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ISSN 1516-5639 Publicação da Faculdade de Ciências Odontológicas da Universidade de Marília – UNIMAR Marília/SP, ano 8, n. o 8, 2005 Odontológicas Ciências Revista C O ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA UNIVERSIDADE DE MARÍLIA Reitor Dr. Márcio Mesquita Serva Vice-Reitora Profa. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva Pró-Reitor de Graduação Prof. José Roberto Marques de Castro Pró-Reitor de Pós-Graduação Profa. Dra. Suely Fadul Villibor Flory Pró-Reitora de Ação Comunitária Profa. Maria Beatriz de Barros Moraes Trazzi Diretora Administrativa Sinara Mesquita Serva FACULDADE DE CIÊNCIAS ODONTOLÓGICAS Av. Higyno Muzzi Filho, 1001 - CEP: 17525-902 Fone: (014) 2405-4100 / 2105-4028 – Fax: (014) 3433-8691 Campus Universitário - Marília - São Paulo Publicação anual Órgão financiador da publicação: UNIVERSIDADE DE MARÍLIA Publicação da Faculdade de Ciências Odontológicas da Universidade de Marília – UNIMAR Revista Odontológicas Ciências Publicação da Faculdade de Ciências Odontológicas da Universidade de Marília – UNIMAR Revista Odontológicas Ciências EDITORIAL com grande satisfação que apresentamos este novo exemplar da Revista Ciências Odontológicas, que nesta edição comemora o seu 8º ano de publicação. Queremos expressar em nome de todo o Corpo Editorial, os agradecimentos à Administração Superior da Universidade de Marília – UNIMAR, pelo incentivo e respaldo que ao longo desses anos dispensou ao ensino e à pesquisa odontológica. A Revista Ciências Odontológicas reafirma seu compromisso com a qualidade e seriedade na disseminação da produção científica do corpo docente e discente da Faculdade de Odontologia que nos seus 25 anos de atividades vem trazendo benefícios a vários segmentos das comunidades interna e externa à Universidade. O interesse e dedicação dos autores dos trabalhos apresentados são fortalecidos pela receptividade dos leitores e avaliação positiva realizada pelas agências de fomento à pesquisa e pelos especialistas da área. PROF. DR. ROQUE JAVIER MÉRIDA DELGADO . EDITOR É CORPO EDITORIAL Editor Prof. Dr. Roque J. Mérida Delgado CONSELHO EDITORIAL Prof. Dr. Roberto Holland - UNIMAR Prof. Dr. Valdir de Souza - UNIMAR Prof. Dr. Tetuo Okamoto - UNIMAR Prof. Dr. Roque Javier Mérida D. - UNIMAR Prof. Dr. Luís Anselmo Mariotto - UNIMAR Prof. Dr. Celso Luiz de Angelis Porto - UNESP - Araraquara - SP Prof. Dr. John Powers - Un. San Antonio - Texas - EUA Prof. Dr. Luiz Alberto Milanezi - UNIMAR Prof. Dr. Elcio Marcantonio - UNESP - Araraquara - SP Prof. Dr. Antonio Carlos Guedes Pinto - USP - SP Prof. Dr. Alvaro Francisco Bosco - UNESP - Araçatuba - SP Prof. Dr. Enilson A. Sallun - FOP - UNICAMP Prof. Dr. Michell Saad Neto - UNESP - ARAÇATUBA - SP Prof. Dr. João Carlos Gomes - UEPG - UNIVERSIDADE ESTADUAL PONTA GROSSA - PR Prof. Dr. Sebastião Marcos Ribeiro de Carvalho - UNIMAR Prof. Dr. Marcelo Ferrarezi de Andrade - FOA - UNESP Prof. Dr. James B. Summitt - Un. San Antonio - Texas - EUA Prof. Dr. Alvaro Cruz Gonzales - UNAM - Guadalajara - Mexico C O Editora Arte & Ciência LDE - Livraria, Distribuidora e Editora Ltda - EPP Rua dos Franceses, 91 – Morro dos Ingleses São Paulo – SP - CEP 01329-010 Tel.: (011) 3284-8860 Na internet: http://www.arteciencia.com.br Catalogação na fonte: Universidade de Marília Biblioteca Central “Zilma Parente de Barros” Índice para catálogo sistemático: 1. Periódicos: Ciências Odontológicas 2. Revistas: Ciências Odontológicas 3. Brasil: Revistas: Ciências Odontológicas REVISTA CIÊNCIAS ODONTOLÓGICAS - Publicação da Faculdade de Ciências Odontológicas da Universidade de Marília (UNIMAR) - Marília, SP: Ed. UNIMAR, 2005. Anual – v. 8, n. o 8, 2005 ISSN 1516-5639 1. Ciências Odontológicas - Periódicos. 2. Odontologia - Periódi- cos. 3. Universidade e Faculdade - Periódicos. I. São Paulo. Univer- sidade de Marília. Supervisão Geral de Editoração Benedita Aparecida Camargo Revisão Rony Farto Pereira e Maria Otilia F. Pereira Diagramação Rodrigo Silva Rojas

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ISSN 1516-5639

Publicação da Faculdade de Ciências Odontológicas

da Universidade de Marília – UNIMAR

Marília/SP, ano 8, n.o

8, 2005

OdontológicasCiências

Revista

C

O

ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

Reitor

Dr. Márcio Mesquita Serva

Vice-Reitora

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Publicação anual

Órgão financiador da publicação: UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

Publicação da Faculdade de Ciências Odontológicas

da Universidade de Marília – UNIMAR

Revista

OdontológicasCiências

Publicação da Faculdade de Ciências Odontológicas

da Universidade de Marília – UNIMAR

Revista

OdontológicasCiências EDITORIAL

com grande satisfação que apresentamos este novo

exemplar da Revista Ciências Odontológicas, que nesta edição

comemora o seu 8º ano de publicação.

Queremos expressar em nome de todo o Corpo Editorial,

os agradecimentos à Administração Superior da Universidade de

Marília – UNIMAR, pelo incentivo e respaldo que ao longo desses

anos dispensou ao ensino e à pesquisa odontológica.

A Revista Ciências Odontológicas reafirma seu

compromisso com a qualidade e seriedade na disseminação da

produção científica do corpo docente e discente da Faculdade

de Odontologia que nos seus 25 anos de atividades vem trazendo

benefícios a vários segmentos das comunidades interna e externa

à Universidade.

O interesse e dedicação dos autores dos trabalhos

apresentados são fortalecidos pela receptividade dos leitores e

avaliação positiva realizada pelas agências de fomento à pesquisa

e pelos especialistas da área.

PROF. DR. ROQUE JAVIER MÉRIDA DELGADO .

EDITOR

ÉÉCORPO EDITORIAL

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Catalogação na fonte: Universidade de MaríliaBiblioteca Central “Zilma Parente de Barros”

Índice para catálogo sistemático:

1. Periódicos: Ciências Odontológicas

2. Revistas: Ciências Odontológicas

3. Brasil: Revistas: Ciências Odontológicas

REVISTA CIÊNCIAS ODONTOLÓGICAS - Publicação da Faculdade

de Ciências Odontológicas da Universidade de Marília (UNIMAR) -

Marília, SP: Ed. UNIMAR, 2005.

Anual – v. 8, n.o

8, 2005

ISSN 1516-5639

1. Ciências Odontológicas - Periódicos. 2. Odontologia - Periódi-

cos. 3. Universidade e Faculdade - Periódicos. I. São Paulo. Univer-

sidade de Marília.

Supervisão Geral de EditoraçãoBenedita Aparecida Camargo

RevisãoRony Farto Pereira e Maria Otilia F. Pereira

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S U M Á R I O

07 _______________________USO DE NÚCLEOS ESTÉTICOS INDIRETOS COMOALTERNATIVA PARA A INDICAÇÃO DE NÚCLEOSMETÁLICOS FUNDIDOS

THE USE OF INDIRECT ESTHETIC POST ANDCORE AS ALTERNATIVE FOR INDICATION OFALL METAL POST AND CORE STRUCTURERoque Javier MÉRIDA DELGADO, AlineMATTIUZO, Luís Anselmo MARIOTTO

13 _______________________LESÃO DOS TECIDOS MOLES DA FACE:REVISÃO DE LITERATURA

SOFT TISSUE MAXILLOFACIAL INJURIES:LITERATURE REVIEWMarcelo Silva MONNAZZI, Eduardo DiasRIBEIRO, Kilma Keilla Honório DE GÓES,Maurício Bento da SILVA

17 _______________________EMPREGO DE REGENERAÇÃO TECIDUALGUIADA EM CIRURGIA PARAENDODÔNTICA.CASO CLÍNICO

GUIED TISSUE REGENERATION EMPLOYMENT ONPARAENDODONTIC SURGERY. CLINICAL REPORTMarcelo Silva MONNAZZI, Maurício Bento daSILVA, Daniel Bittencourt SCHIMIDTHigor LANDGRAF, Adriano Freitas de ASSIS,Renato Teixeira MAGALHÃES

21 _______________________ESTUDO HISTOLÓGICO E HISTOMÉTRICOCOMPARATIVO DO PROCESSO DE REPAROALVEOLAR APÓS EXODONTIA ETAMPONAMENTO COM AS SOLUÇÕESANESTÉSICAS ARTICAÍNE 100® E NOVOCOL 100®

HISTOLOGICAL AND HISTOMETRICALCOMPARATIVE STUDY OF THE ALVEOLARHEALING PROCESS AFTER EXODONTICS ANDTAMPONMENT WITH THE ANESTHETICALSOLUTIONS ARTICAINE 100® AND NOVOCOL 100®

Simone Sasso BARION, José Ricardo ANCETTO,Flávia Aparecida Chaves FURLANETO, LuizAlberto MILANEZI, Tetuo OKAMOTO, SebastiãoMarcos Ribeiro de CARVALHO

33 _______________________CLAREAMENTO DE DENTE CALCIFICADO:RELATO DE CASO CLÍNICO

DENTAL BLEACHING OF CALCIFIED TOOTH:A CLINICAL CASE REPORTMaria Célia Simões Monteiro dos SantosCHIERIGHINI,Luis Alexandre Mafei Sartini PAULILLO

39 _______________________IMPLANTES DAS ESPONJAS HEMOSTÁTICASGELFOAM® E HEMOSPON® APÓS A EXTRAÇÃODENTAL EM RATOS. ESTUDO HISTOLÓGICOCOMPARATIVO

IMPLANTS OF HEMOSTATIC SPONGESGELFOAM® AND HEMOSPON® FOLLOWINGTOTH EXTRACTION IN RATS. A COMPARATIVEHISTOLOGYCAL STUDYJesiel NAZARI, Luiz Alberto MILANEZI, TetuoOKAMOTO, Roberta OKAMOTO

51 _______________________PULPOTOMIA E PERSPECTIVA DEAPICIGÊNESE. RELATO DE CASO

PULPOTOMY AND PERSPECTIVE OFAPEXOGENESIS. CASE REPORTJefferson José de Carvalho MARION, SuellenCristine BORLINA, Domingos Alves dos ANJOSNETO, Sueli Satomi MURATA

57 _______________________A IMPORTÂNCIA DA FLUORESCÊNCIA NAODONTOLOGIARESTAURADORA ESTÉTICA

THE FLUORECENCE IMPORTANCY INESTHETIC RESTORATIVE DENTSTRYLuís Anselmo MARIOTTO, Roque J. MÉRIDADELGADO, Thiago D. O. OTTOBONI,Juliana A. CARDOSO, Aline MATIUZZO,Faverson A. SLONGO

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Revista Ciências Odontológicas

63 _______________________A INFLUÊNCIA DO HIDRÓXIDO DE CÁLCIOCOMO CURATIVO DE DEMORA E DO CIMENTOOBTURADOR NO REPARO DE LESÃOPERIAPICAL CRÔNICA EXTENSA. RELATO DECASO CLÍNICO

THE INFLUENCE OF CALCIUM HYDROXIDE ASDELAY DRESSING AND THE ROOT CANALSEALER IN REPAIR OF EXTENSIVE CHRONICPERIAPICAL INJURY. CASE REPORTDomingos Alves dos ANJOS NETO, JeffersonJosé de Carvalho MARION,Suellen Cristine BORLINA, Sueli SatomiMURATA

Clínica

Odontológica

Publicação da Faculdade de Ciências Odontológicas

da Universidade de Marília – UNIMAR

Revista

OdontológicasCiências

CO

69 _______________________NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

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ANO 8, nº 8, 2005

USO DE NÚCLEOS ESTÉTICOS INDIRETOS COMO ALTERNATIVA PARA AINDICAÇÃO DE NÚCLEOS METÁLICOS FUNDIDOS

THE USE OF INDIRECT ESTHETIC POST AND CORE AS ALTERNATIVE FORINDICATION OF ALL METAL POST AND CORE STRUCTURE

Roque Javier MÉRIDA DELGADO* Aline MATTIUZO**

Luís Anselmo MARIOTTO***

Dentes tratados endodonticamente, em que a perda tecidual coronária é significante o bastante para comprometer amanutenção do dente no arco simplesmente restaurando-o, requerem utilização de certo tipo de recursos para oferecera estabilidade e a retenção da futura restauração, bem como a integridade dos tecidos remanescentes.Tradicionalmente esse recurso é o núcleo metálico fundido, que por diversas razões tende a entrar em desuso. Dentre osdiversos materiais disponíveis, a fibra de vidro, a sugestão a ser utilizada como núcleo indireto estético, tem se mostradode grande valia na solução de casos de dentes estruturalmente debilitados.O presente trabalho tem o objetivo de abordar o emprego de uma técnica alternativa para os casos onde está indicado ouso de núcleo metálico fundido, enfatizando seu uso na odontologia restauradora.

UNITERMOS: pinos intraradiculares; cimentação adesiva; núcleos metálicos fundidos.

* Professor Doutor do Departamento de Odontologia Restauradora da Universidade de Marília UNIMAR. Coordenador doPrograma de Pós-graduação em Odontologia da UNIMAR.** Especialista em Dentística USP – Bauru*** Professor Doutor do Departamento de Odontologia Restauradora da Universidade de Marília UNIMAR

INTRODUÇÃO

Dentes tratados endodonticamente podeminduzir a três tipos de conseqüências importantesao elemento dental1: perda do tecido, com relativoenfraquecimento da estrutura dental, alteração dascaracterísticas físico-mecânicas do dente e a variaçãodas características estéticas da dentina e esmalteremanescentes.

Também deve ser considerada a perda ligada àcárie, freqüentemente responsável pela patologiapulpar, e perda do teto da câmara2,3; a preparação einstrumentação do canal radicular e a diminuiçãoda umidade dentinária resultam na alteração deresiliência do dente4.

Os pinos intra-radiculares têm fundamentalimportância na preservação da estrutura dental noprincípio de retenção e estabilidade das próteses, e,em casos onde apenas há presença da raiz,representam o único meio disponível para seconfeccionar as coroas, devolvendo ao paciente odente com forma e função normal5.

As técnicas de reconstrução do dente tratadoendodonticamente foram sempre classificadas comoprotéticas ou restauradoras.

Definem-se como protéticos ou indiretos osprocedimentos de reconstrução com núcleosfundidos, totalmente realizados em laboratórios deprótese, e então cimentados no conduto radicular.

Procedimentos restauradores ou diretos sãoaqueles que utilizam materiais de reconstrução, taiscomo amálgama, cimentos de ionômero de vidro,resinas compostas, sustentados por pinos pré-fabricados6.

Um núcleo fundido clássico deveria ter cerca de2/3 do comprimento radicular total, 1/3 do seudiâmetro, e permanecer a pelo menos 4 mm doápice7. Além disso, deveria ter retenção econseqüentemente fricção ao longo das paredesradiculares e apoiar-se numa superfície coronáriaplana a fim de se adaptar melhor a estruturaradicular remanescente.

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Revista Ciências Odontológicas

Infelizmente, na prática clínica, observamos queexiste o aspecto negativo do uso deste procedimento,que seria a indução de tensões no remanescenteradicular, que está relacionado em inúmeros casos àfratura radicular, devido ao efeito de cunha, fenômenocomum a todos os meios metálicos de retenção.

Esse processo exerce a função de permitir areconstrução do núcleo protético coronário, semnenhuma pretensão e possibilidade de reforçar aestrutura radicular remanescente8.

Os núcleos metálicos fundidos apresentam comoinconveniente os fenômenos de corrosão e galvanismo,além de ser muito desfavoráveis na estética.

Com a evolução de materiais e técnicasrestauradoras, têm sido muito usados os pinos pré-fabricados. Foram propostas técnicas com váriostipos de pinos pré-fabricados, que entram noconceito de retenção do núcleo, e funcionam comosustentação para reconstrução coronária emamálgama, resina composta e ionômero de vidro.Proporcionaram economia, rapidez de emprego, esão de ampla difusão na odontologia6. Durante muitotempo foram utilizados pinos metálicos pré-fabricados em titânio e outras ligas menos nobres.Com o advento da filosofia de “metal free”, foiestabelecida uma mudança no critério de indicaçãodesses materiais, sendo introduzidos os pinos pré-fabricados em fibras. Principalmente são utilizadasa fibra de carbono e outras variedades de fibras, atéchegar na fibra mais utilizada atualmente que é afibra de vidro. Houve uma indicação indiscriminadado uso desses pinos e foram, por esse motivo,relatadas inúmeras falhas clínicas. A indicação deveser precisa e este deve ser o fator principal na horade escolher o pino ou núcleo ideal.

Os pinos pré-fabricados podem ser classificadosem metálicos, cerâmicos e resinas fibro-reforçadas.

Os pinos metálicos são representados por váriostipos de ligas metálicas: latão, aço, ligas áuricas etitânio; podem ter superfície lisa, apresentar roscasou ranhuras6.

Porém, há problemáticas ligadas aos fenômenosde corrosão dos metais9,10, de galvanismo e de alergiasmanifestadas ou assinaladas a alguns componentesdas ligas11. Além disso, a transparência discrômicaestética, em restaurações protéticas em cerâmicapura, gera uma tendência para a indicação desistemas que eliminem o uso de metal nareconstrução do dente tratado endodonticamente.

Foram propostos pinos fabricados emmateriais cerâmicos, que possuem característicasestéticas e de biocompatibilidade12,13, os quaistiveram uma boa aceitação.

Porém, esses pinos são extremamente rígidos,concentrando tensões elevadas e não uniformes, queincidem irreversivelmente sobre as estruturasremanescentes do dente14,15, podendo levar tambéma fraturas radiculares.

Os pinos de fibra representam uma solução paradentes tratados endodonticamente, os quaispossuem um remanescente capaz de resistir aoimpacto. Nessa situação, os vários componentes dareconstrução: pino, cimento, material parareconstrução e dentina constituem um complexoestrutural e mecanicamente homogêneo16.

Atualmente, é de conceito geral o alto índice defalhas clínicas com o uso de pinos pré-fabricadosem fibras. O motivo dessas falhas estáprincipalmente no erro de indicações que geralmenteestá relacionado com desadaptação da peçaprotética, resultando em fraturas tipo “galho verde”nos pinos de fibra pré-fabricados. Esses pinos estãocontra-indicados em casos em que o elementodentário possui remanescente coronário com menosde 2 mm de estrutura remanescente firme, resistentee sadia clinicamente visível.

Na tentativa de eliminar tais limitações, estásendo proposto o uso de núcleos estéticos em fibrade vidro aglutinada com cerômero. Este núcleoconsiste basicamente em um pino pré-fabricadoReforpost – Rx radiopaco (Angelus), associado comlâminas de fibra de vidro tiradas do reforço VectrisPontic (Ivoclar – vicadent), para o revestimento tantoradicular como coronário, e toda a estrutura éaglutinada com cerômero SR Adoro (Ivoclar-vivadent). Dessa forma, cumpre com os requisitosnecessários à sua indicação quando são submetidasprincipalmente às solicitações de flexão, quedeterminam estresse de tensão e de compressão nosentido do eixo longitudinal do dente. Basicamente,as vantagens propostas com o uso dessa técnicacomo alternativa ao uso de núcleos metálicosfundidos nos casos de elemento dental com menosde 2 mm de remanescente coronário, seriamprincipalmente aproveitar a resiliência característicado uso de fibras, que levaria a uma melhordistribuição da tensão exercida pela carga oclusal,diminuindo dessa forma os riscos de fraturaradicular. Associada a esta vantagem, obviamente,existe o fator da coloração, que permite areconstrução do elemento mediante o uso decerâmicas puras. É importante salientar o aspectoda adesão, que, teoricamente, é conseguida de formamuito mais simples do que a adesão com metal.

Estruturas semelhantes já foram propostasutilizando pinos de quartzo recobertos por resina

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composta fotopolimerizável, a qual serve comomaterial reembasador, e faz com que o conjunto pino- resina assuma a forma do canal tratado . Outraestrutura, que segue princípios parecidos aosanteriores, é descrita por Baratieri17 e que utilizapinos de zircônia, Cosmo Post (Ivoclar-Vivadent), e,a partir deste, é injetada porcelana (Cosmingot).

Com o uso desse dois tipos de estruturas,observam-se as mesmas desvantagens relacionadasao uso de pinos rígidos, concentrando tensõeselevadas e não uniformes, que incidem sobre asestruturas remanescentes do dente, podendo levara fraturas radiculares.

Por esses motivos acreditamos que a técnicaproposta no presente estudo ofereça umdesempenho clínico mais eficiente e uma finalizaçãoestética mais previsível.

RELATO DE CASOS CLÍNICOS

Apresentamos um caso clínico de fratura coronáriade um dente anterior 21 em que o remanescentecoronário se apresenta ao nível gengival. Para estecaso, o uso de pinos pré-fabricados se torna umacontra-indicação, estando indicada uma estruturapara retenção e estabilidade da futura peça um núcleometálico fundido ou, no caso em particular, o pinoestético aqui descrito Figs. 1 e 2.

A partir da indicação, procedemos ao preparoinicial de núcleo com o objetivo de utilizar o condutoradicular como forma de retenção e estabilidade quenos permita a retenção da restauração provisória,com o objetivo de restabelecer a saúde gengivaleliminando a inflamação, para que uma vez que ostecidos periodontais se posicionem definitivamentepossamos estabelecer o preparo definitivo. Numasegunda sessão procedemos ao preparo definitivopara o núcleo com os devidos acabamentosintracanal e nas margens do preparo. A partir desseponto, é realizada a moldagem do preparo, colocandofio de retração Ultrapack 00 (Ultradent) e silicone,por adição (Polivinil siloxano) Aquasil (Dentsply),injetando material de baixa viscosidade no interiordo canal de apical para coronal, mediante o uso deuma ponteira adaptada na ponta do sistemaautomix. Feito isto, se coloca um pino de resinapincanal, para pressionar e reforçar o material debaixa viscosidade; logo é injetado o mesmo materialna região do sulco gengival, e procede-se amoldagem, com o material de alta viscosidade,aplicado na moldeira tripla Moldex (Ângelus), queobtém a moldagem do preparo do antagonista erealiza o registro oclusal. Fig. 3.

FIGURA 1.Aspecto vestibular da fratura de um incisivo central superiorevidenciando a falta de remanescente dental coronário. Na áreadistal, pode-se observar a extensão sub gengival.

FIGURA 2. Aspecto oclusal de fratura mostrando sua extensão e o iníciodo preparo para o núcleo.

FIGURA 3. Aspecto da moldagem simultânea com Aquasil (Dentsply)

O molde é enviado ao laboratório para confecçãodo pino indireto de fibra de vidro, reforçado comcerômero, e, na seguinte consulta, este é cimentado.Para cimentação utilizamos o isolamento doelemento com fio de retração, novamente, associadoaos artifícios necessários para estabelecer umisolamento absoluto do campo operatório compatívelcom uma cimentação adesiva. É feita a limpeza dopreparo, para eliminação do cimento provisório; logoapós, é realizado um condicionamento ácido comácido fosfórico 37%, durante 15 segundos, o preparoé lavado intensamente durante um minuto, com

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spray ar-agua e seco, sem ressecar a dentina,utilizando bolinhas de algodão e cones de papelabsorvente número 80. O sistema adesivo por nosutilizado é o Excite DSC (Ivoclar – Vivadent), depolimerização dual, o qual é esfregado durante 30segundos no interior do canal, com pincel microbrush,que acompanha o Kit; o excesso de adesivo é removidocom o auxílio de cone de papel absorvente e o adesivoé fotopolimerizado durante, 40 segundos.

O preparo do pino para cimentação inicia comum jateamento da sua superfície com um microjatode óxido de alumínio, o pino é lavado e secado. Feitoisto, é realizado o processo de silanização e aplicaçãode um adesivo puro, sem primer Heliobond (Ivoclar– Vivadent), o qual é afinado com jatos de ar efotopolimerizado durante 40 segundos. O cimentoVariolink II (Ivoclar – Vivadent) é manipulado e levadoao interior do canal, mediante o auxílio de uma brocalentulo, e também é aplicado na parte interna dopino, e o conjunto é levado em posição. Após umaligeira ativação do cimento, os excessos sãoeliminados e é realizada uma fotopolimerização, de60 segundos, em todas as fases do pino.

FIGURA 6. Esta imagem mostra o aspecto final do caso clínico após acimentação de uma coroa cerâmo – cerâmica Empress 2 (Ivoclar– Vivadent). Ceramista José Carlos Romanini, Londrina – Paraná.

Após a confecção da coroa definitiva emEmpress2, é realizada a cimentação, seguindo amesma técnica descrita para a cimentação do pino.

A seguir, é mostrado um caso clínico, sob os mesmoscritérios de indicação e procedimentos, num denteprimeiro molar 36. As figuras 6 e 7 mostramrespectivamente o aspecto vestibular e oclusal da fraturado elemento 36, num paciente adulto de 40 anos.

Os procedimentos de moldagem são os mesmosdescritos anteriormente e a silicone por adiçãoutilizada é Adsil (Vigodent) Fig. 8.

FIGURA 4. Aspecto vestibular do pino cimentado

A moldagem definitiva é realizada com silicone,por adição, seguindo a técnica descritaanteriormente; após a remoção de todos os excessos,é feito um refinamento do preparo com pontasdiamantadas 2135 FF( KG Sorensen) e recortadoresde margem cervical.

FIGURA 5. Aspecto oclusal do pino estético em posição e o preparo defini-tivo pronto

FIGURA 6. Aspecto vestibular da fratura

O paciente mostra uma fratura no dente 36, ondeapresenta remanescente dental insuficiente paraindicação de um pino pré – fabricado em fibras, peloque foi indicada a confecção de um pino estético emfibra de vidro, associada ao uso do cerômero SR.Adoro. (procedimentos laboratoriais).

FIGURA 7. Aspecto oclusal do mesmo dente

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ANO 8, nº 8, 2005

FIGURA 8. Aspecto da moldagem com Adsil (Vigodent)

Pode se notar, no aspecto da moldagemsimultânea, que o material de baixa viscosidadeconsegue penetrar intensamente no interior doconduto radicular; da mesma forma, pode-seperceber a penetração no interior do sulco gengival.

FIGURA 10. Aspecto oclusal do pino cimentado e o preparo definitivo pronto

FIGURA 11. Aspecto oclusal do elemento 36 após a cimentação de umacoroa Empress2. Ceramista José Carlos Romanini, Londrina –Paraná.

FIGURA 12. Aspecto vestibular do elemento 36 após a cimentação deuma coroa realizada em Empress 2

CONCLUSÕES

Evidências clínicas no período de tempo deavaliação (2 anos aproximadamente) com a utilizaçãodesse tipo de estrutura mostram desempenhosatisfatório, não tendo sido observada nenhumafalha clínica para um universo de aproximadamente60 casos clínicos realizados, utilizando essa técnica.Obviamente, trabalhos de longo prazo devem ser

FIGURA 9. Pino estético em fibra de vidro e cerômero confeccionado

Podemos observar na Fig. 9 a extensão do pinointracanal, compatível com os critérios de extensãodos pinos metálicos fundidos convencionais.

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Revista Ciências Odontológicas

acompanhados para termos uma posição definitivafrente ao desempenho clínico desses produtos.

O uso desses pinos estéticos fabricadosindiretamente apresenta grandes vantagens frenteaos tradicionais núcleos metálicos fundidos, os quaispodem induzir à formação de tensões que levam àfratura radicular, com conseqüente perda doelemento dental, devido principalmente à sua faltade resiliência, que permite a absorção e distribuiçãodestes esforços durante a mastigação.

Por outro lado, permitem que sejam desenvolvidasrestaurações livres de metal, as quais representamum resultado estético mais natural, devido àscaracterísticas inerentes a esses tipos derestaurações cerâmo – cerâmicas. Este tipo derestauração proporciona uma melhor reflexão da luz

e a sua transmissão ocorre de forma muitosemelhante ao que ocorre no dente natural.

É claro que existem artifícios que fazem com queas estruturas metalo – cerâmicas, realizadas porbons protéticos, também ganhem característicasnaturais, como, por exemplo, as coroas metalo –cerâmicas de ombro cerâmico, em que o metal nãoatinge os últimos 2 milímetros até o término dopreparo, sendo apenas a cerâmica que ocupa essaárea tão crítica, no aspecto estético do resultado final,mas se torna evidente que é muito difícil criar umaestrutura de aspecto natural, com relação à luz, ondeexistem apenas poucos décimos de milímetro decerâmica de corpo, até atingir as camadas decerâmica opaca que mascaram o metal, para criar ailusão de que este não existe.

Endodontically treated teeth, where a tissue lost on the crown has significant relevance in order to maintain the teethresistance simply restoring it, requires the use of some kind of resources to develop stability and retention of the futurerestoration, as well as the reminiscent dental tissues.Traditionally the molten metal core structure is used, but because of different reasons there is a tendency that thisresource becomes obsolete. Among different materials used for this objective, the fiber glass is a good solution as anindirect esthetic post and core structure.The present study has the objective to approach the use of an alternative technique for clinical cases in which thetraditional use of molten metal core is indicated, enhancing its use in prosthodontics.

UNITERMS: intra root post; all metal post and core; adhesive luting cement.

Contato com o autor: [email protected]

9. RIEDLING W; KAPPERT H. F. Veranderung einergingivaverfarbung nach Austausch eines Wurzelstiftes undVersorgung mittels Glasckeramik. Ein FallberichtQuintessenz, n. 39, p. 1919, 1988.

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ANO 8, nº 8, 2005

LESÃO DOS TECIDOS MOLES DA FACE: REVISÃO DE LITERATURA

SOFT TISSUE MAXILLOFACIAL INJURIES: LITERATURE REVIEW

Marcelo Silva MONNAZZI*

Eduardo Dias RIBEIRO**

Kilma Keilla Honório DE GÓES**

Maurício Bento da SILVA***

Por sua localização anatômica, o complexo bucomaxilofacial é a região mais vulnerável mediante injúrias. Acidentesdesportivos ou por meios de transporte, agressões físicas, por armas brancas ou não, são os principais fatores etiológicosdos traumas faciais. Contudo, comumente atribui-se à palavra “trauma” apenas as lesões que envolvem fraturas, ouseja, tecidos duros, em detrimento às abrasões, contusões e lacerações. A presente coleta bibliográfica tem por objetivoabordar as principais injúrias cometidas em tecidos moles, suas etiologias, classificações e tratamento.

UNITERMOS: traumatismo facial; face; ferimentos e lesões.

* Cirurgião Buco-maxilo-facial pela Unesp (Araraquara), Responsável pelo Serviço de Cirurgia Buco-maxilo-facial do Hospital Carlos Fernando Malzoni,Matão, São Paulo.** Graduandos em odontologia, estagiários do Serviço de Buco-mailxo do Hospital Senador Humberto Lucena, João Pessoa, Paraíba.*** Cirurgião Buco-maxilo-facial formado pelo Serviço de Cirurgia de Maringá.

INTRODUÇÃO

A “psique” dos seres humanos é muitorelacionada ao que ela pode apresentar aos outros,por isso, a face é o cartão de visitas e lesõestraumáticas nessa região podem repercutirsobremaneira nas suas funções como criatura bio-psico-social. Uma vez instalada a lesão,reconstruções realizadas, respeitando as estruturasnobres, bem como os diferentes níveis teciduais,garantem bons resultados funcionais e estéticos(SPAUWEN, 1997)1, daí a necessidade de um pronto-atendimento especializado.

REVISÃO DE LITERATURA

As lesões envolvendo tecidos moles sãoclassificadas em abrasões – quando o atrito entre asuperfície mole e o objeto provoca uma descamaçãodo epitélio – contusões ou equimoses – quando há orompimento de vasos no interior dos tecidosprovocando hemorragia submucosa e/ousubcutânea, e lacerações – quando há solução decontinuidade nos tecidos epitelial e subepitelial(PETERSON, et. al., 2000)2.

LE et al., 20013, em estudo realizado sobre 236pacientes, vítimas de violência doméstica,

concluíram que os traumatismos em tecido molecorresponderam a 61% das injúrias faciais. Emanálise de 813, jovens totalizando 1355 traumas poracidente ciclístico, ACTON et al. (1996)4 concluíramque, entre os que envolviam a região facial (25,1%),as abrasões e lacerações correspondiam a mais dametade das injúrias (50,3%). Verificando a relaçãotraumas bucomaxilofaciais/ prática desportiva, dos790 atendimentos realizados, o rúgbi foi o principalesporte causador de traumas (206) e as laceraçõesforam os traumas mais freqüentes (604), seguidospelas fraturas dento-alveolares (80) (HILL etal.,1998)5.

MOHAMMAD & BEHNIA et al. (1999)6

apresentam sua experiência no tratamento dedefeitos e deformidades nos tecidos moles da faceem 33 pacientes, durante o período de guerra (1986-1999). Balas eram a causa mais comum (70%),seguida pelos danos de metralhadora (21%) e minasterrestres (6%). A região de perioral foi envolvida em15 casos (45%), o terço médio e bucinador em 13casos (39%) e a área de periorbital em 5 casos (15%).Em uma revisão com 50 crianças de 3 meses a 15anos de idade, apresentando 64 danos aos tecidosmoles da face, num período de 5 anos, BANKOLE etal. (2004)7 verificaram que o tipo predominante eramas dilacerações (75%). A etiologia mais comum foram

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Revista Ciências Odontológicas

quedas (66%), seguidas por acidentes de trânsito (18%).A língua (31.3%) era o comumente local mais afetado,seguido pelos lábios (29.7%) e bochechas (10.9%).

Em uma análise retrospectiva de 10 anos,totalizando 3385 pacientes e 6060 injúriascraniomaxilofaciais, GASSNER et al. (2004)8

concluíarm que brincadeiras correspondiam a 58,2%das etiologias, acidentes desportivos 31,8% eacidentes de trânsito 5%. Esse mesmo estudomostrou que 1697 pacientes (50,1%) totalizaram2061 traumas em tecidos moles. Dentre as criançasenvolvidas em acidentes de trânsito, houve umaelevação de 238% para risco de fraturas e 89% paralesões em tecidos moles.

Avaliando 13 pacientes vítimas de laceraçõesfaciais por acidentes envolvendo pedaços de vidro,GUR et al. (2001)9 encontraram padrões comuns emtodas as lesões, quando levados em consideração oformato, profundidade e estado das extremidadesdas injúrias. O nariz foi a estrutura mais atingida.Em um estudo retrospectivo com 44 pacientesvítimas de lesões craniomaxilofaciais, por PAF,MOTAMEDI (1999)10, concluiu que 97,7%sobreviveram após a admissão, 100% destespossuíam fraturas nos ossos da face, necessitandode tratamento cirúrgico, e 86,3% possuíamconcomitantemente lesões em tecidos moles.

Avaliando os atendimentos em seis hospitaisgerais, em Tehran, em um período de 13 meses,ZARGAR et al. (2004)11 concluíram que, dos oito milpacientes que permaneceram mais de 24 horas nosserviços, 5% (quatrocentos pacientes) possuíamtraumas faciais, dentre os quais, 170 possuíamunicamente feridas expostas e 27, associados a elas,possuíam também fraturas.

MARTINS et al. (2002)12, realizando um estudoepidemiológico dos traumatismos em tecidos moles,em pacientes pediátricos, concluíram que, no total de311 pacientes atendidos, as escoriações e hematomascorresponderam a 58,6% do total de ferimentos, sendoa região mais atingida a frontal, correspondendo a(23,2%), seguida pela nasal (16,1%)

MOHAMMAD et al. (1999)6 apontam que, emtodos os casos atendidos, foi realizado odebridamento, seguido de sutura da região. ParaSPAWEN (1997)1, o tratamento primário é muitopróspero, se são executadas reconstruçõesatraumáticas, utilizando tecidos bemvascularizados, e com respeito às unidades estéticasda face. Estruturas funcionais deveriam serconsertadas, como pálpebras, lábios, nervo facial eo ducto parotídeo, com um procedimento primário.

GUR et al. (2001)9 recomendam atenção especialao retalho. No ferimento deve ser realizadodebridamento e sutura e, em casos mais graves,devem ser retirados enxertos de outras partes docorpo. FRODEL et al. (2004)13 mencionam a terapiacom sanguessugas em 4 casos em que o fluxo venosode áreas, como orelha, pálpebra, lábio e courocabeludo, encontrava-se comprometido.

CASOS CLÍNICOS

Na intenção de ilustrar esta revisão da literatura,os autores expõem dois casos clínicos detraumatismos em tecido mole da face, apresentandoo aspecto inicial, quando da entrada do paciente nocentro cirúrgico, e os aspectos alcançados, com ofechamento primário, após limpeza e debridamento.

Os três casos são de pacientes, vítimas de traumacausado por acidente automobilístico, e por acidente detrabalho com serra elétrica, que foram atendidos noHospital Carlos Fernando Malzoni, na cidade de Matão,interior de São Paulo, pela equipe responsável pelo Serviçode Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial queestava de plantão no momento do acidente. O tratamentoinstituído nos dois casos constou de limpeza local, comsoro fisiológico e solução de Polivinil pirrolidona iodo a10% , em abundância regularização dos bordosirregulares e remoção dos fragmentos teciduaisnecrosados e desvitalizados, aproximação dos bordospara reestabelecimento da anatomia, neurorrafia quandonecessário, sutura por planos e manutenção deantibioticoterapia sistêmica, reforço da vacina anti-tetânica quando necessário e curativos locais compomadas, contendo antibióticos em sua composição. Assuturas forma realizadas com vicryl para os planosmusculares e subcutâneo, e nylon para a região da pele.

Os casos são apresentados na seqüência, sendoas fotos pré-operatórias (Fotos 1, 2 e 3) e imagensdo resultado pós-operatório imediato, obtido com ofechamento primário (Fotos 4, 5 e 6).

DISCUSSÃO

Estatisticamente, lesões envolvendo tecidos molesda face correspondem a mais da metade dos traumasatendidos em serviços hospitalares. 3,4,8,10

A etiologia mais comum foram quedas (66%),seguidas por acidentes de trânsito (18%), segundoos estudos de BANKOLE et al. (2004)7. GASSNER etal. (2004)8 concluíram que brincadeirascorrespondiam a 58,2% das etiologias, acidentesdesportivos 31,8% e acidentes de trânsito 5%.

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Foto 1. Vista inicial da paciente com extenso ferimento corto-contuso(FCC) em região infra-temporal, à esquerda.

Foto 2. Imagem de FCC múltiplo, em região de corpo de mandíbula e cervicaldireita, de paciente vítima de acidente com serra elétrica.

Foto 3. Vista inicial de ferimento em pálpebra esquerda, decorrente deacidente automobilístico.

Foto 4. Pós-operatório imediato do paciente da foto 1.

Foto 5. Pós-operatório imediato do paciente da foto 2.

Foto 6. Pós-operatório imediato do paciente da foto 3.

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Revista Ciências Odontológicas

As lacerações são o tipo de injúria mais comum,segundo BANKOLE et al. (2004)8, HILL et al.,19985 eFASOLA et al. (2000)14, discordando de MARTINS et al.(2002), que encontrou as escoriações como principalinjúria. ZARGAR et al. (2004)11 encontrou a segunda eterceira décadas de vida como a maior prevalência,concordando, em parte, com FASOLA et al. (2000)14,que encontrou a terceira década como a mais prevalente.

Quanto à região mais atingida, não a um consenso.A região perioral foi a mais atingida nos estudosepidemiológicos realizados por MOHAMMAD &BEHNIA et al. (1999)6, ao passo que BANKOLE et al.(2004)7 encontraram a língua como o local maisatingido (31,3%) e GUR et al. (2001)9 concluíram emseus estudos que a região nasal foi a mais atingida.

Com relação ao tratamento, MOHAMMAD et al.(1999)6, SPAWEN (1997)1 e GUR et al. (2001)9 são

unânimes em preconizar o debridamento, seguidoda sutura, como conduta inicial, respeitando aanatomia da região.

CONCLUSÕES

Os traumas envolvendo tecidos moles devem teruma atenção especial, pois, além de abrigaremestruturas nobres (vasos e nervos), contribuemsobremaneira para a auto-estima do paciente.

Os estudos epidemiológicos mostram que asinjúrias envolvendo tecidos moles incrementam,consideravelmente, as estatísticas de traumascraniomaxilofaciais, o que torna de capitalimportância o conhecimento, pelos profissionais, deprotocolos de atendimento ao paciente vítima delesões, envolvendo tecidos moles.

Because of its anatomical location, the maxillofacial area is the most vulnerable area by offenses. Sport accidents or fortransportation means, physical aggressions, for cold steel or shoot gun are the main etiological factors of the facialtraumas. However, commonly it is attributed to the word “trauma” just the lesions that involve fractures, in other words,woven hard in detriment to the abrasions, bruises and lacerations. This paper presents a bibliographical collects thathas for objective to approach the main offenses committed in woven soft, their ethiologies, classifications and treatment.

UNITERMS: Facial trauma, Face, wounds; injuries.

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Contato com o autor: [email protected]

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EMPREGO DE REGENERAÇÃO TECIDUAL GUIADA EM CIRURGIAPARAENDODÔNTICA. CASO CLÍNICO

GUIED TISSUE REGENERATION EMPLOYMENT ON PARAENDODONTICSURGERY. CLINICAL REPORT

Marcelo Silva MONNAZZi *Maurício Bento da SILVA **

Daniel Bittencourt SCHIMIDT ***Higor LANDGRAF ***

Adriano Freitas de ASSIS ***Renato Teixeira MAGALHÃES ****

Neste texto, os autores demonstram o uso de técnica de regeneração tecidual guiada, aplicada à cirurgia paraendodôntica.Com o intuito de aprimorar a cicatrização da área submetida à cirurgia, lançamos mão de enxerto ósseo xenógeno e demembrana óssea bovina, tentando criar um ambiente favorável à neoformação dos tecidos periapicais, ou seja, cemento,ligamento periodontal e osso alveolar.

UNITERMOS: Cirurgia paraendodôntica; RTG- Enxerto xenógeno; Membranas

* Cirurgião Buco-Maxilo formado pelo Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Unesp (Araraquara), Fellow Ship na UTSouthwesternMedical School (Dallas)** Residente do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial de Maringá*** Cirurgião Buco-Maxilo formado pelo Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Unesp (Araraquara)**** Cirurgião dentista graduado pela Unesp - Araraquara

INTRODUÇÃO

Frente a insucessos no tratamento endodôntico,acidentes ou complicações decorrentes do mesmo,em lesões persistentes, com repercussãoperirradicular, e cujo acesso seja inexeqüível pelavia convencional, podemos utilizar como via deacesso para a resolução do problema a cirurgiaperiapical.

As cirurgias periapicais consistem em atoscirúrgicos que objetivam a resolução dasenfermidades pulpo-parendodônticas persistentesou inacessíveis aos tratamentos não radicais. Osprocedimentos clínicos com os pacientes portadoresde enfermidades periapicais são os mesmos relativosaos demais pacientes cirúrgicos: vão desde aconsulta inicial, anamnese, solicitação de exames,diagnóstico preciso e preparo pré-cirúrgico.

Ao lançarmos mão dessas técnicas, incorremosnos riscos inerentes a quaisquer outras cirurgias,sendo algum destes: riscos de lesão a feixes vásculo-nervosos, riscos de quebra da cadeia asséptica,

promoção de bacteremia (transitória) no paciente,riscos hemorrágicos, complicações pós-cirúrgicas evários outros itens que fazem das cirurgias atos querequerem a atuação de cirurgiões dentistasespecializados e muito bem preparados. 1,7

Ainda devemos lembrar que o sucesso e total reparodas feridas cirúrgicas, deixadas quando da utilizaçãodos recursos cruentos, não dependem exclusivamenteda aplicação de uma adequada técnica, com exérese ecuretagem de toda a lesão periapical e da subseqüenteobturação desse forame apical, seja via obturaçãoretrógrada, retroinstrumentação com retroobturaçãoou com a obturação simultânea dos canaisradiculares. Esse sucesso, porém, também estárelacionado à cicatrização da região submetida àcirurgia.

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Revista Ciências Odontológicas

O reparo da área, após a remoção dos fatorescausais da lesão, depende de uma infinidade defatores, fatores estes relacionados às característicasindividuais de resposta imunológica e reparadora,que variam de pessoa para pessoa; relacionados àdimensão da lesão e conseqüente loja cirúrgica,implicando a formação de um coágulo muito grande,o qual certamente não irá atuar no reparo da lesãoda mesma forma que um coágulo de menoresdimensões e melhor organizado.

CASO CLÍNICO

Paciente de 48 anos, sexo masculino, trabalhadorrural, procurou o Serviço de Cirurgia Buco-Maxiloda cidade de Matão, encaminhado por um dentistado Posto de Saúde local.

O paciente apresentava-se com uma fístula visívelclinicamente, na região do dente 14. Após exameradiográfico, constatou-se a presença de uma lesãoradiolúcida, de proporções razoáveis, na região doperiápice desse mesmo elemento dental e doelemento 15 (Figura 01).

Posterior à anamnese, exame clínico e laboratorialnecessários, demos início à cirurgia. Primeiramente,foram realizados todos os processos de assepsia,seguidos da montagem dos campos operatórios.

a remoção da lesão, tentando ao máximo preservarsua integridade, para favorecer o examehistopatológico. Dando seqüência à cirurgia,realizamos os passos necessários para a obturaçãodos ápices radiculares, seguindo a técnica deobturação retrógrada citada por Kuga et al. (1997)6,fazendo uso de brocas micro-esféricas em baixarotação, para o preparo da canaleta nos ápicesdentários e de cimento obturador Sealer 26 (Figura03). Em seqüência à obturação dos ápicesradiculares, fizemos a plastia periapical, dando umaconformação mais anatômica para o ápice radicular(arredondando-o), limpando aquele cementocontaminado e removendo as microerosões,responsáveis pelo alojamento das bactérias edificuldade de regressão da lesão pelas viasconvencionais. Essa plastia apical foi feita com limasperiapicais, sob pressão manual leve.

Tão logo terminamos os passos cirúrgicosconvencionais, frente às dimensões da loja cirúrgicae a falta de parte da parede óssea vestibular, optamospor adotar técnicas de RTG, no intuito de melhorar

Quando do término desses itens preparatórios,passamos então à incisão, feita de acordo com asnormas citadas por Kuga et al. (1990)4 (Figura 02).Tendo sido feita a incisão marginal, promovemosentão o deslocamento, com a confecção de umretalho de espessura total.

Após o rebatimento do retalho, pudemosvisualizar a lesão, que já havia destruído grandeparte da tábua óssea vestibular. Com o auxílio decuretas de Lucas e de pinças hemostáticas, fizemos

FIGURA 1. Radiografia inicial dos dentes 14 e 15. Notar presença delesão em periápice.

FIGURA 2. Incisão para acesso à região periapical.

FIGURA 3. Vista intra-operatória após a limpeza da lesão, confecção dopreparo apical e obturação retrógrada com cimento endodôntico.

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e acelerar o reparo da área lesada. Decidimos, pois,em comunhão com o paciente, utilizarmos enxertode osso xenógeno, para preencher a loja, e, de certa,forma propiciar um coagulo mais organizado, etambém lançamos mão de membrana ósseareabsorvível. Prosseguindo, então, fizemos aacomodação do enxerto ósseo na cavidade cirúrgicae, depois de hidratarmos a membrana em soluçãode cloreto de sódio a 0,9%, adaptamos a mesmasobre a loja, de forma que a membrana cobrisse todaa área da loja cirúrgica, e deixamos um excedentede membrana de 2 a 3 mm em torno da loja, queficou totalmente submersa ao retalho e estável,evitando-se a contaminação da mesma. (Figura 04)

Após a realização desses passos, readaptamos oretalho, devolvendo ao mesmo sua posição inicial,comprimimos o mesmo de forma a diminuir o coáguloexistente entre o retalho e o tecido ósseo, e passamosà sutura (com fio de seda 4-0), feita com pontos

conta as células que por ventura venham a fazerparte do contingente celular dessa área, é um dosprincipais. Segundo Rankow et al. (1996)10, se ascélulas do tecido conjuntivo povoarem esse coágulocorremos o risco de ter uma reabsorção radicular,devido ao contato direto entre raiz e tecidoconjuntivo. No entanto, se células advindas do tecidoósseo preencherem o coágulo, ter-se-á uma grandechance de ocorrer uma anquilose do elementodentário, apesar de improvável, pois a proliferaçãodas células osteogênicas é mais lenta que as demais.O perfeito reparo da área dar-se-ia com a invasãoda loja cirúrgica e do coágulo, pelas células doligamento periodontal, que acarretaria naregeneração do osso alveolar, cemento e do ligamentoperiodontal.

Analisando e estudando as formas de cicatrizaçãoe reparo da área lesada e objetivando favorecer eaprimorar, através de técnicas disponíveis e já hámuito utilizadas em periodontia e implantodontia,concordamos com vários autores que passaram autilizar técnicas de regeneração tecidual guiada emcirurgias paraendodônticas. Algum destes autorescomo, por exemplo, Pecora et al. (1997)9, citamvantagens e desvantagens do uso de membranas

simples a partir da papila móvel, para assegurar umamelhor contenção, estabilidade e submersão damembrana (Figura 05). O acompanhamento pós-operatório foi realizado em retornos semanais e depoisdo primeiro mês em retornos bimestrais. O reparotecidual ocorreu de forma satisfatória, bem como oreparo ósseo. Podemos ver o controle radiográfico de2 anos (Figura 06).

DISCUSSÃO

Dentre os fatores de sucesso ou não descritos naliteratura, o preenchimento do coágulo, levando em

FIGURA 4. Vista intra-operatória, após preenchimento da loja cirúrgia comosso liofilizado e recobrimento com membrana óssea bovina.

FIGURA 5. Vista da sutura, após término do procedimento cirúrgico.

FIGURA 6. Controle radiográfico pós-operatório de 2 anos.

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Revista Ciências Odontológicas

nessa modalidade cirúrgica, sendo que as vantagensseriam: a proteção do tecido ósseo em casos delaceração de periósteo, aumento da concentraçãode células osteogênicas no interior da loja cirúrgica,alto índice de sucesso. Já as desvantagens são: ocusto, a possibilidade de infecção, necessidade desegunda intervenção cirúrgica, em caso de uso demembranas não reabsorvíveis, e problemas naaplicação das membranas, apesar deste últimotópico estar diretamente relacionado à falta depredicados técnicos por parte do cirurgião.

CONCLUSÕES

A regeneração tecidual guiada não é uma técnicaque oferece garantias de sucesso por si só, porém éum recurso adicional que está ao alcance doscirurgiões dentistas e que tem mostrado, em diversostrabalhos realizados por renomados autores, umbom índice de sucesso. Constitui um recurso a mais,para aumentar as chances de sucesso, frente a casosde difícil solução.

In this article, the authors show a simple technique of guided tissue regeneration, used in periapical paraendodonticsurgery. In order to improve the cicatrisation of the surgery area, the authors used bone and barrier xenograft, with theintention of creating a favorable environment for the ingrowing of new cement, periodontal ligament and alveolar bone.

UNITERNS: pearipical sugery; GTR; xenograft; barriers

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5. KUGA, M. C. et al. Cirurgia paraendodôntica com obturaçãosimultânea dos canais radiculares. Rev Assoc Paul CirDent, v.46, n.4, p.817-820, 1992.

6. KUGA, M. C. et al. Cirurgias paraendodônticas em funçãode modalidade cirúrgicas e tempo de controle. Rev AssocPaul Cir Dent, v. 51, n.2, p.136-140, 1997.

7. LEONARDO, M. R. et al. Contribuição para o estudo dareparação apical pós-tratamento de canais radiculares.Araraquara, 1973. 156p. Tese (Livre docência)- Faculdadesde Odontologia, Universidade Estadual Paulista.

8. LUSTMANN, J. et al. Relation of pre and intraoperativefactors to prognosis of posterior apical surgery. J Endod,v.17, n.5, p.239-241, 1991.

9.PECORA, G. et al. Barrier menbrane techiniques inendodontic microsurgery. Dent Clin North Americ, v.41,n.3, p.585-601, 1997.

10. RANKOW, H. J. et al. Endodontic aplications of guidedtissue regeneration in endodontic surgery. J Endod, v.22, n.1, p. 34-43, 1996.

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ANO 8, nº 8, 2005

ESTUDO HISTOLÓGICO E HISTOMÉTRICO COMPARATIVO DO PROCESSO DEREPARO ALVEOLAR APÓS EXODONTIA E TAMPONAMENTO COM AS SOLUÇÕES

ANESTÉSICAS ARTICAÍNE 100® E NOVOCOL 100®

HISTOLOGICAL AND HISTOMETRICAL COMPARATIVE STUDY OF THEALVEOLAR HEALING PROCESS AFTER EXODONTICS AND TAMPONMENT WITH

THE ANESTHETICAL SOLUTIONS ARTICAINE 100® AND NOVOCOL 100®

SIMONE SASSO BARION*JOSÉ RICARDO VANCETTO*

FLÁVIA APARECIDA CHAVES FURLANETO**LUIZ ALBERTO MILANEZI***

TETUO OKAMOTO***SEBASTIÃO MARCOS RIBEIRO DE CARVALHO****

O autor propôs, neste estudo, avaliar histológica e histometricamente o processo reparacional no terço médio do alvéolodental, após exodontia e sob ação dos anestésicos Articaíne 100® e Novocol 100®. O escopo foi o de determinar qual dosanestésicos proporciona, com base nas suas propriedades anestésicas e hemostáticas, menor poder irritacional aostecidos envolvidos e, conseqüentemente, um reparo alveolar mais diferenciado. Para tanto, foram empregados 72 ratos,dos quais, 24 receberam aplicação tópica de Articaíne 100® e 24 receberam aplicação tópica de Novocol 100®, através degaze embebida na solução anestésica. Nos 24 ratos remanescentes, foi aplicado soro fisiológico e se prestaram com ocontrole. Os animais foram sacrificados no 7o, 15o e 24o dia pós-operatórios. As peças foram removidas e fixadas emformalina 10%, seguindo-se, a inclusão em parafina, para microtomia. Os cortes obtidos foram corados pela técnica dehematoxilina e eosina, para estudo microscópico. As análises histológicas e histométricas, com base nas metodologiasdesenvolvidas, permitiram chegar às seguintes conclusões: os ratos do grupo Articaíne 100® mostraram um processoreparacional alveolar mais adiantado nos 7o, 15o e 24o dias pós-operatórios, com relação ao grupo Novocol 100®, porémmais atrasado que o grupo Controle; o desenvolvimento e a quantidade de tecido ósseo neoformado, durante o processode reparo alveolar em ratos, são maiores no grupo Controle, menores no grupo Novocol 100® e têm valores intermediá-rios, no grupo Articaíne 100®; a neoformação óssea fica prejudicada em sua significância, quando utilizamos os anesté-sicos Novocol 100® ou Articaíne 100®, e o 24o dia pós-operatório do processo de reparo alveolar em ratos é o quedetermina as maiores áreas de neoformação ósseas para os três grupos avaliados.

UNITERMOS: Processo de reparo alveolar; anestésico; Articaíne 100®; Novocol 100®.

* Mestres do Programa de Pós-graduação em Clínicas Odontológicas da UNIMAR, Marília / SP.** Mestre do Programa de Pós-graduação em Odontologia – Área de Concentração em Periodontia. Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP.*** Professores Titulares do Programa de Pós-graduação em Clínica Odontológica da UNIMAR, Marília / SP.**** Professor Doutor das Disciplinas Básicas do Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica da UNIMAR, Marília / SP.

INTRODUÇÃO

São muito bem delineados pelos trabalhos darevista literária, os eventos biológicos relacionadosao processo de reparo alveolar em feridas de extraçãodental em ratos.

Dentre esses trabalhos, os estudos com assoluções anestésicas locais se fizeram comoconquistas capazes de mudar o perfil dostratamentos odontológicos, em geral, e dasexodontias, em particular (CARVALHO,8 1980; SAADNETO et al.,20 1982; CARVALHO,9 1984; SAAD NETO

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et al.,21 1985; GARBIN JUNIOR,11 2001;VERONESE,26 2004; VANCETTO,25 2005). SegundoRamacciato et al.18 (2003), o cirurgião-dentista temo embasamento para eleger os anestésicos de acordocom a história médica do paciente, escolhê-los emfunção do tempo de duração do procedimento e danecessidade de hemostasia.

Nos dias de hoje, o cirurgião-dentista tem a suadisposição uma gama de soluções anestésicas locais,facilitando e adequando convenientemente aspossibilidades de escolha em função da suaformulação. Na sua composição entram o agenteanestésico, o veículo, o vasoconstritor, o preservadore o anti-séptico, o que faz da solução anestésica um“pool” de medicamentos com efeitos sistêmicos elocais.

No âmbito dos efeitos sistêmicos, os maisimportantes relacionam-se aos sistemas nervosocentral e cardiovascular; secundariamente, outrosórgãos dependentes de atividades neuromuscularespodem se ressentir da presença dos componentesdas soluções anestésicas (BOMBANA et al.,6 2001).

No âmbito dos efeitos locais, a solução anestésicainfiltrada localmente ou aplicada topicamenteprovoca irritação aos tecidos, e sua irrigação nointerior do alvéolo dental retarda a cronologia doreparo alveolar por desorganização do coágulosanguíneo e alterações do remanescente doligamento periodontal e parede óssea (CARVALHO,8

1980; SAAD NETO et al.,20 1982; CARVALHO,9 1984;SAAD NETO et al.,21 1985; GARBIN JUNIOR,11 2001;VERONESE,26 2004; VANCETTO,25 2005). Outrasvezes, pode ocorrer uma interferência na capacidadede reparação das células do ligamento periodontal(ROZANIS et al.,19 1976).

Mais recentemente, Aur Junior3 (2004) eVancetto25 (2005), avaliaram histologicamente oprocesso de reparo alveolar em ratos, após exodontiae pressão da ferida cirúrgica com compressa de gazeembebida ou não em anestésicos comvasoconstritores. Esses projetos, contendo aproposta de utilização tópica para avaliar as suasações nos casos de hemorragias imediatas pós-exodonticas, levaram os autores a inferir que cadaanestésico foi responsabilizado por provocarmenores ou maiores alterações no processoreparacional em face de suas formulações e, emespecial, do tipo de vasoconstritor presente.

Na tentativa de corroborar com o intrínsecoassunto solução anestésica e processo reparacionaldo alvéolo em ratos, achamos necessária a realizaçãode um novo estudo avaliativo com uma metodologiade análise histométrica (quantitativa). Com esta

análise, avaliaremos o osso trabecular neoformado,que é parâmetro e produto final da reparaçãoalveolar. Soma-se, ainda, que, quantificando osresultados dos grupos controle e tratados comsoluções anestésicas, quanto ao produto daneoformação óssea, observaremos se esses valoressão estatisticamente significantes entre os grupos etempos operatórios.

Portanto, é propósito deste estudo avaliarhistológica e histometricamente, o terço médioalveolar do processo de reparo em feridas de extraçãodental em ratos, após exodontia e pressão comcompressa de gaze embebida em solução de Novocol100® ou Articaíne 100®. Avaliar, ainda,histometricamente, a quantidade de tecido ósseoneoformado.

MATERIAL E MÉTODO

Para o presente projeto, foram empregados 72ratos (Rattus norvegicus, albinus, Wistar), machos,adultos, com peso entre 280 a 320 gramas,provenientes do Biotério da UNIMAR – Marília / SP.

Os animais foram divididos em 3 grupos de 24animais, cada, e se prestaram para constituir osgrupos I (Controle), II (Novocol 100®) e III (Articaíne100®).

As soluções anestésicas analisadas neste estudoforam:

1) Novocol 100®, fabricada pela SS White ArtigosDentários Ltda, Rio de Janeiro / RJ, Brasil.Composta de cloridrato de lidocaína 2%, cloridratode fenilefrina 1:2500, cloreto de sódio, metabissulfitode sódio, metilparabeno e água destilada.

2) Articaíne 100®, fabricada pela DFL ProdutosOdontológicos, Rio de Janeiro / RJ, Brasil. Compostade cloridrato de articaína 4%, adrenalina base1:100.000, metabissulfito de sódio, cloreto de sódioe água destilada.

No procedimento cirúrgico, os animais foramanestesiados por infiltração intramuscular decloridrato de xilazina (Dopaser ®), seguido doanestésico, o cloridrato de cetamina (Vetanarcol ®).

Após anti-sepsia do campo operatório,empregando-se a polivinilpirrolidona iodada (PVP-I), o incisivo superior direito de cada animal foiextraído com auxílio de um sindesmótomo e umfórceps especialmente adaptados para esse fim.

A seguir, nos ratos do grupo I (Controle), foirealizada a hemostasia da ferida cirúrgica por meio

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de uma gaze estéril embebida em soro fisiológico,mantida sobre pressão em contato com a mesma,por dois minutos, seguida de sutura com fio de seda4-0.

No grupo II (Novocol 100®), foi realizada ahemostasia da ferida cirúrgica por meio de gazeestéril embebida em solução de Novocol 100®,mantida sobre pressão em contato com a mesmapor dois minutos, seguida de sutura com o mesmofio usado no grupo I.

No grupo III (Articaíne 100®), foram realizados osmesmos procedimentos do grupo II, sendo utilizadoo anestésico Articaíne 100®.

Em número de 8 animais para cada grupo,controle e tratados, os ratos foram sacrificados porinalação excessiva de éter sulfúrico, aos 7, 15 e 24dias após o ato cirúrgico.

As peças obtidas foram fixadas em formalinaneutra a 10%, e descalcificadas em solução de EDTAa 20%. Seguiu-se então o processamento laboratorialde rotina para inclusão em parafina, para permitira microtomia da peça, no sentido longitudinal evestíbulo-lingual. Dos blocos assim obtidos, foramcolhidos cortes seriados, com espessura de 6micrômetros. Os cortes foram corados pela técnicade hematoxilina e eosina, para análises histológicae histométrica.

Na análise histológica, foi utilizado ummicroscópio óptico comum. Na análise histométrica,foi usado um sistema de análise de imagem auxiliadapor computador.

Foi relacionado 1 (um) corte histológico do terçomédio do alvéolo, no sentido longitudinal de cadaanimal, dos grupos controle e tratados, nos temposde 7, 15 e 24 dias, para análise quantitativa. Paratanto, empregamos uma câmera digital e o programa“VideoCap”, que captura as imagens do microscópioóptico e as passa para o computador. As imagensde cada corte histológico foram tomadas nomicroscópio óptico, utilizando-se de uma objetivade aumento de 32x, selecionadas e transferidas parao software Jandel Sigmascan.

Para a padronização da análise histométrica, foiestabelecido o seguinte critério: as áreas analisadasforam divididas em área total (AT) (correspondendoa toda a imagem tomada) e área de tecido ósseoneoformada (AON).

Usando-se os recursos do software JandelSigmascan, obteve-se então o valor da área total (AT),valor este correspondente a 100% da área da imagemhistológica do terço médio do alvéolo, e os valoresmedidos foram transferidos automaticamente parauma planilha de cálculos em pixel (anexos III, IV e

V). Com o auxílio da unidade de conversão pixel/mm² e uma regra de três, chegamos ao resultado daárea total em mm².

FÓRMULA DO CÁLCULO DA ÁREA TOTAL EMmm²:

1 mm²_____ 124 pixelX mm² _____ AT pixel

Procedeu-se então à obtenção do valor da áreade osso neoformado (AON) e, com o auxílio daunidade de conversão pixel/mm², conseguimos ovalor em mm² da área.

Os valores da AON de cada animal foram usadospara o cálculo da média e dos desvios-padrão dosgrupos, controle e tratados, sendo estes convertidosem porcentagem, considerando a AT como sendo100% da área.

AON (mm²)/ AT (mm²) x 100

Nos valores de AON, os animais foramrepresentados pela porcentagem média dos 8 corteshistológicos de cada grupo, aos 7º, 15º e 24º diaspós-operatórios, com o objetivo de minimizar o errodas medidas. Para a comparação entre os gruposem estudo foi utilizada a Análise de Variância dedois fatores e, quando o resultado do teste F foisignificante, empregou-se, o teste de comparaçõesmúltiplas de Tukey, para detectar diferençassignificativas entre os grupos, adotando-se em todosos testes o nível de significância de 5% deprobabilidade para a rejeição da hipótese de nulidade(ARMITAGE e BERRY,2 1997).

No Quadro 1, estão resumidas as característicasdos dois fatores em estudo: Fator A (droga) e FatorB (tempo), ambos em três níveis (Quadro 1).

Quadro 1. Fatores em estudo e respectivos níveis.

Os tratamentos correspondentes ao delineamentoem esquema fatorial 3x3 estão resumidos nosQuadro 2 (Quadro 2).

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No presente estudo, os resultados histométricosterão os valores expressos em porcentagens (Tabela1), com um intervalo de variação de 1,78% a 93,99%,tornando-se necessário realizarmos a transformaçãodesses dados, no caso a transformação angulararcosenv(x+5)/100 (Tabela 1), com o objetivo de osdados passarem a apresentar uma distribuiçãoaproximadamente normal (BANZATTO e KRONKA,4

1989).

2005). Mostram que, nos tempos pós-operatóriosavaliados, tivemos as quatro fases distintas dareparação alveolar, propostas por Carvalho &Okamoto7 (1987), sendo elas: da proliferaçãofibroblástica, do desenvolvimento do tecidoconjuntivo, da maturação do tecido conjuntivo e dadiferenciação óssea. Portanto, no nosso estudo, oprocesso reparacional completo se fez no 24º dia depós-operatório, segundo a metodologia utilizada naavaliação histológica dos cortes das peças no sentidolongitudinal e vestíbulo-lingual.

Quadro 2. Tratamentos realizados no presente estudo.

Tabela 1. Dados dos tratamentos e respectivos dados originais e transfor-mados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados histológicos do terço médio doalvéolo do nosso grupo controle são semelhantes aosoutros trabalhos, com a mesma metodologia deexperimentação (GARBIN JUNIOR,11 2001; AURJUNIOR,3 2004; NAZARI,16 2005; VANCETTO,25

Tabela 2.Análise de Variância Preliminar:

No 7º dia pós-operatório, o reparo alveolar noterço médio mostra tecido conjuntivo neoformadocom elevado número de fibroblastos. Na parede ósseaalveolar íntegra, temos delgadas trabéculas ósseascom osteoblastos em suas bordas (Figura 1).Contudo, a presença de coágulo sanguíneo semorganização está presente. Também temos, no 15ºdia, em toda a extensão do terço médio, trabéculasósseas neoformadas regulares, mas são bastanteamplos os espaços inter-trabeculares ocupados portecido conjuntivo sem diferenciação óssea (Figura2). No 24º dia, esse terço do alvéolo é ocupado portrabéculas ósseas desenvolvidas e espessas, comcanais medulares bem definidos (Figura 3).

FIGURA 1. Grupo I (Controle). 7 dias. Próximo à parede óssea alveolar,presença de delgadas espículas ósseas com osteoblastos emsuas bordas. HE, original 63x.

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Nary Filho et al.15 (1997) enfatizam que esseseventos biológicos descritos são pertinentes aoprocesso de reparo normal e são produtos docomportamento dos tecidos frente ao trauma dacirurgia exodôntica e do fio de sutura utilizado nasíntese das bordas da ferida, o que corroboramosplenamente.

Os anestésicos Novocol 100® e Articaíne 100®,utilizados em nosso estudo, foram eleitosconsiderando que já foram avaliados em outrosexperimentos com a mesma metodologia (AURJUNIOR,3 2004; VANCETTO,25 2005). SegundoVancetto25 (2005), em seu estudo histológicocomparativo, os ratos do grupo Articaíne 100®,quanto ao processo reparacional, tinham um reparoalveolar mais adiantado que os ratos que sofrerama ação do Novocol 100®.

Esse atraso do processo reparacional com os ratosdo grupo Novocol 100® também foi demonstrado notrabalho de Aur Junior3 (2004).

Outra justificativa deste nosso projeto, com osanestésicos em apreço, é que foram selecionadospelas suas diferentes composições. Ambos sãocompostos nitrogenados (SANTOS PINTO & SAADNETO,22 2003), que possuem uma porção lipofílicae outra hidrofílica, o que leva a serem classificadoscomo compostos amino-amida, ou seja, o Novocol100® é uma lidocaína e a Articaíne 100® é umaarticaína. Com relação ao vasoconstritor, o Novocol100® tem na sua formulação fenilefrina (1:2500) e aArticaíne 100® adrenalina (1:100. 000).

Assim exposto, elegemos para fins de avaliaçãohistométrica em nosso estudo ambos os anestésicos,Novocol 100® e Articaíne 100®, pelas suas ações nostecidos e pelo conhecimento de suas eficácia esegurança em âmbito clínico, conforme relatos naliteratura (MALAMED et al.,14 2001; TÓFOLI et al.,23

2001; HAAS,13 2002). Soma-se ainda que novaspesquisas, agora com a metodologia histométrica,avaliarão melhor os aspectos das neoformaçõesósseas com os anestésicos Novocol 100® e Articaíne100®, por inexistir trabalhos que assim o fizeram.

No âmbito ainda da histologia, no nossoexperimento, temos que no grupo tratado com oNovocol 100®, no 7º dia pós-operatório, há a presençade delgadas espículas ósseas neoformadas próximoà parede óssea alveolar, em alguns espécimes (Figura4). É extensa a área ocupada por coágulo sanguíneocom presença de fibroblastos. Já no 15º dia, háneoformação óssea discreta, ora com presença, emalguns espécimes, de finas trabéculas ósseas comamplos espaços inter-trabeculares ocupados portecido conjuntivo com fibroblastos (Figura 5); emoutros, têm-se espículas ósseas neoformadas comosteoblastos em suas bordas, com tecido conjuntivosem diferenciação óssea e discreto número defibroblastos. No 24º dia, todos os espécimes temdelgadas trabéculas ósseas neoformadas (Figura 6),extensas áreas ocupadas por tecido conjuntivo semdiferenciação óssea e, ocasionalmente, áreasocupadas por coágulo sanguíneo remanescente.

Essas alterações teciduais, ocorridas no grupocom o anestésico Novocol 100®, quando comparadoao grupo Controle, permitem afirmar que asalterações inflamatórias exacerbadas são produtodo trauma cirúrgico associado ao fio de sutura (NARYFILHO et al.,15 1997; AUR JUNIOR,3 2004;VANCETTO,25 2005) mais a ação irritante da soluçãoanestésica em contato com os tecidos. Assim,corroborando Santos Pinto e Saad Neto22 (2003), AurJunior3 (2004) e Vancetto25 (2005) têm que aevolução reparacional alveolar, com o anestésicoNovocol 100®, deveu-se primeiro à fenilefrina,

FIGURA 2. Grupo I (Controle). 15 dias. Trabéculas ósseas com amplosespaços ocupados por tecido conjuntivo sem diferenciação ós-sea. HE, original 63x.

FIGURA 3. Grupo I (Controle). 24 dias. Parede do alvéolo com trabéculasósseas espessas e bem desenvolvidas. HE, original 63x.

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vasoconstritor presente na solução anestésica. Comosabemos, os tecidos onde a solução anestésica éaplicada ficam sujeitos à falta de fluxo sanguíneopor longos períodos, ocorrendo a degeneração dascélulas pela falta de oxigênio e drenagem venosa demetabólitos (ARCHER,1 1958). Em segundo lugar,a ação da lidocaína a 2%, mesmo sem a presençado vasoconstritor, também provoca alteraçõesteciduais, porém de maneira mais discreta (SAADNETO et al.,21 1985).

Com relação à Articaíne 100®, no âmbito dahistologia, no 7º dia pós-operatório, temos aformação de pequenas trabéculas isoladas ereduzida quantidade de tecido conjuntivoneoformado (Figura 7). Já no 15º dia pós-operatório,há delgadas trabéculas ósseas neoformadas e maisregulares (Figura 8), com grande quantidade detecido conjuntivo sem diferenciação óssea, commoderado número de fibroblastos. No final doexperimento, no 24º dia, esse terço médio avaliadoé ocupado parcialmente por trabéculas ósseas(Figura 9), ora mais espessas, e um tecido conjuntivosem diferenciação óssea mostra-se bemvascularizado, com fibroblastos e que permiteocasionalmente observar áreas com coágulosanguíneo remanescente.

FIGURA 4. Grupo II (Novocol 100®). 7 dias. Parede do alvéolo com delga-das espículas ósseas neoformadas. HE, original 63x.

FIGURA 5. Grupo II (Novocol 100®). 15 dias. Finas trabéculas ósseas comamplo espaço inter-trabecular ocupado por tecido conjuntivo.HE, original 63x.

Assim exposto, somos de opinião e acreditamosque a acidose tecidual mantida por tempoprolongado pela ação do vasoconstritor fenilefrina eda irritação provocada pela lidocaína a 2%, segundoa exposição literária, é causa da irritabilidadeatribuída ao anestésico Novocol 100®, e resulta emuma alteração significante da cronologiareparacional, quando comparada aos resultados como grupo Controle.

FIGURA 6.Grupo II (Novocol 100®). 24 dias. Parede do alvéolo com delga-das trabéculas ósseas neoformadas. HE, original 63x.

FIGURA 7. Grupo III (Articaíne 100®). 7 dias. Pequenas trabéculas ósseasisoladas e extensas áreas ocupadas por coágulo sanguíneo. HE,original 63x.

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Numa análise comparativa dos resultadoshistológicos, no 7º dia, estes são favoráveis àArticaíne 100®, pela formação do trabeculado ósseo,quantidade de tecido conjuntivo e a área de coágulosangüíneo. Já no 15º dia, os resultados continuama mostrar um processo reparacional mais evoluídocom Articaíne 100®, em face de trabéculas ósseasmais regulares. O final do processo de reparo, o 24º dia, mostra uma maior área ocupada portrabéculas ósseas, comparativamente ao Novocol100®, que é um parâmetro da fase de diferenciaçãoóssea ou mineralização.

Os resultados obtidos, sob o ponto de vista daanálise histológica, no processo reparacional comArticaíne 100®, são o produto, ao nosso ver, daconcentração do sal anestésico, que é de 4%, de esteser o único anestésico do grupo amida que possuium anel tiofeno. Assim intuímos, corroborandoCowan10 (1977), que afirma serem as condições

expressas acima os responsáveis pelo aumento dalipossolubilidade e potência do anestésico comarticaína, o que aumenta a sua toxidade local.

Como visto, o anestésico Articaíne 100® tem comocomponente, na sua formulação, a adrenalina, queé um derivado catecolamínico. Segundo GarbinJunior11 (2001), a adrenalina é o vasoconstritor maisempregado nas soluções anestésicas locais de usoodontológico, bem como o mais potente. Ela atuadiretamente em receptores alfa e beta-adrenérgicos,sendo que o efeito beta predomina. Sua açãovascular é exercida primariamente nas arteríolasmenores e esfíncteres pré-capilares.

Queremos também atribuir à adrenalina, dafórmula do Articaíne 100®, que ela contribui paraaumentar a irritabilidade tecidual pelo fato deproporcionar uma maior permanência da soluçãoanestésica junto aos tecidos, podendo levar a umadiminuição da síntese ou bloqueio da atividadecelular. Assim, somos de opinião que a adrenalina,da composição do anestésico Articaíne 100®, podeter levado ao aumento do consumo do oxigênio nointerior dos tecidos, o que leva a um aumento daacidez local pela alteração do metabolismo celular(GOODMAN et al.,12 1996).

Seguindo a linha de pensamento de GarbinJunior11 (2001), temos que a concentração dovasoconstritor é um fator importante a se considerar,na irritação dos tecidos alveolares. Quanto maior aconcentração do vasoconstritor, mais tempo asolução anestésica permanecerá em contato com oscomponentes teciduais no reparo, traduzindo-se ematraso do mesmo.

Quanto aos outros componentes das fórmulasdos anestésicos utilizados no nosso experimento,comuns em ambos, Novocol 100® e Articaíne 100®,somos de opinião, corroborando Saad Neto20 (1982),Ponzoni17 (2000) e Garbin Junior11 (2001), que osomatório dos componentes que constituem umasolução anestésica seja responsável pelo maior oumenor poder de irritabilidade tecidual e nãoespecificamente um ou outro componente.

Ao nosso ver, ainda, corroborando Vancetto25

(2005), o método de aplicação tópica dos anestésicoslocais, válidos tanto para o Novocol 100® como paraArticaíne 100®, através da pressão da ferida cirúrgicacom gaze embebida nele, propiciou o contato íntimoe abundante deste com o coágulo sangüíneosuperficial, o ligamento periodontal e os tecidos damucosa gengival, e o torna potencialmente maisirritante e conseqüentemente lesando em maiorparte os tecidos, com retardo do processo de reparoalveolar.

FIGURA 8. Grupo III (Articaíne 100®). 15 dias. Parede do alvéolo comdelgadas trabéculas ósseas neoformadas. HE, original 63x.

FIGURA 9. Grupo III (Articaíne 100®). 24 dias. Parede do alvéolo comtrabéculas ósseas ocupando parcialmente o espaço. HE, origi-nal 63x.

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Assim exposto, concluímos que os ratos do grupoArticaíne 100®, sob o ponto de vista histológico,mostraram um processo reparacional maisadiantado, nos 7º, 15º e 24º dias pós-operatórios,com relação aos do grupo do Novocol 100®, porémmais atrasado com relação ao grupo Controle.

Considerando que a análise histométrica permitiua quantificação do tecido ósseo neoformado, foipossível verificar, a partir dos dados da Tabela 3,que há indicação de existir uma dependência entreos efeitos dos grupos Controle, Novocol 100® eArticaíne 100® e os tempos, em dias, do experimento.

fases proliferativa e de maturação conjuntiva doreparo alveolar, em todos os grupos avaliados,quanto ao tecido ósseo neoformado, são similares.Ressaltamos que nossas avaliações histológicasdelinearam interpretações diferentes dashistométricas, aparentando que há uma contradiçãoentre os resultados histológicos e histométricos. Seobservarmos mais de perto os resultadoshistométricos apresentados na Tabela 5, para operíodo de 7 dias pós-operatórios, veremos que existeuma sensível variação nos dados, onde o Novocol100® apresenta um resultado mais de 3 (três) vezesinferior ao dos grupos Controle e Articaíne 100®, oque ratifica o resultado da análise histológica nesseperíodo.

Tabela 3. Análise de Variância de acordo com esquema fatorial 3x3:

Tabela 4. Análise de Variância do desdobramento da Interação (DxT) paraestudar o comportamento das drogas dentro de cada tempo:

Assim explicitado, temos que os efeitos do traumacirúrgico e do material de sutura, comum a todosos grupos, somados aos fármacos da formulação dosanestésicos em questão mais os tempos avaliatórios,são dependentes e significantes, referenciando oseventos biológicos ocorridos no processoreparacional dos alvéolos.

Os dados da Tabela 4, relativos à análise devariância do desdobramento da interação dos gruposdentro de cada tempo, mostraram que, no 7º diapós-operatório, o resultado é não significante e, nos15º e 24º dias pós-operatórios, os resultados sãosignificantes.

Utilizando o recurso do teste de Tukey (Tabela5), temos que, no 7º dia pós-operatório, obteve-seuma diferença não significante no desenvolvimentoda neoformação óssea para os grupos Controle,Novocol 100® e Articaíne 100®. Isto nos leva a inferirque as respostas teciduais, produtos dos eventosbiológicos diferenciados ocorridos, relacionados às

Tabela 5.Teste de Tukey: Médias das drogas dentro do Tempo 7, 15 e 24dias, para os dados transformados e originais:

No 15º dia pós-operatório, (Tabela 5), o grupoControle mostrou um processo reparacional maisevoluído, com uma neoformação óssea significante,com relação aos grupos Novocol 100® e Articaíne100®. Com a utilização do teste de Tukey, a análisehistométrica apresentou um resultado nãosignificante, quando utilizados os anestésicosNovocol 100® e Articaíne 100®.

Ao nosso ver, os melhores resultados com o grupoControle se devem àinexistência de fatores consideradosirritantes ou agravantes, como são os componentes dasfórmulas dos anestésicos, o que justifica os resultadosestatísticos. Contudo, ressaltamos que os anestésicosdo estudo geraram, como produtos dos efeitos, umamenor neoformação óssea.

Interessantes são os resultados estatísticos no24º dia pós-operatório (Tabela 5), quando seobtiveram diferenças significantes relacionadas como desenvolvimento da neoformação óssea. No grupoControle esta é maior, menor no grupo Novocol 100®,e, no grupo Articaíne 100®,a neoformação óssea temvalores intermediários.

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O nosso estudo aponta que os resultados obtidoscom a análise histométrica são coincidentes com asinterpretações da análise histológica, masconfirmam que a ação do anestésico Novocol 100®,que já inferimos ter um maior potencial irritante,principalmente pela presença do vasoconstritorfenilefrina, da sua formulação, altera o quadroreparacional, levando a um atraso na cronologia doprocesso de reparo alveolar.

Através dos resultados obtidos na análisehistométrica, podemos concluir que a neoformaçãoóssea, um dos mais importantes eventos do processoreparacional, fica prejudicada em sua significância,quando utilizamos os anestésicos Novocol 100® ouArticaíne 100®.

A análise de variância do desdobramento dainteração grupos Controle, Articaíne e Novocol, emrelação ao tempo, objetivando o estudo docomportamento dos tempos pós-operatórios paracada grupo individualmente (Tabela 6), mostraramser estes significantes. Com os dados da Tabela 7(teste de Tukey), podemos explicitar assim osresultados obtidos.

No grupo Controle, o tempo determinou odesenvolvimento da neoformação óssea numcrescendo significante do 7º dia para o 24º dia pós-operatório. No 15º pós-operatório, o valor obtido éintermediário.

Com o Novocol 100®, observamos uma pequenaneoformação óssea no 7º dia pós-operatório. Já no15º dia pós-operatório, observamos um significanteaumento da neoformação óssea, que evolui de formanão significante para o 24º dia pós-operatório.

A Articaíne 100®, com base nos dados dasanálises, permite resultados que levam a explicitarque também a neoformação óssea se fez numcrescendo significante, nos 7º, 15º e 24º dias pós-operatórios, a exemplo do grupo Controle.

Em vista dos resultados, podemos inferir que ostempos pós-operatórios são significantes nodesenvolvimento da neoformação óssea, com autilização ou não dos anestésicos do estudo.Podemos, ainda, que o 24º dia pós-operatório, tempoavaliatório final proposto no estudo, é o quedetermina as maiores áreas de neoformação ósseapara os três grupos analisados, ou seja, o controle eos tratados.

Assim, com o grupo Controle, tivemos a maiorárea de neoformação óssea; a menor área, quandose utiliza o anestésico Novocol 100®, e umaneoformação óssea intermediária, com o uso doanestésico Articaíne 100®.

Ao findar do capítulo da discussão, queremosreafirmar que o escopo do nosso projeto foiplenamente atendido, pois comprovou a importânciada utilização da análise histométrica nesse tipo deavaliação comparativa do processo reparacional comgrupos diferentes de anestésicos. Ainda que asanálises histológicas (qualitativas) possam levar aoutras interpretações, contando com o auxílio daanálise histométrica (quantitativa), que nos permitea aplicação de modelos estatísticos, temos,amparados em análises e testes, os valores e assignificâncias que nos levam à praticidade deraciocínios e entendimentos mais lógicos, no casoespecífico, sobre o intrínseco processo reparacionalalveolar em ratos.

Assim exposto, com ambas as análises,histológica e histométrica, podemos intuir que oanestésico Novocol 100® mostrou um poderirritacional aos tecidos envolvidos, que leva a umprocesso de reparo alveolar em ratos mais atrasado,quando comparando com o anestésico Articaíne100®.

Tabela 6. Análise de variância do desdobramento de Interação (DxT) paraestudar o comportamento dos tempos dentro de cada droga.

Tabela 7. Teste de Tukey: Médias dos tempos dentro dos grupos Controle,Articaíne e Novocol, para os dados transformados e originais.

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CONCLUSÃO

Com base na metodologia empregada e nosresultados obtidos das avaliações, podemos concluirque:

1. sob o ponto de vista histológico, os ratos dogrupo Articaíne 100® mostraram um processoreparacional alveolar mais adiantado, nos 7º, 15º e24º dias pós-operatórios, com relação ao grupoNovocol 100®, porém mais atrasado que o do grupoControle;

2. sob o ponto de vista histométrico, odesenvolvimento e a quantidade de tecido ósseo

neoformado durante o processo de reparo alveolarem ratos, são maiores no grupo Controle, menoresno grupo Novocol 100®, e têm valores intermediáriosno grupo Articaíne 100®;

3. sob o ponto de vista histométrico, aneoformação óssea fica prejudicada em suasignificância, quando utilizamos os anestésicosNovocol 100® ou Articaíne 100®, e

4. sob o ponto de vista histométrico, o 24º diapós-operatório do processo de reparo alveolar emratos é o que determina as maiores áreas deneoformação ósseas para os três grupos (controle etratados) analisados.

In this study, the author proposes to evaluate, in a histological and histometrical way, the repairing process of the thirdmedium dental after axodontic alveolar procedure under action of Articaine 100® e Novocol 100® anaesthetics. We wantedto determine which anaesthetics cause less damage to the tissues and hence a better alveolar repair, based on itsanaesthetics and hemostatic properties. In order to do so, 72 rats were used. 24 had Articaine 100® topically administeredand 24 group had Novocol 100® applied with cotton wool. The left 24 rats had saline solution applied to them and wereused as a control group. The animals were sacrificed on the 17th, 15th and 24th day after the surgery. The pieces wereremoved and fixed in 10 % formaldehyde. Next, they were added paraffin for microtomia. The obtained cuts were dyed byhematoxilina-eosina technique for microscope study. The histological and histometrical analyses, based on the developedmethods, showed that: the Articaine 100® rats had a more advanced alveolar repairing process on the 7th, 15th and 24th

post-operation days than the Novocol 100®group, but behind the control group. The development and the amount ofbone tissue neo formed during the alveolar repairing process is greater in the Control group and smallest in the Novocol100® group and has intermediate figures in the Articaine 100®group. Bone neo formation is significantly damaged whenNovocol 100® ou Articaine 100® anesthetics are used. The 24th post alveolar repairing process day determines the largestbone neo formation areas for the 3 groups analyzed

UNITERMS: alveolar repairing process; anesthetics; Articaíne 100®; Novocol 100®

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CLAREAMENTO DE DENTE CALCIFICADO: RELATO DE CASO CLÍNICO

DENTAL BLEACHING OF CALCIFIED TOOTH: A CLINICAL CASE REPORT

Maria Célia Simões Monteiro dos Santos CHIERIGHINI*Luis Alexandre Mafei Sartini PAULILLO**

Com o aumento da exigência estética por parte dos pacientes e a grande oferta de produtos que promovem clareamentodental, através diferentes procedimentos, a associação de técnicas torna-se uma opção interessante, em casos de difícilresposta. O caso clínico apresentado descreve o clareamento de dente calcificado e ressalta a importância do diagnósticopreciso, conhecimento de tratamentos pregressos e a utilização de técnicas não invasivas, mas que, associadas, podemlevar a melhores resultados clínicos.

UNITERMOS: calcificação de canal; clareamento caseiro; clareamento de consultório; peróxido de hidrogênio e decarbamida.

* Especialista em Dentística e Odontopediatria** Professor Associado do Departamento de Odontologia Restauradora – FOP (Unicamp)

INTRODUÇÃO

A tendência da odontologia é a estética do sorrisoe, dentro dos diversos procedimentos existentesnessa busca, o clareamento dental como medidaprévia aos trabalhos reabilitadores e cosméticos éde fundamental importância, principalmente por setratar de intervenção clínica não invasiva. Além dosdiferentes tipos de peróxidos utilizados pelosfabricantes, também há diferenças nasconcentrações e apresentação (HAYWWOD, 1997)1.Novas formas de aplicação e ativação dos materiaisclareadores estão em desenvolvimento e uma dasinovações é a ativação do gel clareador através deultra-som, que necessita de maiores evidênciascientíficas para ser usado em substituição à foto-ativação via laser ou LED, ainda responsáveis porsensibilidade dental e gengival. O caso clínicoapresentado é de grande interesse, pois relata oescurecimento dental de incisivo central superiorpermanente, com histórico de trauma e difícilsolução estética, porque, além da dificuldade naturalem clarear dentes traumatizados, o mesmoapresentava canal radicular calcificado em denteíntegro, constituindo maior limitação clínica, umavez que a postura correta da Odontologia deverá ser

sempre a de conservar a estrutura dental em suaexcelência (HAYWOOD, LEONARD JR, 1998)2. Casosclínicos semelhantes já foram relatados, mastiveram como indicação final procedimentosinvasivos, devido à dificuldade de se atingir oclareamento desejado. Assim, a associação datécnica clínica realizada em consultório e a caseira,sob supervisão profissional, demonstra ser umaopção adequada em situações em que a resposta aapenas uma técnica clareadora não atingir resultadoclínico satisfatório.

RELATO DO CASO CLÍNICO

A paciente E.S.N., 34 anos, foi encaminhada àClínica de Especialização de Dentística da Faculdadede Odontologia de Piracicaba-Unicamp, em fevereirode 2004, para clarear o incisivo central superior direito 11,escurecido por trauma ocorrido há 20 anos.

Na anamnese, a paciente relatou que já haviatentado várias formas de branqueamento emconsultório, sem contudo apresentar melhoraestética significativa. A última alternativa propostateria sido mais radical, pois envolveria a endodontiae clareamento interno utilizando a técnicapreconizada para dentes despolpados, que elarejeitou.

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Como no exame radiográfico se constatou que odente apresentava conduto e câmara pulpartotalmente obliterados, a endodontia foi descartada,porque a realização de tratamentos de canais, nessescasos, envolve sério risco de insucesso devido àimpossibilidade de se encontrar a luz do canal(DENEHY; SWIFT, 1992)3. Esse fato impediria otratamento endodôntico e poderia, via canalículos,levar bactérias ao periápice e acarretar num futurocirurgias parendodônticas de sucesso duvidoso oumesmo perda do dente por lesão intratável(GOPIKRISHNA, 2004)4.

Foi indicada a associação de duas técnicas declareamento: a de consultório, que utiliza agenteclareador à base de peróxido de hidrogênio a 35%,associada à técnica caseira através de moldeira desilicone com gel à base de peróxido de carbamida a16%, apenas no dente em questão, com supervisãoprofissional.

A paciente foi informada sobre as técnicasescolhidas, do tempo provável de tratamento ealertada sobre a probabilidade de não se atingirum clareamento eficiente, em razão das dificuldadesclínicas apresentadas, porque casos semelhantesrelatados, após diversas tentativas clareadoras,foram encaminhados para a confecção de facetasestéticas – diretas ou indiretas – em resina compostaou porcelana (BARATIERI et al., 2004)5.

Foram feitas fotografias para posteriorcomparação e avaliação do resultado (Figs. 1 e 2).Nas radiografias periapicais executadas (Figs. 3 e4), confirmou-se calcificação do canal, sem contudoa presença de qualquer tipo de lesão, o que reforçoua eleição de tratamento conservador (WEST, 1997)6.A paciente foi moldada para obtenção do modelo degesso e confecção da moldeira para realização doclareamento caseiro.

Na sessão seguinte, iniciou-se o clareamento deconsultório. Foi executada profilaxia dental compasta de pedra pomes e água para a remoção deplaca bacteriana e pigmentos extrínsecos. Esseprocedimento proporcionou melhor visualização dacor e registro desta com a Escala Vita (Lamin VaccumShade Guide). A cor inicial registrada do incisivocentral superior direito11 foi C4 e a do incisivo centraladjacente21 foi A2. Foi feito o isolamento absolutopara melhor proteção dos tecidos gengivais e dealguma agressão do gel clareador (Fig. 5), utilizando-se uma matriz de poliéster para separar os dentesadjacentes da ação do gel.

Para o clareamento de consultório foi escolhidogel de peróxido de hidrogênio a 35% com alto poderclareador, ativado com o fotopolimerizador. No casoespecífico, foi utilizado o fotopolimerizador 450mw/cm2 de potência - já que o dente não apresentousensibilidade aos testes de temperatura realizados.

Após o isolamento, aplicou-se o gel clareadorsobre o 11 por 2 minutos, sem o auxílio da luz,permitindo maior penetração do produto. Em

FIGURA 1. Fotografia inicial

FIGURA 2. Fotografia inicial aproximada

FIGURA 3 e 4.Radiografias interproximais Calcificação do canal e câmara pulpar do dente 11

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seguida, a luz foi aplicada por 40 segundos sobre odente escurecido, por 4 vezes, respeitando-se umintervalo de 1 minuto e meio entre as aplicações.Seguindo esse protocolo, o gel foi substituído 3 vezes.Finalizada a seqüência, o produto foi removido comgaze e feita lavagem com água. Após a remoção doisolamento, foi aplicado flúor gel neutro a 2% por 1minuto. A paciente foi orientada a não ingeriralimentos ácidos ou fortemente corados por pelomenos 24 horas, para não comprometer oclareamento.

FIGURA 5. Isolamento absoluto

FIGURA 6. Modelo em gesso pedra com moldeira de silicone recortada

FIGURA 7. 1 semana de prodedimento clareador

Foram programadas mais 2 sessões clínicas noconsultório e, a princípio, 3 semanas de clareamentocaseiro. Foi entregue o kit clareador caseiro à basede peróxido de carbamida a 16% e moldeiraconfeccionada com remoção da parte frontal dosilicone dos dentes adjacentes ao 11 – 21 e 12,criando janelas vestibulares, para que o clareamentosó ocorresse no dente em questão sem vazamentodo gel para os dentes contíguos (Fig. 6). A pacientefoi orientada a usar a moldeira, durante o sono,diariamente. Foram feitas recomendações básicasde armazenamento do material, colocação damoldeira, inserção do gel e higienização adequadada placa e dos dentes.

Depois de uma semana, a paciente voltou com oescurecimento bastante atenuado (Fig. 7). No retornoseguinte, após 15 dias do início do tratamento,constatou-se que a cor do 11 praticamente seigualara ao dente adjacente 21 (Figs. 8 e 9).

Repetiu-se o clareamento de consultório e foirecomendada apenas mais uma semana declareamento caseiro, já que alguma leve diferençade tonalidade ainda era percebida, especialmentena região cervical. Decorrido esse período, a pacientevoltou à clínica da FOP-Unicamp muito satisfeita,com os incisivos centrais de tonalidade muitosemelhantes, ou seja, ambos de tonalidade A2,conferidos na escala de cores utilizada (Fig. 10). Afigura 11 mostra novamente o resultado final obtido.

FIGURA 8 e 9. 2 semanas após início do clareamento

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FIGURA 10. Resultado final – 3 semanas após clareamentos caseiro eprofissional

FIGURA 11. Resultado final

FIGURA 12. 1 ano após o clareamento realizado

Após um ano do tratamento estético clareadorrealizado, a paciente retornou para nova avaliaçãoe constatou-se que não havia ocorrido recidiva deescurecimento dental, contrariando as expectativas(Fig. 12). Dois anos depois, novo exame clínicoefetuado reafirmou o sucesso dos procedimentosescolhidos, confirmando a manutenção doclareamento, com pequena alteração cervical,imperceptível socialmente (Fig.13).

CONCLUSÃO

A utilização de mais de uma técnica tornoupossível a manutenção da integridade dental,

FIGURA 13. 2 anos após procedimento clareador realizado

evitando a necessidade de tratamento endodônticoincerto para a execução de técnica de clareamentointerno ou mesmo restauração ou prótesedesnecessárias. O clareamento dental externo, emcasos de difícil resposta e prognósticos desfavoráveis,deve sempre preceder as soluções radicais einvasivas, porque os resultados podem surpreender.Deve-se aliar o conhecimento dos produtos, sua açãoe especificações a um exame clínico e anamneseprecisos, elegendo a saúde bucal sempre em primeiroplano, diante apenas da intenção estética.

With the increase of patient’s esthetic demand and extensive offer of products that promote dental bleaching troughdifferent procedures, the association of techniques becomes an interesting option in cases of difficult answer. Theshowed clinical case reports describes the bleaching of a calcified pulp obliteration tooth and emphasizes the importanceof the precise diagnosis, knowledge of previous treatments and use of non-invasive techniques that associated can bringbetter clinical results.

UNITERMS: calcified canal; home bleaching; in ofice bleaching; hydrogen and carbamide peroxide gel

Contato com a autora: [email protected]

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IMPLANTES DAS ESPONJAS HEMOSTÁTICAS GELFOAM® E HEMOSPON®APÓS A EXTRAÇÃO DENTAL EM RATOS. ESTUDO HISTOLÓGICO COMPARATIVO

IMPLANTS OF HEMOSTATIC SPONGES GELFOAM® AND HEMOSPON®FOLLOWING TOTH EXTRACTION IN RATS. A COMPARATIVE

HISTOLOGYCAL STUDY

Jesiel NAZARI*

Luiz Alberto MILANEZI**Tetuo OKAMOTO**

Roberta OKAMOTO***

Neste estudo comparativo, avaliou-se a influência das esponjas hemostáticas Gelfoam® e Hemospon® sobre o processode reparo alveolar em ratos. Para a realização do estudo, foram utilizados 60 ratos adultos, machos, que após induçãoanestésica geral, tiveram extraído os incisivos superiores direitos. Em 20 animais, que se constituíram no grupo I(Controle), após exodontia, fez-se tamponamento da ferida com gaze estéril, por 2 minutos, e procedeu-se à sutura comfio de seda para a aproximação das bordas da ferida. Em outros 20 animais, que se constituíram no grupo II, fizeram-seos mesmos procedimentos descritos e implantaram-se pequenos fragmentos da esponja Gelfoam® que não excediam 3mm2, seguidos de sutura da mucosa gengival, com o mesmo fio de seda. Nos 20 animais do grupo III, procedeu-se aosmesmos procedimentos do grupo II, porém a esponja utilizada foi a Hemospon®. Em número de 4 animais para cadagrupo do experimento, os ratos foram sacrificados por inalação excessiva de éter sulfúrico, aos 3, 5, 7, 15 e 24 dias depós-operatório. Realizou-se em seguida, o processamento das peças, para obtenção das lâminas, que foram coradas pelatécnica da hematoxilina e eosina. Na análise histológica descritiva, avaliou-se a regeneração da mucosa gengival, oreparo alveolar dental e a presença das esponjas hemostáticas implantadas. De acordo com a metodologia empregada eos resultados obtidos, podemos concluir que: ambas as esponjas dos grupos II (Gelfoam®) e III (Hemospon®) produziramefeitos adversos que comprometeram os princípios básicos responsáveis pelo processo de reparação alveolar quandocomparado ao grupo I (Controle); a presença da esponja do grupo II (Gelfoam®) ainda é evidente no alvéolo dental no 7o

dia do pós-operatório, sendo considerado pequena a quantidade presente, e a presença da esponja do grupo III (Hemospon®)ainda é presente no alvéolo dental, no 7o dia do pós-operatório, sendo visualizados apenas resíduos da mesma.

UNITERMOS: reparação alveolar; esponjas hemostáticas; Gelfoam; Hemospon.

* Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Clínica Odontológica da Faculdade de Ciências da Saúde – UNIMAR.** Professores do Programa de Pós-graduação em Clínica Odontológica da Faculdade de Ciências da Saúde – UNIMAR.*** Professora do Programa de Pós-graduação em Cirurgia Buco-Maxilo-Facial da Faculdade de Odontologia, UNESP Araçatuba/SP.

INTRODUÇÃO

A hemorragia após a extração dental, quer notrans ou pós-operatório, tem se constituído comouma condição preocupante ao Cirurgião-Dentista,levando-o a utilizar, para o seu tratamento, váriosprocedimentos.

A sua natureza imediata ou tardia à cirurgiae, também, sua localização intra-óssea dificultam omais clássico dos procedimentos, que é acompressão com gaze (MOCCHIUTTI17, 1972; REIS;SÁ24, 1973). Outros recursos para o seu tratamentotambém têm sido utilizados, como o procedimentode preenchimento do alvéolo com substânciasaloplásticas (CARVALHO; OKAMOTO7, 1978;

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OKAMOTO et al.18, 1973; SANCHES et al.27, 1972;SANTOS PINTO et al.28, 1969) ou com materialhemostático, como esponjas de gelatina(GURALNICK11, 1946; SAAD NETO et al.26, 1975) ede fibrina (OKAMOTO et al.19, 1974).

O uso desses materiais hemostáticos tem-se feito,após avaliação biológica em âmbito das cirurgiasmédicas e odontológicas, antes porém avaliados,principalmente, em estudos em animais. De acordocom Kraether Neto et al.13 (1999), essa metodologiaem animais é, portanto, largamente utilizada,considerando-se a complexidade da resposta dostecidos humanos que, como sabemos, requer umaanálise da resposta individual e sugere também ouso de critérios quantitativos, que possam graduarem índices essas respostas.

Assim exposto, o uso de substâncias hemostáticastem sido estudado, no âmbito odontológico, desde osanos de 1940, com trabalhos Guralnick et al.11 (1946),Archer2 (1957); Blomqvist et al.5 (1962); Saad Neto etal.25 (1975), Alpaslan et al.1 (1997). Clinicamente,entre as várias substâncias encontradascomercialmente, opta-se por aquelas que suscitamresposta tecidual mais biocompatível, são de fácilmanuseio e de custo acessível (KRAETHER NETO etal.13, 1999; MARTINEZ et al.16, 1981).

A esponja de gelatina, um material hemostáticoreabsorvível e que tem como referência a marcacomercial mundialmente conhecida Gelfoam® foiamplamente estudada nas mais variadas áreas dasaúde e tem-se constituído como parâmetro paranovos estudos (SAAD NETO et al.26, 1975, BENOIT;HUNT4, 1976, ZIRNA et al.32, 1997).

Recentemente, foi lançada no mercado nacionaluma esponja de gelatina, em apresentação comercialdestinada ao uso odontológico, denominadaHemospon®, a qual pode ser facilmente encontradanas casas de artigo odontológico, a preço acessível.A literatura específica não mostra trabalhos ondetenha sido avaliada clínica e histologicamente,motivo pelo qual achamos necessário odesenvolvimento de um projeto. Esta, a nosso ver,com o propósito de bem conhecer as suasqualificações, deverá ser avaliada em animais deexperimentação e na cavidade bucal. Assimpensamos, considerando o inferido por Carvalho eOkamoto7 (1978), que a utilização de implantes nacavidade bucal assume características próprias,determinando resultados diferentes daquelesrelatados após o emprego dos mesmos materiais emoutras regiões corpóreas.

Considerando os aspectos fundamentados acima,achamos necessário inicialmente, um estudo do

reparo alveolar em feridas de extração dental emratos, após a implantação das esponjas hemostáticascomercialmente denominadas Gelfoam® eHemospon®. O objetivo é o de comparar, histológicae comparativamente, a influência das esponjashemostáticas, com o propósito de se conhecer osfenômenos biológicos responsáveis pela regeneraçãoda mucosa gengival, do reparo do alvéolo dental e otempo de desaparecimento das esponjashemostáticas.

MATERIAL E MÉTODO

Para a realização deste experimento, foramutilizados 60 ratos (Rattus norvegicus, albinus,Wistar), machos, adultos, com peso variando entre280 e 320 gramas, procedentes do biotério daUniversidade de Marília – UNIMAR, SP. Os animaisforam mantidos com ração granulada comercial, comexceção das 12 horas que precedem o ato cirúrgicoaté o término da anestesia, e água à vontade.

Os 60 ratos do experimento foram divididos em3 grupos contendo 20 animais cada, que seconstituíram nos grupos I, II e III.

Neste trabalho foram analisadas as seguintesesponjas hemostáticas:

1) Gelfoam® - Pharmacia & Upjohn CO – EUA.2) Hemospon® - Technew – Brasil.

Após a indução de anestesia geral, por infiltraçãointraperitoneal do sedativo e miorelaxante Anasedane do anestésico injetável Dopalen, separadamente,foi realizada a exodontia do incisivo superior direitode todos os animais.

Nos animais do grupo II (Gelfoam), imediatamenteapós as exodontias, fez-se tamponamento da feridacom gaze estéril, na fase de hemorragia profusa, por2 minutos, implantando-se pequenos fragmentos daesponja de gelatina Gelfoam®, que não excediam 3mm2, com instrumental previamente adaptado paraeste fim (pinças clínicas e calcadores), seguido desutura da mucosa gengival com o mesmo fio de seda.

Nos animais do grupo III (Hemospon), utilizaram-se os mesmos procedimentos do grupo II, porém aesponja utilizada foi a Hemospon®.

Em número de quatro para cada grupo doexperimento, os ratos foram sacrificados porinalação excessiva de éter sulfúrico, aos 3, 5, 7, 15e 24 dias do pós-operatório.

Após o sacrifício, as maxilas foram separadas,possibilitando a obtenção da hemi-maxila direita dosanimais, contendo o alvéolo dental de interesse.

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As peças obtidas foram fixadas em solução deformalina neutra a 10%, por 24 horas edescalcificadas em solução de EDTA a 20%. Seguiu-se então a tramitação laboratorial de rotina, parainclusão em parafina.

Dos blocos assim obtidos, foram colhidos cortessemi-seriados, com 6 micrometros de espessura. Oscortes foram corados pela técnica da hematoxilinae eosina, para análise histológica, em microscópioóptico comum.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O grupo I (Controle) mostrou que os fenômenosbiológicos teciduais, ocorridos nos períodos doexperimento, ou seja, até o 24o dia do pós-operatório,são semelhantes aos de outros estudos (AUR JÚNIOR3,2004; OKAMOTO et al.20, 1989/1990; OLIVEIRA etal.21, 1985; VERONESE30, 2004; ZIED31, 2004).

Assim, no tempo inicial, 3o dia do pós-operatório,a exsudação já estava quase no seu final. Isto é,observado pela proliferação epitelial a partir dasbordas da ferida cirúrgica e da sua invaginação aointerior do alvéolo, onde o tecido conjuntivosubjacente mostra discreto número de fibroblastos,bem como de macrófagos e linfócitos (Figura 1). Oinício da fase proliferativa é característico,comprovado pelo discreto número de fibroblastos evasos sangüíneos, no alvéolo dental, no nível do terçocervical. Essa condição ainda é observada nos terçosmédio e apical, mas com um número maior defibroblastos que invadem o coágulo sangüíneo.

Nossos resultados permitem corroborar otrabalho de Rosemberg et al.25 (1971), queobservaram essas mudanças do estágio deexsudação para a fase proliferativa, tendo tal eventotecidual ocorrido como parâmetro de transição.

No 5o dia (grupo I) do pós-operatório, ficouevidente que os eventos teciduais encontravam-senum estágio mais evoluído. O epitélio mostra umamais avançada e discreta proliferação e, no tecidoconjuntivo subjacente, observa-se um pequenonúmero de fibroblastos. No terço cervical do alvéolodental evidencia-se um moderado número defibroblastos invadindo o coágulo sangüíneo,condição esta também observada nos terços médioe apical. Nestes últimos, em alguns casos, notam-se pequenos pontos, junto ao ligamento periodontal,com início de formação de tecido osteóide comnumerosos osteoblastos junto à parede alveolar(Figura 2).

As observações dos eventos teciduais, ocorridosno 5o, dia permitem inferir que estamos adentrandouma fase inicial de maturação conjuntiva,caracterizada pelo tecido osteóide.

FIGURA 1. Grupo I (Controle). 3 dias. Ligamento periodontal remanes-cente junto ao terço cervical, com discreto número defibroblastos. H.E., original 63X.

FIGURA 2. Grupo I (Controle). 5 dias. O terço médio próximo ao ligamen-to periodontal remanescente mostrando início de formação detecido osteóide, com numerosos osteoblastos. H.E., original63X.

No 7o dia do pós-operatório (grupo I), o epitéliogengival, ainda pouco diferenciado, oblitera o alvéolodental, mas sobre um tecido conjuntivo commoderado número de fibroblastos e presença dealguns macrófagos e linfócitos. Observam-setambém, no nível do terço cervical do alvéolo,ocasionalmente, pequenas espículas ósseasneoformadas com numerosos osteoblastos em suasbordas. Junto aos terços médio e apical, o volume dotecido conjuntivo neoformado é mais presente, assimcomo o número de trabéculas ósseas (Figura 3).

Com base nesses achados histológicos, nos 3o,5o e 7o dias do pós-operatório, podemos inferir quea regeneração epitelial e o reparo do tecido conjuntivoencontram-se em francas fases proliferativas, dematuração conjuntiva e de mineralização. Esses

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nossos inferidos são corroborados pelos estudos deCarvalho e Okamoto8 (1987), que afirmaram serconsagradas na evolução do processo de reparoalveolar do rato quatro fases fundamentais que,didaticamente, são compreendidas como a daproliferação celular, desenvolvimento do tecidoconjuntivo, maturação do tecido conjuntivo e dadiferenciação óssea ou mineralização.

Os resultados no 15o dia do pós-operatório (grupoI) mostraram que um epitélio da mucosa bemdiferenciada oblitera o alvéolo dental e que há poucosfibroblastos e vasos sangüíneos no tecido conjuntivosubjacente. No alvéolo dental, o terço cervicalmostra-se preenchido parcialmente por trabéculasósseas neoformadas e nos terços médio e apical estassão mais regulares. Ressaltamos, contudo, que nostrês terços existem espaços ocupados por tecidoconjuntivo, sem diferenciação óssea, bemvascularizado e com ainda moderado número defibroblastos (Figura 4). Quanto à crista alveolar, estajá se encontra remodelada, evento só agoraobservado, em detrimento dos tempos operatóriosanteriores. Tais eventos teciduais, ocorridos até o15o dia pós-operatório, são similares aos inferidospor Carvalho e Okamoto8 (1987) e Trowbridge eEmling29 (1996), portanto nossos relatos permitemafirmar taxativamente que a fase de maturaçãoconjuntiva cumpriu-se com todo o seudeterminismo. Ressaltamos, também, que sãopresentes os fenômenos teciduais da fase dediferenciação óssea ou mineralização.

Os resultados do 24o dia do pós-operatório (grupoI), permitem explanar que a regeneração epitelial éplena, caracterizada pelo epitélio bem diferenciadoe tecido conjuntivo subjacente com pequeno númerode fibroblastos e vasos sangüíneos. Os terços

cervical, médio e apical encontram-se preenchidospor trabéculas ósseas bem organizadas (Figura 5).Podemos inferir, com esses relatos, que épraticamente quase final o estágio do processoavaliado e que a fase de diferenciação óssea oumineralização está em franco processamento(CARVALHO; OKAMOTO8, 1987).

Resta-nos afirmar que os resultados do modeloexperimental do grupo I (controle) do nosso estudotiveram a influência de fatores decorrentes dainterferência do trauma ocasionado peloprocedimento cirúrgico e do fio de seda utilizado.

FIGURA 3. Grupo I (Controle). 7 dias. Terço médio do alvéolo com peque-nas trabéculas ósseas neoformadas, com numerosososteoblastos em suas bordas. H.E., original 63X.

FIGURA 4. Grupo I (Controle). 15 dias. Terço médio do alvéolo evidenci-ando trabéculas ósseas regulares. H.E., original 63X.

FIGURA 5. Grupo I (Controle). 24 dias. Terço médio com trabéculas ósse-as bem organizadas. H.E., original 63X.

A esponja de gelatina, comercialmente conhecidapor Gelfoam®, foi colocada no mercado na primeirametade do século XX. Segundo o fabricante, UpjohnProdutos Farmacêuticos trata-se de uma esponjade gelatina animal, especialmente tratada, purificadae neutra. Tem seu emprego clínico nas mais

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diferentes áreas como neurocirurgia (LIGHT;PRETICE15, 1945), ginecologia (PILCHER;MEACHAM22, 1945, otorrinolaringologia (LIENINGet al.14, 1997), biomedicina (PONTICIELLO et al.23,2000) e odontologia (BENOIT; HUNT4, 1976;CARVALHO et al.9, 1997; GURALNICK; BERG12,1948; SAAD NETO et al.26, 1975).

No nosso experimento do grupo II (Gelfoam), no3o dia do pós-operatório, observamos que o epitélioda mucosa gengival tem discreta proliferação e otecido conjuntivo subjacente raros fibroblastos emoderado número de linfócitos e macrófagos. Émuito evidente a presença, no alvéolo dental, nosterços cervical e médio, da esponja implantada, quese acha envolvida por coágulo sangüíneo e porpolimorfonucleares neutrófilos em degeneração(Figura 6). Quanto ao ligamento periodontal, esteapresenta discreto número de fibroblastos e vasossangüíneos junto com células da inflamação crônica.O terço apical não apresenta vestígios da esponjade Gelfoam, mas somente coágulo sangüíneo eremanescentes do ligamento periodontal que sãosemelhantes aos dos terços cervical e médio.

Nossos resultados mostram que é plena aexsudação assemelhando-se aos resultadosencontrados nos trabalhos de Benoit e Hunt4 (1976)e Saad Neto et al.26 (1975) que em seus experimentos,utilizaram gatos e ratos, respectivamente, commetodologia e tempo de pós-operatório similares.

bucais; segundo Benoit e Hunt4 (1976) e Carvalhoet al.9 (1997), essa contaminação é inevitável noprocedimento de sua implantação, no alvéolo dental.

No 5o dia do pós-operatório, o grupo II (Gelfoam)ainda mostra solução de continuidade do epitélioem proliferação e um tecido subjacente com pequenonúmero de fibroblastos e presença de linfócitos emacrófagos. É presente no alvéolo dental a esponjade gelatina, que sofreu redução do seu volume. Oligamento periodontal exibe moderado número defibroblastos, linfócitos e macrófagos (Figura 7). Énotória, na parede alveolar do terço cervical, apresença de áreas inativas de reabsorções ósseas,mas com numerosos osteoblastos em suas bordas.Nos terços médio e cervical do alvéolo dental, o tecidoconjuntivo é numerosamente ocupado porfibroblastos, ao lado de coágulo sangüíneo compresença de macrófagos em seu interior. Foievidente, em algumas áreas, a presença de espículasósseas neoformadas, com numerosos osteoblastosem suas bordas.

Esses resultados, no 5o dia do pós-operatório,mostram um misto de exsudação e de faseproliferativa e que, do terço médio para o apical, épossível observar fenômenos de maturaçãoconjuntiva e mineralização.

FIGURA 6. Grupo II (Gelfoam). 3 dias. O terço médio do alvéolo mostran-do o ligamento periodontal, com discreto número de fibroblastose vasos sangüíneos. H.E., original 63X.

Comparando ao grupo I (controle), pareceu-nosser mais intensa a resposta inflamatória,evidentemente pela presença da esponja de gelatina,material este estranho ao meio onde foi implantado.Soma-se também o fato de que essa esponja podese prestar como alojamento para os contaminantes

FIGURA 7. Grupo II (Gelfoam). 5 dias. Remanescente do material implan-tado e tecido conjuntivo neoformado nas suas proximidades.H.E., original 63X.

Comparativamente ao trabalho de Saad Neto etal.26 (1975), com 6 dias de pós-operatório, temossimilaridade de resultados quanto à presença detrabéculas ósseas neoformadas. Outros fenômenosbiológicos já descritos acima mostram que estamosem um estágio mais atrasado quanto aos processosde regeneração epitelial e reparação conjuntiva.

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Com relação ao grupo I (controle), podemos inferirque este se encontra num estágio mais evoluído doprocesso de reparo alveolar da ferida de extração dental.

O 7o dia do pós-operatório do grupo II (Gelfoam)mostra que o epitélio recobre só parcialmente oalvéolo dental, mas é numerosa no tecido conjuntivosubjacente a presença de vasos sangüíneos ao ladode alguns fibroblastos, bem como de um grandenúmero de macrófagos e linfócitos. A presença daesponja de gelatina Gelfoam ainda é evidente noalvéolo (Figura 8). O evento mais chamativo foi apresença de delgadas trabéculas ósseas nascercanias da parede óssea alveolar nos terços médioe apical, bem como em áreas mais distantes destas,de um tecido conjuntivo rico em fibroblastos ao ladode alguns macrófagos e linfócitos.

Esse estágio do nosso experimento com o grupoII (Gelfoam), quando comparado ao trabalho de SaadNeto et al.26 (1975), é discordante quanto aorecobrimento do alvéolo dental, pois, nesteexperimento, o epitélio da mucosa gengival revestiatotalmente o alvéolo e a esponja de gelatinaencontrava-se ausente em todos os espécimes.

Comparativamente ao grupo I (controle), valereafirmar que o grupo II (Gelfoam) encontra-se emestágio mais atrasado quanto ao processo de reparoalveolar.

No 15o dia de pós-operatório do grupo II (Gelfoam),em alguns espécimes, um epitélio bastante irregularrecobria o alvéolo dental e o tecido conjuntivosubjacente apresentava moderado número defibroblastos, macrófagos e linfócitos. A presença deespículas ósseas delgadas e pouco organizadas éuma constante no terço cervical (Figura 9). Nosterços médio e apical, em algumas áreas, podemser observadas trabéculas ósseas mais organizadas.

Os resultados com esse tempo operatório sãosimilares ao de Saad Neto et al.26 (1975). Quanto aotrabalho de Benoit e Hunt4 (1976), o terço apicalestava preenchido com nova formação óssea e elesnão prestaram outras informações, o que nãopermite comparações.

FIGURA 8. Grupo II (Gelfoam). 7 dias. Terço cervical do alvéolo mostran-do pequena quantidade de material implantado. H.E., original63X.

Com relação ao trabalho de Benoit e Hunt4 (1976),há similaridade de resultados quanto à presença deremanescente da esponja de gelatina e de espículasósseas na região apical, que foram observados naperiferia de todos os alvéolos, no 7o dia do pós-operatório.

Sobre os desencontros de resultados desses trêsexperimentos, acreditamos que se devam, em parte,a alguma variação da metodologia, como o dotamanho das partículas de esponja preparadas pelooperador. Com relação ao trabalho de Benoit e Hunt4

(1976), talvez, a diferença deva-se a distinção nomodelo animal utilizado no experimento (gato).

FIGURA 9. Grupo II (Gelfoam). 15 dias. Terço cervical do alvéolo, eviden-ciando trabéculas ósseas delgadas e pouco organizadas. H.E.,original 63X.

O estágio de evolução do processo reparacional,quando comparado ao grupo I (controle), permite afirmarque, enquanto neste a fase é de plena maturaçãoconjuntiva e de mineralização óssea, no grupo II(Gelfoam), estamos em um estágio menos evoluído.

No 24o dia do pós-operatório, o grupo II (Gelfoam)apresenta um atraso na regeneração epitelial damucosa gengival recobrindo o alvéolo dental sobreo tecido conjuntivo, que é pouco vascularizado e tempequeno número de fibroblastos. No terço cervicaldo alvéolo, as trabéculas ósseas são irregulares, comamplos espaços inter-trabeculares ocupados portecido conjuntivo com moderado número defibroblastos (Figura 10). Já nos terços médio e apical,as trabéculas ósseas neoformadas são mais

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desenvolvidas, embora persistam áreas ocupadaspor tecido conjuntivo sem diferenciação óssea.

Comparativamente ao grupo I (controle),percebemos que serão necessários mais alguns diaspara termos o estágio reparacional relativo àregeneração epitelial e reparação conjuntiva.

O Hemospon, recentemente lançado no mercadonacional, é uma esponja de gelatina liofilizada, deorigem porcina, com indicação de uso, pelofabricante, na cirurgia dental, devido ao seu altopoder hemostático e cicatrizante, ajudando noprocesso de cura.

FIGURA 10. Grupo II (Gelfoam). 24 dias. Terço cervical do alvéolo, mos-trando trabéculas ósseas irregulares com amplos espaços inter-trabeculares. H.E., original 63X.

FIGURA 11. Grupo III (Hemospon). 3 dias. Terço cervical do alvéolo, mos-trando o material com discreta reabsorção. H.E., original 63X.

O seu modo de uso é aplicá-lo na cavidade ondese requer a hemóstase, podendo ou não ser retiradologo após breve período de tempo.

No 3o dia do pós-operatório, são semelhantes osresultados histológicos, no nível do epitélio damucosa gengival, quando comparado ao grupo II(Gelfoam). Já o tecido conjuntivo subjacenteapresenta características histológicas comresultados menos favoráveis, considerando apresença de elevado número de polimorfonuclearesneutrófilos e alguns macrófagos e linfócitos.

Quanto ao terço cervical do alvéolo, observa-sepresença de material implantado; cabe ressaltar queé evidente a reabsorção deste em inúmeras áreas, aexemplo do implante com Gelfoam (Figura 11).

No nível de parede óssea, os resultadoscomparativos com as ambas esponjas são depersistência de remanescentes do ligamentoperiodontal exibindo numerosos fibroblastos, ao ladode moderado número de linfócitos e macrófagos;contudo, no grupo III (Hemospon), são detectadasdiscretas áreas de reabsorção da parede ósseaalveolar, com presença de osteoclastos.

Nos terços médio e apical, como reflexo da esponjade Hemospon aí colocada, notam-se proliferaçãofibroblástica na área de reabsorção do implante e,adjacente ao ligamento periodontal, há um elevadonúmero de fibroblastos ao lado de macrófagos elinfócitos.

Esses resultados histológicos, a nosso ver,mostram que há uma discreta resposta tecidualmenos favorável, com a implantação no alvéolo daesponja de Hemospon. Talvez esse ocorrido se devaàs características inerentes da própria esponja deHemospon ou à sua preparação laboratorial, poisesta tem que ser especialmente testada, purificadae neutra, o que pode suscitar uma maior respostainflamatória inicial. Contudo, podemos tambémsupor que se deva a uma possível contaminação,quando da manipulação da esponja no meio bucal.

Comparativamente ao grupo I (controle), no 3o

dia do pós-operatório, os fenômenos biológicosocasionados com o grupo III (Hemospon) encontram-se em plena exsudação, com aspectos evidentes defalta de parâmetros de transição para a faseproliferativa.

No 5o dia do pós-operatório, o grupo III(Hemospon) mostra o epitélio da mucosa gengival,bem como o tecido conjuntivo subjacente, comaspectos histológicos similares ao do grupo II(Gelfoam). Quanto ao material implantado, no níveldo terço cervical, pareceu-nos que a quantidade domesmo é maior que do grupo II (Gelfoam), mas,quanto ao ligamento periodontal remanescente, onúmero de fibroblastos é menor (Figura 12). Pareceu-nos também, nos terços médio e apical, que houveredução do material, mas, no grupo II (Gelfoam), jáse observa, na área conjuntiva presença de espículasósseas neoformadas, enquanto, no grupo III

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(Hemospon), alguns pontos da parede óssea alveolartêm discretas áreas de reabsorção.

Nesse tempo de 5 dias, entendemos que houveuma evolução do processo de reparo alveolar, mascom discretos parâmetros biológicos, que mostramtendências de um pequeno atraso reparacionalquando comparado ao grupo II (Gelfoam).

Comparativamente ao grupo I (controle), podemosinferir que os processos de reparo alveolar einflamatório do grupo III (Hemospon) estão emestágio menos evoluído e ainda característico deestágio de exsudação.

Com relação ao grupo I (controle), podemosafirmar que a regeneração epitelial, o reparo dotecido conjuntivo e a quantidade de trabéculasósseas do grupo III (Hemospon) estão em estágiomenos evoluído.

FIGURA 12. Grupo III (Hemospon). 5 dias. Terço cervical, mostrando de-generação do ligamento periodontal. H.E., original 63X.

FIGURA 13. Grupo III (Hemospon). 7 dias. Terço cervical do alvéolo, mos-trando resíduo do material implantado. H.E., original 63X.

No 7o dia do pós-operatório do grupo III(Hemospon), os aspectos histológicos do epitélio econjuntivo subjacente são similares ao grupo II(Gelfoam). Diferenças existentes são encontradas nonível do terço cervical do alvéolo, onde resíduos domaterial implantado são encontrados no grupo III(Hemospon), em detrimento de pequenasquantidades da esponja de Gelfoam (Figura 13).Contudo, ao nível da parede alveolar, no grupo III(Hemospon), observa-se reabsorção óssea e presençade osteoclastos, ocorrências essas não observadasno grupo II (Gelfoam). No nível dos terços médio eapical, em ambos os grupos II e III, é observada apresença de trabéculas ósseas. Esses eventosteciduais no grupo III (Hemospon), mostram queestamos frente a um processo similar, com um mistode fase de proliferação e de início de fase dematuração conjuntiva e mineralização.

A nosso ver, os fenômenos reparacionaispermitem inferir que ambas, Gelfoam e Hemospon,estão em um estágio semelhante, contudo o grupoII (Gelfoam) mostra que há persistência de umamaior quantidade da esponja.

Os resultados histológicos auferidos com a esponjaHemospon, no 15o dia do pós-operatório, mostramque, no epitélio da mucosa gengival e do tecidoconjuntivo subjacente, ocorreu uma evolução doprocesso reparacional, levando, em todos osespécimes, a termos um recobrimento parcial daferida cirúrgica. O tecido conjuntivo subjacente,contudo, mostra moderado número de fibroblastos,macrófagos e linfócitos. Não é observada presençado material implantado e nem de reabsorção ósseana parede alveolar. Delgadas trabéculas ósseas estãopresentes no terço cervical, mas estas são maisdesenvolvidas no nível dos terços médio e apical;contudo, nos três terços do alvéolo, persistem grandesquantidades de tecido conjuntivo (Figura 14).

Comparativamente ao grupo II (Gelfoam),podemos inferir que são similares os fenômenosbiológicos observados. Com esse estágio dedesenvolvimento, podemos inferir que estamosnuma fase plena de maturação conjuntiva e demineralização óssea.

Ressaltamos que, comparativamente, o processode reparo alveolar do grupo I (controle) encontra-seem estágio mais evoluído. Assim, corroborandoCarvalho et al.6 (1975), Castro et al.10 (1972),Okamoto et al.19 (1974), Saad Neto et al.26 (1975) eSanches et al.26 (1972), reforçamos a idéia de que apresença de material estranho no interior do alvéoloocasiona atraso na cronologia do processo de reparoalveolar no rato.

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FIGURA 14. Grupo III (Hemospon). 15 dias. Terço cervical com delgadastrabéculas ósseas com amplos espaços ocupados por tecidoconjuntivo rico em fibroblastos. H.E., original 63X.

No 24o dia do pós-operatório, o grupo III(Hemospon) mostrou recobrimento da ferida porepitélio da mucosa gengival. Subjacente a este, otecido conjuntivo tem moderado número defibroblastos e presença de macrófagos e linfócitos.Quanto às trabéculas ósseas observadas, estas sãomais delgadas no terço cervical. Nos terços médio eapical existe, dependendo do corte histológico, apresença de trabéculas ósseas orais mais delgadase outras vezes mais espessas (Figura 15).

Comparativamente ao grupo II (Gelfoam),pareceu-nos estarmos frente a um mesmo estágiode desenvolvimento. Com relação ao grupo I(controle), o alvéolo, num todo, do grupo III(Hemospon), tem presença de um menor númerode trabéculas ósseas e mais áreas ocupadas portecido conjuntivo. Esses ocorridos levam-nos aafirmar que o processo final do reparo alveolar serámais demorado.

FIGURA 15. Grupo III (Hemospon). 24 dias. Terço médio do alvéolo, mos-trando áreas ocupadas por trabéculas ósseas espessas. H.E.,original 63X.

Os resultados do nosso trabalho permitemcorroborar alguns conceitos existentes na literaturaespecífica, como o de Kraether Neto et al.13 (1999),que afirmaram que as esponjas hemostáticas sãomeios necessários para coibir sangramentos intra-alveolares persistentes, ocasionados por exodontias.Também Saad Neto et al.26 (1975), que afirmaramque a presença da esponja (Gelfoam®) retarda acronologia do reparo do processo alveolar, mas queo material pode ser empregado na cavidade bucalpara procedimentos hemostáticos.

Ao mesmo tempo, colaborar com a literaturaespecífica, em face dos lançamentos de materiaishemostáticos, de que o Hemospon® tem similaridadede resultados histológicos, no caso específico com aGelfoam®, a partir do 7o dia do pós-operatório.

Ao relatarmos, em nosso estudo, os resultadosauferidos sobre a biocompatibilidade dos materiaishemostáticos, analisados nos alvéolos dos ratos,outro aspecto também merece ser destacado. Trata-se da disponibilidade do material no mercado, aliadoao seu preço, que é um dado a ser considerado, portorná-lo relativamente oneroso ao cliente.

Neste projeto, foram utilizadas duas esponjashemostáticas, cujos preços são bastante diferentes.A esponja Gelfoam® foi adquirida no mercadonacional a um custo bem superior que ao doHemospon®.

Assim inferido, temos à nossa disposição doismateriais similares, quanto à biocompatibilidadecom os tecidos, mas com preços distintos, em funçãodas suas embalagens, que contêm quantidadesdiferentes do material hemostático. Isto nos leva ainferir que podemos desmistificar o conceito de queo material que sofre um marketing mais elaboradoe de custo mais elevado sempre conduz a melhoresresultados.

Finalizando, pareceu-nos que o Hemospon®, emnosso estudo, atende perfeitamente nossasnecessidades, no âmbito da pesquisa.Conseqüentemente, com base em novos estudos, emanimais e humanos, se continuar a mostrarbiocompatibilidade, fácil manuseio e custo acessível,teremos em mãos uma esponja hemostática quedeverá ter sua indicação de uso; ou seja, poderemosutilizá-la para a prática do controle das hemorragiasapós a extração dentária, imediata ou tardia, quandoesta não é controlada pelo clássico procedimentopela compressão com gaze.

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CONCLUSÃO

De acordo com a metodologia empregada e osresultados obtidos pela avaliação histológica,podemos concluir que:

1. A esponja do grupo II (Gelfoam®) produziuefeitos adversos, que comprometeram os princípiosbásicos responsáveis pela regeneração da mucosagengival, que, ainda no 15o dias do pós-operatório,recobria com um epitélio bastante irregular o alvéolodental;

2. A esponja do grupo II (Gelfoam®) produziuefeitos adversos, que comprometeram os princípiosbásicos responsáveis pela reparação do alvéolodental, que, ainda no 24o dia do pós-operatório,mostrava no terço cervical, trabéculas ósseasneoformadas e irregulares, com amplos espaçosinter-trabeculares ocupados por tecido conjuntivo;nos terços médio e apical, as trabéculas ósseasneoformadas são mais desenvolvidas;

3. São similares os eventos biológicos ocorridosna mucosa gengival e no reparo alveolar, no decorrerde todo o período experimental com a esponja dogrupo III (Hemospon®) quando comparada à dogrupo II (Gelfoam®).

4. Ambas as esponjas dos grupos II (Gelfoam®) eIII (Hemospon®) produziram efeitos adversos, quecomprometeram os princípios básicos responsáveispelo processo de reparação alveolar, quandocomparados ao grupo I (controle);

5. A presença da esponja do grupo II (Gelfoam®)ainda é evidente no alvéolo dental, no 7o dia do pós-operatório, sendo considerada pequena a quantidadepresente; e

6. A presença da esponja do grupo III(Hemospon®) ainda é presente no alvéolo dental, no7o dia do pós-operatório, sendo visualizados apenasresíduos da mesma.

This comparative study aimed at evaluating the influence of Gelfoam® and Hemospon® hemostatics sponges on alveolarrepair process in rats. In order to develop the research 60 male adult rats had their upper right incisive removed afterhaving general anesthetic. In 20 animals, so called group I (control), after exodontics a compression of the wound wasperformed with sterile bandage for 2 minutes and then a suture with silk thread was done. In other 20 animals, so calledgroup II, the same procedures were done and small fragments of Gelfoam® sponges not over 3mm² were implanted intothe socket. After that, a gingival mucous was also sutured with the same silk material. In the last 20 animals of group IIIthe same group II procedures were done, but the sponge used was Hemospon®. Four animals in each experiment groupwere sacrificed by inhalation of sulfur ether on the 3rd, 5th, 7th, 15th and 24th day after the surgery. Next, the usualhistological procedure was done to obtain semi serial 6mm that were mounted in slides and stained with hameatoxylinand eosine technique. In the descriptive histological analysis we observed a gingival mucous regeneration, an alveolardental repair and the presence of hemostatic sponges implanted. According to the methodology applied and the resultsgot, we can conclude that: both sponges group II (Gelfoam®) and III (Hemospon®) produced sideeffects which compromisedthe basic principles responsible for the alveolar repairing process when comparing to group I (Control); the presence ofsponge in group II (Gelfoam®) is still evident in the alveolar dental on the 7th day after surgery, although it was just asmall amount and the presence of sponge of group III III (Hemospon®) is just some waste in the dental alveolar on the7th post surgery day

UNITERMS: alveolar restoration; Gelfoam; Hemospon hemostatics sponges

Contato com o autor: [email protected]

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HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO

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PULPOTOMIA E PERSPECTIVA DE APICIGÊNESE. RELATO DE CASO

PULPOTOMY AND PERSPECTIVE OF APEXOGENESIS. CASE REPORT

Jefferson José de Carvalho MARION *Suellen Cristine BORLINA *

Domingos Alves dos ANJOS NETO *Sueli Satomi MURATA **

A pulpotomia é uma técnica de execução relativamente fácil, contudo, para se obter sucesso, não basta somente que oprocedimento técnico seja efetuado corretamente, mas, também, que a indicação do tratamento esteja correta. Por essemotivo, é comum o clínico encaminhar o paciente ao endodontista para realizar o tratamento. Este relato descreve o casode uma criança que apresentava o primeiro molar inferior esquerdo com lesão cariosa e comprometimento pulpar. Opaciente relatava dores ocasionais e, ao exame radiográfico, constatou-se que o dente estava ainda em fase de formaçãoradicular, caracterizando-se, assim, uma perfeita indicação para a técnica da pulpotomia. O acompanhamento clínico-radiográfico durante 4 anos demonstrou que, apesar da influência de alguns fatores desfavoráveis ao reparo, obteve-sesucesso no tratamento, permitindo a complementação da formação da raiz.

UNITERMOS: pulpotomia; apicigênese; hidróxido de cálcio; tratamento conservador da polpa dental.

* Mestrando do Programa de Pós-graduação em Clínica Odontológica - Área de Endodontia da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade deMarília (UNIMAR), Marília – SP.** Doutora em Odontopediatria, Faculdade de Odontologia de Araçatuba (UNESP), Araçatuba – SP.

INTRODUÇÃO

Durante muito tempo, a possibilidade de tratar,com êxito, a polpa dentária inflamada foi encaradacom muita reserva pela maioria dos autores 5,13,26.Porém, vários trabalhos, como os de SOUZA;HOLLAND 25 e FRANCISCHONE 8, demonstraramque a polpa dentária inflamada é perfeitamentepassível de ser tratada e preservada, não só peloendodontista, como também pelo clínico geral.

Dentre os procedimentos conservadores da polpadentária inflamada, a pulpotomia é a técnica maisindicada 22, que consiste da remoção da polpacoronária e posterior aplicação de um material sobreo remanescente pulpar 2. O hidróxido de cálcio é omaterial mais utilizado para essa finalidade, vistoque clínica e radiograficamente sua eficácia já foicomprovada, induzindo a formação de uma pontede tecido mineralizado e mantendo a vitalidade dapolpa radicular 9,4,10,21.

Alguns autores criticam a utilização do hidróxidode cálcio por causar necrose superficial, quandocolocado em íntimo contato com o tecido pulparremanescente 1,19. Entretanto, outros autoresmostraram as vantagens do emprego desse materialnas pulpotomias, uma vez que ele propicia aformação de tecido mineralizado, a apicigênese emdentes com rizogênese incompleta e a manutençãoda vitalidade do dente, que constituem os objetivosprincipais da pulpotomia.

Além dos procedimentos técnicos da pulpotomia,o sucesso do tratamento depende de outros fatoresessenciais, como um diagnóstico clínico eradiográfico criterioso e um correto e adequadoselamento coronário. Especificamente para o casodo tratamento ser efetuado por um endodontista,esta última fase do tratamento torna-se dependentedo clínico indicador, o qual é o responsável pelarestauração definitiva da coroa dentária. Quandoesta é muito retardada, ou não realizada, ela pode

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pôr em risco o sucesso do procedimento realizadopelo especialista. Para que isso não aconteça, épreciso que o indicador também realize umprocedimento correto, não somente em termos deassepsia e biossegurança, mas também deconhecimento literário, para saber quando, como epor que realizar a pulpotomia, a fim de nãocomprometer o sucesso ou a integridade dotratamento realizado.

Este tema está sendo abordado devido ao fato deo endodontista ter realizado uma pulpotomia e ficadona dependência da odontopediatra por um longoperíodo para realizar a restauração definitiva dacoroa dental, mesmo após diversas comunicações.Com a finalidade de contribuir para o estudo clínicodo problema apontado, nos propusemos apresentaro relato de um caso, reiterando o sucesso que podeser obtido com o tratamento conservador da polpadentária e salientar a proteção que a barreira detecido mineralizado neoformada proporciona, mesmoem condições adversas.

RELATO DO CASO

1. Paciente G.H.B., do sexo masculino, 8 anos e4 meses de idade, acompanhado de sua mãe e porindicação da odontopediatra, procurou atendimentoespecializado em endodontia devido ao primeiro molarinferior esquerdo (dente 36) ser portador de lesãocariosa profunda, com exposição pulpar e restauraçãoprovisória mal adaptada. Na anamnese, a responsávelpelo paciente relatou que ele não apresentavacomplicações sistêmicas e que sua queixa principalera dor ao frio e ao doce, com ocasionais surtos dedor espontânea no dente em questão. No exameradiográfico, observou-se que as raízes apresentavamápices incompletamente formados (estágio 9 de Nolla).Clinicamente, observou-se lesão cariosa profunda eresposta normal aos testes térmicos de sensibilidadepulpar (Figura 1).

2. Após a realização da anestesia, procedeu-seo isolamento absoluto e antissepsia do campooperatório. Seguiu-se a remoção de todo o tecidocariado, acesso à câmara pulpar e seccionamentoda polpa coronária (pulpotomia), com o auxílio decureta. Durante esse procedimento, ocorreusangramento normal, com liberação de sanguevermelho vivo, caracterizando um dos sinais,favoráveis à preservação da polpa radicular.

3. Removida a polpa coronária, seguiram-seabundantes irrigações com água de cal, até contera hemorragia. Logo após, analisou-se ascaracterísticas clínicas dos remanescentes pulpares,

os quais apresentavam consistência (não exibindoaspecto pastoso ou liqüefeito), coloração rósea ouavermelhada, complementando os outros sinaisconsiderados por HOLLAND et al. 15 (1970), comofavoráveis à realização da pulpotomia.

FIGURA 1. Aspecto radiográfico antes do tratamento do dente 36.

4. Após essa análise aplicou-se sobre osremanescentes pulpares o pó de hidróxido de cálcioe sobre este uma camada da pasta de hidróxido decálcio com propilenoglicol, a qual recobriu todo oassoalho e parte da câmara pulpar. Em seguida,essa pasta foi protegida com ionômero de vidro e acavidade selada com bolinha de algodão estéril eIRM (Figura 2).

FIGURA 2. Aspecto radiográfico após pulpotomia do dente 36.

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5. Passados 13 dias, o paciente retornou paracontrole. O dente apresentava-se sem sintomatologiaespontânea e com respostas normais aos testes desensibilidade pulpar. O selamento permanecia emposição, o que permitiu a indicação da realizaçãodo tratamento restaurador definitivo, o qual não foirealizado pelo endodontista por tratar-se de umpaciente encaminhado por outro profissional. Devidoa esses fatores, a mãe foi conscientizada a voltarpara a odontopediatra indicadora, para a realizaçãode tal procedimento.

6. Após 10 meses da realização da pulpotomia,foi efetuado novo controle e o dente aindaapresentava-se com a restauração provisória, agorafraturada. Segundo a mãe do paciente, o dentepermanecia com restauração provisória porque aodontopediatra estava aguardando a complemen-tação apical. Na inspeção radiográfica, observou-seformação da ponte de tecido mineralizado, e o dentecontinuava apresentando resposta de normalidadeaos testes térmicos. Foi feita nova conscientizaçãoda mãe e da odontopediatra sobre a necessidade darealização dos procedimentos restauradoresdefinitivos (Figura 3).

restauração provisória. Mais uma vez, mãe eodontopediatra foram alertadas quanto àimportância da restauração definitiva.

FIGURA 3. Controle radiográfico após 10 meses. Notar ponte de tecidomineralizado neoformada (seta) e ausência de restauração defi-nitiva da coroa dentária.

7. O terceiro controle foi realizado 2 anos depoisda pulpotomia. Nessa sessão, o endodontista podeobservar, ainda, a ausência da restauraçãodefinitiva, presença de lesão cariosa, ponte de tecidocalcificado e respostas de normalidade aos testesde sensibilidade pulpar (Figura 4). Procedeu-se,então, à remoção do tecido cariado, proteção daponte formada com hidróxido de cálcio e nova

FIGURA 4. Controle radiográfico após 2 anos. Notar barreira de tecidomineralizado formada (seta superior), início do fechamento apical(seta inferior) e ausência de restauração.

8. O penúltimo controle radiográfico foi realizadocom 3 anos, e, para surpresa do endodontista, odente apresentava-se ainda sem restauração.Segundo a mãe do paciente, a restauração emamálgama realizada pela odontopediatra, após osegundo controle radiográfico, havia caídorecentemente e, por estar próximo do controleendodôntico, ela não havia procurado novamente aodontopediatra para realizar nova restauração.Embora tenha sido constatada resposta denormalidade aos testes de sensibilidade pulpar,observou-se na imagem radiográfica que as pontesde tecido mineralizado aparentavam-se completasna embocadura dos canais e os ápices estavamquase completamente formados (Figura 5). Realizou-se, por fim, nova proteção com hidróxido de cálcio,restauração provisória com ionômero e IRM e novoencaminhamento para a restauração definitiva.

9. Após mais 4 anos, solicitou-se novo retornodo paciente ao consultório. Nessa consulta, pode-se observar presença de lesão cariosa, fratura daporção coronária, ausência de restauração, respostade sensibilidade pulpar normal aos testes térmicos,pontes de tecido mineralizado presentes e íntegrase formação da raiz com fechamento apical completo,chegando-se, assim, ao sucesso almejado pelaodontopediatra (figura 6). Realizou-se, então, novaremoção da cárie, proteção da ponte com hidróxidode cálcio, restauração provisória e reencaminha-mento definitivo do paciente para a profissional

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DISCUSSÃO

A pulpotomia, como tratamento conservador dapolpa dentária, é uma técnica que consiste naremoção da polpa coronária e proteção doremanescente radicular com um material quepermita a manutenção de sua vitalidade e função 6.Por isso, é o tratamento mais indicado para se obtera apicigênese em dentes com polpas inflamadas,expostas ou não ao meio oral, e com rizogêneseincompleta 20,12. Quando corretamente executada,conduz a altas cifras de sucesso clínico, as quaisforam comprovadas histologicamente 25,15,23,22.

Além dos cuidados técnicos da pulpotomia, éimportante que o material protetor do tecidoremanescente induza à mineralização, paraassegurar sua proteção efetiva. Embora váriassubstâncias já tenham sido propostas para esse fim,sem dúvida, o hidróxido de cálcio sempre foi o maisutilizado. Hoje, sabemos que o Agregado de TrióxidoMineral (MTA) proporciona resultados similares aohidróxido de cálcio, 24,17,7 porque apresenta o mesmomodo de ação 18.

Todos os motivos apontados anteriormente,somados às condições clínicas e radiográficas dodente relatado no presente caso, levou-nos a optarpela execução da técnica da pulpotomia, com oobjetivo de manter a vitalidade da polpa dentária edar condições para que ocorresse a complementaçãoradicular e fechamento apical.

A primeira radiografia de controle, realizada 10meses após a intervenção, caracterizou o sucessodo tratamento, apesar de a restauração definitivanão ter sido realizada e de o cimento obturadorprovisório apresentar-se parcialmente fraturado.Com 2 anos de pós-operatório, a condição da coroadental se apresentou em pior situação ainda, comausência de material selador provisório na cavidadede acesso, expondo diretamente a barreira de tecidoduro, induzida pelo hidróxido de cálcio, àcontaminação bacteriana. O evidente avanço doprocesso da apicigênese, somado à vitalidade pulpar,demonstrava que o remanescente pulpar preservadocontinuava a exercer sua função normalmente.Aquela mesma deficiência em relação à restauraçãocoronária ainda foi constatada nos controles de 3 e4 anos e, mesmo assim, a apicigênese se completou.

Uma das críticas feitas à técnica da pulpotomiarefere-se à proteção oferecida pela ponte de tecidomineralizado neoformada, uma vez que, durante suaformação, podem ocorrer defeitos em forma de túnel,o que a tornaria permeável 11,4. Diante dessasituação, qualquer condição clínica, como fraturaou quebra da restauração, ou mesmo uma infiltraçãomarginal coronária, através do material restaurador,colocaria a barreira formada em contato com osmicroorganismos da cavidade oral, que, através dosdefeitos da barreira neoformada e dos túbulosdentinários, provocariam inflamação e necrose dotecido pulpar remanescente. Entretanto, HOLLANDet al.16 (1979), submetendo barreiras mineralizadas,obtidas após pulpotomia e proteção com hidróxidode cálcio, em dentes de macacos, a alguns materiaisirritantes ou à exposição ao meio oral por 30 dias,verificaram que as polpas dentais mantidas no canal

FIGURA 5. Controle radiográfico após 3 anos. Notar ponte de tecido duro(seta superior) e apicigênese quase completa (seta inferior).

realizar os procedimentos que a mesma julgassenecessário.

FIGURA 6. Controle radiográfico após 4 anos. Notar barreira de tecidoduro (seta superior), apicigênese completa (seta inferior), fratu-ra coronária e ausência de restauração da coroa dentária.

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radicular apresentaram-se normais na quasetotalidade dos casos.

O caso clínico relatado no presente estudoconfirma, em humanos, os resultados de HOLLANDet al.16 (1979), uma vez que a formação da barreirade tecido duro, a resposta ao teste térmico, aausência de áreas de reabsorção interna e acomplementação apical são indicadores damanutenção da normalidade da polpa dental, quecontinuou desenvolvendo suas funções. Confirma,também, a excelente proteção que a barreiraneoformada fornece ao tecido subjacente.

Um dado que chama a atenção neste caso clínicofoi a demora para a realização da restauraçãodefinitiva da coroa dental. As radiografias de controlemostram que ela não tinha sido realizada até 2 anosde pós-operatório. Segundo o relato, aodontopediatra aguardava a formação, tanto dabarreira de tecido duro, quanto do fechamentoapical, para realizá-la. Essa conduta não é correta,porque a barreira mineralizada nem sempre aparecena radiografia e a complementação apical pode serdemorada, como aconteceu no presente caso. Por

isso, nos casos de pulpotomia, a restauraçãodefinitiva deve ser efetuada logo após a conclusãodo tratamento e o resultado estabelecido por umacompanhamento clínico e radiográfico a longoprazo.

CONCLUSÃO

Dentro das condições clínicas em que o casodo presente relato foi tratado, parece-nos lícitoconcluir que a pulpotomia e a proteção doremanescente radicular com hidróxido de cálcioinduziram ao reparo, com formação de ponte detecido duro e fechamento apical, detectados clínicae radiograficamente. Além disso, sugerem que osprocedimentos restauradores definitivos da coroadental devem ser realizados imediatamente após apulpotomia, porém, seguidos por umacompanhamento clínico-radiográfico, a longadistância.

Pulpotomy is a relative easy technique, however, to be successful; it is not only enough that the procedure is donecorrectly, but that the indication of the treatment is also correct. For this reason, it is common to send the patient to theendodontist to carry on the treatment. This report describes the case of a child who presented the lower left first molarwith cavity, even with injured pulp. The patient had occasional pains and to the radiographic tests it was evidenced thatthe tooth was still in root formation phase, characterizing a perfect indication for the pulpotomy technique. The 4 yearclinical-radiographic treatment demonstrated that, despite the influence of some non favorable factors to the repair, thetreatment was successful, allowing the complementation of the root formation.

UNITERMS: pulpotomy; apex genesis; calcium hydroxide; vital pulp therapy

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A IMPORTÂNCIA DA FLUORESCÊNCIA NA ODONTOLOGIARESTAURADORA ESTÉTICA

THE FLUORECENCE IMPORTANCY IN ESTHETIC RESTORATIVE DENTSTRY

Luís Anselmo MARIOTTO*Roque J. MÉRIDA DELGADO*

Thiago D. O. OTTOBONI**Juliana A. CARDOSO**

Aline MATIUZZO***Faverson A. SLONGO****

O presente artigo descreve a importância do fenômeno da fluorescência, na escolha dos materiais a serem utilizados naodontologia estética atual. Para o desenvolvimento do trabalho foram obtidas amostras de resina composta, peças deporcelana e dentes naturais extraídos submetidos a uma fonte de luz fluorescente pura, e fotografados para avaliação.

UNITERMOS: restauração estética; resina composta; fluorescência.

* Professores Doutores do Curso de Odontologia da Universidade de Marília** Alunos do Curso de Odontologia da Universidade de Marília*** Especialista em Dentística**** Mestrando, área de concentração em Dentística do programa de Pós-graduação da UNIMAR - Marília.

INTRODUÇÃO

A Odontologia Estética restauradora caracteriza-se pelo importante papel de colaborar na prevençãoda doença, no restabelecimento funcional do sistemaestomatognático, associado ou não à estética dental.Para alcançar esse objetivo, torna-se necessário inter-relacionar conhecimentos de várias especialidades.É possível citar os mais importantes, como oprofissional aprender e identificar o problema, ou seja,diagnosticar a disfunção estética, para depois saberelaborar correto plano de tratamento para resoluçãodos possíveis problemas. Outro aspecto de não menorimportância é o conhecimento técnico para execuçãoda reabilitação estética e também a escolha pelatécnica que mais seja adequada às necessidades econdições do paciente.

Por último, a escolha pelos materiais utilizadosna reconstrução estética do paciente, que podemser resinas compostas e porcelanas. Esses materiaisatualmente são os que a indústria disponibiliza eem que mais investe, para torná-los com ascaracterísticas mais semelhantes às dos dentesnaturais. Dentre as características desses materiaisestão aspectos como resistência, lisura superficial,adesão à estrutura dental, além dos componentesópticos da cor, como translucidez, opacidade,transmissão da luz visível, reflexão, absorção de luze fluorescência. Esta última característica é

focalizada aqui e cuja importância procuraremosdetalhar, neste trabalho.

FIGURA 1. Sorriso natural sem restaurações, refletindo aspecto de natu-ralidade em luz visível.

FIGURA 2.Sorriso natural sem restaurações, refletindo aspecto de natu-ralidade em luz ultravioleta.

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A fluorescência é um fenômeno óptico no qualuma estrutura, especificamente o dente, torna-secapaz de absorver ondas de luz de espectro maisalto, em torno de 1014 a 1016 Hertz, não visívelnormalmente aos olhos humanos, e emitir luz decomprimento de onda diferente em resposta,representada na figura 5. Nos dentes naturais, afluorescência é caracterizada pela absorção de luzultravioleta seguida pela emissão de luz visível comcurto comprimento de onda. Com o a luz emitida ésomada à luz refletida, observa-se um perceptívelaumento da luminosidade aparente.

comuns nos dias atuais, a percepção do denterestaurado será muito significativa: à luz solar, emcasa noturnas, este se apresentará como um denteescuro, quando não houver nenhuma reflexão daluz fluorescente, ou se apresentará com brilhoexcessivo na região restaurada, quando o materialnão possuir uma condição ideal, de sorte que afluorescência confere mais vitalidade e auxilia a obteruma correta luminosidade da restauração.

FIGURA 3. Sorriso natural com restauração classe IV na distal dente11,refletindo aspecto de naturalidade em luz visível.

FIGURA 4. Sorriso natural com restauração classe IV na distal dente 11,refletindo aspecto de naturalidade em luz ultravioleta, com ex-ceção da restauração que se apresenta absorvendo a luz e comaspecto escurecido.

A importância desse fenômeno, na odontologiarestauradora estética, é que, em locais nos quaisexistam muitas ondas de luz fluorescente, muito

FIGURA 5. Escala numérica, demonstrando os diferentes comprimentosde ondas existentes.

Alguns anos atrás, as indústrias não davamimportância a essa característica óptica dosmateriais como a porcelana e a resina composta;entretanto, hoje, a maioria dos materiais consegueesse objetivo. Dessa forma, torna-se objetivo dotrabalho apresentar imagens fotográficas deporcelanas e resinas compostas comparadas a dentenatural in loco e natural extraído, para que se possater uma colaboração na adequada escolha dosdiferentes materiais existentes.

MATERIAL E MÉTODO

Para elaboração deste estudo, foram utilizadasresinas compostas de diferentes marcas comerciaisencontradas no mercado nacional, em suas distintascaracterísticas de composição e opacidade.

Os corpos de prova foram confeccionados a partirde uma matriz de plástico com medidas de 7milímetros de diâmetro por 2 milímetros deespessura. A confecção dos corpos de prova foi feitada seguinte forma: o composito foi introduzido namatriz em um único incremento, precionado pelopeso de uma placa de vidro e uma fita de poliéstertransparente isolando a resina para não grudar naplaca. Feito isto a placa foi removida e a resinafotopolimerizada por 40 segundos especificados pelofabricante do aparelho. Removido o corpo de provada matriz e eliminados os excessos com discos delixa Sof-Lex de granulação média; foi realizado o

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polimento extra com borracha abrasiva para resinacomposta Enhance( Dentsply) e feltro com pasta dediamante Excell (FGM).

As marcas comerciais de resina composta utilizadasforam nas cores esmalte translúcido, dentina opaca,na cor A-2 e incisais ou esmaltes transparentes. Aspeças de porcelana empregadas foram a partir defacetas e coroas nas marcas Vita ( IN CERAM),metaloceramica Noritake e Ivoclair ( EMPRESS II) .

Os dentes naturais utilizados foram terceiro molarextraído e dentes anteriores de pacientes com e semrestauração, aproximando as peças de porcelanapróximo dos dentes desses pacientes.

As fotografias foram feitas com luz naturalindireta, com máquina fotográfica Nikon D-50, comlente macro 105mm, com abertura de 5,6 evelocidade de obturação de 60, sempre apoiada portripé. As fotografias com a luz ultravioleta foramfeitas em um quarto com ausência de luz, e sobreuma fonte de luz pura ultravioleta de 250watts.

RESUTADOS

As imagens demonstram os materiais emcondições de luz natural, as mesmas imagens sob oefeito da luz fluorescente e a colocação da resinacomposta diretamente sobre o dente natural sempreparo, para verificação de sua fluorescência:

4Season (Ivoclair), Opallis (FGM), Sthetic X(Dentsply) se apresentam com fluorescência normale Vitalescence(Ultradent), Concept Adavanced,Concept(Vigodent) com fluorescência alta.

FIGURA 6. Fotografia com luz natural mostrando os corpos de prova dosmateriais, com seus respectivos nomes comerciais, na cor A-2translúcida.

Resultados das observações das resinastranslúcidas cor A-2: verificando as fotografiasrepresentadas pelas figuras 2 e 3, é possível observarque as resinas compostas Durafill (Kulzer), Renamel(Cosmedent), Z-100, A-110, Filtek SupremeZ350 eZ-250 (3M), Charima (Kulzer) e Palfique (Kuraray)apresentam baixa fluorescência. As resinascompostas Heliofill, Fillmagic (Vigodent), Tetric e

FIGURA 7. Fotografia das resinas compostas nas cores translúcidas A-2,sob o efeito da luz ultravioleta.

FIGURA 8. Fotografia com luz natural mostrando as marcas comerciais, nascores A-2 opaca.

FIGURA 9. Fotografia com luz ultravioleta, mostrando as marcas comer-ciais nas cores A-2 opacas. Verificando o resultado das resinasopacas, observou-se que a resina Herculaite (Kerr), amostra domeio do lado direito, apresentou fluorescência baixa e as ou-tras analisadas, fluorescência normal.

FIGURA 10. Fotografia das diferentes marcas comerciais, com luz natu-ral, na cor incisal e transparente.

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FIGURA 11. Fotografia das diferentes marcas comerciais, com luzultravioleta, na cor incisal e transparente.

FIGURA 14. Fotografia de dentes naturais, com a compação próxima dedentes de porcelana de marcas comerciais Vita In Ceram. Naobservação, torna-se possível verificar que a fluorescência estácompatível com a estrutura dental..

DISCUSSÃO

Após observação dos resultados, torna-se possívelrealizar algumas considerações por exemplo, ofenômeno da fluorescência, que ocorre no dente,consegue converter luz não visível ao olho, tornando-a perceptível em sua reflexão, que ocorre peladisposição e tamanho dos prismas de esmalte. Asfábricas de porcelana procuram confeccionar o grãodo pó de porcelana não fundido na mesma formaque o prisma de esmalte e, ainda, à porcelanatambém é adicionada a fluorapatita, para melhoriadessas propriedades ópticas do material, tornando-as mais semelhantes aos aspectos naturais de umdente humano, como é possível observar nasimagens das Figura 11 e 14, comparando peçasprotéticas, com o fragmento do dente utilizado comoamostra.

Os resultados das resinas compostas apresentamluminosidade fluorescente muito semelhante aoexibido pelo dente natural; entretanto, isso não podeser observado em todas as marcas comerciaisestudadas, porque algumas apresentaramfluorescência de certa forma exagerada, ou maisbrilho, mais reflexão de luz fluorescente que o dentenatural, fato que também descaracteriza a corretafluorescência do material.

Entre as resinas compostas, pode-se classificá-las como de baixa, normal e alta fluorescência, sendoque a baixa é aquém dos padrões comparativos como dente natural, a normal é quando se assemelha àestrutura dentária e a alta fluorescência ocorrequando se apresenta com maior fluorescência que

FIGURA 12. Fotografia de dentes naturais com resinas compostas aplica-das sobre os dentes sem preparo, de marcas comerciaisVitalescence (Ultradent) esmalte Cor B-1 lado direito na distaldo dente11 e 4 Season (Ivoclair) Cor B-1lado esquerdo, sob oefeito da luz ultravioleta. Na observação, torna-se possível veri-ficar que o lado esquerdo se mostrou com fluorescência maiscompatível com a estrutura dental do que o lado direito, sendoeste excessivamente fluorescente.

FIGURA 13. Fotografia de dentes naturais com resinas compostas apli-cadas sobre os dentes sem preparo, de marcas comerciaisConcept Advanced (Vigodent) esmalte Cor B-1 lado esquerdona distal do dente21. No dente 11 Charisma (Kulzer) Cor B-2lado direito, sob o efeito da luz ultravioleta. Na observação,torna-se possível verificar que o lado esquerdo se mostrou semfluorescência, não estando compatível com a estrutura den-tal; já a resina composta, do lado direito, mostrou-se excessi-vamente fluorescente.

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o dente natural. A reflexão de luz fluorescente, pelasresinas composta é caracterizada por aditivosquímicos da fórmula do material, diferentemente dodente, por isso de difícil caracterização idêntica aodente humano (Figura 11 e 14).

Embora esse fenômeno ótico apresentado sejabastante importante, não podemos descaracterizaro valor que materiais sem fluorescência vêmdesempenhando durante todos esses anos. Asresinas compostas existem há praticamente 35 anose os materiais, até então sem fluorescência,satisfizeram em muito a maioria dos pacientes,embora a relevância deste estudo se caracteriza pelaqualidade atual dos profissionais e pela exigênciaestética manifestada pelos pacientes.

CONCLUSÕES

· O fenômeno da fluorescência é um aspectoimportante a ser requisitado nos materiaisrestauradores atuais;

· as porcelanas apresentam fluorescência maissemelhante à da estrutura dentária;

· as resinas compostas apresentam fluorescência,entretanto, com diferentes graus de reflexão daestrutura dentária.

The present article describes the importance of the fluorescence on choosing materials to be used in aesthetic dentistrynowadays. For the development of this work, samples of composite resin, porcelain blocks and extracted naturals toothwere submitted to a pure fluorescent light source and photographed to be evaluated.

UNITERMS: aesthetic restoration; composite resin; fluorescence

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Revista Ciências Odontológicas

Universidade de

Marília

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A INFLUÊNCIA DO HIDRÓXIDO DE CÁLCIO COMO CURATIVO DE DEMORA E DOCIMENTO OBTURADOR NO REPARO DE LESÃO PERIAPICAL CRÔNICA EXTENSA.

RELATO DE CASO CLÍNICO

THE INFLUENCE OF CALCIUM HYDROXIDE AS DELAY DRESSING AND THEROOT CANAL SEALER IN REPAIR OF EXTENSIVE CHRONIC PERIAPICAL INJURY.

CASE REPORT

Domingos Alves dos ANJOS NETO*Jefferson José de Carvalho MARION*

Suellen Cristine BORLINA*Sueli Satomi MURATA**

Dentre as substâncias utilizadas no tratamento endodôntico, a medicação intracanal e o cimento obturador são desuma importância, principalmente para os casos de necropulpectomia com lesão periapical. Nesta condição, o hidróxidode cálcio tem sido amplamente empregado, devido suas propriedades antimicrobiana e reparadora. O presente trabalhorelata o caso de um dente com extensa lesão periapical crônica, cujo canal radicular foi tratado através de algumastrocas da pasta de hidróxido de cálcio e posterior obturação com cimento a base de hidróxido de cálcio. Após 1 ano,constatou-se o reparo da lesão, eliminando-se assim, a necessidade de uma intervenção cirúrgica para a resolução docaso.

UNITERMOS – hidróxido de cálcio; lesão periapical cônica; curativo de demora; tratamento de canal radicular.

* Mestrando do Programa de Pós-graduação em Clínica Odontológica - Área de Endodontia da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade deMarília (UNIMAR), Marília – SP.** Doutora em Odontopediatria, Faculdade de Odontologia de Araçatuba (UNESP), Araçatuba – SP.

INTRODUÇÃO

Embora indicado para o tratamento de fístulasdentais por NYGREN em 1838, o hidróxido de cálciotem sido objeto de pesquisas e utilizado extensivamentenas mais variadas situações clínicas 2.

Uma das principais preocupações da endodontiaé promover a completa limpeza dos canaisradiculares, uma vez que a presença demicroorganismos é um dos fatores responsáveis pelainstalação e manutenção das patologias pulpares eperiapicais, as quais estão intimamente relacionadascom os insucessos do tratamento endodôntico.

O preparo biomecânico dos canais radiculares ea utilização das soluções irrigadoras proporcionamuma significativa redução no número demicroorganismos presentes no interior do sistema

de canais radiculares. Porém, o emprego damedicação intracanal entre as sessões, se faznecessário com o objetivo de dinamizar o processode desinfecção e, com isso, proporcionar o reparoperiapical. É sabido que uma boa medicaçãointracanal deve apresentar um alto potencialantimicrobiano, ser biocompatível e estimular areparação tecidual pós-tratamento. Por preencheressas propriedades, substâncias a base de hidróxidode cálcio tem sido também indicadas como opçãode tratamento para dentes com lesões periapicaiscrônicas extensas quando se pretende evitar acomplementação cirúrgica do tratamentoendodôntico11. O presente estudo relata o sucessoclínico-radiográfico de um caso com estascaracterísticas e tratado com curativo e cimentoobturador a base de hidróxido de cálcio.

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RELATO DO CASO

1. Paciente C.S.O., do sexo feminino, com 13anos de idade, apresentou-se ao consultórioodontológico especializado em endodontia comindicação da odontopediatra para tratamentoendodôntico dos incisivos superiores, pois, apaciente relatava como queixa principal dorespontânea e intensa, de duração prolongada. Aoexame clínico intraoral observou-se que os dentes11 e 12 apresentavam-se com leve escurecimentoda coroa dental, mobilidade dental e sensibilidadeà palpação e à percussão. Ao teste térmico osreferidos dentes apresentavam-se com exacerbaçãoda dor com guta-percha aquecida e resposta negativade vitalidade pulpar. Através do exame radiográficofoi possível observar na região apical dos dentes umalesão radiolúcida, com aspecto sugestivo de cistoperiapical crônico agudizado (Figura 1), comextensão melhor visualizada no negativo daradiografia (Figura 2).

2. Ainda nesta sessão, diante dos dados clínicosobtidos, procedeu-se ao tratamento endodônticorealizando-se anestesia local para o isolamentoabsoluto, antissepsia do campo operatório, aberturacoronária, neutralização do conteúdo séptico/necrótico intracanal com o auxílio de irrigação/aspiração com solução de hipoclorito a 1% (Soluçãode Milton). Logo após, fez-se um curativo primáriocom bolinha de algodão umedecida de tricresolformalina na câmara pulpar e o selamento coronáriocom Cimpat, sendo prescrita medicação sistêmicaantibiótica e anti-inflamatória.

3. Na segunda sessão (7 dias após), a pacienteretornou com sintomatologia e, juntamente com seuresponsável, optou-se por um procedimento nãocirúrgico, mas apenas com curativos de demora àbase de hidróxido de cálcio com propilenoglicol.Realizou-se o preparo biomecânico dos canais pormeio de técnica de recuo progressivo (ápice-coroa),escalonado com limas Flexofile e complementadocom brocas Gattes-Gliden 2, 3 e 4. Após o preparo,os canais foram preenchidos com solução de EDTApor 3 minutos, secados, seguindo-se aplicação deuma medicação intracanal à base de hidróxido decálcio, a qual foi trocada mensalmente durante operíodo de 120 dias. (Figura 3).

FIGURA 1. Radiografia inicial. Lesão radiolúcida com diagnóstico suges-tivo de cisto periapical crônico.

FIGURA 2. Negativo da figura 1. É possível observar com maior nitideza destruição óssea causada pela lesão periapical.

FIGURA 3. Radiografia de controle após 60 dias do inicio do tratamento.Observar o início da reparação tecidual apical.

4. Após 120 dias, observou-se uma considerávelregressão da lesão, razão pela qual procedeu-se àobturação dos canais radiculares com cones de guta-percha e cimento Sealapex pela técnica híbrida deMcSpadden (Figura 4), precedida por irrigação comsolução de Milton e final com EDTA a 17% por 3minutos. Na radiografia final, pode-se observar o

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5. Seis meses após a conclusão do tratamentoendodôntico, solicitou-se o retorno da paciente pararealizar a proservação do caso. Verificou-se que ascoroas dentais apresentavam restauraçõesdefinitivas, conforme havia sido solicitado.Radiograficamente foi possível observar umaregressão considerável da lesão periapical (Figura 5).

6. Com 1 ano pós-tratamento endodôntico, apaciente foi chamada para o segundo controle àdistância. Pôde-se observar radiograficamente,completo reparo da lesão periapical (Figura 6).

FIGURA 4. Radiografia da obturação definitiva do canal radicular. Ob-servar obturação do delta apical e pequeno extravazamento docimento obturador.

escoamento do cimento obturador em ramificaçõesdo delta apical do dente 11. A câmara pulpar foiselada novamente da mesma forma, solicitando-seà paciente e seu responsável que retornassem àodontopediatra para que ela realizasse a restauraçãodefinitiva pós-tratamento endodôntico.

FIGURA 5. Radiografia de controle realizada 6 meses após a conclusão dotratamento endodôntico. Observar considerável reparaçãoapical.

FIGURA 6. Radiografia de controle realizada após 1 ano da conclusão dotratamento endodôntico. Observar completa reparação apical.

7. Com 6 anos e 4 meses após o tratamentoendodôntico, a paciente foi novamente chamadapara o terceiro controle quando pôde-se confirmarradiograficamente que o reparo estava completo(Figuras 7 e 8).

FIGURA 7. Radiografia de controle após 6 anos e 4 meses da conclusãodo tratamento endodôntico. Notar completa reparação apical ereabsorção do cimento obturador extravazado.

FIGURA 8. Negativo da figura 7. É possível observar com maior nitidez areparação do tecido ósseo.

8. Após 8 anos uma nova radiografia foirealizada onde se constatou que a região periapicalcontinuava com aspecto de normalidade (Figura 9),razão pela qual o tratamento foi dado comoencerrado.

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DISCUSSÃO

Nas necropulpectomias geralmente o coto pulparestá necrosado, ou severamente comprometido e,por isso, a principal preocupação durante otratamento é a eliminação das bactérias contidasnos túbulos dentinários, no canal radicular e suasramificações e no ambiente periapical 3, 7, 11. EmboraPETERS; WESSELINK10 não tenham observadonenhuma diferença no tratamento de dentes comlesão periapical em uma ou duas sessões, algunsautores demonstraram histologicamente quemelhores resultados foram obtidos com o empregode curativo com hidróxido de cálcio, quandocomparados aos tratamentos realizados em sessãoúnica 2, 3, 4, 8. Nossa opção para o tratamento do casorelatado apoiou-se nas comprovações apresentadaspor estes últimos autores. As trocas do curativorealizadas até a obturação definitiva dos canaisradiculares também se basearam em algunstrabalhos que demonstraram melhores resultadosem relação a uma única aplicação do hidróxido decálcio 1, 6, 9.

Segundo HOLLAND et al. 5, a ação antibacterianado hidróxido de cálcio se deve fundamentalmenteao seu elevado pH (12,4), que alcaliniza toda dentinaapós sua aplicação no canal radicular 12. ParaLEONARDO et al.8, o tempo de uso ideal de curativode demora com hidróxido de cálcio em dentes comnecrose pulpar e reação periapical crônica deve serde, no mínimo, 15 dias, sendo 30 dias consideradoo ideal. Em nosso relato, o curativo permaneceu por120 dias, ocasião em que realizamos a obturaçãodefinitiva com o cimento Sealapex que contem óxidode cálcio. Nessas condições, a lesão apresentou uma

FIGURA 9. Radiografia de controle após 8 anos da conclusão do trata-mento endodôntico. Notar a continuidade da integridade daregião periapical.

considerável redução em seu diâmetro a qualdesapareceu no controle pós-operatório de 1 ano.Esse resultado aproxima-se muito ao obtido porSOUZA et al.11 que constataram o reparo de grandeslesões entre 6 e 8 meses. Provavelmente estapequena diferença esteja relacionada a duasprincipais causas: tempo de atuação da pasta dehidróxido de cálcio e sobreobturação com a pastana sua primeira aplicação. Em relação ao primeirofator, embora o cimento Sealapex também libere íonshidroxila, provavelmente o faz em menorintensidade, mas o suficiente para manter o pHalcalino. Por outro lado, HOLLAND et al.6

demonstraram experimentalmente em animais quea sobre-extensão da pasta ao ambiente periapicalem sua primeira aplicação, proporcionou melhoresresultados em relação ao grupo tratado semsobreobturação.

Uma observação também interessante no casorelatado foi à reabsorção do cimento Sealapex sobre-extendido no momento da obturação definitiva docanal radicular. Este fato pôde ser constatado noscontroles radiográficos pós-operatórios, onde seobserva que no ato da obturação houve leveextravazamento do cimento e que na proservaçãofinal do caso ele foi reabsorvido.

O recurso de se produzir o negativo da radiografiainicial e também da radiografia final de proservaçãoteve como objetivo melhorar a visualizaçãoradiográfica da área de destruição e reparação óssea.

CONCLUSÃO

Diante do resultado do caso relatado é possívelconcluir que a técnica da renovação do hidróxidode cálcio como curativo de demora é uma alternativapara o tratamento de dentes com lesões periapicais,reduzindo-se, assim, a indicação de procedimentoscirúrgicos, mesmo em casos de lesões periapicaiscrônicas extensas, como neste caso clínico, ondehavia pouco tecido de sustentação.

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Amongst substances used in the endodontic treatment, the intracanal medication and the root canal sealer are ofutmost importance, mainly for the cases of necropulpectomy with periapical injury. In this condition, the calciumhydroxide has been widely employee, because of its properties. The present work tells the case of a tooth with extensivechronic periapical injury, whose root canal was dealt with through some exchanges of the paste that containing calciumhydroxide and obturation with calcium hydroxide sealer. After 1 year, thus evidenced the repair of the injury, eliminatingitself, the necessity of a surgical intervention for the resolution of the case.

UNITERMS: Calcium hydroxide; chronically periapical injury; delay dressing; root canal treatment.

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6. HOLLAND, R.; SOUZA, V.; NERY, M.J.; MELLO, W.;BERNABÉ, P.F.E.; OTOBONI FILHO, J.A. Overfilling and

refilling monkey pulpless teeth. J. Canad. Dent. ASS., v.46, n. —, p.387-390, 1980.

7. HOLLAND, R.; VALLE, G.F.; TAINTOR, J.F.; INGLE, J.I.Influence of bony resorption on endodontic treatment . OralSurg Oral Med Oral Pathol. v. 55, n.2, p. 191-203, 1983.

8. LEONARDO, M.R. et al. Tratamento de canal radicular emsessão única: crença vs ciência. In:__________ FELLER, C.;GORAB, R. Atualização na Clínica Odontológica. v.1,São Paulo: Artes Médicas, 2000. Cap.2, p. 25-57.

9. MARTIN, D.M.; CRABB, H.S.M. Calcium hydroxide methodin root canal therapy- A review. Brit. Dent. J. v. 142, p.277- 283, 1977.

10. PETERS, L. B.; WESSELINK, P.R. Periapical healing ofendodontically treated teeth in one and two visits obturatedin the presence or absence of detectable microorganisms.Int Endod J, v. 35, n. 8, p. 660-7, 2002.

11. SOUZA, V.; BERNABÉ, P.F.E.; HOLLAND, R.; NERY, M.J.;MELLO, W.; OTOBONI FILHO, J.A. Tratamento não-cirúrgico de dentes com lesões periapicais. Rev. Bras.Odontol. v. 46, n. 2, p. 39-46, 1989.

12. TRONSTAD, L. et al. pH changes in dental tissues afterroot canal filling with calcium hydroxide. J Endod, v. 7,p.17-21, 1981.

Contato com o autor: [email protected]

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N O R M A S P A R A P U B L I C A Ç Ã O2e O artigo pode ser retirado pelo autor, segundo o seu critériode conveniência, a qualquer momento, antes de serselecionado pelo Corpo Editorial.

3 – ARTIGOS INÉDITOS DE INVESTIGAÇÃOCIENTÍFICA E REVISÕES

3.1 – Apresentação

3.1a Texto, ilustrações e fotografia deverão ser fornecidos emduas vias.3.1b O trabalho deverá ser apresentado digitado em papeltamanho A4 (210 x 297 mm), em fonte Times New Roman,tamanho 12, margens verticais e horizontais de 3 cm, espaçoduplo, redigido em ortografia oficial, sem rasuras ou emendas.A lauda deverá ser numerada e ter um máximo de 30 (trinta)linhas e de 60 (sessenta) toques. Juntamente com o impressodeverá ser enviado um disquete, devidamente identificado, comtexto digitado em Word for Windows.3.1c O trabalho deverá ter na primeira página o título emportuguês, nome completo e titulação do(s) autor(es), endereçoe telefone para contato do autor principal.3.1d Por motivo de isenção na avaliação dos trabalhos pelaComissão de Avaliação dos artigos científicos e pelo CorpoEditorial, a segunda página deverá conter título em português,título em inglês, sinopse, “abstract” unitermos e “uniterms”,omitindo-se nomes ou quaisquer dados referentes aos autores.A identificação dos autores deverá constar única eexclusivamente na primeira página do trabalho; se encontradaem qualquer outra parte do material, ele seráincondicionalmente devolvido.3.1e As legendas das ilustrações (fotografias, gráficos,desenhos) deverão ser digitadas em folha separada. Quandose referirem a fotomicrografias, deverão conter especificaçõesquanto à magnificação e ao tipo de coloração utilizada.3.1f O autor terá direito a apresentar um máximo de 14(quatorze) laudas, incluindo texto principal e referênciasbibliográficas.3.1g Tabelas: deverão ser numeradas em algarismos arábicos,com apresentação sintética e objetiva, para a compreensão dotrabalho. Não usar os dados de originais e tabelas de análisede variância. Sempre que possível, valores quantitativosdeverão ser apresentados na forma de gráficos.3.1h Ilustrações: serão aceitas, no máximo, 16 (dezesseis) porartigo. Imagens fotográficas deverão ser apresentadaspreferencialmente na forma de slides e com bom padrão de nitidez.Os desenhos enviados poderão ser melhorados ou redesenhadospela produção da revista, a critério do Corpo Editorial.3.1i As ilustrações deverão ser numeradas e identificadaspela ordem seqüencial do texto.3.1j Deverá ser encaminhada 1 (uma) foto (5 x 7 cm) do autorprincipal ou da equipe para publicação, obrigatoriamente empose natural e em cores.

3.2 – Estrutura

Os artigos devem respeitar as normas da ABNT/NB-88, ABNT/NB-89 e NBR-6023, apresentando a seguinte estrutura:3.2a Título do artigo e objetivo. Serão aceitos em português,inglês e espanhol, mas a fidelidade quanto à linguagem seráde total responsabilidade do autor.

A Revista da Faculdade de Ciências Odontológicas daUNIMAR, dirigida à Classe Odontológica, destina-se àpublicação de artigos inéditos de investigação científica,relatos de casos clínicos e de técnicas, artigos de interesseselecionados pelo Corpo Editorial, revisões significativas,atualidades e cartas dirigidas à seção “Discordando”.

1 – NORMAS GERAIS

1a Os materiais deverão ser enviados para:FACULDADE DE CIÊNCIAS ODONTOLÓGICASA/C Diretoria da FaculdadeAv. Higyno Muzzy Filho, 1001Campus UniversitárioCEP 17.525-902 – Marília - SP – Brasil1b O autor deverá guardar duplicata do texto e das ilustrações,para maior segurança contra extravio.1c O material enviado não poderá ser submetidosimultaneamente à apreciação por parte de outros periódicosou quaisquer outras publicações, nacionais ouinternacionais.1d A Revista da Faculdade de Ciências Odontológicas daUNIMAR terá Direito Autoral sobre trabalho publicado porela, podendo permitir a sua reprodução, total ou parcial.1e A Revista da Faculdade de Ciências Odontológicas daUNIMAR , ao receber o material, não assume o compromissode publicá-lo.1f A Revista da Faculdade de Ciências Odontológicas daUNIMAR reserva-se o direito de editar o material recebido,visando a adaptá-lo ao espaço disponível e a princípios declareza e correção textuais. Face ao recebimento de materialilustrativo considerado insuficiente, a Revista da Faculdadede Ciências Odontológicas da UNIMAR reserva-se ainda odireito de solicitar material adicional aos autores ou aterceiros.1g As afirmações dos materiais assinados são deresponsabilidade integral dos autores.

2 – SISTEMÁTICA DE AVALIAÇÃO E PUBLICAÇÃO

2a Os artigos deverão ser enviados diretamente para aSecretaria, no endereço explicitado no Item 1a, evitando amediação por cartas de referência de terceiros.2b O artigo enviado receberá um número de identificação eimediatamente será submetido à apreciação da Comissão deAvaliação, sendo divulgado o resultado de sua avaliaçãodentro de um prazo máximo de 30 (trinta) dias.2c A Comissão de Avaliação dos artigos científicos decidirásobre a conveniência ou não da publicação, avaliando como“favorável” ou “desfavorável”, bem como poderá indicarcorreções e/ou sugerir modificações.2d A cada edição, o Corpo Editorial selecionará, entre osartigos considerados favoráveis para a publicação, aquelesque serão publicados. Os não selecionados serão novamenteapreciados por ocasião das edições seguintes. Decorridos 6meses sem que tenham sido selecionados, os artigos serãodevolvidos aos autores.

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3.2b Nome do(s) autor(es): indicado na ordem direta, comdestaque em letras maiúsculas para o sobrenome pelo qualserá indicado. O autor deve mencionar, apenas, o seu títuloprincipal no rodapé da lauda.3.2c Sinopse: deverá ser digitada em fonte Times New Roman,tamanho 10, espaço duplo, redigida em ortografia oficial, terum máximo de 250 palavras. Possibilitar ao leitor o interessedo artigo e compor uma série coerente de frases e não asimples enumeração de títulos, fornecendo, portanto, umavisão clara e concisa do conteúdo do trabalho, suas conclusõessignificativas e a contribuição do autor.3.2d Unitermos: palavras ou expressões que identifiquem oconteúdo do artigo, fornecidas pelo próprio autor, digitadosno mesmo formato da sinopse (fonte, tamanho e espaço).Deverão ser seguidos os cabeçalhos de assuntos do “Index toDental Literature”, traduzidos para o português na“Bibliografia Brasileira de Odontologia”.3.2e Texto: distribuído conforme características individuaisde cada trabalho, seja ele de pesquisa, de divulgação, de relatode caso etc. Na citação de autores, os nomes devem serdatilografados em caixa alta (ex.: ANDERSON). No caso dedois autores, seus nomes devem ser separados com ponto evírgula (ex.: ANDERSON; MILES). Existindo mais de doisautores, usar a expressão et al. (ex.: ANDERSON et al.). Notexto, a citação do nome do autor deve ser seguida do númeroque o localiza na referência bibliográfica e do ano depublicação.3.2f Abstract: deve ser a versão em inglês da sinopse.3.2g Uniterms: unitermos em inglês.3.2h Agradecimentos: se houver.3.2i Referências: As referências deverão ter estreitorelacionamento com o assunto. Os títulos dos livros eperiódicos deverão ser destacados em negrito, nas referênciasbibliográficas e bibliografias.Nota: para as abreviaturas dos títulos dos periódicos,consultar o “Medline CD/ROM” ou ABNT/NB-6023.3.2j. Fazer constar endereço eletrônico para contato (e-mail).

4 – RELATO DE CASOS CLÍNICOS OU DE TÉCNICAS

4.1 - Apresentação

4.1a Texto e fotografias deverão ser fornecidos em duas vias.4.1b O trabalho deverá ser apresentado digitado em papeltamanho A4 (210 x 297 mm), em fonte Times New Roman,tamanho 12, margens verticais e horizontais de 3 cm, espaçoduplo, redigido em ortografia oficial, sem rasuras ou emendas.A lauda deverá ser numerada e ter um máximo de 30 (trinta)linhas e de 60 (sessenta) toques. Juntamente com o impressodeverá ser enviado um disquete, devidamente identificado,com texto digitado em Word for Windows.4.1c O trabalho deverá ter na primeira página o título emportuguês, nome completo e titulação do(s) autor(es),endereço e telefone para contato do autor principal.4.1d Por motivo de isenção na avaliação dos trabalhos pelaComissão de Avaliação dos artigos científicos e pelo Corpo

Editorial, a segunda página deverá conter título emportuguês, título em inglês, sinopse, “abstract”, uniterms eunitermos, omitindo-se nomes ou quaisquer dados referentesaos autores. A identificação dos autores deverá constar únicae exclusivamente na primeira página do trabalho; seencontrada em qualquer outra parte do material, o mesmoserá incondicionalmente devolvido.4.1e As legendas das ilustrações (fotos, gráficos, desenhos)deverão ser digitadas em folha separada. Quando se referirema fotomicrografias, deverão conter especificaçôes quanto àmagnificação e ao tipo de coloração utilizada.4.1f O autor terá direito a apresentar um máximo de 6 (seis)laudas, incluindo referências bibliográficas.4.1g Ilustrações: serão aceitos, no máximo, 30 (trinta) slidescoloridos, devidamente numerados, com indicação da posiçãoda imagem e acondicionados em porta-slides plástico.4.1h Deverá ser encaminhada 1 (uma) foto (5 x 7 cm) ou 1(um) slide do autor principal ou da equipe para publicação,obrigatoriamente em pose natural e em cores.

4.2 Estrutura

Vide as orientações do item 3.2

5 – ATUALIDADES

Serão aceitos para publicação resumos/resenhas de artigosveiculados em outras publicações científicas,preferencialmente internacionais, desde que o texto nãoultrapasse 2 (duas) laudas. Juntamente com o impresso,deverá ser enviado disquete contendo o texto digitado em Wordfor Windows. As atualidades poderão ser ilustradas com, nomáximo, 2 (dois) slides em cores.

6 – CARTAS À SEÇÃO DISCORDANDO

Serão aceitas críticas ou sugestões dirigidas a qualqueraspecto da publicação, formal ou de conteúdo. Deverão sersucintas e objetivas, com no máximo 40 (quarenta) linhas e60 (sessenta) toques. Podem ser ilustradas por até (um) slideou foto em cores. Respostas às críticas e ou sugestões poderãoacompanhar a publicação da carta enviada. Dependendo donúmero de correspondências, elas serão selecionadas parapublicação segundo a sua contribuição para o assuntoabordado.

7 – ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS

Deverão estar em conformidade com as especificaçõescontratadas com o setor comercial. A UNIMAR exime-se dequalquer responsabilidade pelos serviços e/ou produtosanunciados, cujas condições de fornecimento e veiculação estãosujeitas, respectivamente, ao Código de Defesa do Consumidore ao CONAR – Conselho Nacional de Auto-regulamentaçãoPublicitária.

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