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1 Cursos de Graduação MANUAL DE METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA Para a Elaboração de Monografias Escolares Para Estudantes de LCE MAPUTO, OUTUBRO DE 2013 INSTITUTO SUPERIOR MARIA MÃE DE ÁFRICA

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Cursos de Graduação

MANUAL DE METODOLOGIA DE

INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

Para a Elaboração de Monografias Escolares

Para Estudantes de LCE

MAPUTO, OUTUBRO DE 2013

INSTITUTO SUPERIOR MARIA MÃE DE ÁFRICA

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FICHA TÉCNICA

ISMMA

Instituto Superior Maria Mãe de África

Av. Vladimir Lenine, 3621

Telefone: 21419772—Cell: 826253616—Fax: 21419771

Maputo (Moçambique)

Correio Electrónico/ E-mail:

(Direcção do Instituto)

[email protected]

(Direcção Pedagógica)

[email protected]

(Departamento de Publicações)

[email protected]

Título: Manual de Metodologia de Investigação

Científica: Para a elaboração de

monografias escolares

Autora: Dra. Olívia Maria Matusse

Concepção e Maquete: CPT-ISMMA – Publicações

Compilação: dr.Gito Amaral Mataba

Tiragem: 15 Exemplares

Maputo, Moçambique

2014

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MANUAL DE METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

PARA MONOGRAFIAS ESCOLARES E CIENTÍFICAS

5ª Edição – Revista em Outubro de 2013

Elaborado pela

Dra. Olívia Maria Matusse

Aprovado pelo Conselho Científico do ISMMA

Instituto Superior Maria Mãe de África

Maputo, Outubro de 2013

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1

I INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA .................................................................................................... 3

1.1.Tipos de Pesquisa ................................................................................................................. 3

1.1.1.Pesquisas para Resolver Problemas .............................................................................. 3

1.1.2.Pesquisa para Formular Teorias ................................................................................... 3

1.2.O Processo de Pesquisa/Investigação Científica ou Fases ................................................ 3

II TIPOS E CATEGORIAS DE PESQUISA ..................................................................................... 5

2.1. Tipos de Pesquisa ................................................................................................................ 5

2.2.Categorias de Pesquisa ........................................................................................................ 6

III O PROJECTO DE PESQUISA ................................................................................................... 7

3.1.Definição e delimitação do tema ......................................................................................... 7

3.2.O problema de pesquisa ...................................................................................................... 8

3.2.1.Definir e apresentar o problema .................................................................................... 8

3.2.2.Descrever a problemática (descrição e contextulização) .............................................. 8

3.3.Tipos de problema ............................................................................................................... 9

3.3.1.Problema teórico ............................................................................................................ 9

3.3.2.Problema prático ............................................................................................................ 9

3.4.Características de um problema ........................................................................................ 9

3.5.Como formular o problema de pesquisa ......................................................................... 10

3.6.Elaboração e apresentação das hipóteses e/ou pergunta de pesquisa ........................... 11

3.7.Justificativa da escolha do tema ....................................................................................... 12

3.8.Definição dos objectivos .................................................................................................... 13

3.9.Apresentação da metodologia de trabalho ...................................................................... 14

3.9.1.A Natureza da Pesquisa (Abordagem) ......................................................................... 14

3.9.2.Tipo de pesquisa ........................................................................................................... 14

3.9.3.O Método ...................................................................................................................... 14

3.9.4.População e amostra .................................................................................................... 17

3.9.5.Instrumentos para a recolha de dados ......................................................................... 19

3.9.6.Validade e Fiabilidade dos instrumentos de recolha de dados .................................... 19

3.9.7.Modelos para a análise de dados ................................................................................. 21

3.9.8.Questões éticas ............................................................................................................. 22

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3.10.Quadro Teórico ................................................................................................................ 22

3.11.Cronograma ..................................................................................................................... 23

3.12.Recursos ............................................................................................................................ 23

IV RECOLHA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ....................................................... 25

4.1.A recolha de dados ............................................................................................................. 25

4.2.Análise e interpretação dos dados .................................................................................... 25

4.2.1.Análise e Interpretação dos dados de campo ............................................................... 25

V ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO ................................... 28

5.1.Preliminares ou Elementos Pré-textuais.......................................................................... 29

5.1.1.Capa ............................................................................................................................. 30

5.1.2.Página (Folha) de rosto ............................................................................................... 30

5.1.3.Dedicatória ................................................................................................................... 32

5.1.4.Agradecimentos ............................................................................................................ 32

5.1.5.Índice/Sumário ............................................................................................................. 34

5.2.Elementos Textuais ............................................................................................................ 34

5.2.1.Introdução .................................................................................................................... 34

5.2.2.Desenvolvimento ........................................................................................................... 35

5.2.3.Conclusão ..................................................................................................................... 36

5.2.4.Referências Bibliográficas ........................................................................................... 36

VI ASPECTOS GRÁFICOS E MATERIAIS DA REDACÇÃO ...................................................... 41

6.1.Citações ............................................................................................................................... 41

6.2.Citações com Recurso ao Modelo APA ........................................................................... 41

6.3.Notas de Rodapé ................................................................................................................ 48

6.4.Referências Bibliográficas e Bibliografia Geral ............................................................. 49

6.5.Generalidades .................................................................................................................... 54

VII O PLÁGIO E A FRAUDE ....................................................................................................... 57

BIBLIOGRAFIA GERAL ............................................................................................................... 58

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INTRODUÇÃO

Este Manual de Metodologia de Investigação Científica tem por finalidade, abordar questões de

índole teórico-metodológica, consideradas como nucleares, no âmbito de todo o processo de

investigação e de preparação de um trabalho académico. Capacita o estudante a saber estudar o

tema escolhido, aprender a elaborar e defender suas posições científicas, a produzir trabalhos

aceites, pela sua qualidade científica. Não coloca de lado as questões de teor epistemológico,

ético e deontológico, que devem caracterizar todo o estudante/pesquisador e qualquer trabalho de

pesquisa científica.

Sendo que ―um pesquisador é alguém que percebendo um problema em seu meio, pensa logo que

a situação poderia ser melhor compreendida ou resolvida (...)‖ (Laville e Dionne, 2008, p.11) e

então inicia um processo de busca de explicações ou soluções para aquela situação problema.

Então, este documento vai habilitar o estudante a que seja capaz de:

Identificar um problema

Desenhar o projecto

Recolher os dados

Estruturar o trabalho

Documentar

Editar

O Manual é fruto de várias consultas feitas em documentos, livros classificados, e ideias tiradas de

alguns artigos da Internet. É também fruto de alguma experiência, colhida ao longo dos 14 anos de

leccionação da Cadeira e da constante actualização na área de investigação científica.

Ele nasce com o objectivo de ajudar os estudantes a elaborarem as suas monografias científicas

(trabalho de fim de curso). Sabe-se que existem diferentes tipos de trabalhos de investigação;

diferem-se uns dos outros pelo carácter da pesquisa e pelo nível que se alcança com cada um

deles.

A Monografia, que é o trabalho científico que será desenvolvido neste nível, é uma dissertação

sobre um ponto particular ou específico da Ciência; é um trabalho escrito, sobre um tema

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específico e pertinente, ou seja, versa sobre um tema pertinente ao curso ou a uma disciplina

(Amaral, 1999); exige uma metodologia bastante rigorosa, e que haja também rigor na

documentação da mesma; é feita para um curso ou disciplina específica.

É um trabalho escrito, sistematizado e completo, com um tema bastante específico; nela, faz-se

um estudo pormenorizado e exaustivo do assunto em foco, abordando os vários aspectos e

ângulos do caso; é sempre extenso em profundidade e não em número de páginas; aliás, não

necessariamente se tem de dizer muito, para se elaborar um trabalho de qualidade; é pessoal, isto

significa que não há lugar para fraudes e outro tipo de desonestidade.

Nunca se deve tornar uma monografia científica, numa mera repetição do que foi afirmado por

outros autores sem acrescentar-lhe algo; também não é resposta a uma espécie de questionário;

não cabem nela, ideias pessoais abstractas e pior quando são sem fundamento; sua finalidade é,

segundo Marconi e Lakatos (1999):

Descobrir/ redescobrir a verdade;

Esclarecer factos ou ideias;

Enriquecer, ampliar o leque de conhecimento científico;

Ordenar e hierarquizar conhecimentos e experiências.

Este Manual para estudantes é composto por sete capítulos: no primeiro apresentam-se as fases

do processo de Investigação científica; no segundo, as categorias de pesquisa. No terceiro

capítulo, como elaborar um projecto de pesquisa científica. No quarto, são descritos os aspectos

relacionados com a recolha, análise e tratamento dos dados; no quinto, a estrutura básica de um

trabalho científico. No sexto, os aspectos gráficos e materiais de redação que devem ser

observados na escrita académica, e no último capítulo abordam-se questões de fraude académica,

aspectos que devem ser evitados em processos de pesquisa científica.

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I INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

A investigação/pesquisa científica é muito importante não somente para o investigador, para

obtenção de conhecimento, mas para as ciências sociais e humanas no geral, pois garante o

desenvolvimento humano, apesar de seu objectivo imediato ser a quisição de conhecimento.

1.1.Tipos de Pesquisa

Em Ciências Sociais e Humanas, nas quais se enquadra o curso de Ciências da Educação, os tipos

de pesquisa mais desenvolvidos são:

1.1.1.Pesquisas para Resolver Problemas

Este tipo de pesquisa focaliza-se na resolução de problemas práticos; não se interessa em testar

ou formular teorias; o estudante apenas está interessado em descobrir a resposta para um

problema específico, ou descrever um fenómeno, da melhor forma possível (Richardson, 2009).

1.1.2.Pesquisa para Formular Teorias

É uma pesquisa de natureza exploratória, que procura descobrir a relação entre os fenómenos; o

estudante pode estudar um problema cujos pressupostos teóricos não estão muito claros, então faz

uma pesquisa não somente para conhecer o tipo de relação, mas para também determinar a

existência dessa relação.

1.2.O Processo de Pesquisa/Investigação Científica ou Fases

Toda a pesquisa a desenvolver inicia sempre com um problema a ser resolvido; o estudante-

pesquisador identifica um problema e supõe uma solução possível e depois coloca uma

explicação racional da situação a ser compreendida ou aperfeiçoada – a hipótese; depois disto,

deve-se procurar comprovar a hipótese, fazendo a sua verificação; para isso, devem-se colher as

informações inerentes à hipótese, e com os resultados obtidos neste processo, tirar-se as

conclusões (Laville e Dionne, 1999). A previsão de como serão desenvolvidas estas fases todas

(que instrumentos, ferramentas, teorias…), deve ser feita no Projecto de Pesquisa (ver tópico III).

Para Cervo e Bervian (1999), as fases de uma pesquisa são idênticas às propostas por Laville e

Dionne (1999), mas com alguns items a mais; neste documento, vão-se seguir à risca, as fases

propostas por estes últimos autores.

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Esta ideia pode ser esquematizada da seguinte forma:

Propôr e Definir um

Problema

Elaborar uma Hipótese

Verificar a Hipótese

Concluir

Figura 1.2.1. O Processo de Pesquisa

Fonte: Laville e Dionne (1999)

Ou seja:

Tabela 1.2.1. O Processo ou Fases da Pesquisa

FASES DA PESQUISA CIENTÍFICA

1. Propôr e Definir um Problema

2. Formular Hipóteses Ou pergunta de pesquisa

3. Testas ou verificar as Hipóteses Colher dados

Analisar os dados colhidos

4. Tirar conclusões E elaborar o Relatório

Fonte: Laville e Dionne (1999)

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II TIPOS E CATEGORIAS DE PESQUISA

Este é um tópico que nos vai dar a conhecer os diferentes tipos e categorias de pesquisa que se

podem desenvolver em ciências Sociais e humanas.

2.1. Tipos de Pesquisa

Os diferentes tipos de pesquisa que vão abaixo mencionados, não se excluem e nem se opõem; a

classificação será feita em função do procedimento geral que se utiliza em cada um dos tipos.

Dada a importância que a pesquisa Bibliográfica tem na vida de um estudante universitário nas

diferentes áreas de estudo, vai-se iniciar aqui por se abordar a pesquisa Bibliográfica e vai-se

aprofundar mais esta em relação às outras; aliás, ―qualquer espécie de pesquisa, em qualquer

área, supõe e exige uma pesquisa bibliográfica prévia, quer para o levantamento da situação da

questão, quer para a fundamentação teórica ou para justificar os limites e contribuições da própria

pesquisa‖ (Cervo e Bervian, 1999, p.48).

Vão abaixo mencionados os principais tipos de pesquisa, na perpectiva de Cervo e Bervian

(1999):

Pesquisa Bibliográfica: é aquela que procura resolver um problema, com base nas

referências teóricas, já publicadas. Pode-se realizar este tipo de pesquisa como parte de

outras, tais como, a experimental ou a descritiva. Este tipo de pesquisa tem sido

considerada por muitos investigadores, como sendo um meio de estudo e formação por

excelência. É um dos primeiros e mais importantes passos, para qualquer tipo de pesquisa

científica.

Pesquisa Documental: assemelha-se muito com a pesquisa bibliográfica, diferenciando-se

apenas na natureza das fontes utilizadas. Utiliza materiais (documentos, políticas, leis,

planos, etc...) que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser

reelaborados de acordo com os objetos de pesquisa;

Pesquisa Descritiva: observa, regista, analisa, e correlaciona factos ou fenómenos, sem

manipulá-los. Procura verificar e entender a frequência com que um dado fenómeno

ocorre, e a relação que este tem com os outros da mesma natureza e característica.

Pesquisa Experimental: se a pesquisa descritiva preocupa-se em classificar, explicar e

interpretar os fenómenos, a experimental quer dizer e demonstrar de que modo e quais as

causas que produzem tal fenómeno. Este tipo de pesquisa implica algum tipo de

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experimentações; sendo assim, serve-se de alguns aparelhos, máquinas, técnicas

modernas e acessíveis, para demonstrar qual a relação existente entre variáveis envolvidas

no objecto que serve de estudo.

Pesquisa Exploratória: a que busca constatar algo num organismo ou num fenómeno.

Pesquisa Social: é toda aquela que busca respostas, sobre aspectos específicos, referentes

a um determinado grupo social.

Pesquisa Histórica: a que se dedica ao estudo do passado.

2.2.Categorias de Pesquisa

Existem em Ciências Sociais no mínimo duas categorias de pesquisa:

a) Pesquisa Fundamental/ Básica/ Pura/ Teórica: aquela que tem por motivação preencher

uma lacuna nos conhecimentos; tem em vista conhecer e compreender melhor as

situações ou realidades, sem que haja uma aplicação prática prevista.

O fim último da pesquisa fundamental é aumentar os conhecimentos sobre a realidade em estudo,

apesar de que pode também contribuir para a solução dos problemas postos pelo meio social

(Laville e Dionne, 1999).

b) Pesquisa Aplicada: aquela que tem em vista a solução de um problema, ou seja, resolver

um problema real, presente na sociedade. Sua característica principal é a aplicação de

conhecimentos já disponíveis para a solução de um problema (Laville e Dionne, 1999); ou

seja, os conhecimentos adquiridos são utilizados para aplicação prática, para a solução de

problemas concretos da vida quotidiana.

Ela tem como objetivo, investigar, comprovar ou rejeitar hipóteses sugeridas pelos modelos

teóricos. Tanto uma quanto outra são úteis nos processos de pesquisa em ciências sociais.

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III O PROJECTO DE PESQUISA

Sempre que se tem um tema para estudo, deve-se antes elaborar-se um plano, um projecto que

possa garantir a sua viabilidade. Este plano ou projecto vai prever e providenciar recursos

necessários para se atingir o objectivo proposto e solucionar-se o problema identificado.

Colocam-se nele as diferentes tarefas a serem executadas, dentro de um cronograma a ser

observado (Cervo e Bervian, 1999).

Um projecto de pesquisa pode ser elaborado de diferentes formas, mas não devem faltar os

seguintes elementos:

1. O tema delimitado

2. O problema

3. As hipóteses: de causa e solução

4. Os objectivos: gerais e específicos

5. A justificativa da escolha do tema

6. A metodologia

7. O levantamento da literatura (revisão bibliográfica – quadro teórico)

8. O cronograma

9. Os recursos

10. Os livros que serviram de referência na elaboração do projecto (bibliografia ou

referências bibliográficas)

3.1.Definição e delimitação do tema

O tema é a ideia central do trabalho; ideia que se vai procurar provar, demonstrar, fundamentar e

defender; um problema ainda sem solução; portanto, deve ser exposto de uma forma clara,

objectiva e precisa (cf. Marconi e Lakatos, 2009). Este assunto/tema pode ser teórico ou prático;

seja como for, este tema deve estar ligado ao gosto do pesquisador, para proporcionar-lhe

experiências de valor e contribuir para o progresso da ciência.

Delimitar o tema é estabelecer limites quanto ao assunto, extensão e prazo, localização no espaço

e tempo. É seleccionar de um todo, um tópico somente a ser estudado, e sob que ponto de vista

ou que perspectivas se vai abordar o assunto; é também indicar o quando histórico e geográfico

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em cujos limites se localiza o assunto (Cervo e Bervian, 1999). É importante que o estudante

estabeleça estes limites, para permitir que o tema seja estudado com profundidade.

3.2.O problema de pesquisa

Nesta etapa deve-se apresentar o problema identificado de forma clara e objectva, numa frase só.

3.2.1.Definir e apresentar o problema

A formulação do problema é a primeira fase do processo de pesquisa, pois, enquanto o assunto

permanecer assunto, não se iniciou a investigação propriamente dita; o assunto deve ser

questionado pelo investigador, transformando-o em problema (Cervo e Bervian, 1999). Para se

formular bem o problema, supõem-se conhecimentos prévios do assunto. ―Os passos que o

pesquisador terá que percorrer a seguir, até ao término da pesquisa, dependerão deste passo

inicial: a formulação do problema‖ (Cervo e Bervian, 1999, p.67). Problema é uma questão não

resolvida e que é objeto de discussão em qualquer domínio do conhecimento; é a mola propulsora

de todo o trabalho de pesquisa.

Um problema é sempre, também, uma falta de conhecimentos (Laville e Dionne, 2008).

Formular o problema é dizer de uma forma explícita, clara e compreensiva:

o qual a dificuldade com que se irá defrontar;

o qual a questão ou a dificuldade que se pretende resolver?.

3.2.2.Descrever a problemática (descrição e contextulização)

Antes de mais, importa tentar distinguir aqui problema de problemática; são duas palavras que

parecem iguais mas não são. Toda a pesquisa parte de um problema e se insere numa

problemática; ―a fase do estabelecimento e de clarificação da problemática e do problema é

frequentemente considerada como a fase crucial da pesquisa‖ (Laville e Dionne, 1999, p.85).

Problemática, é o quadro no qual se situa o problema e não o próprio problema. Depois de tomar

consciência do problema, o investigador/estudante, deve construir uma problemática racional.

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3.3.Tipos de problema

Os problemas podem ser teóricos ou práticos.

3.3.1.Problema teórico

Direcionado para a exploração de um objeto pouco conhecido. Procura conhecimentos sobre um

determinado objeto pouco estudado.

3.3.2.Problema prático

Direcionado para respostas que ajudem a subsidiar acções; está voltado para a avaliação de certas

acções ou programas; também faz a verificação das consequências de várias alternativas

possíveis, com vista a planificar uma acção adequada para a minimização do problema.

Nota: Se o estudante já escolheu o tipo de pesquisa que vai desenvolver, escolheu também o tipo

de problema; estes dois aspectos devem ser bem alinhados.

3.4.Características de um problema

Dentre muitas características existentes, as mais importantes são:

a) Um problema deve ser formulado como pergunta

Esta pergunta deve ser de natureza científica. Um problema é de natureza científica quando

envolve variáveis que podem ser passíveis de teste, ou seja, deve estar explícita nesta pergunta

científica, a relação de dois ou mais fenómenos (factos, variáveis) entre si e estas variáveis devem

ser testáveis, observadas e manipuladas; sendo assim, perguntas retóricas, especulativas, e

afirmativas (valorativas), não são perguntas científicas, e não podem constituir um problema de

pesquisa (Lakatos e Marconi, 1991).

b) Um problema deve ser claro e preciso.

O problema de pesquisa deve ser claro e preciso; deve revelar exactamente o que se quer estudar,

bem como os elementos e instrumentos que serão utilizados no decorrer do trabalho.

c) O problema deve ser suscetível de solução

No processo de formular o problema de pesquisa, é necessário que se conheçam os recursos

tecnológicos que serão envolvidos na solução do problema. Pois se corre o risco de estabelecer

problemas para os quais não haja instrumentos e técnicas desenvolvidas e apropriadas para

resovê-los. Deve ser possível a recolha de dados necessários para a sua resolução.

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3.5.Como formular o problema de pesquisa

O problema pode ser apresentado em forma de afirmação ou interrogação. Há diferentes formas

de se apresentar um problema. Para Richardson (2009), as melhores perguntas são formuladas

utilizando:

Como

Que

Quando

Ex: Que factores contribuem para o insucesso escolar nas escolas da cidade de Maputo?

Esta forma de elaborar a pergunta é questionada por alguns investigadores, por conter uma

incógnita. É verdade que não há regras universais para se criar um problema, assim como

também não há para apresentar, mas, o mais usual é apresentá-lo em forma de pergunta (pergunta

científica).

Sendo que existem várias perspetivas sobre a colocação de um problema de pesquisa, a forma

que se sugere neste manual, é a que se segue, pelo facto de ser mais clara e deixar também clara a

tese que se pretende defender.

i) Exemplo de problema em forma de interrogação ou pergunta:

―O índice de lares e famílias disfuncionais, está a crescer em Maputo‖ - É um problema

na vertente afirmativa. Agora vamos tentar colocá-lo na interrogativa (pergunta científica).

Normalmente, a tendência é colocar a pergunta nestes moldes:

“O que é que provoca disfunções no seio das famílias da cidade de Maputo?” – Esta é uma

pergunta linear e não um problema! É uma pergunta que revela uma dúvida, não está completa

para se tornar numa pergunta de pesquisa, no sentido em que ainda não se apresenta como

problema de investigação (problema científico), pois não contém a possível resposta do

problema. ―O seu formato expressa a relação de uma incógnita com uma variável conhecida‖

(Koche, 2001, p.106). Veja-se:

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? Famílias disfuncionais

Incógnita (Variável desconhecida) (Variável conhecida)

O problema correctamente delimitado e formulado na perspectiva de Koche (2001), deve traduzir

a possível relação que existe entre pelo menos duas variáveis conhecidas (é nisto que Koche

difere de Richardson acima citado). Para Koche (2001), esta frase acima citada, só se tornará em

pergunta de investigação (pergunta científica) quando se eliminar a incógnita e substitui-la por

uma variável conhecida. Por exemplo:

a) ―A disfunção familiar que se faz sentir nas famílias de Maputo, relaciona-se de

algum modo com o facto de os pais serem omissos em suas funções?”

Pais omissos Disfunção familiar

(Variável conhecida) (Variável conhecida)

Isto vai ajudar também a criar uma certa ordem lógica na apresentação dos factos; vai ajudar a

entrelaçar as ideias, a criar uma interdependência entre elas; vai criar a harmonia e a coerência

que se esperam acontecer no trabalho.

―A delimitação do problema define, então, os limites da dúvida, explicitando quais variáveis

estão envolvidas na investigação e como elas se relacionam‖(Koche, 2001, p.108).

Posto isto, faz-se a avaliação do problema:

Resolve-se com eficiência, somente por meio da pesquisa?

Vai trazer algo de novo?

Insere-se no estado actual da evolução científica?

Pode-se estudar e chegar-se a conclusões válidas?

3.6.Elaboração e apresentação das hipóteses e/ou pergunta de pesquisa

Uma vez formulado o problema, verifica-se o que provavelmente poderá estar na origem deste: a

hipótese de causa; propõe-se então uma resposta provável ou provisória para o problema: a

hipótese de solução.

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Antes de inicar a pesquisa, deve fazer uma pesquisa preliminar; ela vai ajudar a formular com

maior segurança as hipóteses. As hipóteses de causa, são aqueles fenómenos que provavelmente

estarão na origem do problema.

A(s) hipótese(s) de solução é uma solução provisória para um determinado problema levantado;

é uma pré-solução para o Problema levantado. ―Ela orienta o estudante, colocando-o na direcção

daquela que é a provável resposta do seu problema, a resposta que ele procura” (Koche, 2001,

p.106).

Tanto o problema quanto a hipótese devem ser enunciados em forma de factos ou fenómenos. O

que difere o problema da hipótese é que o problema é enunciado, no geral, em forma de sentença

interrogativa, e a hipótese em forma de sentença afirmativa.

Há várias maneiras de se formular uma hipótese, a mais usual é ―se X, então Y‖ (Lakatos e

Marconi, 1991); normalmente trabalha-se mais com a hipótese de solução.

Ex: Se se der um incentivo positivo aos alunos (X), então o nível de aprendizagem será

aumentado (Y).

Pergunta de Pesquisa – segue mais ou menos o mesmo enunciado que o da hipótese, somente em

forma de pergunta.

Ex: Até que ponto dando um incentivo positivo aos alunos (X), o seu nível de

aprendizagem será aumentado (Y)?

Nota: Se se colocar as hipóteses, não se coloque a pergunta de pesquisa, e vice-versa.

3.7.Justificativa da escolha do tema

Diz-se aqui, em poucas palavras:

i) o que levou o autor a escolher o tema em questão, o que o motivou, porquê este assunto e

não um outro qualquer,

ii) sua importância e pertinência, e por fim,

iii) em quê vai contribuir para o progresso da ciência.

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Explicam-se também os motivos de ordem teórica e prática que justificam a pesquisa; deve-se

responder sempre à questão: ―porque se deseja fazer a pesquisa?‖ (Richardson, 2009, p.55). Em

suma,a justificativa corresponde à defesa da pesquisa, no que concerne à sua importância,

relevância e contribuições para o progresso da ciência.

3.8.Definição dos objectivos

Um objectivo é o que o pesquisador quer atingir com a realização do trabalho de pesquisa; é a

meta - o fim. Deve-se definir o objectivo geral, que é a ideia central que serve de ―fio condutor‖

no estudo. Ele define de um modo geral o que se pretende com a pesquisa que se vai levar a cabo.

Esta ideia está ligada à compreensão do todo e vinculada à tese que se vai defender. Os

objectivos específicos são de igual modo importantes; são etapas intermediárias que vão permitir

atingir o objectivo geral.

Os objectivos devem ser escritos e nunca devem ser vagos, incertos e gerais demais; quando isso

acontece, divaga-se, e rouba-se ao trabalho, a sua unidade. Eles são importantes pois, para além

de orientadores, ajudam na selecção dos métodos e na avaliação do trabalho.

Para escrevê-los considerem-se as necessidades dos leitores; eles devem voltar-se para o que o

leitor deve conhecer, sentir e fazer. Eles visam modificar o comportamento do leitor. Deve-se

planear de modo a que eles sejam cumpridos.

Dicas que podem ajudar o estudante a definir os objectivos:

Colocar as seguintes perguntas:

O que é que se espera alcançar com este trabalho, com este tema ou assunto?

O que é que se quer que os leitores aprendam com os argumentos e exposições?

O que é que ficarão a saber, sentir e farão, no final da leitura ou do estudo deste

trabalho?

Elaborar a frase colocando os verbos no infinitivo: esclarecer tal coisa; definir tal assunto;

procurar, permitir que, demonstrar, etc.

Conferir a tabela de Bloom em anexo, para ver os verbos normalmente utilizados na definição de

objectivos, nos diferentes níveis (ver a taxonomia dos objectivos de Bloom – Anexo 1).

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14

3.9.Apresentação da metodologia de trabalho

Na metodologia do trabalho não devem faltar os aspectos abaixo mencionados:

1. Natureza da pesquisa

2. Tipo de pesquisa

3. Métodos de pesquisa

4. População e amostra

5. Instrumentos para a recolha de dados

6. Validade de fiabilidade dos instrumentos

7. Modelos para análise de dados

8. Questões éticas

A seguir vai-se falar de cada uma destas partes em particular.

3.9.1.A Natureza da Pesquisa (Abordagem)

Quanto à sua natureza, a pesquisa pode ser qualitativa ou quantitativa; a pesquisa qualitativa, que

é a predominante em ciências sociais, lida com crenças, valores, princípios, atitudes, opiniões

etc...são processos mentais. Para recolher dados neste tipo de pesquisa, deve-se utilizar

instrumentos qualitativos (entrevistas, observação etc.); o mesmo acontece com a análise dos

dados e informações. As técnicas de análise quantitativas não devem ser utilizadas para a análise

de dados qualitativos. Sendo que em ciências sociais o que predomina é a pesquisa qualitativa,

ela deve ser abordada no trabalho de forma mais extensiva e pormenorizada em detrimento da

quantitativa (veja-se o anexo 2) as características de cada tipo de abordagem.

3.9.2.Tipo de pesquisa

(ver o tópico 2.1 deste Manual)

3.9.3.O Método

Método, deriva da palavra grega ―methodos‖ isto é, meta=para e hodos=caminho; método é então

um caminho para alcançar a meta; ele indica regras, propõe um procedimento que orienta a

pesquisa e ajuda a realizá-la com eficácia (Laville e Dionne, 2008). Então, método é uma

maneira, um modo que adoptamos para termos acesso a..., é um procedimento sistemático, em

plano geral (Cervo e Bervian,1999).

Existem vários métodos de investigação, mas os mais usados em Ciências Sociais são os

seguintes:

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15

a) Estudo de Caso

O estudo de caso é uma análise profunda de um sujeito considerado individualmente; por vezes

esse caso é um grupo reduzido de sujeitos considerado globalmente. Em todo o caso observam-se

as características de uma unidade individual, como por exemplo um sujeito, uma classe, uma

escola, uma comunidade, etc.

b) Pesquisa-acção ou Investigação-acção

É uma metodologia de investigação orientada para a melhoria das práticas profissionais, nos

diferentes campos de acção. Ela tem duplo objectivo:

Acção

Investigação

Com o intuito de obter resultados nas duas vertentes. Na acção, pretende-se que haja mudança

numa comunidade, numa organização ou instituição e até mesmo num programa, projecto, etc.

Na Investigação, pretende-se ampliar os conhecimentos e aumentar o nível de compreensão dos

factores por parte do investigador. Pelo que se pode ver, pretende-se obter melhores resultados

naquilo que se faz e ao mesmo tempo promover o aperfeiçoamento das pessoas e dos grupos com

que se está a trabalhar. Acontece em forma de uma espiral de ciclos de: Planificação – Acção –

Observação – Reflexão.

Figura 3.9.3.1: O Ciclo de Investigação-acção

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16

Figura 3.9.3.2: Espiral de ciclos da Pesquisa-acção

A sua natureza cíclica é a principal qualidade da investigação-acção; os ciclos obrigam a

investigação-acção a ser flexível e rigorosa; cada ciclo da acção implicando uma reflexão crítica,

cada ciclo consistindo num planeamento e uma consequente acção.

Ela exige:

Que seja submetida à prova

Que se justifique tudo a partir do trabalho, mediante a argumentação desenvolvida e

provada cientificamente.

c) Indução

Existem os processos mentais (muitas vezes chamados métodos) da indução e dedução que são

usuais e comuns em todas as investigações, tanto experimentais quanto racionais ou teóricas.

Estes não são exactamente métodos, mas, ―formas de raciocínio ou de argumentação e, como tais,

são formas de reflexão e não de simples pensamento‖ (Cervo e Bervian, 1996, p.22).

O raciocínio indutivo, que é típico de uma pesquisa qualitativa, é um processo que parte de dados

ou observações particulares constatados e chega a proposições gerais (Ex: se se observa que um

homem particular e os demais homens particulares são mortais, pode-se inferir, tirar uma

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17

consequência dos factos, que os homens são mortais). Francis Bacon foi o criador deste

método/forma de raciocínio, que consiste em tirar conclusões do particular para o geral; este

método utiliza mais a experiência e a observação (Richardson, 2009).

Todo o método depende do objectivo da investigação; então, a escolha do método, vai depender

do objectivo que levou o estudante a escolher determinada matéria, para objecto de estudo.

3.9.4.População e amostra

População é a totalidade de indivíduos dos quais se pretende recolher dados para estudo; como

nem sempre é fácil trabalhar com toda a população, o pesquisador trabalha com uma amostra

dessa população. A amostra é uma parte desta população total; se se quer generalizar os

resultados para a população total, a amostra deve ser representativa, ou seja, deve fornecer uma

imagem fiel da população.

A representatividade de uma amostra, depende muito da forma como ela é estabelecida.

Existem várias técnicas para elaborar uma amostra e garantir essa representatividade; elas

permitem diminuir o erro de amostragem, ou seja, as diferenças entre as características da

amostra e as da população da qual foi retirada a amostra (Laville e Dionne, 1999).

As amostras podem ser probabilísticas ou não, conforme apelem ao acaso ou não; o acaso aqui,

refere-se ao facto de todos os elementos da população terem uma oportunidade igual, de fazer

parte da amostra.

a) Amostra Probabilística

É aquela em que todos os elementos de uma população têm a oportunidade conhecida e não-nula

de fazer parte da amostra. Abaixo vão alguns métodos de amostragem probabilística (casual)

mais utilizados e as respectivas técnicas:

i) Aleatória simples: é formada por sorteio, concedendo a todos os elementos da população

a mesma oportunidade de serem escolhidos; existem várias técnicas de se fazer o

sorteio, o pesquisador deve escolher uma delas.

Técnicas:

Técnica de Lotaria: deve-se atribuir um número a cada membro do universo (população);

escrevem-se os números em papelinhos, dobram-se e colocam-se numa caixa; misturam-

se bem e retira-se o número de papéis correspondentes à amostra (Hill e Hill, 2002).

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Técnica dos números aleatórios: utiliza-se a tabela dos números aleatórios.

ii) Amostragem por grupos: é feita ao acaso; seleccionam-se grupos e não pessoas

individuais; podem-se seleccionar grupos inteiros, ou parte desses grupos.

iii) Amostragem por extratos: divide-se a população em subgrupos, tendo em conta algumas

características específicas que interessam para o estudo em curso.

b) Amostra não-probabilística

Quando nem todos os elementos da amostra têm oportunidade de fazer parte da amostra. Elas

podem ser:

i) Acidentais: escolhem-se os informantes encontrados até ao momento em que se acha ter

dados suficientes;

ii) Amostras de voluntários: faz-se um apelo e reúnem-se os informantes que aceitem

participar;

iii) Amostra típica: é aquela em que a partir das necessidades do estudo, seleccionam-se da

população, ou de parte dela, casos que se julguem exemplares;

iv) Amostra por quotas: selecciona-se um certo número de características conhecidas da

população.

v) Amostragem por conveniência: trabalha-se com os informantes disponíveis no momento

do estudo.

Estas informações todas devem ser claramente colocadas na metodologia do trabalho, com as

devidas percentagens.

Tabela 3.9.4.1: População e amostra

População Amostra Percentagem

50 professores 25 professores 50%

300 alunos 100 alunos 33%

TOTAL 350 125 36% Lembrar que no

mínimo esta

percentagem tem

de ser de 10%

ESTA É A SUA AMOSTRA: o grupo

de indivíduos com o qual deve

trabalhar

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19

3.9.5.Instrumentos para a recolha de dados

Existem instrumentos para a recolha de dados qualitativos e para dados quantitativos, veja-os

abaixo:

Tabela 3.9.5.1. Intrumentos para a recolha de dados qualitativos e quantitativos

Dados Qualitativos Dados Quantitativos

Entrevista Inquérito

Observação

Questionário

Diário

Memorando

etc

Nota: ver em anexo 3 como trabalhar com cada um destes instrumentos

3.9.6.Validade e Fiabilidade dos instrumentos de recolha de dados

a) Validade: revela a capacidade que um instrumento tem de produzir medições adequadas e

precisas para chegar a conclusões correctas, assim como poder aplicar as descobertas feitas a

grupos semelhantes, não incluídos em determinada pesquisa (Richardson, 2009). A validade

interna refere-se à exactidão dos dados e à adequação das conclusões; a validade externa

refere-se à possibilidade de generalizar os resultados a outros grupos semelhantes.

Existem várias formas de se garantir a validade, mas o método de triangulação é frequentemente

utilizado para garantir a validade em pesquisas científicas na área das ciências sociais. O objetivo

principal é aumentar a validade da pesquisa, garantindo que os resultados e suas interpretações

sejam confiáveis. A triangulação implica a utilização de abordagens múltiplas, a fim de evitar

distorções devido à utilização de um método, uma teoria ou um pesquisador (Gunther, 2006).

De acordo com Gunther (2006), existem vários tipos de triangulação, dentre eles:

I) A triangulação de dados ou das fontes dos dados, em que se utilizam diferentes fontes de

dados ou de informações para se chegar ao mesmo resultado; confrontam-se os dados

provenientes de diferentes fontes. É o tipo mais conhecido e o de mais fácil

implementação.

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20

II) A triangulação de pesquisadores, no qual diferentes pesquisadores estudam o mesmo tema

recorrendo às mesmas técnicas (entrevista, observação, estudo de caso, grupos focais).

Se os diferentes pesquisadores chegarem às mesmas conclusões, então fica

estabelecida a validade da pesquisa.

III) A triangulação de teorias, em que profissionais de campos de estudo distintos como

economia, antropologia, ciência política, administração envolvem-se na pesquisa, a

partir de diferentes perspectivas, para interpretar o mesmo conjunto de informações.

IV) A triangulação metodológica, que implica a combinação de métodos ou instrumentos

quantitativos e qualitativos em uma mesma pesquisa. O investigador faz novas

observações directas com base em registos antigos, ou ainda recorre a múltiplas

combinações inter-metodológicas (aplicação de um questionário e de uma entrevista

semi estruturada, de observação…etc); aplica portanto dois ou mais instrumentos para

garantir validade dos dados.

V) A triangulação ambiental, que envolve o uso de diferentes locais ou diferentes fatores-

chave para a pesquisa em questão, como a hora do dia, o dia da semana, ou a estação

do ano. Há que se identificar um fator ambiental que seja relevante e que possa

influenciar a informação; caso se chegue à mesma conclusão modificando o fator

ambiental, está estabelecida a validade da pesquisa.

A necessidade de triangulação surge do imperativo ético de confirmar a validade dos

processos e dos dados da pesquisa. Para aumentar a credibilidade das interpretações

realizadas pelo investigador, recorre-se portanto a estes vários tipos de triangulação.

b) Fiabilidade: indica a capacidade que os instrumentos para a recolha de dados têm, de

produzir medições constantes ao longo do tempo, quando aplicados a um mesmo fenómeno. A

fiabilidade interna refere-se à possibilidade de outros pesquisadores fazerem as mesmas relações

entre os conceitos e dados recolhidos, com os mesmos instrumentos; a fiabilidade externa, refere-

se à possibilidade de outros pesquisadores, utilizando os mesmos instrumentos, observarem

factos idênticos.

Pode-se também definir a fiabilidade como sendo a possibilidade de diversos investigadores

poderem chegar a resultados semelhantes sobre o mesmo fenómeno estudado, utilizando para isso

os mesmos instrumentos. Na realidade, trata-se de aferir se os dados recolhidos na investigação

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21

são estáveis no tempo e se têm consistência interna, especialmente se provém de diferentes fontes

(Stake, 1995).

Existem vários métodos para se averiguar a fiabilidade dos instrumentos escolhidos:

a) Test – retest: normalmente se repete exactamente o mesmo teste ou medição sobre os

mesmos indivíduos e comparar os resultados, ou, aplicar dois testes ou medições

supostamente equivalentes e comparar os resultados (Bento, 2006).

Evitar que passe muito tempo entre a aplicação de um teste e outro, pois, de acordo com

Richardson (2009, p.177), ―em geral, quanto mais amplo for o intervalo de tempo transcorrido

entre ambas as aplicações do instrumento, maior será a oportunidade para que intervenham

factores alheios à medição e, portanto, maior quantidade de variança de erro entre os escores‖.

b) Método de formas alternativas ou método de formas equivalentes: fazer o mesmo teste,

mas de forma diferente (mesmas perguntas, se for o caso, mas feitas de maneira

diferente); aplicar as duas versões em momentos diferentes e comparar os resultados.

Este método tem as suas desvantagens, pois, a aplicação da primeira versão do teste, sendo

similar à segunda, pode influenciar a segunda, no sentido que os informantes podem aprender

pela primeira aplicação, como responder à segunda, e isto, pode afectar a confiabilidade dos

dados.

c) Método baseado em uma prova: divide-se o teste em duas partes, mas garantindo sempre

a correlação entre as duas partes do teste; a segunda é uma forma de repeticação da

primeira (são metades paralelas). Analisar as duas partes e comparar os resultados.

3.9.7.Modelos para a análise de dados

Existem várias formas de se analisarem os dados qualitativos e quantitativos recolhidos nas

leituras e no campo. Para a análise de dados quantitativos, pode-se utilizar as ferramentas

informáticas (Excell e SPSS) e tratar os dados conforme o anexo 4; para analisar dados

qualitativos, existem vários modelos (ver o tópico 5.2 deste manual); para o tratamento dos dados

qualitativos, ver o anexo 5.

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22

3.9.8.Questões éticas

No que concerne aos aspectos de natureza ética, procura-se numa pesquisa garantir a dignidade

dos participantes. Para isso, deve-se fazer um esforço para garantir que a sua participação na

investigação não acarrete riscos ou outro tipo de consequências nefastas para si mesmos.

Alguns aspectos éticos que devem ser salvaguardados, segundo Cohen, Mannion & Morisson,

(2000):

Privacidade: diz respeito a toda a informação referente às pessoas particularmente, às

circunstâncias ou a relacionamentos que não devem ser do domínio público. Foi dada aos

participantes a liberdade de decidirem por si sós quando e em que circunstâncias, eles

mesmos, suas opiniões e ideias, atitudes e comportamentos podem ser expostos ao público.

Anonimato: está ligado à obrigação que se tem de proteger por anonimato os participantes na

investigação.

Confidencialidade: tem a ver com o mecanismo de proteger os direitos dos participantes à

privacidade; somente o investigador sabe quem forneceu as informações é capaz de

identificar os participantes através da informação dada. Em outras palavras, o investigador

deve ser leal àqueles que o ajudaram.

3.10.Quadro Teórico

O Quadro Teórico de referência, é algo que brota diretamente do levantamento bibliográfico para

a elaboração do ―estado da arte‖ de um problema de pesquisa; é uma breve discussão teórica do

problema, na perspectiva de fundamentá-lo nas teorias existentes. São as teorias, conceitos,

autores que são utilizados no desenvolvimento de um trabalho científico; são aqueles autores que

se utilizam para analisar um certo problema ou assunto.

Convém confrontar sempre diferentes pontos de vista de autores sobre um mesmo

tema/problema. É importante o investigador se posicione em relação às opiniões dos autores

sobre um mesmo tema, principalmente quando elas são divergentes.

O Quadro Teórico é importante pois indica a maneira como será visto um problema naquela

pesquisa, ou seja, sob qual perspectiva o problema será abordado; ele deve alinhar-se ao

problema, objetivos, hipóteses, etc. Se se decider mudar o marco teórico, muda-se a pesquisa

também e vice-versa (Eiterer, 2008). Ele deve ainda servir de base para a análise e interpretação

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dos dados recolhidos no campo, na fase de elaboração do Relatório Final; os dados apresentados

devem, necessariamente, ser interpretados à luz das teorias existentes (Eiterer, 2008). (Para

maiores esclarecimentos, ver o anexo 6).

3.11.Cronograma

O Cronograma é a previsão de tempo que será gasto na realização do trabalho, de acordo com as

actividades a serem cumpridas. Pode-se dividir os períodos de tempo por dias, semanas, podem

ser quinzenais, mensais, bimestrais, trimestrais etc.. Estes serão determinados a partir dos

critérios de tempo adoptados pelo estudante.

Tabela 3.11.1: Cronograma de actividades

ACTIVIDADES PERÍODOS DE TEMPO - MENSAIS

Nov. Dez Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago.

Elaboração Plano/Projecto X

Levantamento do material

Bibliográfico

X

Recolha de Dados X X

Tratamento dos dados X X X

Elaboração do texto final X X

Revisão do texto X

Editoração X

Entrega do trabalho X

3.12.Recursos

É importante no acto da elaboração do projecto de pesquisa, verificar os recursos de que se vai

necessitar. São recursos humanos, materiais, financeiros e outros.

Notas finais: É importante e imprescindível apresentar as referências dos documentos

consultados para a elaboração do Projecto. Devem ser colocadas juntamente com o material

bibliográfico identificado para a pesquisa.

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24

Concluindo:

O tema escolhido, deve estar enquadrado na cultura geral, às preferências das pessoas, às

línguas e idiomas locais, à especialidade ou área do domínio do autor do trabalho;

Deve considerar os meios físicos disponíveis (o tempo e recursos);

Deve haver um orientador académico na área em questão;

Deve ser um tema interessante e importante, e até pertinente; um tema que tenha um

segmento substancial na sociedade; que diga respeito à sociedade;

Equilibrado. Não demasiado extenso, nem muito restrito. A extensão torna-o pouco

profundo, e a restrição torna-o vago, oco de conteúdo;

Muito bem delimitado, para ser bem compreendido e dominado;

Originalidade na abordagem, em especial, nas conclusões a que se chega;

Que nos permita chegar a uma conclusão válida.

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IV RECOLHA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

Neste tópico vai-se demonstrar como se deve fazer a recolha, a análise e a interpretação dos

dados; vão ser idenficados os instrumentos mais utilizados para o efeito, bem como os modelos

para a análise dos dados.

4.1.A recolha de dados

Acrescentados aos métodos e processos de pesquisa, existem os instrumentos e técnicas de

pesquisa; eles servem para a recolha dos dados; dentre muitos, podemos destacar os seguintes

instrumentos ou técncicas para a recolha de dados:

A observação

Os questionários e formulários

Entrevista

Fichas

Etc

Nota: ver como utilizar cada um deles, no anexo 4.

4.2.Análise e interpretação dos dados

Num processo de pesquisa, a recolha de dos é feita em obras e no campo; para cada tipo de

dados, há formas apropriadas de análise e tratamento.

4.2.1.Análise e Interpretação dos dados de campo

a) Dos instrumentos qualitativos

Para analisar os dados qualitativos, pode-se recorrer a diferentes modelos; neste documentos,

citar-se-ão apenas dois:

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i) Modelo de Nigel Fielding (1993), citado por Richardson (2009)

Transcrição das anotações obtidas na

recolha de dados

Procura de categorias e pautas

Destaque e selecção dos dados

Elaboração do esquema de análise – re-

sequenciar

Figura 4.2.1.1: Fases da análise de dados

Este autor, sugere vários outros modelos que podem ser consultados nesta obra.

ii) Modelo de Laville e Dionne (1999)

Figura 4.2.1.2: Fases da análise de dados

a) leitura: tem a ver com a familiarização com os dados. b) descrição: destina-se ao exame

profundo dos dados, uma vez feita uma descrição em detalhes do assunto. c) classificação:

está ligada à categorização e ao agrupamento dos dados por assuntos ou temas. d)

interpretação: que é a síntese dos dados, organizada em forma de conclusões gerais.

iii) Modelo de Emparelhamento

Diz-se que a análise é feita por emparelhamento, quando se associam os dados recolhidos a um

modelo teórico, com a finalidade de compará-los. Esta estratégia supõe a presença de uma teoria

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27

sobre a qual o estudante/investigador se vai apoiar. O estudante deve verificar se há realmente

correspondência entre essa construção teórica e a situação em observação, comparar seu modelo

lógico ao que aparece nos conteúdos do objetos de sua análise (Laville & Dionne, 1999).

Uma vez terminada esta fase, deve-se entrar para a fase do tratamento dos dados desta análise

(ver anexo 5).

b) Dos instrumentos quantitativos

Utilizam-se normalmente as ferramentas informáticas de Excell e SPSS (ver anexo 4).

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28

V ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO

Aqui vai a estrutura básica de qualquer trabalho científico que se quer seja completo e com rigor

metodológico. A estrutura da Monografia é igual ou melhor, semelhante a de qualquer outro

trabalho científico (tese e dissertação).

Contém em suma:

Os preliminares

o Capa

o Folha de rosto

o Dedicatória

o Agradecimentos

o Índice

Introdução

o Apresentação do tema

o Delimitação do assunto (Localização no espaço e no tempo)

o Apresentação e descrição do problema

o Justificação da escolha do tema

o Objectivos

o Definição dos termos (facultativo)

o Indicação da metodologia

Desenvolvimento

o Quadro teórico

o Construção de argumentos

o Apresentação, análise e interpretação dos dados

Conclusão

o Recapitulação das conclusões parciais

o Síntese do que se tratou no trabalho

o As conclusões a que se chegou

o Sugestões para futuros trabalhos

o Propostas

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Referenciais

o Referência Bibliográfica

o Bibliografia Geral

o Apêndices

o Anexos

o Glossário

o Ilustrações

o Tabelas

o Errata

Figura 5.1: Estrutura de um trabalho cinetífico

(cf. Wanda do Amaral, op.cit, pág. 20)

Todo o trabalho científico está organizado em três partes, antecedidas pelos preliminares e

precedidas pelos referenciais, que são: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão;

5.1.Preliminares ou Elementos Pré-textuais

São elementos que antecedem o texto. Trazem com informações que contribuem para a

identificação e utilização do trabalho.

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30

5.1.1.Capa

É um preliminar obrigatório; deve conter:

Nome da Instituição

Nome do curso

Título do trabalho

Nome do autor do trabalho

Local e data

5.1.2.Página (Folha) de rosto

É também obrigatória. É a repetição da capa com a descrição da natureza do trabalho e os

restantes dados, que constem ou não, na capa.

3cm – margem superior

3cm – margem esquerda

2cm – margem inferior

2cm – margem direita

Todos os elementos da capa devem ser

distribuídos de forma equidistante.

As margens devem manter-se as mesmas

desde a capa até ao final do trabalho.

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Cabem nela:

O nome da instituição,

O curso,

O título do trabalho; deve ser preciso e escrito em letras maiores do que as usadas para o

nome do autor. O subtítulo, se houver; deve ser graficamente separado do título por dois

pontos (se for explicativo) ou ponto e vírgula (quando se tratar de subtítulo

complementar),

O nome completo do autor do trabalho; em letras menores em relação às utilizadas para o

título,

O tipo de trabalho, se é trabalho se fim de curso, graduação, pós-graduação.etc.,

O nome do tutor ou director do trabalho,

Local e ano.

3cm – margem superior

3cm – margem esquerda

2cm – margem inferior

2cm – margem direita

Todos os elementos da capa devem

ser distribuídos de forma

equidistante.

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32

5.1.3.Dedicatória

É o espaço reservado para a dedicação, ou seja o oferecimento do trabalho a determinadas

pessoas; é um elemento opcional. Escreve-se uma frase ou um pensamento; deve-se ser bastante

conciso.

Também serve para se prestar uma homenagem à alguém. O texto deve vir impresso em itálico,

tamanho de letra 10, na parte inferior da folha, à direita e a folha é encabeçada pela palavra

"DEDICATÓRIA", centralizado, em letras maiúsculas, fonte 14, em negrito.

5.1.4.Agradecimentos

Se o estudante decidir utilizar este espaço, deve privilegiar somente aqueles que merecem

destaque por terem contribuído de forma directa ou não, na elaboração do trabalho. Deve-se

colocar a palavra ―AGRADECIMENTO‖, em letras maiúsculas, centralizada, tamanho 14, em

negrito.

Page 38: 2014 3 13 LCE Manual de Metodologia Científica LCE

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Escrevem-se nesta página o nome de pessoas ou instituições que directa ou indirectamente

contribuíram para a elaboração da pesquisa; devem ser mencionados de uma forma bastante

simples. Destaca-se sempre o orientador do trabalho. O texto é composto utilizando-se o tamanho

de letra 12.

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34

5.1.5.Índice/Sumário

Trabalhos longos devem ter no início, uma lista de tópicos e subtópicos do conteúdo – o índice; é

um preliminar obrigatório. Ele dá-nos uma visão global do que se estudou, pois mostra-nos as

principais divisões, ou secções do trabalho, na mesma ordem em que aparecem no seu

desenvolvimento. Deve conter exactamente os mesmos títulos, subtítulos que constam no

trabalho e as respectivas páginas em que aparecem. Colocam-se-lhes sempre os números de

classificação de forma progressiva.

5.2.Elementos Textuais

Basicamente são a introdução, o desenvolvimento e a conclusão

5.2.1.Introdução

Em síntese, na introdução, faz-se a

definição de conceitos ou termos

contextualização do assunto.

apresentação do tema

delimitação

justificativa da escolha do tema

indicação da finalidade ou o propósito do trabalho e sua importância

apresentação da metodologia a usar na investigação

Page 40: 2014 3 13 LCE Manual de Metodologia Científica LCE

35

Também se faz a apresentação dos tópicos principais, salientando-se a sequência que se vai

seguir na sua exposição, as ideias chave do desenvolvimento e o plano; tudo isto deve ser feito de

uma forma simples, clara e objectiva.

5.2.2.Desenvolvimento

É o corpo do trabalho; é a parte mais ampla do trabalho. É a exposição ordenada e pormenorizada

do assunto. Estão contidos nele as principais informações pesquisadas, as ideias que se quer

defender. É aconselhável subdividi-lo por partes, tópicos e subtópicos e numerá-los

correctamente.

Nele,

faz-se a fundamentação do trabalho e a exposição lógica e sistemática das ideias

principais. Estas ideias principais expostas têm que estar relacionadas umas com as

outras;

explica-se, isto é, torna-se claro o escuro, explícito o implícito, simples o complexo,

apresenta-se o sentido de um conceito, ideia ou doutrina;

discute-se, ou seja, faz-se a argumentação e explicação da pesquisa;

enunciam-se as proposições ou propostas;

demonstra-se; mostra que as propostas, para atingirem o objectivo formal do trabalho e

não se afastarem do tema, devem obedecer a uma sequência lógica e apresentar de forma

clara e convincente essa sequência;

faz-se a abordagem de teorias ou conceitos que fundamentam o trabalho;

faz-se a descrição dos métodos e procedimentos utilizados para colecta de dados, a

descrição da metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho, os procedimentos

adoptados nas etapas do trabalho no que se refere ao diagnóstico e/ou estudo de caso;

faz-se a apresentação e análise dos dados, assim como os resultados alcançados,

relacionando-os à revisão bibliográfica;

colocam-se as conclusões e/ou considerações finais, isto é, dados e resultados

encontrados.

Nesta parte, é interessante que se note o envolvimento do autor do trabalho, dando sua opinião,

criticando e defendendo suas posições. É errado tornar o desenvolvimento do trabalho numa

simples exposição narrativa de factos e ideias, pior se são de outros e não pessoais.

Page 41: 2014 3 13 LCE Manual de Metodologia Científica LCE

36

5.2.3.Conclusão

É a fase final do trabalho; faz-se um resumo completo e sintetizado da argumentação que foi

desenvolvida na parte anterior. Consta aqui a relação existente entre as diferentes partes da

argumentação, a união de ideias e a síntese de toda a reflexão; ou seja, diz-se em poucas palavras

o que se descobriu e suas implicações. Também se fazem as indicações e/ou recomendações.

É feita em forma de resumo das principais ideias que foram desenvolvidas ao longo do trabalho,

em que é que ele contribuiu para o desenvolvimento intelectual do autor do trabalho. Faz-se uma

análise crítica do trabalho, em que é que os autores foram úteis, os constrangimentos e limitações.

Nota: Está fora de hipótese a introdução de dados ou aspectos novos do trabalho, nesta parte do

trabalho (Veja-se no anexo 7 as normas para a redação de um texto).

5.2.4.Referências Bibliográficas

As referências bibliográficas, tal como a Bibliografia Geral, é um conjunto de elementos que

permitem a identificação de um texto ou partes de um texto; é utilizada como fonte de consulta e

citação nos trabalhos de pesquisa científica. Somente as fontes citadas no texto devem

obrigatoriamente constar das referências bibliográficas. As restantes cabem na bibliografia final

ou geral.

Bibliografia geral

É uma relação de todas as obras (livros, artigos, jornais…) consultadas e também citadas pelo

autor do trabalho. São fontes relacionadas com o trabalho e servem de suplemento às referências

bibliográficas; podem não ter sido citadas no trabalho.

deve-se separar a bibliografia dos livros, da dos artigos, jornais ou outro tipo de

publicação;

s relação dos nomes vem em ordem alfabética;

não numerar.

Nota: Se não se usou determinado livro ou artigo, mesmo que trate do assunto em estudo, não se

pode incluir na Bibliografia. De preferência, coloquem-se as Referências Bibliográficas no

trabalho.

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37

Apêndices

É todo o material elaborado pelo próprio autor do trabalho. São tabelas, mapas, gráficos,

desenhos, figuras ilustrativas, questionários, formulários, entrevistas, organigramas, ou qualquer

outro documento, desde que tenham sido elaborados pelo estudante, com o intuito de

complementar sua argumentação, sem prejudicar a compreensão do trabalho. Os apêndices

devem ser numerados, identificados e referenciados no texto. Se não estão referenciados no texto,

não devem ser colocados no trabalho.

Anexos

É todo o documento que serve de auxílio, mas, não elaborado pelo autor do trabalho; São

quadros, tabelas, legislação, regulamentos, estatutos, ilustrações...etc. Eles documentam,

esclarecem, provam e confirmam as ideias expressas no texto. Devem ser identificados com letras

maiúsculas, consecutivas, um hífen e pelos respectivos títulos; devem ser também numerados,

identificados e referenciados no texto. Se não estão referenciados no texto, não devem ser

colocados no trabalho.

Glossário

O glossário explicita por ordem alfabética, os termos específicos ou técnicos, pouco conhecidos

ou estrangeiros usados ou contidos no trabalho, no texto. É um elemento opcional e só se

emprega caso haja necessidade de relacionar (em ordem alfabética) as palavras de uso específico

(termos técnicos ou jargão da área), devidamente acompanhado de suas definições, de modo a

garantir a compreensão exacta da sua utilização no texto.

Ilustrações

É um elemento opcional que se destina a identificar os elementos gráficos, na ordem em que

aparecem no texto, indicando seu título e o número da página em que estão impressos.

Ilustrações tais como gráficos, fluxogramas, esquemas, desenhos, fotografias, gráficos, mapas,

plantas organigramas, fotografias, esquemas, tabelas, etc., podem ser inseridos no trabalho com

vista a facilitar a compreensão do conteúdo exposto no texto (Amaral,1999).

Elas, devem ser inseridas no texto, de preferência centralizadas e colocadas o mais próximo

possível do texto a que correspondem. Sua função é explicar, ou complementar visualmente o

Page 43: 2014 3 13 LCE Manual de Metodologia Científica LCE

38

texto. Se o estudante coleccionar muitas ilustrações e de tamanho considerado grande, ao invés

de inseri-las no texto, deve abrir um espaço para elas no final do trabalho, em anexo.

As ilustrações também devem ser devidamente identificadas, com um título claro, o objectivo e

devem também ser numeradas sequencialmente, com algarismos arábicos. Também se pode fazer

uma pequena legenda a explicar ou clarificar a ilustração em causa.

Exemplo:

Gráficos

O tempo de duração do estágio foi:

Muito Pouco; 5%

Pouco; 41%

Suficiente; 27%

Ideal; 27%

Gráfico 5.2.4.1: Tempo de duração do estágio

Tabelas

As tabelas são elementos que revelam a síntese de um determinado conteúdo; apresentam

também informações tratadas estatisticamente. Devem levar uma numeração consecutiva; o título

deverá ser colocado na parte superior, precedido da palavra Tabela e de seu número de ordem em

algarismos arábicos. As fontes e eventuais notas aparecem em seu rodapé. Tal como os outros

referenciais, devem ser inseridas o mais próximo possível do trecho a que correspondem.

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39

Tabela 5.2.4.1: Mudança de Paradigma

MUDANÇA NOS PARADIGMAS EDUCACIONAIS

MODELO

ANTIGO

NOVO MODELO IMPLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

Aula na sala de

aula

Exploração individual Redes de PC com acesso a informação

Absorvição passiva Aprendizagem Desenvolvimento de habilidades e

simulações

Trabalho individual Trabalho em grupo Benefício das ferramentas colaborativas e

correio electrónico

Professor

omnisciente

Professor como guia Apoiado no acesso a rede por especialistas

Contexto estável Contexto de mudanças

rápidas

Requer redes e ferramentas de edição

Homogeneidade Diversidade Requer acesso a várias ferramentas e

métodos

Fonte: (Rocha, 1998)

Figuras

Figura 5.2.4.1: O novo ambiente de aprendizagem com a integração das TIC's

Fonte: Boogert (2007)

Page 45: 2014 3 13 LCE Manual de Metodologia Científica LCE

40

Errata

É a lista dos erros que possam ter sido cometidos no trabalho, com as devidas correcções e

indicação das páginas, e se possível até das linhas em que aparecem os erros. Habitualmente vai

logo a segui à página de rosto; deve-se colocar sempre o cabeçalho, errata.

Ex:

PÁGINA LINHA ONDE SE LÊ DEVE-SE LER OU LEIA-SE

48 25 Fcatos Factos

53 2 Publicação Apresentação

Page 46: 2014 3 13 LCE Manual de Metodologia Científica LCE

41

VI ASPECTOS GRÁFICOS E MATERIAIS DA REDACÇÃO

Aqui serão apresentados os aspectos gráficos e materiais de escrita académica.

6.1.Citações

As citações são elementos extraídos de uma determinada obra; elas devem ser breves e

incorporadas na estrutura de uma frase. Devem sempre ser reconhecidas numa nota de referência.

6.2.Citações com Recurso ao Modelo APA

APA, vem de American Psychological Association. É um modelo de citação que utiliza o sistema

Nome – Data (Nome do autor (apelido) e data de publicação do livro). O Sistema de Referência

Nome – Data é sempre usado dentro do texto e não em nota de rodapé; os restantes pormenores

serão mencionados nas referências bibliográficas ou bibliografia final. Este tipo de documentação

é vantajoso pois evita repetições, evita o uso de siglas e um elevado número de notas de rodapé.

Neste modelo, as citações também podem ser em:

Transcrição literal - citação formal

Síntese de ideias - citação conceptual

Paráfrase - citação mista

a) A citação formal é a repetição textualizada das palavras de um autor, com todas as suas

características materiais e formais; é a transcrição fiel, a cópia literal, ou a reprodução

exacta das palavras que o autor escreveu. Estas palavras, ou frases, devem escrever-se

entre aspas (― ―).

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42

Quando se quer transcrever literalmente uma frase que no texto já aparece como citação,

colocam-se aspas simples; o ideal é evitar-se este tipo de situações. Sempre que fpr necessário,

deve-se recorrer à fonte primária.

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43

Quando as frases a citar literalmente são longas, com mais de três linhas, ficam separadas do

texto do trabalho, colocadas num novo parágrafo, a 5 espaços da margem esquerda, com a letra

menor que a utilizada no texto (tamanho 10) e sem aspas.

b) A citação conceptual é a reprodução fiel das ideias de um autor, sem a transcrição dos

termos por ele usados; reproduz-se o texto do autor, sem alterar e nem distorcer as ideias

originais. Digo nas minhas próprias palavras, as ideias desenvolvidas por um outro autor;

é a paráfrase ou, a síntese das ideias do autor.

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44

C) A citação mista, é o resumo ou paráfrase, em que se inserem alguns termos ou

expressões textuais.

Pode-se citar:

Livros, Jornais, Revistas, Internet, C.D. Rom, Banca de dados…etc.

Fontes orais, lições, palestras, entrevistas, conversas, conferências de imprensa, vídeo-

conferências, Rádio e T.V. Em todos os casos, é obrigatório identificar-se a fonte.

Notas importantes:

Quando a transcrição é em síntese e não literal, escreve-se normalmente no texto, mas não

se deve fugir do sentido original da frase; assinale-se sempre a fonte. Neste tipo de

citação, não se usam aspas mas, deve-se igualmente escrever a fonte de citação, que deve

ser precedida pela sigla cf. ou cfr.

Se se quiser omitir algumas palavras nessa citação, coloque-se reticências, entre

parênteses (...)

Quando, na palavra ou frase citada, houver algum erro do próprio autor, não se corrige;

mas, depois dessa palavra ou frase, em que estiver o erro, escreve-se o termo [sic], que

significa “assim estava escrito no original”

Ao citar-se, literalmente, uma frase ou um parágrafo de um texto, corre-se o risco de

perder-se-lhe o sentido. Para esclarecê-lo, convém pôr, entre parêntesis recto ou colchetes,

o que o pode esclarecer. Ex: ―Essa hipótese [estratégica] surge, graças a …‖

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45

Se o trecho a citar já tem aspas, ou seja, já é uma citação, estas aspas transformam-se em

apóstrofos (‗) Ex: ‗….é mais fácil obter informações sobre temas diversos em um só

questionários, que aplicar vários questionários que abordam temas específicos‘

(Castro,1978, p.12 citado por Richardson, 2009, p.90). Nas palavras sublinhadas também

se pode usar a sigla apud, que quer dizer, citado por.

Se o livro, de que se extrai a citação, estiver escrito numa língua estrangeira, traduz-se,

porque o trabalho só pode estar escrito numa só língua, ou então, transcreva-se o

parágrafo e coloque-se a tradução em rodapé.

Para citar a Bíblia Sagrada

Normalmente coloca-se no texto, como se faz com as referências das obras. Coloca-se entre

parênteses o nome do livro ou sua sigla, o capítulo e finalmente os versículos.

Ex: (Gêneses 2:14) ou (Gên. 2:14)

Evite-se o uso excessivo de notas, a não ser que se trate de um trabalho de exegese. Também, o

contrário, isto é, muito poucas notas, constituem uma escassez que tira ao trabalho a sua

credibilidade ou valor científico.

Orientações de uso:

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Outras excepções

Se acontecer que o mesmo autor tenha produzido duas obras no mesmo ano, e esteja a

usar ambas, coloque uma letra ao pé da data de edição de cada livro; Ex: (Serafini,

1999a); (Serafini, 1999b).

Se quiser mencionar vários autores juntos, coloque-os em ordem alfabética; Ex: (Filho,

1981; Lundberg, 1949; Merton, 1970; Pereira,1981).

Se acontecer que esteja a citar uma fonte secundária, coloque os dados da fonte que está a

citar, e não do original; Ex: Rowntree (1998:243), faz referência a Pardinas (1978)…..;

ou, Pardinas (1978) citado por Rowntree (1998:243), afirma que……

Se está a fazer referência a uma obra traduzida, use a data da tradução, seguida por

―Original….‖ (coloque a língua original) e a data; Ex: (Rowntree, 1993; orig. Inglês,

1998).

Se houver coincidência de apelidos no arrolamento das obras, usam-se as iniciais de cada

nome; ex: (Serafini, A.S.,1999; Serafini J. K., 2000).

6.3.Notas de Rodapé

Geralmente, as notas de rodapé servem para:

Expor um pensamento, uma ideia ou uma doutrina;

Sustentar uma ideia ou pensamento com base na autoridade de outros;

Indicar ou apresentar a fonte de onde retiramos citações, avaliações ou conclusões,

respeitando o legítimo direito de propriedade que o autor da obra tem;

Definir alguns conceitos e termos que possam ser usados no texto;

Dar referência a outra obra pertinente;

Inserir algumas explicações pessoais, que o autor achar pertinentes;

Mostrar a referência de onde se retirou uma determinada citação.

Nas notas de rodapé também se podem colocar notas de reenvio; como o próprio nome já diz, são

notas que reenviam o leitor a consultar outra obra, ou outras partes da mesma obra, ou ainda a

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49

consultar outro leitor, caso esteja interessado em aprofundar o pensamento lido; geralmente

usam-se as abreviaturas cf. ou cfr.

Exemplo:

cf. Serafini, (1994). Como se faz um Trabalho Escolar; da escolha de um tema à composição

do texto. Lisboa: Editorial Presença, Lda, p. 30.

Ou

cf. também o 3º capítulo desta mesma obra.

Também se pode colocar as notas de clarificação; as notas de clarificação são aquelas em que se

clarifica ou esclarece o sentido de uma palavra ou expressão; o espaço também se reserva à

interpretação de frases citadas no texto na língua original, ou se colocam pensamentos e reflexões

pessoais, que possam contribuir para uma melhor compreensão do texto.

Exemplo:

Empirismo: Conjunto de conhecimentos colhidos apenas da prática. Isto é: conhecimento

humano derivado, directa ou indirectamente, da experiência.

6.4.Referências Bibliográficas e Bibliografia Geral

Importa esclarecer em primeira instância a diferença entre os dois conceitos; Referências

Bibliográficas, é a relação de todos os textos (Livros e outros) citados no trabalho; Bibliografia

Geral, é a relação de todos os textos (Livros e outros) citados e consultados na elaboração do

trabalho.

A Bibliografia geral e referencial organiza-se da seguinte maneira:

os nomes dos autores devem vir em ordem alfabética, a partir do apelido;

quando aparecerem diferentes obras do mesmo autor, segue-se a ordem alfabética dos

respectivos títulos. Isto, depois de se colocar a obra que estiver directamente relacionada

com o assunto.

em obras traduzidas, colocam-se em primeiro plano (as referências relativas ao título

original); a seguir é que vêm então, as que se referem à obra traduzida;

na Bibliografia não se colocam páginas. A não ser que se trate de artigos, ou da citação de

partes específicas de uma obra.

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50

Os dados dos livros devem ser organizados da seguinte maneira:

Nota importante: As normas são idênticas as utilizadas nas citações, para um autor, para até 3

autores e para até 5 autores; quando o autor é uma corporação…etc; deve-se seguir as mesmas

orientações dadas nas citações.

Com um autor

Barker, A. (1996). Como Preparar um Relatório. Mem Martins: Lyon Multimédia, Edições

Lda.

Até três autores - Deve-se colocar os nomes de todos eles.

Danna, M. F.; Matos, M. A.; Fernandes, T. (2006). Ensinando observação. São Paulo: Editora

IDICON.

De três a cinco autores - Deve-se colocar os nomes de todos eles.

Danna, M. F.; Matos, M. A.; Fernandes, T.; Lima, A.; Olíveira, F. S.; Oliveira, A.S. (1986).

Ensinando observação. São Paulo: Editora IDICON.

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51

Seis ou mais autores - Deve-se colocar o autor principal, geralmente o primeiro e a sigla ―et al”

Oliveira, A. S. et al. (1985). Introdução ao pensamento filosófico, 3ª. ed. São Paulo: Loyola

Livros sem o nome do autor - O título move-se para a posição de autor.

Exemplo:

O pensamento vivo de Nietzsche (1991). São Paulo: Editora Martin Claret.

Quando o autor é uma Corporação - ou seja, quando se trata de entidades colectivas:

Universidade Eduardo Mondlane. (1984). Programa de Pós-Graduação em Educação

Avaliação educacional: necessidades e tendências. Maputo: Imprensa universitária.

Revistas ou artigos periódicos

Marin, D. (2002). Sociedade tradicional e industrial. Ciências Políticas e Sociais. Vol.1, nº1, 2º

Semestre, pp. 12-17.

Artigos de Jornal

Fernandes, F. (2013, Agosto, 29). População pode passar a fiscalizar obras públicas. Notícias,

p.1.

Conferências

Nome do autor, ano, título, nome da conferência, lugar da conferência (também se podem

colocar, se a conferência tiver sido pulbicada, o local de publicação, editora, data, número de

páginas ou volumes).

Manguele, A. (2013, Agosto, 5-8). O Cancro da mama, do colo do útero e da próstata. Artigo

apresentado na Conferência Internacional das Primairas damas de África, Maputo,

Moçambique.

Page 57: 2014 3 13 LCE Manual de Metodologia Científica LCE

52

Internet

Barker, A. (2007). Como Preparar um Relatório, Disponível em 23 de Dezembro de 2007 em

http://www.uem.mz.

Documentos Canónicos

Quando se cita um documento do Romano Pontífice, deve-se indicar os elementos invariáveis da

citação interna e depois os da citação externa.

Exemplo:

Citação Interna

Escreve-se o nome do autor do Documento, em Maiúsculas

A natureza ou o tipo de Documento (Ecíclica – Enc.; Exortação – Exort.; Constituição

Dogmática – Const. Dog.; Alocução - Aloc., Etc).

O Título, isto é, o Incipit, as duas ou três primeiras palavras do Documento (Ex: Enc.

Humanae Vitae)

A Data do Documento

Vaticano II, Const. Dog. A IGREJA. A Luz dos Povos, 1964

Citação Externa

Colocam-se todos os elementos do livro ou revista oficial donde se retirou a citação.

Colocam-se a seguir o número, o ano e as páginas.

In AAS 72 (1980), p.1177-1232 (EV 7 (857-956), p. 780-883). (Trad. Port.).

Também se pode juntar as duas referências, a externa e a interna.

JOÃO PAULO II, Encíclica Dives in misericórdia, 30-11-80; AAS 72 (1980), p.1177-1232

(EV 7 (857-956), p. 780-883). (Trad. Port.).

Documentos Civis

Os documentos civis mais conhecidos e citados são, as Leis, os Decretos – Leis, Diplomas,

Pactos, Constituições, Convenções,.. etc.

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53

Este tipo de documento, identificam-se da seguinte maneira:

Coloca-se a autoridade que emana o documento

o conteúdo do documento.

No que concerne à citação de documentos de autoridade legislativa, executiva, judiciária,

indicam-se os seguintes elementos:

nome da autoridade

tipo de documento

o título – nos documentos Papais ou Reais, colocam-se as primeiras duas ou três palavras

do documento, o incipit; nos documentos não papais ou reais, o tipo de documento, serve

de título

Data da emissão do documento (ano, mês, dia, lugar)

O livro ou revista oficial em que foi promulgado

As páginas, a do princípio e a do fim do documento.1

Presidente da República, Lei – automóveis (Condução automóvel sob efeitos do álcool). Lei

nº 3/82, de 29/3 – in Boletim da República, pág. 4-7.

Dicionário

Educação. In: Ferreira, A. B. H. (1988). Minidicionário da língua portuguesa. 2ª ed. Rio de

Janeiro: Nova Fronteira. p. 185.

Enciclopédia

Divórcio. In: Enciclopédia Saraiva de Direito. São Paulo: Saraiva, 1977. v. 29, p. 107-162.

Imagem em movimento (filmes, videocassetes, DVD etc.):

Os elementos essenciais são: título, director, produtor, local, produtora, data.

Exemplo: OS PERIGOS do uso de tóxicos. Produção de Jorge Ramos de Andrade. Coordenação

de Maria Izabel Azevedo. São Paulo: CERAVI, 1983. 1 videocassete (30 min), VHS, son., color.

1 Frei Guilherme Gonçalves, Professor de Direito Direito Civil – ISMMA

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54

C.D. Rom - Mídia Eletrónica

Burgierman, Denis Russo. O outro lado do Nobel. Super Interessante. n. 171, p. 51-55, São

Paulo: Abril, dez. 2001. Disco 6, 1 CD-ROM.

Nota: Em relação a um C.D. Rom, também se pode proceder do mesmo modo que a de um livro

classificado.

Dissertação / Tese

Medda, M. C. G. (2000). Análise das representações sociais de professores e alunos sobre a

avaliação na escola. um caminho construído coletivamente. Dissertação de Mestrado em

Psicologia, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique.

Documentos Iconográficos

Normalmente são considerados documentos iconográficos, a pintura, gravura, ilustração,

fotografia, desenho técnico, dispositivo, material estereográfico, transparência, cartaz e outros.

Coloca-se o nome do autor, o título, a data e especificação do suporte. Podem-se, quando

necessário, acrescentar-se elementos complementares para melhor identificar o documento.

Kobayachi, K. Doença dos xavantes. 1980. 1 fotografia.

6.5.Generalidades

a) Espaço entre as linhas: 1,5;

b) Papel: deve ser escrito em papel branco de formato A4;

c) Digitação: O trabalho deve ser digitado na cor preta, utilizando-se da fonte Arial ou Times

New Roman, justificados e com a indicação de parágrafo. Recomenda-se para digitação, a

utilização de fonte tamanho 12 para o texto e 10 para citações longas e notas de rodapé;

d) Número de páginas: Monografias ou Trabalhos de Fim de Curso, 40 páginas no máximo.

Nota: Importa realçar que os tipos de trabalho científico aqui mencionados, excepto a

Monografia Científica, não devem conter capítulos, somente tópicos.

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55

Os tópicos do primeiro grau devem aparecer sempre em maiúsculas; os do segundo grau, em

minúsculas e em negrito; os do terceiro grau, em minúsculas e em itálico.

Exemplo:

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................

I. REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................................

1.1. Conceito de Revisão da Literatura .........................................................................................

1.2. Objectivos da Revisão da Literatura .......................................................................................

1.3. Tipos de Revisão da Literatura ...............................................................................................

1.3.1. Revisão Teórica ...........................................................................................................

1.3.2. Revisão Empírica .........................................................................................................

1.3.3. Revisão Histórica ........................................................................................................

1.4.Procedimentos para a Revisão da Literatura ...........................................................................

II. QUADRO TEÓRICO ...................................................................................................................

2.1. Conceito de Quadro Teórico...................................................................................................

2.2. Objectivos do Quadro Teórico ...............................................................................................

III. QUADRO CONCEPTUAL OU ESTRUTURA CONCEPTUAL ..............................................

3.1. Técnicas de Construção de Quadros Conceptuais ..................................................................

3.2. Exemplo de Mapas conceptuais .............................................................................................

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................................

Notas: Cada página é numerada progressivamente, com algarismos arábicos, em ordem, de

preferência no canto inferior direito da folha. Também se pode colocar na parte superior, à direita

ou à esquerda, ou no meio. Todas as folhas do trabalho, a partir da folha de rosto, devem ser

contadas sequencialmente, mas não numeradas. A numeração é feita a partir da primeira página

do texto.

As páginas preliminares em monografias, devem ser numeradas em algarismos romanos.

Os apêndices e anexos devem ter suas folhas numeradas de maneira contínua, seguindo a

paginação do texto principal.

e) Quando à Pessoa Gramatical, um trabalho de pesquisa científica deve ter um carácter

impessoal. Deve-se evitar o uso da primeira pessoa do singular: ―O meu trabalho, a tese que

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56

quero defender‖...etc.; em lugar deste tipo de expressões, use-se ―este estudo‖, ―o presente

trabalho‖...etc. Muitas vezes, usa-se a primeira pessoa do plural, em lugar do modo impessoal, ou

para se ser mais discreto; não é totalmente errado, mas desaconselha-se o seu uso (cf. Cervo, A.

L. e Bervian, P.A. 1996); o mais correcto é o impessoal.

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57

VII O PLÁGIO E A FRAUDE

Plagiar é citar ou transcrever uma obra sem referir a fonte. É transcrever trechos, ou parágrafos

da obra de outrem, sem indicar, entre aspas, a referência. O plágio é uma fraude, uma ofensa; é

uma tentativa de obter honra à custa do trabalho do outro.

juntar uma série de citações sem referir ou identificar as fontes de cada citação, é plágio;

transcrever quase palavra por palavra, a obra de outrem, sem indicar a referência, é

plágio;

colocar as aspas, mas não citar a fonte, continua a ser plágio. Porque nem sempre as aspas

significam que a frase é uma citação.

O plágio, por vezes, pode não ser premeditado, mas a fraude, essa é premeditada.

Fraude, é a apresentação de um trabalho, que não foi feito pelo estudante, como se fosse

realmente seu.

Exemplos de fraude:

fazer exame pelo outro

copiar o trabalho de outro, e apresentá-lo como seu

Page 63: 2014 3 13 LCE Manual de Metodologia Científica LCE

58

BIBLIOGRAFIA GERAL

Amaral, W. (1999). Guia para apresentação de Teses, Dissertações, Trabalhos de Graduação. 2ª

edição. Maputo: Livraria Universitária (UEM).

Bell, J. (1997). Como realizar um projecto de investigação. Lisboa: Editora Gradiva.

Cervo, A L; Bervian, P.A. (1996). Metodologia Científica. 4ª edição. S.Paulo: Mackron Books.

Cohen L.; Manion L. & Morrison K. (2000). Research Methods in Education. 5th

edition. New

York: Routledgefalmer.

Coughlin, P.; Langa, J. (1998). Claro e directo: Como escrever um ensaio. Maputo: Diname, 1998.

Eco, U. (1991). Como se faz uma tese em ciências humanas; Lisboa: Editorial Presença.

Koche, J. C. (2001). Fundamentos de Metodologia Científica. 19ª edição.Petrópolis: Ed. Vozes.

Lakatos, E. M.; Marconi, M. de A. (1991). Metodologia Científica; 2º edição. S.Paulo: editora

Atlas.

Langa, J. (Como escrever claro e correcto. Maputo: Diname.

Laville, C.; Dionne, J. (1999). A construção do saber: Manual de metodologia da pesquisa em

ciências humanas. Porto Alegre: Editora Artmed.

Marconi, M. A.; Lakatos, E. M. (1999). Metodologia do Trabalho Científica. S.Paulo: Editora

Atlas.

Marconi, M. A.; Lakatos, E. M. (2000). Metodologia Científica. 3ª edição. S.Paulo: Editora

Atlas.

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Omeara, P. et al; Como estudar melhor. Editora Presença.

Serafini, M. T. (1994). Como se faz um trabalho escola; Lisboa: Editorial Presença.

Sussams, J. E. (1987). Como fazer um Relatório. Editorial Presença.

Richardson, R. J. (2009). Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. 3ª Edição. S. Paulo: Editora

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Thopson, A. (1991). Manual de Orientação para o Preparo de Monografia. S.Paulo: Forense

Universitária (F.U).

LINKOGRAFIA

Bento, M. M. S. (2006). A validade e a fidelidade nas investigações de carácter cientifico.

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