo, é o

Estado mais urbanizado, mais metropolizado, mais envelhecido e com as menores taxas de fecundidade

do país. Também é o Estado que tem apresentado a menor percentagem de filiações católicas, a mais

elevada percentagem de sem-religião e a maior diversidade religiosa (Alves e Novellino, 2006). No

estado fluminense, a “periferia” da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) – com cerca de 6

milhões de habitantes (equivalente ao 12º estado brasileiro) - é o local onde há o maior aprofundamento

das tendências gerais das mudanças religiosas. Este artigo aposta em uma situação de “empate técnico”

18

entre católicos e evangélicos, além de uma grande proporção de pessoas que se declaram sem-religião,

na “periferia” da RMRJ no ano 2010.

Confirmando esta tendência, como podemos interpretar esta novidade? Exceção ou uma dianteira do

processo de mudança? O Brasil vai emular as tendências da PRMRJ?

Se as tendências das últimas décadas se mantiverem, não é dificil imaginar que, para o Brasil como um

todo, os católicos devem ficar abaixo de 50% nos próximos 20 anos e deverá haver empate entre

católicos e evangélicos até 2040. Evidentemente, toda projeção está sujeita a inúmeras variáveis de

influencia e podem haver novidades ou mudanças de tendências. Mas os dados socio-demográficos

reforçam a perspectiva de mudança na hegemonia religiosa no Brasil, já que os evangélicos estão melhor

posicionados entre as mulheres, os jovens, a população urbana e entres as pessoas que se declaram

pretas e pardas (que mais crescem no país). O Brasil está ficando mais urbano, mais feminino, mais

miscigenado (com crescimento das populações que se declaram preta e parda), com maiores níveis

educacionais e mais de “classe média”, em termos de rendimento (Alves, 2011). Em todos estes pontos

os evangélicos levam vantagens sobre os católicos.

Além das especificidades da dinâmica demográfica vegetativa existe o processo de migração religiosa,

provocado pela disputa nos campos das crenças e pelo processo de conversão. Uma vantagem dos

evangélicos é que, por meio dos diversos grupos, eles cobrem um espectro mais amplo da demanda do

mercado religioso. Os evangélicos de missão – ou protestantes tradicionais – possuem maior

percentagem de pessoas com alta renda e alta escolaridade. Já os evangélicos pentecostais cobrem um

leque mais amplo e disputam, ao mesmo tempo, as camadas pobres e populares do país, quanto a nova

classe média brasileira. Existem evangélicos para todos os gostos e eles são capazes de customizar

(adaptar para atender a demanda de grupos específicos de indivíduos) a mensagem de fé para diferentes

segmentos da população.

Por meio da “cura pela fé”, da teologia da prosperidade, das obras sociais e de ajuda para os filiados e

população pobre ou em vulnerabilidade social, e com o uso generalizado da mídia e da música (até a

Globo se rendeu aos Festivais Gospels) os evangélicos vão expandindo seus terrenos. Eles se lançam

com mais firmeza no mercado religioso e se preparam para competir com outras correntes religiosas na

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disputa de devotos, por espaço e legitimidade. Inclusive atuam de maneira mais enfática na

representação política em suas diversas esferas. Também são mais eficientes na rápida formação de seus

pastores.

Na década de 1990, o processo de difusão das filiações evangélicas, especialmente dos pentecostais,

pode ser descrito como um avanço que se deu, prioritariamente, tanto nos estratos sociais menos

privilegiados quanto nas periferias das cidades, nas regiões urbanas, entre as mulheres, a população

negra (preta + parda), as pessoas de nível educacional baixo ou médio, bem como entre os jovens. Desta

forma, pode-se dizer, grosso modo, que o Brasil vem passando por um processo de mudança religiosa e

cultural, com difusão da mensagem evangélica que acontece de baixo para cima, em termos sociais, da

periferia para o centro, em termos espaciais, do meio urbano para o rural em termos de situação do

domicílio, dos negros para os brancos, em termos étnicos-raciais”, dos jovens para os idosos, em termos

de geração, e das mulheres para os homens, em termos de gênero. Na década passada houve também um

crescimento dos evangélicos entre a nova classe média emergente.

Frigerio (2002), com base nas escolhas racionais, considera que os indivíduos escolhem sem grandes

custos sociais a religião que querem seguir, adotando certo tipo de compromisso e por um certo lapso de

tempo. O fato é que, racionalmente ou não, o Brasil está passando por um processo de mudança na

hegemonia entre grupos religiosos. Qual o efeito que isto vai ter sobre o país (e até sobre a América

Latina) ainda será objeto de muitos estudos. Este texto objetivou apenas descrever e prever algumas

tendências. Mas estudos mais aprofundados precisam ser feitos, especialmente depois que o IBGE

divulgar os microdado do censo 2010.

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Observação: este artigo será atualizado com os dados do censo demográfico de 2010. A presente versão é apenas uma tentativa de organizar os dados e apontar para tendências, mas que serão ou não confirmadas pelos dados censais.