1. estrutura e teologia da sacrosanctum concilium
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Estrutura e teologia da Sacrosanctum Concilium -
elementos para sua compreensão e estudo
- apontamentos para reflexão com os participantes da I Semana de Liturgia
de CajazeirasPe. Marcelino Sivinski
Sacrosanctum Concilium: estrutura e teologia
• A SC não são só palavras, ideias, resumo de uma parte do Vaticano II, síntese das reflexões dos bispos ou simples orientações para a liturgia
• Fala de quem é o nosso Deus e do que nós somos chamados a ser a viver com Ele
• A SC descreve e medita sobre a estrutura teológica do nosso relacionamento, encontro, amizade e comunhão com Deus, expresso, vivido e celebrado na ação íntima e sagrada que é a SANTA LITURGIA.
A SC é tesouro da nossa fé
• Fala do Deus em quem acreditamos, revelado e mostrado na pessoa humana e amiga do seu Filho, enviada ao mundo para ser nosso irmão solidário (pão da vida) que reparte e ensina a partilhar o pão que dá e gera vida.
• As páginas da SC falam da nossa identidade como pessoas da família de Jesus.
• O texto registra aquilo que somos e queremos ser em Deus e com Deus na história.
A SC é um código ou “segredo”
• Não é um texto de simples leitura e estudo, mas alegria, meditação, recordação, memória, oração, revigoramento e inspiração,
• Não pode ser tratado de qualquer jeito e em qualquer ambiente pois fala dos “nossos santos segredos com Deus”
• Merece ser guardado com respeito e mostrado como nosso DNA cristão, nossa carteira de identidade.
A SC diz que a Igreja tem uma “LITURGIA”
• Não é a liturgia da Igreja mas descreve um pouco essa liturgia e fala do que ela significa para Deus, para a Igreja, para nós e para a humanidade.
• TOCAR na SC ou falar da SC é refletir ou mexer com aquilo que conta, que é decisivo, que dá sentido para a vida e para o amor.
• Na verdade, falar da SC é falar de nós mesmos, é deliciar-se com aquilo que constitui o ser e o existir da Igreja, a família de Jesus ou a casa de Jesus.
• 50 ANOS DA SACROSANCTUM CONCILIUM
• Um jubileu. 50 anos de caminhada.• Muitas coisas a serem avaliadas.• No coração da Igreja: Hino de ação de graças• Tempo de retomada e aprofundamento• Volta às fontes. Onde estão as fontes?• Como chegar-se a elas?• E pergunta permanece: o que é LITURGIA? Como se faz liturgia?
O que buscamos:
• Que visão de liturgia nos apresenta a SC?• O que se celebra na santa liturgia?• Quem celebra a liturgia?• O que de novo e transformador traz para a Igreja
e para a humanidade a celebração litúrgica?• Fazer uma avaliação entre a liturgia sonhada e
querida pelos padres do Vaticano II e a liturgia que temos hoje ou a liturgia que celebramos nas comunidades.
Sabemos que desde o início do século XXalimentava-se na Igreja o visível desejo de reforma (renovação teológica, espiritual e pastoral) no campo da Liturgia. Ela estava sofrendo o danoso fixismo erubricismo de quatro séculos tridentinos, somados à forte influência das tendências do IIº milênio, com seus acentuados
“deslocamentos de eixo”.
O Concílio de Trento• No dia 4 de dezembro de 1563, encerrava-se o
XIX Concílio Ecumênico. Marcou a liturgia da Igreja nos ritos e nas devoções populares, tendo no seu contexto o movimento e a reforma protestante.
• Após, por ordem do papa, foram elaborados o novo Breviário Romano (1568), o Missal Romano (1570) e o Pontifical Romano (1588) que estruturaram e unificaram a liturgia da Igreja.
Dom Boaventura Kloppenburg:
• Tal unificação significou de fato uniformização rigorosamente prescrita, gravemente imposta e zelosamente vigiada, até nas mínimas particularidades das cerimônias mais insignificantes.
• Isso criou uma maneira de ver e entender a liturgia. Criou-se uma mentalidade. Ou talvez uma cultura litúrgica na Igreja Católica.
(in REB, fasc. 251, julho 2003, Vozes, Petrópolis, p. 582-83).
Por que Kloppenburg diz isso:
• O campo em que se sentia mais a necessidade da renovação era o da liturgia. A liturgia tinha sido considerada nos últimos séculos como conjunto de cerimônias e ritos, que se compreendiam até nos menores detalhes como leis imutáveis e universais para toda a Igreja.
• Este conceito de liturgia tinha sido questionado desde o início do século 20 pelo movimento litúrgico.
• Seus promotores chegaram a uma compreensão teológica e não mais rubricista e juridiscista da liturgia, que Pio XII sancionou em sua encíclica “Mediator Dei” sobre a liturgia.
Pio XII na Mediator Dei diz:
... “da verdadeira e genuína noção da sagrada liturgia se afastam totalmente aqueles que a entendem como a parte externa e sensível do culto divino, e não se afastam menos aqueles que a consideram como a soma de leis e prescrições, dos quais a hierarquia manda estabelecer e ordenar os sacros ritos... a liturgia não é algo meramente externo ou uma decoração estética, nem uma mera coleção de rubricas”.
Definição de Liturgia de Pio XII
“O culto público que o nosso Redentor, cabeça da Igreja,presta ao Pai celeste, e que a comunidade dos fiéis presta ao seu fundador e através dele ao Pai”.
Há uma evolução na compreensão e na participação
• O último meio século trouxe mudanças nas relações entre o ministro e a assembleia.
• Essa mudança influenciou a compreensão das relações entre o sagrado e o profano e mesmo entre Igreja e o mundo. Antes da reforma, a distância entre o ministro e o povo era claramente marcada.
O Vaticano II, o Concílio inesperado
• Quando, em 25 de janeiro de 1959, três meses após sua eleição, o “bom Papa” João XXIII anunciou, na Basílica de São Paulo fora dos muros, que iria convocar um “Concílio geral para a Igreja universal”, a surpresa foi absoluta.
• O papa, usando de seu poder, não havia falado sobre isso com ninguém, ou com quase ninguém...
Papa João XXIII
Papa ousou...
• Ninguém lhe impôs essa ideia. • A essa altura dos acontecimentos, o Papa
Roncalli se contentou em evocar apenas objetivos gerais:
• a renovação interior da Igreja, • a intensificação de seu testemunho no mundo• e sua vontade de diálogo com as outras
confissões cristãs.
E no dia 11 de outubro de 1962
• Gente de todo o mundo acorreu à Basílica de São Pedro. Data histórica e memorável.
• Nunca a Igreja católica tinha tantos bispos e nunca tinham sido vistos juntos: 2.251, vindos de 136 países. Certamente, os europeus eram a maioria (835, dos quais 385 eram italianos e 122 franceses).
João XXIII Convocou o Concílio Vaticano II
No dia 11 de outubro: América presente
• Mas a América Latina veio com força (517, dos quais 171 brasileiros), seguida pela América do Norte (273, 196 dos quais eram dos Estados Unidos),
• pela Ásia (290), pela África (273) e pela Oceania (63).
Um Pentecostes• “Esses bispos de todas as raças, de todas
as cores que acorrem para Roma anunciam que os tempos da conquista e da dominação acabaram e que nós nos tornamos irmãos em todos os lugares onde nos encontramos”.
• Esse pentecostes embasa o Concílio, resgata a cidadania dos cristãos na Igreja e dita as palavras da SC
Concílio e os “sinais dos tempos”
Mas, sobretudo – e essa é uma grande inovação em relação ao Concílio anterior, o Vaticano I –, 17 Igrejas cristãs não católicas marcam presença na Basílica São Pedro nesse 11 de outubro, como observadores – algo inédito e bem vindo. A última sessão, em 1965, reunirá 29 Igrejas. De fato “no primeiro dia os bispos eram todos estranhos uns para os outros”.
• O Concílio introduziu uma linguagem nova. Termos como carisma, diálogo, colaboração, amizade etc. revelam um estilo diferente nas relações humanas e de poder e exigem mudança no pensamento, na palavra, nas atitudes e nos comportamentos. O Vaticano II, antes de tudo, propôs um modelo novo de relações dentro da Igreja.
• Um jeito de ser Igreja e construir o Reino
CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II: A CONSTITUIÇÃO SACROSANCTUM CONCILIUM
CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II: A CONSTITUIÇÃO SACROSANCTUM CONCILIUM
O ESPIRITO DOS TRABALHOS
• O trabalho inicial durou 4 meses e passou por três revisões integrais. Tudo num clima de grande liberdade, revestido de alegria na força da esperança cristã
O TRABALHO EM EQUIPE
• Talvez não se tenha avaliado o suficiente que o trabalho da construção da SC se deu num mutirão, com a colaboração de muita gente, numa ação em equipe e com a equipe.
Uma primeira síntese ou aproximação de Ideias
• Para ajudar aos que não estão muito acostumados a manusear a Constituição sobre a Sagrada Liturgia, apresento em gráficos uma visão global visando uma leitura teológica.
• Aliás é o que se me pede nessa reflexão.
SUMÁRIO
01......04 Proêmio
05......46 Capítulo I – Os princípios gerais da reforma e do Incremento da Liturgia47.......58 Capítulo II – O Sacrossanto Mistério da Eucaristia59.......82 Capítulo III – Os demais sacramentos e sacramentais83.....101 Capítulo IV – O Ofício Divino102...111 Capítulo V – O Ano Litúrgico112...121 Capítulo VI – A Música Litúrgica122...130 Capítulo VII – A Arte Sacra e as Sagradas Alfaias
Apêndice
IntroduçãoCom a Constituição sobre a Sagrada Liturgia (SC), o Concílio Vaticano II quis responder à necessidade da reforma da Liturgia romana. Consciente de que não poderia realizar tudo que tal reforma iria exigir, apenas orientou para ela e estabeleceu princípios gerais no primeiro capítulo; nos demais seguem orientações para as diferentes celebrações e dimensões da liturgia.
Estabeleceu: Que Liturgia queremos? Depois de definida a natureza da liturgia, indicou o seu lugar no conjunto da vida da Igreja e dos fiéis. Concluiu que todos os batizados têm direito e o dever de participar ativa, consciente e plenamente das ações litúrgicas; mas isso não seria possível sem formação litúrgica dos leigos e do clero.
O Concílio visava não apenas uma reforma externa dos ritos litúrgicos, mas uma nova compreensão da Liturgia, uma nova mentalidade litúrgica, uma renovação também interna, espiritual da celebração e da Igreja.Logo uma nova compreensão, uma nova teologia e uma redefinição dos sujeitos da ação litúrgica.
Proêmio
O Sacrossanto Concílio propõe:
Fomentar sempre mais a vida cristã
entre fieis
Acomodar melhor as necessidades de
nossa época as instituições que são
suscetíveis de mudanças.
Favorecer tudo o que possa contribuir
para a união dos que creem em
Cristo
Promover tudo o que conduza ao
chamado de todos ao seio da Igreja
Por isto: Julga ser o seu dever cuidar de modo
especial da reforma e do incremento da liturgia.
Nº 01
Nº 02 – Torna explícitas as motivações expressas no nº 01. Vejamos a versão da edição popular
Nº 03 – Há certos princípios e normas que podem e devem aplicar-se tanto ao rito romano quanto a todos os demais ritos. As normas práticas aqui mencionadas devem ser entendidas somente como referência ao rito romano, a não ser que se trate de assuntos que por sua própria natureza afetam, também, os outros ritos.
Nº 04 – A Santa Mãe Igreja considera todos os ritos legitimamente reconhecidos com igual direito e honra, os quer defender e favorecer, desejando que, onde for necessário, sejam cuidadosa e integralmente revistos, conforme o espírito da sã doutrina e se lhes dê novo vigor em vista das atuais condições e necessidades.
Capítulo I
Os princípios gerais da reforma e do incremento da liturgia
1ª Parte: nº 05 a 13
5. A obra da salvação realizada por Cristo
7. A presença de Cristo na liturgia
6. É continuada pela Igreja e se realiza na
liturgia
8. Dimensão escatológica da liturgia terrena
9. Presença da liturgia nas
atividades da Igreja
10 e 11. Liturgia, cume e fonte da
vida da Igreja
12 e 13. Validez de outros exercícios piedosos
Natureza da Liturgia
Importância da Liturgia na vida da Igreja
Capítulo I
Necessidade de promover a educação litúrgica e a ativa participação
2ª Parte: nº 14 a 20
Necessidade de promover a educação litúrgica e a participação ativa
14. Objetivo da reforma e incremento da Sagrada liturgia:
Participação plena, consciente e ativa de todo o povo nas celebrações litúrgicas
15. Formação de Mestres em
Sagrada liturgia
16 a 18. Formação
litúrgica do clero
19 e 20. Formação dos fieis. Discrição
e decoro no uso do rádio e
da TV
Capítulo I
Reforma da Sagrada Liturgia
3ª Parte: nº 21 a 40
A) Normas Gerais
Reforma da Sagrada Liturgia
23. Conserve-se a Tradição e admite-se o legítimo progresso
22. Cabe a hierarquia regulamentar a Sagrada Liturgia
24. Necessidade de promover o amor pela Sagrada Liturgia
21. Preâmbulo, objetivos, critérios.
SC versão popular p.34
25. Urgência na revisão dos livros da Liturgia
B) Normas tiradas da índole da liturgia
como ação hierárquica e comunitária
27. Preferência da celebração comunitária
26. As ações litúrgicas são celebrações da Igreja, povo santo, unido e organizado mas
diversificado em suas funções.
28 Caráter sinfônico das celebrações (cada qual só faz aquilo que lhe compete.
29. Ministérios litúrgicos cuja função exige piedade e ordem da parte de auxiliares
bem instruídos.
30 e 31. Promover a participação ativa dos fieis, de antemão preparada.
32. Na liturgia não haja nenhuma acepção de pessoas ou classes sociais.
C) Normas litúrgicas da
índole didática e pastoral
33. ...........Preâmbulo – ver edição popular
34. Os ritos devem ser simples, breves e claros
35. Abundantes, variadas e apropriadas leituras bíblicas. Importância da homilia e da catequese mais diretamente litúrgica.
Incentivar a celebração sagrada da Palavra de Deus
36. Autorizado o uso de línguas vernáculas
D) Normas para conseguir a adaptação à
mentalidade e tradições do
povo
37. Cultivo e desenvolvimento dos valores e dotes de espírito das várias nações e povos,
quando não contrários a fé.
38 e 39. Admite-se adaptação às necessidades dos lugares desde que não
firam a unidade substancial do rito romano, com autorização da competente autoridade
territorial eclesiástica.
40. Quanto à urgência de adaptações mais profundas, cabe à autoridade territorial eclesiástica permitir, sob controle da Sé
Apostólica e contando com homens peritos na matéria em questão.
Capítulo I
O incremento da vida litúrgica na diocese e na paróquia
4ª Parte: nº 41 e 42
Incremento da vida litúrgica
Na Diocese Na Paróquia
41. Todos, particularmente na Catedral, deem importância à vida litúrgica da diocese em
redor dos bispos, para a plena e ativa participação de todo povo de Deus nas mesmas
celebrações litúrgicas, especialmente na liturgia
42. A paróquia é a comunidade de fieis, presidida por um pastor local que faz as
vezes do Bispo, mantendo vivo o mútuo relacionamento.
Capítulo I
A promoção da ação pastoral litúrgica
5ª Parte: nº 43 a 46
43. Promoção e reforma litúrgica: passagem do Espírito Santo em sua Igreja.
Como resposta, para promover ainda mais a ação pastoral litúrgica, o Sagrado concílio
decreta:
44. Criação de comissões litúrgicas
nacionais
Para organizar a
pastoral litúrgica
45. Criação de comissões litúrgicas diocesanas e outras
Para promover a ação litúr-gica sob a orientação do bispo
Música Sacra e Arte
Sacra
Promover estudos e
experiências quanto às
adaptações
Capítulo II
O sacrosanto mistério da Eucaristia
nº 47 a 58
47. FUNDAMENTO DOUTRINAL
50. Reforma do ordinário da Missa
48. EXIGE PARTICIPAÇÃO CONSCIENTE, PIEDOSA E ATIVA
49. PARA OBTER ISTO O CONCÍLIO DECRETA:
51. Maior riqueza bíblica do Missal
52. A homilia não deve ser omitida nos domingos e dias de guarda com
assistência de povo
53. A oração dos fieis com a participação do povo
54. Permitindo o uso da línguas vernáculas
55. Recomenda-se a participação dos fieis na comunhão. Permitindo comungar nas duas espécies.
Para facilitar a participação
Simplificação dos ritos
Supressão dos excessos inúteis/repetições
Reestabelecendo alguns ritos em desuso
56. Exorta-se os pastores a instruírem os fieis sobre a participação em toda a missa.
57. Ampliada a faculdade de concelebração
58. Elaborem-se novos ritos
Capítulo III
Os demais sacramentos e sacramentais
nº 59 a 82
59. Natureza dos Sacramentos
60. Natureza dos Sacramentais
61. Valor Pastoral de sua liturgia e seu relacionamento com o mistério Pascal
62. Os motivos da reforma dos ritos e o que se deve ter em conta para sua revisão
PRINCÍPIOS DOUTRINAIS
63. Uso da língua vernácula
Pode ser usada na administração dos sacramentos e dos sacramentais
À autoridade eclesiástica compete preparar os Rituais Particulares acomodados às necessidades da
línguacontinua...
64 e 65. Restaurado o catecumenato de adultos. Nas missões, pode-se admitir elementos acomodados ao rito cristão.
66 a 70. Reforma dos
Ritos Batismais
Batismo de crianças com maior participação dos pais e padrinhos
Batismo de adultos
Adaptações segundo os casos: numerosos batizados, nas missões, em perigo de morte se
não houver sacerdote ou diácono
Para o rito breve e os batizados validamente e convertidos à doutrina católica.
Possibilidade de benzer a água batismal fora do Tempo Pascal
continua...
71. Reforma do Rito da Confirmação
72. Reforma do Rito da Penitência
73 a 75. Explicação sobre o sacramento da Unção dos Enfermos. Reforma do Rito.
76. Revisão do Rito da Ordenação
77 e 78. Reforma do Rito do Matrimônio. Como celebrá-lo.
79. Reforma dos sacramentais, tendo-se em conta a norma fundamental: participação constante, ativa e fácil dos fieis.
continua...
80. Revisão do Rito da Consagração das Virgens, incluído no Pontifical Romano
81. O Rito de Exéquias deve exprimir claramente a índole pascal da morte cristã
82. Revisão do Rito do enterro das crianças com missa própria
Capítulo IV
O Ofício Divino
nº 83 a 101
MARCO DOUTRINAL
84. Oração de Cristo, com seu próprio corpo,
ao Pai
REFORMA DO OFÍCIO DIVINO
ÁREAS DA REFORMA
86. Valor pessoal do ofício divino
88. Motiva-se o curso tradicional das
horas
90. Como fonte da piedade e alimento da oração pessoal, requer instrução litúrgica e bíblica
83. Participação na função sacerdotal de
Cristo
85. Honra de quem exerce esta função
87. Objetivo e motivação
89. Restabelecer o curso tradicional das
horas
continua...
92. Ordenação das Leituras
100. Recomendada a participação dos
fiéis101. Autorização da língua vernácula
REFORMA DO OFÍCIO DIVINO
ÁREAS DA REFORMA
98. Podem unir-se à oração pública da Igreja os institutos
religiosos
99. Valor comunitário da
oração
91. Salmos
93. Hinos
95. Obrigações das comunidades
do coro
MINISTROS DA ORAÇÃO OFICIAL
DA IGREJA E MODOS DE REZAR
96. Clérigos com ordens menores
97. As rubricas. Os Bispos podem dispensar parcial ou totalmente da
recitação do ofício
Capítulo V
O Ano Litúrgico
nº 102 a 111
SENTIDO DO ANO LITÚRGICO
104. Celebração dos Mártires e Santos
105. O aperfeiçoa-mento dos fieis
108. Primazia das festas do Senhor
111. Sentido das festas dos Santos. Critérios Pastorais
102. Caráter central do mistério Pascal
103. Veneração da Virgem Maria
106. Valor do domingo, dia do Senhor, festa da
comunidade
107. Reforma do Ano Litúrgico
POR ISTO, O SACROSSANTO CONCÍLIO VEM DETERMINAR:
109 e 110. Particular relevo do Tempo
Pascal
Capítulo VI
A Música Sacra
nº 112 a 121
112. Dignidade da Música Sacra
Expressa a oração, fomenta a
unanimidade, dá solenidade aos ritos
sagrados
Faz parte necessária ou integrante da
liturgia solene
A Sagrada Escritura, os Santos Padres e
os Romanos Pontífices a exaltam
113 e 114. Primazia da Liturgia solene e importância da
participação ativa dos fiéis
118. Incentivar o canto popular religioso para promover maior
participação dos fieis
115. Formação musical nos seminários, noviciados, casas de
estudos, institutos e escolas católicas
116. Valor do canto gregoriano e da música polifônica
117. Completar a edição típica dos livros de canto gregoriano, preparar
edição mais crítica dos livros já editados
119. À tradição musical própria dos fieis sejam dados estima e lugar
conveniente nas celebrações
120. Grande consideração ao órgão de tubos e admissão de outros
instrumentos, de acordo com as condições estabelecidas
121. Os compositores devem cultivar a música sacra em benefício da
participação ativa dos fieis
POR ISTO, O SACROSSANTO CONCÍLIO DETERMINA:
Capítulo VII
A arte sacra e as sagradas alfaias
nº 122 a 130
É a expressão mais alta do engenho humano
122. DIGNIDADE DA ARTE SACRA
Serve para orientar para Deus
Expressa de certo modo a beleza de Deus
123. Aceitar diversas formas e estilos, contanto que manifestem reverência e
honra
127. Incutir nos artistas o espírito de Arte Sacra e da Sagrada Liturgia.
Instituição de Escolas ou Academias de Arte Sacra
124. Exclusão do que repugna a fé, a piedade cristã e ofendem o verdadeiro senso religioso. Construção de igrejas
funcionais para as celebrações e participação ativa dos fieis
125. Manter a prática de expor imagens nos templos, com moderação em
número e critério educativo
126. Para julgamento das obras de arte os bispos recorram à Comissão Dioce-
sana de Arte Sacra e eminentes peritos
128. Rever a legislação referente à Arte Sacra quanto aos templos, sacrários,
batistérios, imagens, decoração e ornamentação
129. Ensino da Arte Sacra e sua evolução aos clérigos, para que a
apreciem e conservem
130. Insígnias Pontifícias sejam reservadas aos Bispos e aos de alguma
jurisdição especial
POR ISTO, A IGREJA APRECIA E PROMOVE. EM CONSEQUÊNCIA, DETERMINA:
A Constituição termina com um apêndice que indica, de acordo
com os irmãos separados, a fixação de um dia da páscoa e de
um calendário perpétuo
Cap. I: A natureza da sagrada liturgia e sua importância na vida da Igreja.
• A liturgia celebra a salvação realizada por Cristo, sobretudo em seu misterio pascal; ela é entregue à Igreja para que torne participantes todos os humanos (n. 5-6).
• A liturgia é “o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação do homem; e é exercido o culto público integral pelo Corpo místico de Cristo, Cabeça e membros” (n. 7).
CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II: A CONSTITUIÇÃO SACROSANCTUM CONCILIUM
Os conteúdos da SC
• “A liturgia, porém, “não esgota toda a ação da Igreja”; antes, exige-se “a fé e a conversão”, a partir do anúncio da Palavra (n. 9); “todavia, a liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte donde emana toda a sua força” (n.10).
CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II: A CONSTITUIÇÃO SACROSANCTUM CONCILIUM
Os conteúdos da SC
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• Com o batismo, os fiéis são incorporados a Cristo-sacerdote, por isso eles têm o direito e o dever de participar das celebrações segundo seu papel próprio, “com conhecimento de causa”, de maneira “plena e ativa”.
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• É preciso, antes de tudo, prover a formação do clero; de fato, não poderá se realizar reforma alguma “se os próprios pastores de almas não estiverem profundamente imbuídos de espírito e da força da liturgia e dela se tornarem mestres” (n. 14).
• A obra de reforma compete unicamente à autoridade da Igreja, papa e bispos; ninguém outro “tire ou mude por própria conta qualquer coisa à liturgia” (n. 22, 3).
• Uma insistência: “as ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é ‘sacramento da unidade’ (São Cipriano)” (n. 26);
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• A liturgia tem um caráter didático e pastoral. • Um princípio: “As cerimônias resplandeçam de
nobre simplicidade, sejam transparentes por sua brevidade e evitem as repetições inúteis, sejam acomodadas à compreensão dos fiéis e, em geral, não careçam de muitas explicações” (n. 34).
• Restaurar a leitura da Sagrada Escritura “mais abundante, variada e apropriada” (35,1);
• a homilia (‘sermão’), “parte da ação litúrgica”, seja bem preparada (35,2);
• o Concílio debateu, de forma intensa, a respeito da língua litúrgica;
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Os conteúdos da SC
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• se adapte a liturgia “à mentalidade e às tradições dos povos”; o que não está ligado “a superstições e erros” e, ainda, “salva a unidade substancial do rito romano, dê-se lugar a legítimas variações e adaptações” (n. 37-38).
• O I capítulo termina pedindo que dioceses e paróquias “deem a máxima importância à vida litúrgica”, façam florescer “o espírito de comunidade paroquial, mormente na celebração da missa dominical” (n. 41-42) e, por isso, sejam instituídas e funcionem as Comissões litúrgicas, de Música e Arte Sacra aos diferentes níveis (n. 44-46).
• De fato, a reforma da sagrada liturgia “é tida com razão como sinal dos desígnios de Deus sobre nossa época, como passagem do Espírito Santo em sua Igreja” (n. 43).
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Cap. IV: O Ofício divino• “É a voz da própria Esposa, que fala com o Esposo, ou melhor, é a
oração de Cristo, com Seu próprio Corpo, ao Pai”: “todo o curso do dia e da noite é consagrado pelo louvor de Deus” (n. 84);
• “oração pública da Igreja, fonte de piedade e alimento da oração pessoal”; por isso, todos adquirem “um conheci-mento litúrgico e bíblico mais amplo, principalmente dos Salmos” (n. 90);
• Laudes e Vésperas, sejam celebradas por todos os fiéis (cf. n. 89 a, 100) e, “na medida do possível, voltem as Horas à realidade do tempo” (n. 88) .
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Cap. V: O Ano litúrgico• “A Santa Mãe Igreja julga dever seu celebrar ... a obra
salvífica de seu divino Esposo... no dia que ela chamou de Domingo, comemora a Ressurreição do Senhor, celebrando-a uma vez também, na solenidade máxima da Páscoa, juntamente com sua sagrada Paixão. No decorrer do ano, revela todo o misterio de Cristo” (n. 102).
• Venera com especial amor a Bem-aventurada Mãe de Deus Maria” (n. 103) e, “no decorrer do ano a Igreja inseriu ainda as memórias dos Mártires e dos outros Santos” (n. 104).
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Cap. VI: A música sacra• “A tradição musical da Igreja inteira constitui um tesouro de
inestimável valor”; “o canto sacro... faz parte necessária ou integrante da liturgia solene” (n. 112);
• algumas exigências: sejam incentivadas as ‘Scholae cantorum’ (cf. n. 114);
• nos institutos de formação seja dada formação musical ;• “a música sacra será tanto mais santa quanto estiver ligada à ação
litúrgica” (n. 112);
• “os textos destinados aos cantos sacros sejam conformes à doutrina católica e sejam tirados principalmente da Sagrada Escritura e das fontes litúrgicas” (n. 121).
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Cap. VII: A Arte sacra• “A santa Mãe Igreja sempre foi amiga das belas-artes” (n. 122).
• Algumas orientações práticas: “A Igreja nunca considerou seu nenhum estilo de arte”, mas admite todo estilo ... tudo caracterizado de “nobre beleza” (n. 124).
• As imagens: “sejam expostas com moderação quanto ao número, com conveniência quanto à ordem, para que não causem admiração ao povo cristão nem favoreçam devoções menos corretas” (n. 125).
• Dar atenção e cuidar da formação dos artistas (n. 127);• os clérigos recebam adequada formação na arte sacra.
CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II: A CONSTITUIÇÃO SACROSANCTUM CONCILIUM
Os conteúdos da SC
• Finalidade da reforma: uma maior e melhor participação dos fiéis nas celebrações; a Constituição –em conjunto com os demais documentos conciliares – deu um sólido alicerce.
• Os princípios teológicos do documento conciliar vão “permanecer para sempre como um farol a iluminar a vida da Igreja, ainda depois que a reforma estiver encerrada e a participação ativa do povo for conseguida” (Pe. Vagaggini).
• A Constituição SC faz uma leitura profundamente teológica, considerando-a nas dimensões do mistério pascal de Cristo e dentro de uma perspectiva histórico – econômica. A visão teológica pós-conciliar recuperará a dimensão do sacerdócio de Cristo na vida dos cristãos.
CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II: A CONSTITUIÇÃO SACROSANCTUM CONCILIUM
3. PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS E CRITÉRIOS HERMENÊUTICOS
A liturgia é a vida da Igreja chamada a ser memorial do Mistério pascal
• “O admirável sacramento de toda a Igreja” (SC 5) “nasce do lado de Cristo dormindo na cruz”, qual fruto do dom que Cristo fez à sua Igreja entregando-se “livremente à sua paixão” (Prece Euc. II) para a salvação de todos: o mistério pascal de Cristo é a vida da Igreja!
• A liturgia seja sempre mais vida da Igreja e expresse em sua existência o memorial do mistério pascal de Cristo.
CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II: A CONSTITUIÇÃO SACROSANCTUM CONCILIUM
PARA CONCLUIR
Caridade e liturgia
• A caridade eclesial encontra, desse modo, sua origem e seu rumo. Só com a experiência do amor de Cristo o cristão tem a capacidade de orientar sua vida no seguimento de Jesus Cristo e testemunhar o amor que caracteriza os discípulos e as discípulas d’Ele.
A liturgia é a vida dos cristãos.• “A liturgia é a primeira e necessária fonte, da
qual os fiéis haurem o espírito verdadeiramente cristão” (SC 14).
• A liturgia, na visão e nas palavras de SC é a primeira e a indispensável experiência de fé que todo cristão é chamado a viver para experimentar e compreender o autêntico espírito cristão.
CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II: A CONSTITUIÇÃO SACROSANCTUM CONCILIUM
PARA CONCLUIR
A liturgia é a vida dos cristãos.
• A liturgia: “fonte de água viva, límpida como cristal” (Ap 22,1) na qual nós encontramos a imagem de nossa vida cristã, do que somos chamados a sermos o que nos já somos em Cristo mediante os Sacramentos pascais.
• Na liturgia, nós nascemos para a fé e a alimentamos.