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26 | 1 Birth and Growth Medical Journal

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26|1Birth and Growth Medical Journal

Vo

l. 2

6, n

º 1

, Mar

ço 2

01

7

SAÚDEINFANTIL

DE ATUALIZAÇÃO

V CURSO DE

////////////////////////////

29&30 DE MAIOBIBLIOTECA ALMEIDA GARRETT / PORTO

ORGANIZAÇÃOASSOCIAÇÃO PARA

O DESENVOLVIMENTOE ENSINO MATERNO INFANTIL ‘17

PROGRAMA

SEGUNDA-FEIRA29/05

09h00 Sessão de abertura

09h30 Como abordar?

Puberdade precoce Hirsutismo Acne Caso clínico

10h30 Pausa para café

11h00 Quando pedir ou... não pedir?

“Exames de rotina” Testes de alergias Testes reumatológicos Colheitas de urina Caso clínico

13h00 Almoço de trabalho

14h00 Como tratar?

Conjuntivite Doença aftosa Obstipação Diarreia aguda Caso clínico

15h45 Conferência: Vacinação HPV (Papiloma Vírus Humano)

16h15 Pausa para café

16h45 Adolescência

Comportamentos de risco/sexualidade Contraceção Dependência de tecnologia – tempo de ecrãCaso clínico

////////////PRELIMINAR

TERÇA-FEIRA30/05

09h00 Sono

Higiene do sono Insónia comportamental da infância Perturbação respiratória do sono Caso clínico

10h30 Pausa para café

11h00 Desafios para 2017

BCG Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção Períodos de evicção escolar

12h00 Teste de Avaliação

13h00 Encerramento do Curso

COMISSÃO CIENTÍFICAAmélia Moreira Anabela ResendeCarla FerrazConceição NovaisCristina Pascoal Fátima Pinto Fernanda Teixeira

Fernando AlmeidaLuísa CaldasLuísa CunhaManuela AguilarMargarida GuedesMa Guilhermina ReisNuno Capela

Page 2: s87a7e6618f91fb0d.jimcontent.com...Fátima Pinto, ACES Porto Ocidental Filipa Balona, HB Gustavo Rocha, CHSJ Hélder Ferreira, CHP Helena Sá Couto, HPH/ULSM Joana Saraiva, CHP Gonçalves

Porto, Seminário de Vilar, 25 de Março 2017

PROGRAMA

08:30 - Abertura do Secretariado 09:00 - Sessão de Abertura

09:15 - Introdução às Doenças Hereditárias do Metabolismo

Moderador| Anabela Bandeira (Unidade de Doenças Metabólicas-CHP) Palestrante| Esmeralda Martins (Unidade de Doenças Metabólicas-CHP)

Mesa I - Doenças Lisossomais de Sobrecarga: Suspeita Clínica Moderadores | Olga Oliveira (ACeS Maia Valongo)

| Arlindo Guimas (Unidade de Doenças Metabólicas-CHP) 09:45 - Dismorfias Anabela Bandeira (Unidade Doenças Metabólicas-CHP) 10:15 - Organomegalias Ermelinda Silva (CMIN-CHP) 10:45 - Clínica Respiratória Joana Correia (Unidade Doenças Metabólicas-CHP)

|Lurdes Morais (CMIN- CHP) 11:15 - Coffee-Break

11:45 - Manifestações Cardiovasculares Sílvia Álvares (CMIN-CHP) 12:15 - Doença Neurológica Sara Rocha (Unidade Doenças Metabólicas-CHP)

12:45 - Outros Sinais e Sintomas Sugestivos Rosa Ribeiro (Unidade Doenças Metabólicas – CHP)

13:15 - Almoço

Mesa II - Doenças Lisossomais de Sobrecarga: Diagnóstico e Orientação Moderadores| Esmeralda Martins (Unidade Doenças Metabólicas-CHP)

|Rosa Ribeiro (Unidade Doenças Metabólicas-CHP) |Deolinda Almeida (ACeS Porto Ocidental)

14:30 - Bases de Diagnóstico Dulce Quelhas (CGM-CHP) 15:00 - Tratamento Arlindo Guimas (Unidade Doenças Metabólicas-CHP)

15:30 - Aconselhamento Genético e Diagnóstico pré-natal Ana Fortuna (CGM-CHP) 16:00 - Articulação de Cuidados de Saúde Primários e Centro de Referência Rita Matos (ACeS Gondomar)

16:30 - Coffee-Break 17:00 – Quizz de Doenças Lisossomais de Sobrecarga 17:30 - Encerramento

SECRETARIADO e INSCRIÇÕES www.ademi.pt

[email protected] PATROCÍNIO CIENTIFICO

ORGANIZAÇÃO

APOIO

SECÇÃO DE DOENÇAS HEREDITÁRIAS DO METABOLISMO DA SPP

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Year | 2017 Volume | XXVI Number | 01

Editor-in-Chief | Sílvia Alvares; Associated Editor | Rui Chorão; Executive Editor | Luísa Lobato

Director of Administrative Council of Centro Hospitalar do Porto | Paulo Barbosa

Revista isenta de registo no ERC ao abrigo do Decreto Regulamentar n.º 8/99, de 9 de junho nos termos do artº 12, nº1, alínea a)

Year | 2017 Volume | XXVI Number | 01

Editor-in-Chief | Sílvia Alvares; Associated Editor | Rui Chorão; Executive Editor | Luísa Lobato

Director of Administrative Council of Centro Hospitalar do Porto | Paulo Barbosa

Editorial Board

Ana Rita Araújo, ULSAM Armando Pinto, IPOPFG Artur Alegria, CHP Benedita Bianchi de Aguiar, CHEDV Braga da Cunha, CHTS Carmen Carvalho, CHP Cláudia Pedrosa, CHVNG/E Cláudia Tavares, CHAA Conceição Mota, CHP Cristina Rocha, CHEDV Fátima Pinto, ACES Porto Ocidental Filipa Balona, HB Gustavo Rocha, CHSJ Hélder Ferreira, CHP Helena Sá Couto, HPH/ULSM Joana Saraiva, CHP João Barreira, CHSJ José Lopes dos Santos, CHP José Manuel Pereira, CHP, ESS-PPORTO Laura Marques, CHP, ICBAS-UP Liane Costa, CHP, ICBAS-UP Maria Sameiro Faria, CHP

Section Editors Current Perspectives in Bioethics – Natália Teles, CHP, FMUP Evidence based Pediatrics – Luís Filipe Azevedo, FMUP; Altamiro da Costa Pereira, FMUP Pediatric inter-hospitalar meeting – Ana Carneiro, ULSAM; António Fonseca, HSMM; Armando Pinto, IPOPFG; Carla Moreira, HB; Carmen Carvalho, CHP; Fátima Santos, CHVNG/E; Inês Azevedo, CHSJ, FMUP; Isolina Aguiar, CHAA; Joaquim Cunha, CHTS; Rosa Lima, CHP; Sandra Ramos, CHPVVC; Sara Oliveira, CHEDV; Sofia Aroso, HPH/ULSM; Sónia Carvalho, CHMA; Vânia Martins, CHTMAD Dermatology Case – Manuela Selores, CHP, ICBAS-UP; Susana Machado, CHP Electroencephalographic Case – Rui Chorão, CHP Stomatological Case – José Amorim, CHP Imaging Case – Filipe Macedo, HCUF Prenatal Diagnosis – Maria do Céu Rodrigues, CHP; Luís Guedes Martins, CHP Genes, Children and Pediatricians – Esmeralda Martins, CHP, ICBAS-UP; Gabriela Soares, CHP Scientific Education – Margarida Lima, CHP, ICBAS-UP

Scientific Board Alberto Caldas Afonso, CHP, ICBAS-UP, Porto Almerinda Pereira, ECS-UM, HB, Braga Ana Ramos, CHP, Porto Antonio José Aguilar Fernández, HUMI, Las Palmas António Tomé, CHP, ICBAS-UP, Porto António Martins da Silva, CHP, ICBAS/UP, Porto Cidade Rodrigues, CHP, ICBAS-UP, Porto Cleonice Mota, FM - UFMG, Belo Horizonte Conceição Casanova, CHPVVC, Póvoa de Varzim Eurico Gaspar, CHTMAD, Vila Real Fátima Carvalho, CHP, Porto Fátima Praça, CHVNG/E, Vila Nova de Gaia Gonçalves Oliveira, CHMA, Famalicão Goreti Lobarinhas, HSSM Barcelos Hercília Guimarães, CHSJ, FMUP, Porto Idalina Maciel, ULSAM, Viana do Castelo Jorge Braga, CHP, ICBAS-UP, Porto José Carlos Areias, CHCJ, FMUP, Porto José Cidrais Rodrigues, HPN/ULSM, Matosinhos Luís Almeida Santos, CHSJ, FMUP, Porto Manuel Salgado, HPCM/CHUC, Coimbra Manuela Selores, CHP, ICBAS-UP, Porto Margarida Lima, CHP, ICBAS/UP, Porto Paula Cristina Ferreira, CHP, Porto Ricardo Costa, CHCB, FCS-UBI, Covilhã Rosa Amorim, CHP, Porto Teresa Borges, CHP, Porto Teresa Temudo, CHP, ICBAS-UP, Porto

Advisor of Epidemiology and Biostatistics

Maria José Bento, IPOPF

Editorial Assistant

Andrea Buschbeck

Quarterly Publication, indexed and summarized by

Catálogo LATINDEX

EMBASE / Excerpta Médica

Index das Revistas Médicas Portuguesas

DOAJ

Repositório Científico do CHP –

http://repositorio.chporto.pt

SciELO

SARC – Serviço de Alojamento de Revistas

Científicas

http://revistas.rcaap.pt/nascercrescer

Graphic Designer

bmais comunicação

Execução gráfica e paginação | Graphic execution and layout

Papelmunde, SMG, Lda

Vila Nova de Famalicão

E-ISSN

2183-9417

Legal deposit

4346/91

Publisher

Departamento de Ensino, Formação e

Investigação Centro Hospitalar do Porto

Largo do Prof. Abel Salazar – 4099-001 Porto

Phone: (+351) 222 077 500; fax: (+351) 222 082 166

Mobile Phone: (+351) 915 676 516

[email protected]

CGMJM, Centro de Genética Médica Dr. Jacinto Magalhães; CHAA, Centro Hospitalar do Alto Ave; CHCB, Centro Hospitalar da Cova da Beira; CHEDV, Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga; CHMA, Centro Hospitalar do Médio Ave; CHP, Centro Hospitalar do Porto; CHPVVC, Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim - Vila do Conde; CHSJ, Centro Hospitalar de São João; CHTMAD, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro; CHTS, Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa; CHUC, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; CHVNG/E, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho; DEFI, Departamento de Ensino, Formação e Investigação; ECS-UM, Escola de Ciências da Saúde, Universidade do Minho; FCS-UBI, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade da Beira Interior; FM-UFMG, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais; FMUP, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; HB, Hospital de Braga; HCUF, Hospital da CUF; HCV, Hospital Cruz Vermelha; HPBN, Hospital Privado da Boa Nova; HPCM/CHUC, Hospital Pediátrico Carmona da Mota; HPH/ULSM, Hospital Pedro Hispano/Unidade Local de Saúde Matosinhos; HPP, Hospitais Privados de Portugal; HSC/CHLO, Hospital de Santa Cruz/Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental; HSM/CHLC, Hospital de Santa Marta/Centro Hospitalar de Lisboa Central; HSMM, Hospital Santa Maria Maior; HUMI, Hospital Universitario Materno Infantil de Canarias, Las Palmas; ICBAS/UP, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto; IPOPFG, Instituto Português de Oncologia do Porto, Francisco Gentil; ULSAM, Unidade Local de Saúde do Alto Minho; ULSN, Unidade Local de Saúde do Nordeste.

NASCER E CRESCER BIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNAL

Editorial Board

Ana Rita Araújo, ULSAM Armando Pinto, IPOPFG Artur Alegria, CHP Benedita Bianchi de Aguiar, CHEDV Braga da Cunha, CHTS Carmen Carvalho, CHP Cláudia Pedrosa, CHVNG/E Cláudia Tavares, CHAA Conceição Mota, CHP Cristina Rocha, CHEDV Fátima Pinto, ACES Porto Ocidental Filipa Balona, HB Gustavo Rocha, CHSJ Hélder Ferreira, CHP Helena Sá Couto, HPH/ULSM Joana Saraiva, CHP João Barreira, CHSJ José Lopes dos Santos, CHP José Manuel Pereira, CHP, ESS-PPORTOLaura Marques, CHP, ICBAS-UP Liane Costa, CHP, ICBAS-UP Maria Sameiro Faria, CHP

Section Editors

Current Perspectives in Bioethics – Natália Teles, CHP, FMUP

Evidence based Pediatrics – Luís Filipe Azevedo, FMUP; Altamiro da Costa Pereira, FMUP

Pediatric inter-hospitalar meeting – Ana Carneiro, ULSAM; António Fonseca, HSMM; Armando Pinto, IPOPFG; Carla Moreira, HB; Carmen Carvalho, CHP; Fátima Santos, CHVNG/E; Inês Azevedo, CHSJ, FMUP; Isolina Aguiar, CHAA; Joaquim Cunha, CHTS; Rosa Lima, CHP; Sandra Ramos, CHPVVC; Sara Oliveira, CHEDV; Sofia Aroso, HPH/ULSM; Sónia Carvalho, CHMA; Vânia Martins, CHTMAD

Dermatology Case – Manuela Selores, CHP, ICBAS-UP; Susana Machado, CHP

Electroencephalographic Case – Rui Chorão, CHP

Stomatological Case – José Amorim, CHP

Imaging Case – Filipe Macedo, HCUF

Prenatal Diagnosis – Maria do Céu Rodrigues, CHP; Luís Guedes Martins, CHP

Genes, Children and Pediatricians – Esmeralda Martins, CHP, ICBAS-UP; Gabriela Soares, CHP

Scientific Education – Margarida Lima, CHP, ICBAS-UP

Scientific Board

Alberto Caldas Afonso, CHP, ICBAS-UP, Porto Almerinda Pereira, ECS-UM, HB, Braga Ana Ramos, CHP, Porto Antonio José Aguilar Fernández, HUMI, Las Palmas António Tomé, CHP, ICBAS-UP, Porto António Martins da Silva, CHP, ICBAS/UP, Porto Cidade Rodrigues, CHP, ICBAS-UP, Porto Cleonice Mota, FM - UFMG, Belo Horizonte Conceição Casanova, CHPVVC, Póvoa de Varzim Eurico Gaspar, CHTMAD, Vila Real Fátima Carvalho, CHP, Porto Fátima Praça, CHVNG/E, Vila Nova de Gaia Gonçalves Oliveira, CHMA, Famalicão Goreti Lobarinhas, HSSM Barcelos Hercília Guimarães, CHSJ, FMUP, Porto Idalina Maciel, ULSAM, Viana do Castelo Jorge Braga, CHP, ICBAS-UP, Porto José Carlos Areias, CHCJ, FMUP, Porto José Cidrais Rodrigues, HPN/ULSM, Matosinhos Luís Almeida Santos, CHSJ, FMUP, Porto Manuel Salgado, HPCM/CHUC, Coimbra Manuela Selores, CHP, ICBAS-UP, Porto Margarida Lima, CHP, ICBAS/UP, Porto Paula Cristina Ferreira, CHP, Porto Ricardo Costa, CHCB, FCS-UBI, Covilhã Rosa Amorim, CHP, Porto Teresa Borges, CHP, Porto Teresa Temudo, CHP, ICBAS-UP, Porto

Advisor of Epidemiology and Biostatistics

Maria José Bento, IPOPF

Editorial Assistant

Andrea Buschbeck

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Repositório Científico do CHP – http://repositorio.chporto.pt

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2183-9417

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Departamento de Ensino, Formação e Investigação Centro Hospitalar do Porto Largo do Prof. Abel Salazar – 4099-001 Porto Phone: (+351) 222 077 500; fax: (+351) 222 082 166 Mobile Phone: (+351) 915 676 516 [email protected]

CGMJM, Centro de Genética Médica Dr. Jacinto Magalhães; CHAA, Centro Hospitalar do Alto Ave; CHCB, Centro Hospitalar da Cova da Beira; CHEDV, Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga; CHMA, Centro Hospitalar do Médio Ave; CHP, Centro Hospitalar do Porto; CHPVVC, Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim - Vila do Conde; CHSJ, Centro Hospitalar de São João; CHTMAD, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro; CHTS, Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa; CHUC, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; CHVNG/E, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho; DEFI, Departamento de Ensino, Formação e Investigação; ECS-UM, Escola de Ciências da Saúde, Universidade do Minho; FCS-UBI, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade da Beira Interior; FM-UFMG, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais; FMUP, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; HB, Hospital de Braga; HCUF, Hospital da CUF; HCV, Hospital Cruz Vermelha; HPBN, Hospital Privado da Boa Nova; HPCM/CHUC, Hospital Pediátrico Carmona da Mota; HPH/ULSM, Hospital Pedro Hispano/Unidade Local de Saúde Matosinhos; HPP, Hospitais Privados de Portugal; HSC/CHLO, Hospital de Santa Cruz/Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental; HSM/CHLC, Hospital de Santa Marta/Centro Hospitalar de Lisboa Central; HSMM, Hospital Santa Maria Maior; HUMI, Hospital Universitario Materno Infantil de Canarias, Las Palmas; ICBAS/UP, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto; IPOPFG, Instituto Português de Oncologia do Porto, Francisco Gentil; ULSAM, Unidade Local de Saúde do Alto Minho; ULSN, Unidade Local de Saúde do Nordeste.

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NASCER E CRESCER - BIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNAL PRIZE BEST ORIGINAL PAPER

NASCER E CRESCER - BIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNAL'S MANAGEMENT ESTABLISHED AN ANUAL PRIZE TO BEST ORIGINAL PAPER PUBLISHED IN JOURNAL. THIS INITIATIVE AIMS TO PROMOTE AND ENCOURAGE THE RESEARCH IN MATERNAL FETAL, NEONATAL AND PEDIATRICS SCIENTIFIC AREAS.

PROCEDURES

1. The prize is aimed at authors of best Original Article published in Nascer e Crescer - Birth and Growth Medical Journal between January and December of which year.

2. The same author can participate with more than one Original Article.

3. In the evaluation of the Original Articles, the Selection Jury will analyze the following items: a) Relevance and originality;b) Clarity and relevance of goals; Consistency with methodology; c) Description of methods/procedures and adequate statistical analysis; d) Clear and synthetic presentation of results; e) Reasoned discussion; f ) Importance for the improvement of knowledge. Potential of applicability and impact of results.

4. If there is more than one author, the Prize will be delivered to the first author of the Original Article.

5. You will not need any type of application for the Prize.

6. The process of evaluation/classification of the Prize will be conducted by a selection jury to be chosen opportunely by the journal editors.

7. There will be no appeal against the decisions of the jury.

8. The award of the Prize will be disclosed in issue 4 of Nascer e Crescer - Birth and Growth Medical Journal.

9. It is up to the Board of Nascer e Crescer - Birth and Growth Medical Journal decide on cases not covered by this regulation.

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NASCER E CRESCERBIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNAL

year 2017, vol XXVI, n.º 1

number1.vol.XXVI

7Cardiac preparticipation screening for the young athlete:

still a matter of controversySílvia Álvares

11Quality of data in pregnancy health record:

the importance for the neonatologistRita Espírito Santo, Catarina Salgado, Sandra Valente, Joana Saldanha

21Neonatal Macrosomia: risk factors and Postpartum complications

Soraia Pereira Ribeiro, Ricardo Barros Costa, Clara Paz Dias

31Sun protection: knowledge and habits in pediatric population

Carla Ribeiro, Adriana Relvas, Lígia Carvalho, Vera Costa, Lúcia Gomes, Miguel Costa

36Brain Magnetic Resonance evaluation and

pubertal development variations among female adolescentsPaula Fonseca, Daniela Seixas, Helena Fonseca,

Sofia Brandão, Manuel Fontoura

43Approach to musculoskeletal pain in children

Rute Marques, Filipa Duarte, Helena Marques, Lúcia Rodrigues

49Belly Dancer’s Syndrome – a diagnostic challange

João Rocha Santos, Elisabete Gonçalves

53Bilateral suppurative parotiditis in a new newborn

Sandrina Carvalho, Susana Machado, Glória Velho, Manuela Selores

Editorial

Original Articles

Review Articles

Case Reports

summary

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NASCER E CRESCERBIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNALyear 2017, vol XXVI, n.º 1

number1.vol.XXVI

57 Bronchopleural fistula in community-acquired pneumonia

Inês Ferreira, João Nascimento, Margarida Guedes,Lurdes Morais, Ana Ramos

62Delayed puberty: a late diagnosis

Helena Ferreira, Tiago Cúrdia Gonçalves, Maria João Moreira,Carla Laranjeira, Carla Meireles

68Congenital lymphedema

Catarina Neves, Nádia Brito, Lourdes Mota

71Dermatology case

Inês Falcão, Isabel Couto Guerra, Miguel Horta

73Imaging Case

Maria João Vieira, Carla Ferreira, Susana Soares

7576

What is your Diagnosis

Ademi Agenda

Instructions for Authors

summary

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NASCER E CRESCERBIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNAL

year 2017, vol XXVI, n.º 1

índice

7Avalição cardíaca para desporto -

ainda um tema controversoSílvia Álvares

11Qualidade dos registos no Boletim de Saúde da Grávida:

a importância para o neonatologista Rita Espírito Santo, Catarina Salgado, Sandra Valente, Joana Saldanha

21Macrossomia Neonatal: fatores de Risco e Complicações Pós-parto

Soraia Pereira Ribeiro, Ricardo Barros Costa, Clara Paz Dias

31Proteção solar: conhecimentos e hábitos na população pediátrica

Carla Ribeiro, Adriana Relvas, Lígia Carvalho, Vera Costa, Lúcia Gomes, Miguel Costa

36Tradução Neuroimagiológica dos ritmos de maturação pubertária

em adolescentes do sexo femininoPaula Fonseca, Daniela Seixas, Helena Fonseca,

Sofia Brandão, Manuel Fontoura

43Abordagem da dor muscoloesquelética na idade pediátricaRute Marques, Filipa Duarte, Helena Marques, Lúcia Rodrigues

49Síndrome de Belly Dancer – um desafio diagnóstico

Ana Raquel Moreira, Ana Cristina Freitas, Felisbela Rocha,Raquel Cardoso, Paula Fonseca

53Parotidite bacteriana bilateral no récem-nascido

Cátia Pereira, Ana Rita Prior, Margarida Abrantes, A. Siborro de Azevedo

Editorial

Artigos Originais

Artigos de Revisão

Casos Clínicos

número1.vol.XXVI

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NASCER E CRESCERBIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNALyear 2017, vol XXVI, n.º 1

número1.vol.XXVI

57Fistula broncopleural na pneumonia adquirida na comunidade

Inês Ferreira, João Nascimento, Margarida Guedes,Lurdes Morais, Ana Ramos

62Atraso pubertário: um diagnóstico tardio

Helena Ferreira, Tiago Cúrdia Gonçalves, Maria João Moreira,Carla Laranjeira, Carla Meireles

68Linfedema congénito

Catarina Neves, Nádia Brito, Lourdes Mota

71Caso dermatológico

Inês Falcão, Isabel Couto Guerra, Miguel Horta

73Caso imagiológico

Maria João Vieira, Carla Ferreira, Susana Soares

7576

Qual o seu Diagnóstico?

Agenda Ademi

Normas de Publicação

índice

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NASCER E CRESCERBIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNAL

year 2017, vol XXVI, n.º 1

7editorial

Cardiac preparticipation screening for the young athlete: still a matter of controversy

Sílvia ÁlvaresI

Regular physical activity is recommended as part of cardiovascular prevention and reduction of cardiovascular morbidity and mortality. However, vigorous exertion may increase the risk of sudden cardiac death in predisposed individuals: the risk of sudden cardiac death (SCD) is 2- to 3-fold higher in athletes compared to nonathletes.1

Most of these events in the young athletes less than 35 years are due to malignant tachyarrhythmias, usually ventricular fibrillation (VF) or ventricular tachycardia (VT) degenerating into VF, occurring in individuals with arrhythmogenic disorders (e.g. hypertrophic cardiomyopathy, arrhythmogenic cardiomyopathy, channelopathies).2

Although the incidence of SCD is not accurately known, it is estimated in 0.5 and 1 per 100 000 below the age of 35 years. A comprehensive literature search review by Harmon et al found that this incidence is probably underestimated, which may imply the need of more effective prevention strategies.3 The causes of cardiac sudden death in the different series also depend on the characteristics of the population studied (age and geographical localization) (table 1).2

It is generally accepted that screening to detect potential diseases and prevent sudden death is justified and potentially beneficial. The strategies of screening are different across the countries. A medical detailed history (personal and family history to exclude genetic diseases) and a thorough physical examination are the basis of the evaluation for sports participation. Various protocols of preparticipation evaluation have been developed. In Portugal the questionnaire form can be assessed at the site of Instituto Português de Juventude e Desporto (Portuguese Institute of Sport and Youth); the Portuguese screening includes the history and physical examination, an ECG and a thorax X-ray.

The inclusion of the ECG to identify athletes at risk is still a matter of debate and controversy. The European Society of Cardiology recommends the addition of the ECG on the basis that medical history and physical examination alone have a limited ability to detect potentially lethal cardiac conditions, often silent. The ECG can manifest abnormalities in cardiomyopathies or channelopathies and contribute to the early recognition of these diseases.2,4,7

This argument is supported by a recent meta analysis of available studies comparing screening strategies (history, physical examination and ECG) that demonstrated the efficacy of the twelve lead ECG in the detection of cardiac disease.8 The use of modern criteria for interpretation of the ECG has reduced the number of false positives and the associated cost of further investigation (table 2).9-11

The ESC statement does not recommend the use of transthoracic echocardiography as a first line of screening or other imaging techniques. Exercise ECG test should be reserved for symptomatic athletes or those presenting high risk of CAD. The ambulatory ECG recording remains a second-line test. The most common indications for ambulatory ECG monitoring are unexplained syncope and palpitations, the investigation of bradyarrhythmias, to quantify premature ventricular contractions (PVC) density after initial prepraticipation tests or to assess QT in patients with suspected LQTS.2

I Cardiology Department of Centro Mater-no Infantil do Porto, Centro Hospitalar do Porto. 4099-001 Porto, Portugal.

[email protected]

editorial

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NASCER E CRESCERBIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNALyear 2017, vol XXVI, n.º 1

8 editorial

Table 1 - Recent studies reporting causes of SCD in young athletes and their relative prevalence (Modified from Mont et al 2)

StudyTarget

populationMethodology Site, year SCD incidence Causes

Corrado et al4

Young competetitive athletes

12-35 years

Prospective declaration forms

Veneto Italy1979-2004

1.9/100000person years

• Cardiomyopathies 25%• CAD 20% • Myocarditis 13%• Coronary congenital anomalies 30%• Mitral valve prolapse 11%• Conduction diseases 7%

Harmon et al5

NCAA athletes

17-24 years

Retrospective data collection from lists and registries owned by the NAAA and a non profit organization

USA, 2003-2013

1.9/100000person years

• Coronary congenital anomalies 11%• Myocarditis 9%• CAD 9%• HCM 8%• Idiopathic LVH 8%• Non specific cardiomyopathies 8%• ARVC 5%• Aortic dissection 5%• WPW 3%• DCM 3%• Kawasaki disease 2%• LQTS 1%

Maron et al6

Young competitive athletes

<40years

Prospectively and retrospectively collected for the US National Registry of Sudden Death through several sources

USA, 1990-2006

0.61/100000 person-years (for the 2001-2006 period)

• HCM 36%• Coronary congenital anomalies 17%• Myocarditis 6%• ARVC 4%• Channelopathies 4% CAD 2%• MVP 2.5%• DCM 1.5%• Aortic stenosis 1.5%

ARVC- arrhythmogenic right ventricular cardiomyopathy, CAD - coronary artery disease, ARVC- arrhythmogenic right ventricular cardiomyopathy, DCM - dilated cardiomyopathy,HCM - hypertrophic cardiomyopathy, LQTS - long QT syndrome, LVH - left ventricle hypertrophy, WPW- Wolf - Parkinson Syndrome.

Table 2 - Electrocardiographic parameters used to define various ECG abnormalities in the European Society of Cardiology recommendations, Seattle Criteria and Refined Criteria 9

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NASCER E CRESCERBIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNAL

year 2017, vol XXVI, n.º 1

9editorial

The recommendations of the American Heart Association (AHA) for preparticipation screening for cardiovascular disease includes a comprehensive personal/family history and physical examination, using the AHA’s 14-point screening guidelines or those of other societies, such as the American Academy of Pediatrics’ Preparticipation Physical Evaluation (the latter available at http://www.aap.org/PPE ).12 Mandatory and universal mass screening with 12-lead ECGs in large general populations of young healthy people 12 to 25 years of age is not recommended for athletes and nonathletes. The reasons for this position are based mainly on the low incidence of SCD, the difficulties in the interpretation of the ECG and the false negative and false positive results, depending on the criteria used and in cost-efficacy considerations.

No screening program is able to prevent sudden cardiac arrest/death (SCA/SCD) completely. To improve outcomes other preventive measures should be taken, namely an emergency action plan (EAP) and access to an automated external defibrillator (AED). Personal in schools, clubs and sports organizations should have training in cardiopulmonary resuscitation.13,14

In summary, cardiac preparticipation screening for the young athlete is still a matter of controversy. The goal of cardiovascular screening of athletes is to detect cardiac conditions predisposing to SCD. The addition of 12-lead ECG to the clinical history and physical examination demonstrates to have superior diagnostic capability than just clinical history and physical examination. The ECG should be interpreted with modern standards that distinguish normal findings related to physiological cardiac remodelling in trained athletes from abnormalities associated to cardiac disease.

However, no screening program provides absolute protection against sudden cardiac arrest/death (SCA/SCD); an emergency action plan and access to an automated external defibrillator are essential to improve outcomes from SCA in athletes.

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11original articlesartigos originais

Qualidade dos registos no Boletim de Saúde da Grávida:

a importância para o neonatologista

QUALITY OF DATA IN PREGNANCY HEALTH RECORD: THE IMPORTANCE FOR THE NEONATOLOGIST

ABSTRACTIntroduction: The Pregnancy Health Record (PHR) is a

functional tool that allows the sharing of pregnancy data among health care professionals. This information is particularly important in the assessment of the newborn immediately after delivery. The purpose of this study was to analyse the quality of these records.

Methods: PHR data were collected from a convenience sampling of puerperal women admitted in the Obstetrics Service between March and June 2014. The quality of the records was evaluated according to the recommendations of Direção Geral de Saúde (DGS). SPSS 20® was used for data analysis (statistically significant p <0.05).

Results: The final sample was composed by 468 puerperae. The pregnancy was monitored in 98% of the cases, 44% of which in a Health Care Center (HCC), 21% in a private obstetrician (PO), 24% in the hospital and 11% in multiple places. Correct records were found for blood type in 96% of the cases, blood count in 60%, gestational diabetes screening in 59%, group B streptococcus screening in 76%, ultrasounds in 87%, HIV in 64%, HBV in 72%, and for toxoplasmosis in 66%. No significant differences in these records considering the care unit where pregnancy was monitored.

There was a statistically significant association between pregnancy surveillance in the HCC and correct records for syphilis and tetanus vaccination (p<0,001). Although the DGS does not recommend routine screening for CMV and VHC, a relationship between these serology records and pregnancy monitoring in PO was found. (p<0,001 and p=0,03).

Conclusion: The majority of records were considered correct, however a greater completeness and uniformity of pregnancy records is still necessary, so that the paediatrician can have accurate pregnancy clinical information for the first observation of the newborn.

Keywords: Pregnancy health record; prenatal care; pregnancy complications; newborn health; maternal serum screening tests

RESUMOIntrodução: O Boletim de Saúde da Grávida (BSG) é uma

ferramenta de transmissão dos dados da gestação fundamen-tais para uma completa observação do recém-nascido logo após o parto. O objetivo deste estudo consistiu na análise da qualidade dos registos do BSG.

Métodos: Foram colhidos os registos de uma amostra de conveniência de puérperas internadas entre março e junho de 2014. A apreciação do preenchimento dos BSG foi realizada tendo em conta a calendarização preconizada pela Direção Geral de Saúde (DGS). Para a análise estatística utilizou-se SPSS20®, considerando-se dados estatisticamente significati-vos se p<0,05.

Resultados: Das 468 puérperas: 98% foram gestações vi-giadas, 44% no centro de saúde (CS), 21% em obstetra particu-lar (OP), 24% em consulta hospitalar e 11% em múltiplos locais. Encontraram-se registos corretos para o grupo sanguíneo em 96%, hemograma em 60%, rastreio diabetes gestacional em 59%, pesquisa Streptococcus do grupo B em 76%, ecografias em 87%, serologia para VIH em 64%, VHB em 72% e para toxo-plasmose em 66%. Estes registos não apresentaram uma rela-ção significativa com o local de vigilância.

Verificou-se uma relação entre os registos corretos para sí-filis e vacina do tétano na vigilância no CS (p<0,001). Apesar de não previsto na norma, 13% apresentavam registo serológico para CMV e 27% do VHC, observando-se uma relação signi-ficativa com o seguimento em OP (respetivamente p<0,001 e p=0,03).

Conclusão: Apesar da maioria dos BSG apresentarem registos corretos, estes podem ainda ser melhorados e é neces-sária uma maior uniformização para a obtenção de informações claras na primeira observação do recém-nascido.

Palavras-chave: Boletim de saúde da grávida; cuidados pré-natais; complicações da gravidez; saúde do recém-nascido; testes serológicos de rastreio na gravidez

Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal

2017; 26(1): 11-20

Rita Espírito SantoI, Catarina SalgadoI, Sandra ValenteI, Joana SaldanhaI

__________

I Neonatology Unit, Department of Pediatrics, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Centro Académico de Medicina de Lisboa. 1649-035 Lisboa, Portugal.

[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

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12 original articlesartigos originais

Em Dezembro 2013 a Direção Geral de Saúde (DGS) pu-blicou a atualização da Norma nº 37/2011 relativa aos exames laboratoriais na gravidez (tabela 1).12 Esta preconiza que sejam realizados no âmbito da vigilância da gravidez os seguintes exa-mes: tipagem ABO e fator Rhesus (Rh); teste de Coombs; hemo-grama; rastreio da diabetes gestacional (DG), da sífilis, rubéola, toxoplasmose, vírus da imunodeficiência humana (VIH), virus da hepatite B (VHB), bacteriúria assintomática e rastreio de coloni-zação do Streptococcus β hemolítico do grupo B (SGB).12

É importante identificar o grupo sanguíneo materno para prevenir possível doença hemolítica do RN (DHRN).13 Estima-se que 15% das mães sejam Rh negativas, sendo importante saber o grupo Rh, com intuito de oferecer profilaxia pré e pós-natal às mães Rh negativas.13 A existência de anticorpos maternos con-tra antigénios eritrocitários é frequente, podendo causar anemia aloimune.14 Estes anticorpos são maioritariamente anti-D, anti-c e anti-kell, podendo ocorrer contra outros antigénios.13-14 Assim, a Norma da DGS preconiza que, precocemente na gravidez seja identificado o grupo ABO e Rh da mãe e que seja realizado no 1º e 2º trimestre da gravidez, o teste de Coombs a todas as mães.12

A DGS recomenda um hemograma completo em todos os trimestres.12 Valores de hemoglobina mais baixos têm sido as-sociados a parto pré-termo e a baixo peso ao nascer.12-15 Os índices eritrocitários (VGM e HGM) devem ser analisados, grá-vidas com alterações ou provenientes de áreas endémicas de-finidas pela Circular nº18 da DGS (distrito de Beja, Évora, Faro, Leiria, Lisboa, Santarém ou Setúbal; ou emigrantes África, Ásia,

INTRODUÇÃOEm Setembro de 2000, a Organização das Nações Unidas

(OMS) definiu os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio.1 Desta declaração faziam parte a redução da taxa de mortali-dade infantil (TMI) para dois terços (objetivo 4) e redução para três quartos da taxa de mortalidade materna (TMM) (objetivo 5), entre 1990 e 2015.1 Em Portugal, em 1960, a TMI era de 77,5‰

e a TMM 1,155‰.2,3 Em 1990, a TMI foi de 10,9‰, sendo a taxa de mortalidade neonatal (TMN) de 7,0‰ e a TMM de 0,103‰.4 Em 2008 a TMM desceu para 0,038‰, a TMI, em 2014 foi de 2,8‰ e a TMN de 2,3‰.3,4 Estes bons resultados são fruto dos cuidados prestados pelos profissionais de saúde que se dedi-cam à mulher e ao recém-nascido (RN).

O Boletim de Saúde da Grávida (BSG) foi criado em 1984 (Instrução de Serviço nº2 de19/9/1984), sendo a sua utiliza-ção obrigatória desde 1991 (Despacho 1/91 de 1 Fevereiro).5,6 Constitui um instrumento fundamental de transmissão de dados relativos à saúde da grávida e do feto.5 Assegura a circulação da informação entre os profissionais de saúde, dos cuidados primários aos cuidados hospitalares, entre os responsáveis por assistir a grávida, aos que avaliam o RN.5

Estudos unicêntricos realizados em diferentes maternidades nacionais constatam uma evolução positiva do preenchimento completo do BSG: 0% em 1987 e 1991; 0,3% em 1995; 21,1% em 1996; 47,3% em 2003 e 55% em 2014.7-11.Contudo, além de melhoria de quantidade, também a qualidade destes registos necessita de ser garantida.

Tabela 1- Exames laboratoriais e ecográficos na gravidez segundo DGS.12,29

Parâmetros Pré-concecional 1ºTrimestre 2ºTrimestre 3ºTrimeste

Hemograma - X X X

Tipagem ABO Rh - X - -

Teste Coombs indireto - X X -

Diabetes gestacional - Glicémia em jejum PTGO

Sífilis - X - X

Rubéola- Imune- Não imune

X X**

X*X*

-X***

--

Toxoplasmose- Imune- Não imune

XX

X* X

-X

-X

HIV - X - X

VHB - X - X****

Bacteriúria assintomática - X - -

Pesquisa SGB - - - X*****

Ecografias obstétricas - X X X

Legenda: *Realizar senão tiver imunidade documentada no período pré-concecional; **Vacinar contra a rubéola 3 meses antes da conceção;***Repetir a serologia entre as 18-20 semanas;****Repetir AgHbs se não for vacinada;*****Pesquisa deve ser realizada entre as 35-37 semanas de gestação.

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13original articlesartigos originais

Brasil, Europa de Leste ou Timor) devem realizar uma eletro-forese das hemoglobinas, com intuito de rastrear portadoras de hemoglobinopatias.16 Uma contagem plaquetária <150000/μL ocorre em cerca de 8% das gestações, a maioria são de etiologia benigna (trombocitopenia gestacional), no entanto este valor tem de ser aferido e pesquisadas outras causas menos frequentes, mas mais graves para mãe e feto, como eclâmpsia, pré-eclâmpsia grave ou trombocitopenia imune.17

As complicações perinatais resultantes da exposição intrau-terina a uma hiperglicemia descontrolada (macrossomia, leves para idade gestacional, distocia de ombros) estão descritas, e podem ser reduzidas através do rastreio e controlo da DG.18,19 Por conseguinte, a DGS recomenda a realização de glicémia em jejum na primeira consulta pré-natal e, no caso de esta não ser realizada ou resultado normal, a realização da prova de tolerân-cia oral à glicose (PTGO) entre as 24 e 28 semanas.12,20

Em Portugal, entre 2009-2013, foram declarados 941 casos de sífilis primária e 51 de sífilis congénita.22 Dada a eficácia da terapêutica com penicilina (taxa de sucesso de 98,2%), a DGS preconiza a realização do Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) no 1º e 3ºtrimestres de gravidez.12,21,23

A vacinação para a rubéola foi introduzida em Portugal em 1984 para raparigas dos 10-12 anos e, atualmente realizam-se duas doses aos 12 meses e 5-6 anos a todas as crianças.24 Em Portugal, entre 2009-2013 foram declarados dois casos de sín-drome de rubéola congénita(SRC).22 A OMS recomenda uma taxa de imunidade na população em geral >95%.25 Em confor-midade, as orientações da DGS recomendam que a imunidade para a rubéola seja documentada no período pré-concecional e, se a mulher não for imune, seja vacinada três meses antes da concepção.12 Se apenas for possível realizar a serologia para a rubéola no período pós-concecional, deve ser pedida serologia no 1º trimestre, se imunidade documentada não é necessário re-petir, se a grávida for seronegativa a serologia deve ser repetida por volta das 18-20 semanas, antes da ecografia morfológica.12

A seroprevalência da toxoplasmose na população portugue-sa é pouco conhecida.12 A DGS prevê que seja pedida serologia no período pré-concecional ou, se não for possível, no 1º tri-mestre. Se imunidade documentada a grávida não precisa de repetir, se for seronegativa deve repetir no 2º e 3º trimestres.12

Existe uma forte recomendação para o rastreio do VIH e do VHB durante a gestação, pois a intervenção nestas situações leva a uma diminuição nas taxas de transmissão vertical, de 20-40% para <2% no caso do VIH, e uma redução de cerca 95% no caso do VHB.12,13 Assim, a DGS recomenda duas serologias para o VIH no 1º e 3º trimestres, e a pesquisa do antigénio de superfície para VHB (AgHbs) no 1º trimestre e outra no 3º para as grávidas não vacinadas para a hepatite B.12

A bacteriúria assintomática caracteriza-se pela presença persistente de colonização bacteriana do trato urinário, sem sin-tomas de infeção urinária. Estima-se que ocorra em cerca de 2-5% de todas as gestações, e se associe a partos pré-termo e um maior risco de pielonefrite.13 Contudo, um estudo coorte prospetivo recente, não relacionou o tratamento da bacteriú-ria assintomática com redução do risco do parto pré-termo.26

A DGS preconiza a realização de uma urocultura em todas as grávidas no 1º trimestre.12

O SGB é responsável por doença grave no recém-nascido.13 Nos casos em que isolado deve ser realizada profilaxia antibió-tica intraparto, o que tem permitido prevenir a infeção neona-tal precoce em 86-89% dos casos.27,28 Por conseguinte, a DGS prevê a pesquisa de SGB entre as 35-37 semanas, excetuando grávidas em que o SGB foi isolado na urina ou com história an-terior de sépsis neonatal.12

Em Maio de 2013 foi atualizada a Norma nº23/2011, que refere que todas as grávidas devem realizar três ecografias obstétricas. A ecografia do 1ºtrimestre (11-13 semanas) tem como objetivos: a datação correta da gravidez, diagnóstico de malformações major e avaliação do risco de aneuploidias. A ecografia do 2ºtrimestre (20-22 semanas) tem como principal intuito a deteção de malfor-mações. A ecografia do 3ºtrimestre (30-32 semanas) é um exame para o diagnóstico de anomalias tardias e avaliação do desenvol-vimento fetal, nomeadamente a deteção da restrição do cresci-mento fetal, que afeta cerca 15% das gestações e está associada a morbimortalidade fetal tardia e neonatal.29

Além do registo dos exames analíticos e ecográficos, devem ser preenchidos no BSG outros como a história familiar, antece-dentes pessoais e obstétricos, intercorrências relevantes.5

Assim, em Portugal, os cuidados prestados pelos profissio-nais de saúde que seguem a grávida-feto/puérpera-RN têm tido como resultado o alcance de todos os objetivos propostos pelas organizações internacionais, nomeadamente ao nível da redu-ção da TMM e TMI.1,2 Neste processo de vigilância da gestação, que se deve iniciar com a programação da conceção e culminar com os cuidados ao recém-nascido, o pediatra encontra-se a jusante, necessitando que os registos do BSG estejam adequa-damente preenchidos. Assim, o objetivo deste trabalho consis-tiu em avaliar a qualidade dos dados do BSG que chegam ao pediatra para a primeira observação do RN.

MATERIAL E MÉTODOSRealizou-se um estudo descritivo, observacional e transver-

sal através da aplicação de um questionário, original, anónimo, aplicado a uma amostra de conveniência. O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética do centro hospitalar de apoio perinatal diferenciado ao qual pertencem os autores.

Amostra foi constituída por puérperas internadas na mater-nidade durante o período de estudo (Março a Junho de 2014). Foram incluídos no estudo puérperas e RN internados em re-gime de alojamento conjunto na maternidade onde decorreu o estudo, e que aceitaram participar no mesmo, através da assi-natura do consentimento informado. Foram excluídas mães de RN que não realizaram a primeira observação na enfermaria do puerpério, nomeadamente os que foram admitidos na Unidade de cuidados intensivos.

Estabeleceram-se como variáveis demográficas: idade ma-terna, idade gestacional, nacionalidade materna, risco da gra-videz, vigilância da gravidez e seu local. A gravidez foi consi-derada de risco se tal estivesse registado no BSG, e vigiada se a grávida tivesse mais de seis consultas registadas. Definiram-

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14 original articlesartigos originais

-se como variáveis específicas de estudo os registos do BSG preconizados pela DGS (tabela 1), e outros parâmetros: hábitos tabágicos, rastreio bioquímico de cromossomopatias, amnio-centese, vacina anti-tetânica, vírus da hepatite C (VHC) e cito-megalovírus (CMV).

A qualidade dos registos foi aferida tendo em conta as recomendações preconizadas pelas Normas nº037/2011 e nº023/2011 da DGS, sendo os registos considerados “corretos” (C), “incompletos” (I) ou “em excesso” (E).12,29

Como não foram transcritos os dados de vacinação materna para o VHB, foram considerados registos corretos os das mães que tivessem uma serologia no 1º trimestre ou duas (1º e 3º trimestres).

Como o BSG possui apenas três espaços para o registo das ecografias, não foram considerados “registos em excesso”.

Os resultados foram tratados em base de dados anónima, realizando-se uma análise descritiva dos mesmos. Para o tra-tamento estatístico utilizou-se o Microsoft Office Excel 2010® e o programa SPSS®, versão 20.0. Utilizaram-se os testes Chi--Square (χ2), ANOVA e t-Student, para um nível de significância de p=0,05.

RESULTADOSA amostra final foi constituída por 468 puérperas, 98% tive-

ram algum tipo de seguimento da gravidez (452 consideradas adequadamente vigiadas e sete mal vigiadas), das vigiadas ape-nas duas não se faziam acompanhar do BSG (uma referia não lhe ter sido fornecido e a outra tê-lo perdido), quanto às não vigiadas, nenhuma possuía BSG.

Relativamente às características das puérperas, tinham uma idade mediana de 32 anos (mínimo 12; máximo 45), e eram na maioria (87%) de nacionalidade portuguesa. Quanto às outras nacionalidades (13%): 35 de origem africana, 15 da américa do sul, dez europeias das quais cinco da europa de leste, duas asiáticas e uma norte americana. A tabela 2 descreve as carac-terísticas das grávidas, comparando as portuguesas com as de outras nacionalidades.

Das gestações em que se identificou o local de vigilância: 44% foi realizada no Centro de Saúde (CS), 21% em obstetra particular (OP), 24% em consulta hospitalar (CH) e 11% em múl-tiplos locais (28 em OP+CH, 10 em CS+OP e 7 CS+CH). As grá-vidas estrangeiras foram principalmente vigiadas no CS (52%) e menos em OP (8%) (p=0,016). Constatou-se uma média de idades inferior (29 anos) nas vigiadas no CS (p<0,001).

Em cerca de 20% das gestações foi identificado algum fator de risco: 41 casos relacionados com a atual gravidez (DG, hi-pertensão arterial, pré-eclâmpsia, ameaça de parto pré-termo, restrição do crescimento intrauterino, gemelaridade e outros), 24 com doença materna prévia à gestação, nove pela idade ma-terna (<18 ou >39 anos), oito por condições relacionadas com o feto e seis por antecedentes de patologia em gestações ante-riores. A maioria destas grávidas (78%) foi seguida em consulta hospitalar (p<0,001) e tinha uma idade média (33 anos) superior ao resto da amostra (p<0,001).

Quanto aos registos recomendados pela DGS (Tabela 3), no total, os BSG seguidos no CS apresentaram em média 60% de registos corretos, em OP 59%, em CH 62% e em múltiplos lo-cais 64%. A percentagem de registos corretos variou consoante o parâmetro analisado.

Quanto aos registos ecográficos, na nossa amostra 87% tinham os três registos, 7% dois, 3% um e 4% nenhum regis-to. Um hemograma por trimestre foi registado em 60% e grupo sanguíneo em 96% dos BSG. O registo da pesquisa de aglutini-nas irregulares foi encontrado em apenas 27%, sendo 78% Rh- (p<0,001). O maior número de registos corretos foi encontrado no grupo acompanhado no CS (p=0,01).

Em relação ao rastreio da DG, 59% possuíam registos cor-retos (57% tinham resultados da glicémia em jejum e da PTGO e 2% tinham tido uma glicémia em jejum>92mg/dL, não neces-sitando de fazer PTGO). As restantes, 14% só tinham registo da glicémia em jejum, 18% só da PTGO e 9% sem qualquer registo. A referir um registo em excesso, uma grávida, com DG diagnos-ticado no 1ºtrimestre, que realizou PTGO.

Tabela 2 - Características da amostra por nacionalidade

Características Portuguesas Outra nacionalidade p

Idade materna (anos) Mediana [Mín.; Máx] 32 [12;45] 31 [15;41] 0,207

Idade Gestacional (semanas) Mediana [Mín.; Máx] 39 [35;41] 39 [35;41] 0,290

Gravidez de risco n (%) 86 (22) 11 (18) 0,289

Gravidez vigiada n (%) 392 (97) 60 (95) 0,213

Local de Vigilância n (%)- Centro de Saúde (CS)- Obstetra particular (OP)- Consulta hospitalar (CH)- Múltiplos locais- Não identificado

142 (35)77 (19)79 (20)44 (11)63 (15)

33(52)5 (8)

17 (27)1 (2)

7 (11)

0.016

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Cerca de 34% tinham os registos corretos do rastreio pre-conizado para a sífilis, 45% tinham dados em excesso. Obser-vou-se uma associação entre ser seguido no CS e ter registos corretos (p<0,001) e dados em excesso e ser acompanhado em CH. A serologia pré-concecional para a rubéola foi realiza-da em 4% (n=20). No total, 67% apresentaram registo correto para a serologia da rubéola durante a gestação, 16% registos incompletos e 17% em excesso. Houve uma associação en-tre seguimento no CS e registos em excesso (p<0,001) e entre vigilância em OP e dados incompletos (p=0,048). As grávidas imunes para a rubéola tinham registos corretos em 74%, en-quanto que as não-imunes, apenas 6% possuía registos cor-retos, 68% incompletos (p<0,001). Quanto à serologia para a toxoplasmose, foi feita no período pré-concecional em 3% (n=13). Na gravidez, 66% tinham registos preconizados, 70% das grávidas imunes apresentavam registos corretos e 11% de incompletos, no grupo das não-imunes 69% tinha registos cor-retos, mas 31% incompletos (p<0,001). A serologia para o VIH

teve registos corretos em 64% e o registo do AgHBs foi consi-derado correto em 72%.

Só em 3% (n=15) foi feita apenas uma urocultura no 1ºtrimestre, como preconiza a DGS, 76% tinham uroculturas também nos outros trimestres. O resultado da pesquisa do SBG estava registado em 76%.

Quanto aos registos não preconizados pela Norma (tabela 4): os hábitos tabágicos estavam descritos em 91%; o status vacinal para o tétano em 52%, com uma diferença significativa se seguimento em CS(66%) versus vigilância em OP(44%) ou em CH(46%) (p=0,001); os anticorpos para VHC foram pedidos em 27%, para o CMV em 13% (apenas 8 no período pré-con-cecional), houve uma associação entre os registo destas sero-logias e ser seguido em OP (p=0,033 e 0,001 respetivamente); 43% tinham o registo do rastreio bioquímico, correspondendo a 70% do grupo vigiado em OP (p<0,001). As grávidas que apre-sentavam este registo tinham uma média de idades superior (33 anos) às que não possuíam (29 anos), (p<0,001). O registo da

Tabela 3 - Avaliação da qualidade dos registos segundo o local de vigilância

Registosn (%)

CS (n=175) OP (n=82) CH (n=96) Múltiplos (n=45)p

C I E C I E C I E C I E

Ecografias154(88)

21(12)

-75(92)

7(8)

-83(87)

11(13)

-42(93)

3(7)

- 0,485

Hemograma105(60)

70(40)

-52(63)

30(7)

-58(60)

38(40)

-28(62)

17(38)

- 0,477

Grupo ABO Rh174(99)

1(1)

-80(98)

2(2)

-93(97)

3(3)

-45

(100)0(0)

- 0,556

T. Coombs ind.62(35)

112(65)

-18(22)

64(78)

-18(19)

78(81)

-17(38)

28(62)

- 0,006

Rastreio DG102(58)

72(41)

1(1)

46(56)

36(44)

-61(64)

35(36)

-30(67)

15(33)

- 0,776

Sífilis80(46)

37(21)

58(33)

20(24)

16(20)

46(56)

20(21)

14(14)

62(65)

14(31)

7(16)

24(53)

<0,001

Rubéola104(59)

26(26)

45(15)

57(70)

16(19)

9(11)

72(75)

8(8)

16(17)

39(86)

3(7)

3(7)

<0,001

Toxoplasmose107(61)

61(35)

7(4)

57(70)

22(27)

3(3)

73(76)

19(20)

4(4)

30(67)

13(29)

2(4)

0,301

VIH112(64)

36(21)

27(15)

51(62)

12(23)

19(15)

66(69)

18(19)

12(12)

30(67)

7(16)

8(17)

0,553

VHB128(73)

29(17)

18(10)

54(66)

16(19)

12(15)

74(77)

12(13)

10(10)

35(78)

6(13)

4(9)

0,702

Urocultura7(4)

34(19)

134(77)

2(2)

21(26)

59(72)

3(3)

14(15)

79(82)

1(2)

7(16)

37(82)

0,606

SGB129(74)

46(26)

-66(81)

16(19)

-78(81)

18(19)

-36(80)

9(20)

- 0,423

Legenda: Avaliação dos registos segunda as normas da DGS: corretos (C), incompletos (I) e em excesso (E); grupo Rhesus (Rh); teste de Coombs indireto (ind.); diabetes gestacional (DG); vírus da imunodeficiência humana (VIH); vírus da hepatite B (VHB); Streptococcus grupo B (SGB). Locais de vigilância: centro de saúde (CS), obstetra particular (OP), consulta hospitalar (CH).

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amniocentese estava presente em 10% (n=47), encontrando-se uma associação com gravidez de risco (p=0,003), ser seguida em múltiplos locais (p=0,029) e uma idade média mais elevada (36 anos, p<0,001).

Quanto aos resultados dos exames efectuados (tabela 5), as ecografias apresentaram alterações em 52 casos (12%), sendo as principais dilatações pielocaliciais (n=9), suspeita de anoma-lias no sistema nervoso central (n=6), suspeita de cardiopatia (n=6) e translucência da nuca aumentada ou ausência dos ossos próprios do nariz (n=6). Verificou-se uma associação entre alte-rações nas ecografias e acompanhamento em CH (p=0,020) e idade média mais elevada (33 anos, p=0,021).

Quanto ao grupo sanguíneo, 45% eram do grupo 0 e 41% A, sendo 85% Rh+. Quanto à pesquisa de aglutininas irregulares, es-tas foram positivos em 2 casos (2%), numa mãe Rh+ e outra Rh-.

O diagnóstico de DG foi realizado em 16 grávidas, nove apresentaram uma glicémia em jejum alterada e sete alteração da PTGO (cinco tinham tido uma glicémia em jejum normal e duas não tinham realizado esta avaliação). Dois RN nasceram macrossómicos (p=0,037).

O VDRL foi positivo em duas mães no 1º trimestre, que rea-lizaram terapêutica adequada.

No período pré-concecional, documentou-se a imunida-de para a rubéola em 18 mulheres, tendo-se identificado duas não imunes que não foram corretamente vacinadas. No total a imunidade para a rubéola foi de 92%, sendo 32 puérperas não imunes (a vacinação para rubéola na infância foi confirmada em todas).

Quanto à toxoplasmose, das 14 mulheres que fizeram se-rologia pré-concecional, apenas uma era imune. No total a se-ronegatividade para a toxoplasmose foi de 82%, tendo ocorri-do um caso de seroconversão. Verificou-se uma relação entre a imunidade para a toxoplasmose e não ser de nacionalidade portuguesa (p<0,001).

O rastreio para o VIH, VHB e VHC foi negativo em cerca de 99% dos casos, sendo os casos positivos associados a naciona-lidade não portuguesa (p=0,007, p=0,045 e p=0,009).Dos 60 ca-sos que realizaram serologia para o CMV 67% eram imunes, 32% eram seronegativas e registou-se um caso de seroconversão.

A pesquisa de bacteriúria assintomática foi positiva em 6% no 1ºtrimestre e 3% no 3ºtrimestre. O principal agente foi Es-cherichia coli e 42% das uroculturas positivas no 2ºtrimestre já tinham sido positivas no 1ºtrimestre e 27% das positivas no 3º trimestre tinham tido uma cultura positiva no 2ºtrimestre (p<0,001). Não houve relação entre uroculturas positivas e me-nor idade gestacional.

A pesquisa de SGB foi positiva em 16% (n=58), sendo que a percentagem foi superior (38%) nas mulheres com nacionalida-de não portuguesa (p=0,005).

Cerca de 15% (n=64) tinham hábitos tabágicos referidos no BSG, constatou-se que os RN destas mães tinham uma média inferior de peso nascer (3128g vs 3228g, p=0,09) e houve uma maior percentagem (11% vs 4%) de RN de baixo peso neste grupo (p=0,017).

O rastreio bioquímico das cromossomopatias teve como re-sultado um risco baixo em 92% (n=184). Nos casos em que foi positivo (n=16), nove realizaram amniocentese, todas com resul-tado normal. Além destes nove casos foram realizadas mais 25 amniocenteses, sendo que no total duas vieram alteradas.

Quanto à vacina do tétano, das 188 puérperas que possuíam o registo, 80% tinham a vacina atualizada previamente à ges-tação, 8% realizou durante a gravidez e 12% com a vacina em atraso não foram imunizadas.

DISCUSSÃOOs antecedentes do RN são essencialmente os familiares e

a história da sua gestação. Na instituição onde o estudo decor-reu, o BSG é o documento que acompanha a grávida no bloco de partos, sendo que resultados de exames que nele não es-tejam registados, podem não estar disponíveis para a primeira observação do RN. Tal pode ter como consequências a repeti-ção desnecessária de exames, o atraso na profilaxia de doen-ças preveníveis ou na abordagem de situações que exigem uma atitude precoce.

Uma das limitações deste estudo é ter sido unicêntrico, ou-tra é ter sido realizado numa Maternidade de um hospital pe-rinatal diferenciado, o que pode ter condicionado a percenta-gem considerável (20%) de gestações consideradas de risco.

Tabela 4 - Análise de outros parâmetros por local de vigilância

Registosn (%)

CS (n=175)

OP(n=82)

CH(n=96)

Múltiplos(n=45)

p

Hábitos tabágicos 163 (93) 75(92) 90(94) 43(96) 0,824

Vacina do tétano 116(66) 37(45) 44(46) 29(64) 0,001

Rastreio bioquímico 45(26) 57(70) 51(53) 25(56) 0,001

Amniocentese 13(7) 7(9) 13(14) 9(20) 0,062

CMV 17(10) 20(24) 7(7) 9(20) 0,001

VHC 47(27) 29(35) 12(13) 16(36) 0,002

Legenda: Citomegalovírus (CMV); Vírus da hepatite C (VHC); Locais de vigilância: centro de saúde (CS), obstetra particular (OP), consulta hospitalar (CH).

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Tabela 5 - Resultados dos exames pedidos no âmbito da vigilância da gravidez

Resultados n (%)

Portuguesas Outra nacionalidade p Registos(n=total)

Ecografias alteradas 46(12) 6(10) 0,403 (450)

Hábitos tabágicos- fumadora? 63(17) 1 (2)

0,001 (427)

Grupo ABO-A-B-O-AB

163(42)32(8)

176(45)18(5)

21(34)12(19)27(44)

2(3)

0,2320,0060,8030,619

(451)

Rh+Rh -

329 (85) 60(15)

55 (90)7(10) 0,331 (451)

Teste Coombs ind.- Negativo- Positivo

98(98)2 (2)

14(100)0 0,796 (114)

Rastreio de DG- glicémia jejum > 92mg/dL- PTGO alterada

8(3)7 (2)

1(2)0

0,6770,243

(344)(344)

0VDRL- Negativo- Positivo

303(99) 2(1)

51(0)0 (0)

0,574 (449)

Rubéola- Imune- Não imune- Seroconversão

358(93)27(7)

0

53(91)5(9)

00,625 (443)

Toxoplasmose- Imune- Não imune- Seroconversão

59(15)330(85)

0

23(38)36(60)

1(2)<0,001 (449)

VIH- Positivo 1(0,3) 2(3) 0,007 (448)

VHB-Positivo 2(0,5) 2(3) 0,045 (442)

VHC-Positivo 0 1(6) 0,009 (124)

CMV-Imune-Não Imune-Seroconversão

37(66)18(32)

1(1)

3(75)1(25)

00,916 (60)

Bacteriúria assintomática- UC positiva 1ºtrimestre- UC positiva 2ºtrimestre- UC positiva 3ºtrimestre

22(7)11(4)10 (3)

4(8)3(7)2(4)

0,734 0,3230,666

(371)(360)(397)

SGB-Positivo 43(14) 15(30) 0,005 (356)

Vacina do tétano-Atualizada-Realizou durante gravidez-Em atraso

130 (81)13(8)

18(11)

21(78)2(7)

4(15)0,939 (188)

Legenda: grupo Rhesus (Rh); teste de Coombs indireto (ind.); diabetes gestacional (DG); prova de tolerância à glicose em jejum (PTGO); Venereal Disease Research La-boratory (VDRL); vírus da Imunodeficiência humana (VIH), Vírus da hepatite B (VHB); vírus da hepatite C (VHC); citomegalovírus (CMV); urocultura (UC); Streptococcus do grupo B (SGB);

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Apesar das recomendações da DGS, utilizadas como referência neste estudo para a avaliação dos registos, serem destinadas a gestações de baixo risco, consideramos que os parâmetros avaliados são transversais, não sendo um motivo para a exclu-são das puérperas com algum fator de risco identificado.12,19 Em situações particulares, foi tida em conta “o fator de risco” para a classificação qualitativa do registo, por exemplo uma mãe com DG identificada no 1ºtrimestre, apresentava registos “corretos” se não tivesse registo da PTGO e “em excesso” se este estives-se presente.

O grupo sanguíneo materno foi o parâmetro mais registado, o que demonstra a sensibilização para a prevenção da DHRN. Contudo o resultado do teste de Coombs estava presente em apenas 27%, e destas a maioria com Rh-. Dado que podem existir anticorpos contra outros antigénios eritrocitários, os pro-fissionais de saúde devem estar alerta para esta situação.14 As grávidas seguidas em CS foram as que apresentaram maior re-gisto do teste de Coombs independente do grupo Rh.

Teria sido interessante estudar o valor da hemoglobina pois o valor para a grávida não é consensual, variando com a popu-lação e com trimestre, assim como avaliar o registo da eletro-forese das hemoglobinas, mas um obstáculo à sua análise foi o este parâmetro não ter um local de registo em todos os BSG.13

Apesar do diagnóstico da DG não ser consensual, estudos associaram intervenção na DG ligeira à redução da morbilidade neonatal.13,18,19 Na nossa amostra verificou-se existir um maior número de RN macrossómicos neste grupo.

Os registos para sífilis apresentaram-se em maior número do que o preconizado pela DGS (excetuando as grávidas vigiadas no CS).12 O grande número de casos declarados em Portugal e, tendo em conta que é uma doença com terapêutica eficaz, pode ter condicionado a atitude dos profissionais de saúde, principal-mente os que trabalham em cuidados hospitalares.

Apesar de sermos um país com elevada taxa de vacinação para a rubéola, a percentagem de grávidas imunes na nossa amostra (92%) ainda é inferior ao recomendado pela OMS para a população geral.25 Outros estudos realizados na mesma re-gião em 2003 e 2013 também revelaram taxas de imunidade de 95% e 93%, respetivamente, tendo este último associado a imunidade a idade materna e nacionalidade portuguesa, o que não ocorreu na nossa amostra.10,30 As puérperas não-imunes do nosso estudo eram todas vacinadas, assim terão de ser ela-borados estudos para averiguar o motivo da seronegatividade para a rubéola. Verificou-se que as grávidas imunes possuíam na maioria das vezes registos corretos para a rubéola, enquanto as não-imunes possuíam registos incompletos, e os dois ca-sos identificados no período pré-concecional não receberam a vacina como recomenda a DGS. Tal sugere que mais atenção deve ser dada à vigilância da grávida não-imune, pois a pre-venção é a única forma de evitar o SRC. Caso a mãe se infete durante a gestação deve ser encaminhada atempadamente para um centro de referência.

Existem poucos dados a nível nacional acerca da imunidade para a toxoplasmose, um estudo no norte do país descreveu uma taxa de seronegatividade para as mulheres em idade fértil

de cerca 76%, um valor semelhante (74%) foi encontrado num estudo realizado numa maternidade em Lisboa.30,31 No nosso estudo a taxa de seronegatividade foi maior (82%), sendo mais elevado se incluídas apenas as puérperas portuguesas (85%).

O registo das serologias para VIH e VHB tem uma recomen-dação grau IA, a ausência do seu registo no BSG pode conduzir a que não sejam tomadas todas as medidas de profilaxia da trans-missão vertical ou no caso do VIH à introdução de leite adaptado desnecessariamente até garantia de seronegatividade.12

Pela nossa amostra, aparentemente os profissionais de saú-de continuam a realizar pesquisa de bacteriúria em todos os tri-mestres, em vez de apenas no 1ºtrimestre, contudo estas são as recomendações nacionais e internacionais, embora baseadas em estudos da década de 60.12,13

Na nossa amostra a pesquisa SGB foi positiva em <15% das portuguesas. Não fazia parte das nossas variáveis, contudo seria interessante comparar o desenvolvimento de doença pre-coce por SGB em filhos de mães colonizadas que receberam antibioticoterapia adequada, com os RN de mãe SGB negativas nas mesmas condições, pois o National Institute for Health and Care Excellence(NICE) não recomenda a pesquisa de SGB por rotina, mas antibioticoterapia profilática em todas as situações de risco.13

O registo dos hábitos tabágicos foi elevado (91%), o que de-monstra que é um assunto abordado nas consultas pré-natais. O fato de se ter constatado um maior número de RN de baixo peso nas 64 grávidas fumadoras, pode ser argumento para um maior empenho para educação e cessação deste hábito.

O rastreio bioquímico das cromossomopatias foi realizado predominantemente em grávidas vigiadas em OP e com uma de idade superior. No entanto, deveria ser realizado em qualquer idade e independente do local de seguimento. Como esperado um maior número de amniocenteses foi realizada em mulheres seguidas em múltiplas consultas e com uma média de idades superior.

Apesar de não preconizados pela DGS, a serologia para o VHC ou CMV foi pedida num número significativo de grávidas, principalmente se vigiadas em OP. A prevalência estimada do VHC em Portugal é de cerca de 1,5% e a sua serologia deve ser pedida nos grupos considerados de risco.32 A infeção por CMV constitui a principal infeção congénita, estimando-se que em Portugal ocorra em 1% dos nados vivos.33 A correta interpre-tação da serologia na gravidez prende-se com a realização de serologia pré-concecional, que no nosso estudo foi realizado em apenas 13%, não se verificando um seguimento sistematizado de grávidas imunes ou não imunes.

As consultas de saúde materna são momentos oportu-nos para a promoção de saúde e atualização, sendo que deve ser averiguado o status vacinal para o tétano, se não estiver atualizado deve ser realizado para a prevenção do tétano neo-natal. Os BSG de grávidas vigiadas no CS foram os que mais frequentemente apresentaram esta informação.

Em Portugal, constatou-se uma evidente redução da TMI, sendo agora o objetivo a otimização da qualidade de saúde. Um BSG corretamente preenchido é essencial para uma melhor e

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mais completa abordagem do RN pelo pediatra. Registos “em excesso” podem tornar-se confusos e representam gastos des-necessários, registos “incompletos” comprometem cuidados, podendo aumentar a morbilidade neonatal e conduzir ao prolon-gamento de internamentos, com custos associados. A avaliação e divulgação regular dos registos pode desenvolver a comunica-ção entre os diferentes profissionais envolvidos neste processo, aperfeiçoando os cuidados de saúde prestados.

CONCLUSÃOApesar da maioria dos BSG apresentarem registos corretos,

uma maior uniformização dos registos da gravidez é necessária para que o pediatra disponha de informações claras na primeira observação do RN.

O BSG é a ferramenta de comunicação entre os vários pro-fissionais que acompanham a gravidez, parto e RN. Por conse-guinte, é importante avaliar sistematicamente as condições em que este chega ao pediatra, e divulga-las a todos os profissio-nais de saúde.

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Tabela 6 - Acrónimos utilizados no texto

Acrónimo Significado

BSG Boletim de Saúde da Grávida

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CH Consulta hospitalar

CMV Citomegalovírus

CS Centro de Saúde

DG Diabetes gestacional

DGS Direção Geral de Saúde

DHRN Doença hemolítica do recém-nascido

HGM Hemoglobina globular média

NICE National Institute for Health and Care Excellence

OMS Organização Mundial de Saúde

OP Obstetra particular

Registos C Registos corretos

Registos E Registos em excesso

Registos I Registos incompletos

Rh Grupo Rhesus

RN Recém-nascido

SGB Streptococcus β hemolítico go grupo B

SRC Síndrome da rubéola congénita

TMI Taxa de mortalidade infantil

TMM Taxa de mortalidade materna

TMN Taxa de mortalidade neonatal

VDRL Venereal Disease Research Laboratory

VIH Vírus da Imunodeficiência humana

VGM Volume globular médio

VHB Vírus da hepatite B

VHC Vírus da hepatite C

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CORRESPONDENCE TORita Espírito SantoNeonatology UnitDepartment of PediatricsHospital de Santa MariaCentro Hospitalar Lisboa NorteAvenida Professor Egas Moniz,1649-035 LisboaEmail: [email protected]

Received for publication: 27.02.2016 Accepted in revised form: 27.07.2016

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21original articlesartigos originais

Macrossomia Neonatal:Fatores de Risco e Complicações Pós-parto

NEONATAL MACROSOMIA: RISK FACTORS AND POSTPARTUM COMPLICATIONS

ABSTRACTIntroduction/Objectives: Neonatal macrosomia is used to

describe newborns with a birth weight higher than certain limit, more frequently ≥4000 g. This has been associated to several complications during and postpartum, both for the mother and newborn. The aim of this study is to investigate which are the risk factors and complications most frequently associated to neonatal macrosomia in children born at the same period in two Portuguese hospitals: Senhora da Oliveira, Guimarães (HSOG) and Cova da Beira (CHCB).

Material and Methods: A case-control, observational and retrospective study was performed, including 860 newborns: 711 in the control group (birth weight between 2500 and 3999 g), 281 from CHCB and 430 from HSOG, and 149 in the macrosomic group (birth weight ≥4000 g), 30 from CHCB and 119 from HSOG. Risk factors for macrosomia and maternal and neonatal complications were compared with the control group, using the IBM SPSS Statistics 23.0® software.

Results: There is an association between male infant, higher weight before pregnancy and higher gestacional age and macrosomia in both hospitals. Furthermore, it was associated with multiparity, macrosomic sibling and weight gained during pregnancy in HSOG and with maternal diabetes in CHCB. The complications associated with macrosomia were cephalopelvic disproportion, higher proportion of caesarean and shoulder dystocia in HSOG and hypoglycemia in CHCB.

Conclusions: This study has shown an increase in maternal and neonatal complications with macrosomia. Eliminate modifiable risk factors is fundamental to decrease morbidity.

Keywords: Macrosomia; birth weight; obstetric labor complications; neonatal complications

RESUMOIntrodução/Objetivos: O termo macrossomia é usado para

descrever recém-nascidos (RN) com peso ao nascimento supe-rior a determinado limite, sendo o mais comumente utilizado ≥4000 g. Tem sido associado a diversas complicações durante e após o parto, quer para a mãe, quer para RN. O objetivo deste estudo é investigar quais os fatores de risco e as complicações mais frequentemente associadas à macrossomia em crianças nascidas no mesmo período em dois hospitais portugueses: Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães (HSOG) e Centro Hos-pitalar Cova da Beira (CHCB).

Material e Métodos: Efetuou-se um estudo caso-controlo, observacional e retrospetivo. Foram incluídos 860 RN: 711 do grupo controlo (peso ao nascimento entre 2500-3999 g), sendo 281 do CHCB e 430 do HSOG, e 149 macrossómicos (peso ≥4000 g), sendo 30 do CHCB e 119 do HSOG. Compararam-se os fatores de risco para macrossomia e as complicações neona-tais e maternas com os controlos, utilizando-se o programa IBM SPSS Statistics 23.0®.

Resultados: Verificou-se associação entre sexo masculi-no, maior peso prévio à gravidez e maior idade gestacional e macrossomia nos dois hospitais. Encontrou-se ainda associa-ção com multiparidade, irmão macrossómico e aumento pon-deral durante a gestação no HSOG e com diabetes materna no CHCB. As complicações associadas à macrossomia foram: desproporção feto-pélvica, maior percentagem de cesarianas e distócia de ombros no HSOG e hipoglicemia no CHCB.

Conclusões: O estudo revelou aumento da incidência de complicações maternas e neonatais em contexto de macrosso-mia. A eliminação dos fatores de risco modificáveis afigura-se fundamental na diminuição da morbilidade.

Palavras-chave: Macrossomia; peso ao nascimento; com-plicações obstétricas; complicações neonatais

Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal

2017; 26(1): 21-30

Soraia Pereira RibeiroI, Ricardo Barros Costa II, Clara Paz Dias III

__________

I Integrated Master in Medicine, Faculdade de Medicina, Universidade do Porto. 4200-319 Porto, Portugal.

[email protected] Neonatology Unit, Department of Pediatrics, Hospital Pêro da

Covilhã, Centro Hospitalar Cova da Beira. 6200-251 Covilhã, Portugal. [email protected] Neonatology Unit, Department of Pediatrics, Hospital Senhora da

Oliveira. 4835-044 Guimarães, Portugal. [email protected]

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22 original articlesartigos originais

Estudou-se a população de RN macrossómicos do Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB) e do Hospital Senhora da Oli-veira, Guimarães (HSOG) entre 1 de janeiro de 2013 e 31 de de-zembro de 2014. As populações dos dois hospitais foram avalia-das de forma independente. Na totalidade, foram incluídos 149 RN, dos quais 30 nasceram no CHCB e 119 no HSOG.

Como grupo controlo, utilizou-se uma amostra aleatória dos RN com peso ao nascimento ≥2500 g e <4000 g (normossó-micos) nascidos no mesmo período que a população em estu-do.7,19 A amostra foi calculada com um erro amostral máximo de 5%, o que correspondeu a 281 controlos no CHCB e 430 no HSOG. Posteriormente foi realizada uma aleatorização simples da população inicial de cada hospital com o objetivo de obter o número de controlos calculado.

Foram excluídos do estudo todos os RN com idade gesta-cional inferior a 37 semanas e gravidezes gemelares, visto esta-rem associadas a maior mortalidade e morbilidade perinatal.20,21

Os dados foram obtidos através dos processos clínicos in-formatizados, presentes no programa Sistema de Apoio Médi-co®, dos RN e respetivas mães, sendo anonimizados e garan-tindo-se a confidencialidade dos intervenientes.

O estudo foi aprovado pelas comissões de ética de ambas as instituições.

Analisaram-se como fatores de risco maternos: idade, pari-dade, RN prévio macrossómico, diabetes, pré-eclampsia, ganho ponderal durante a gestação e peso prévio à mesma. Diabetes inclui as apresentações pré-gestacional e gestacional. Foram também incluídos no estudo os hábitos tabágicos maternos, uma vez que exercem influência no peso ao nascimento, tendo o efeito oposto à macrossomia. O sexo e a idade gestacional foram considerados como fatores de risco do RN.

Como complicações neonatais, avaliou-se um baixo índice de Apgar ao 5º minuto, hipoglicemia, doença das membranas hialinas, síndrome de aspiração meconial, distócia de ombros, fratura da clavícula e lesão do plexo braquial. A variável morbili-dade total representa o risco de um RN apresentar uma ou mais complicações neonatais, dentro das analisadas.

Considerou-se baixo índice de Apgar ao 5º minuto como <7.3 A definição de hipoglicemia neonatal encontra-se de acordo

com o Consenso Clínico da Sociedade Portuguesa de Pediatria.22

Transfusão sanguínea, desproporção feto-pélvica, parto por cesariana, parto com auxílio de fórceps ou ventosa, la-ceração perineal de 3º ou 4º grau e tempo de internamento prolongado foram analisadas como complicações maternas. Considerou-se tempo de internamento prolongado, aquele su-perior a 48 horas no caso de parto vaginal e 72 horas quando o parto foi por cesariana.7

A análise estatística foi efetuada com o programa IBM SPSS Statistics 23.0®. Em todos os testes estatísticos, valores de p <0,05 (bilateral) foram considerados significativos.

Para verificar a existência de associação entre os fatores de risco analisados e macrossomia neonatal, utilizaram-se os testes de comparação entre proporções Qui-Quadrado ou teste exato de Fisher, no caso das variáveis qualitativas. Quando as associações entre as variáveis se mostraram significativas, foi

INTRODUÇÃOO termo macrossomia é usado para descrever recém-nas-

cidos (RN) com peso ao nascimento superior a determinado li-mite, não consensual na literatura.1 Estudos prévios têm usado como definição de macrossomia neonatal peso ao nascimento superior a 4000, 4500 ou 5000 g, independentemente da idade gestacional.2,3 O relatório do Consenso sobre Diabetes e Gra-videz de 2011, publicado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), define macrossomia neonatal como peso ao nascimento igual ou superior a 4000 g.4

A prevalência de RN com peso superior a 4000 g varia em diferentes populações entre 5 e 20%. A maior proporção foi en-contrada nos países nórdicos.1 Com o aumento da prevalência de diabetes mellitus e obesidade das mulheres em idade repro-dutiva, é expectável um aumento paralelo dos RN macrossó-micos.5

Sexo masculino, nascimento pós-termo, idade materna avançada (igual ou superior a 35 anos), multiparidade, esta-tura elevada dos pais e maior escolaridade materna têm sido apontados como fatores de risco para macrossomia. Assinala--se ainda uma relação com o facto de previamente ter sido mãe de RN macrossómico.3,6,7 A diabetes materna, gestacional ou pré-gestacional, está associada a maior risco de macrossomia neonatal.8 De forma independente, a obesidade pré-concecional assim como aumento ponderal excessivo durante a gravidez au-mentam o risco.9,10 O papel da pré-eclampsia é controverso, mas tem sido sugerida a sua influência no crescimento intrauterino excessivo.11–13 Contrariamente, o tabagismo tem o efeito opos-to no crescimento fetal, estando relacionado apenas com baixo peso ao nascimento.14,15

A macrossomia aumenta o risco de complicações para a mãe e para o RN. Desproporção feto-pélvica, maior necessidade de parto por cesariana, traumatismo perineal, aumento do tem-po de internamento após o parto e necessidade de transfusão sanguínea são as complicações maternas mais frequentes.5,7,9

A distócia de ombros é uma complicação neonatal bem es-tabelecida, podendo ocorrer, associadas ou não a esta, fratura da clavícula ou lesão do plexo braquial.16,17

Recém-nascidos macrossómicos apresentam maior risco de baixo índice de Apgar ao 5º minuto, síndrome de aspiração meconial, hipoglicemia ou doença das membranas hialinas.3,18,19

O presente estudo tem como objetivo investigar os fatores de risco associados à macrossomia neonatal e complicações maternas e neonatais em dois hospitais portugueses (o Centro Hospitalar Cova da Beira e o Hospital Senhora da Oliveira, Gui-marães), usando dados recentes. Foram estudados RN e res-petivas mães no período compreendido entre o nascimento e a alta hospitalar.

MATERIAL E MÉTODOSFoi realizado um estudo caso-controlo, observacional e re-

trospetivo. Considerou-se como RN macrossómicos aqueles com peso

≥4000 g, definição utilizada pela DGS.4 Este também representa o valor a partir do qual Boulet et al definem macrossomia grau 1.3

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23original articlesartigos originais

calculado o Odds ratio, com um intervalo de confiança (IC) de 95%, para avaliar quantitativamente a probabilidade de um gru-po possuir determinado fator risco em comparação com o outro. Os mesmos testes foram utilizados para a análise das complica-ções neonatais e maternas.

Na análise das variáveis quantitativas, quer para os fato-res de risco para macrossomia neonatal, quer para a variável “tempo de internamento”, foi utilizado o teste não paramétrico para duas amostras independentes U de Mann-Whitney. Este teste foi aplicado após a avaliação da normalidade pelo teste de Kolmogorov-Smirnov, que verificou que nenhum dos grupos (macrossómicos ou normossómicos) seguia uma distribuição normal (p <0,05). Sendo assim, avaliaram-se as variáveis pela sua mediana e amplitude interquartil (AIQ).

RESULTADOSNo período compreendido entre 1 de janeiro de 2013 e 31 de

dezembro de 2014, houve um número total de nados-vivos de 4096 no HSOG e 1116 no CHCB, com uma taxa de RN macros-sómicos de 2,9% e 2,7%, respetivamente.

Analisou-se uma amostra aleatória dos controlos, com o to-tal de 430 do HSOG e 281 do CHCB.

Os quadros 1 e 2 contêm os resultados da análise dos fato-res de risco maternos para macrossomia neonatal.

No HSOG, pela análise do Odds ratio, verificou-se que a probabilidade de RN macrossómicos serem filhos de mães mul-típaras é 2,34 vezes superior à dos normossómicos. De forma

semelhante, a análise mostra que um macrossómico tem 10,26 vezes maior probabilidade de nascer de uma mãe de RN ma-crossómico prévio, comparativamente aos normossómicos.

Uma associação estatisticamente significativa com macros-somia neonatal foi também encontrada para o peso prévio à gravidez e ganho de peso durante a gestação. O estudo revelou que as mães dos RN macrossómicos pesavam antes de engra-vidar, em mediana, mais 6 kg do que as mães dos normossómi-cos (68 kg vs 62 kg). Relativamente ao ganho de peso durante a gestação, as primeiras ganharam, em mediana, mais 3,5 kg do que as segundas.

A análise não mostrou qualquer associação entre a idade materna, diabetes ou pré-eclâmpsia e macrossomia neonatal. Também não se verificou influência dos hábitos tabágicos ma-ternos no peso do RN (7,6% nos macrossómicos vs 13,0% nos normossómicos, valor-p= 0,078).

No CHCB, a diabetes materna e o peso prévio à gravidez mostraram ser fatores de risco para macrossomia neonatal. Verificou-se que um RN macrossómico tem 3,31 vezes maior probabilidade de ter nascido de uma gestante com diabetes do que um normossómico. A análise revelou ainda que as mães dos macrossómicos pesavam antes de engravidar, em mediana, mais 11,5 kg do que as mães dos normossómicos (73 kg vs 61,5 kg). Não foi encontrada qualquer associação entre macrosso-mia neonatal e as restantes variáveis analisadas (idade materna, paridade, RN prévio macrossómico, pré-eclâmpsia e ganho de peso durante a gestação), neste hospital. De forma semelhante

Quadro 1 – Fatores de risco maternos, Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães

 ≥4000 g

n (%)2500-3999 g

n (%)Valor-p

Odds ratio [IC 95%]

IdadeMedianaAIQ≤35 >35

 315

92 (77,3)27 (22,7)

316

337 (78,4)93 (21,6)

0,601

0,804

    

ParidadePrimíparaMultípara

49 (41,2)70 (58,8)

267 (62,1)163 (37,9) <0,001*

2,34 [1,55-3,54]

RN prévio macrossómico 8 (6,7) 3 (0,69) <0,001** 10,26 [2,68-39,30]

Diabetes 11 (9,2) 35 (8,1) 0,700

Pré-eclâmpsia 3 (2,5) 16 (3,7) 0,777  

Hábitos tabágicos 9 (7,6) 56 (13) 0,078

Peso prévio à gravidezMedianaAIQ

6818

6214

<0,001***

Ganho de peso durante a gestaçãoMedianaAIQ

156,5

11,55,8

<0,001***

Legenda: *Teste de Qui-quadrado; **Teste exato de Fisher; ***Teste U de Mann-Whitney; IC – Intervalo de confiança; AIQ – amplitude interquartil.

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ao HSOG, a análise não mostrou associação entre o peso do RN e os hábitos tabágicos maternos (13,3% nos macrossómicos vs 14,9% nos normossómicos, valor-p= 1,000) no CHCB.

Nos quadros 3 e 4 encontram-se os resultados da análise dos fatores de risco do RN para macrossomia no HSOG e no CHCB, respetivamente. Em ambos os hospitais, a análise mostrou que existe uma associação entre o sexo masculino e macrossomia neonatal. No caso do HSOG, o Odds ratio permite concluir que um RN do sexo masculino tem 3,36 vezes maior pro babilidade de ser macrossómico. Essa probabilidade é de 5,84 no CHCB.

Não foi possível verificar a existência de uma associação entre o nascimento pós-termo (≥42 semanas) e macrossomia, dado só existirem três casos (um no HSOG e dois no CHCB).

Relativamente à idade gestacional, os resultados foram so-breponíveis nos dois hospitais, com os RN macrossómicos a apresentarem, em mediana, mais uma semana de gestação do que os normossómicos (40 vs 39 semanas).

O resultado da análise das complicações neonatais é apre-sentado nos quadros 5 e 6.

Foi encontrada uma associação entre macrossomia neona-tal e distócia de ombros no HSOG. A análise mostrou que um RN macrossómico tem uma probabilidade 8,89 vezes superior à dos normossómicos de apresentar distócia de ombros como complicação.

No CHCB encontrou-se uma associação significativa entre macrossomia e hipoglicemia. O Odds ratio mostra que um RN

Quadro 2 – Fatores de risco maternos, Centro Hospitalar Cova da Beira

≥4000 gn (%)

2500-3999 gn (%)

Valor-pOdds ratio [IC 95%]

IdadeMedianaAIQ≤35>35

339

20 (66,7)10 (33,3)

 31

6213 (75,8)

68 (24,2)

 0,299

  

0,273

     

ParidadePrimíparaMultípara

 12 (40)18 (60)

 163 (58)118 (42)

  

0,059

   

RN prévio macrossómico 1 (3,3) 4 (1,4) 0,400  

Diabetes 5 (16,7) 16 (5,7) 0,040* 3,31 [1,12-9,80]

Pré-eclâmpsia 1 (3,3) 11 (3,9) 1,000  

Hábitos tabágicos 4 (13,3) 42 (14,9) 1,000  

Peso prévio à gravidezMedianaAIQ

 7322

 61,514,5

 <0,001**

 

   

Ganho de peso durante a gestaçãoMedianaAIQ

 11,5

 

 10,5

 

 0,323

 

   

Legenda: * Teste exato de Fisher; ** Teste U de Mann-Whitney; IC – Intervalo de confiança; AIQ – amplitude interquartil.

Quadro 3 – Fatores de risco do RN, Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães.

 ≥4000 g

n (%)2500-3999 g

n (%)Valor-p

Odds ratio [IC 95%]

SexoFeminino Masculino

 25 (21,0)94 (79,0)

 203 (47,2)227 (52,8)

  

<0,001*

  

3,36 [2,08-5,43]

Idade gestacionalMedianaAIQ

401

392

<0,001**

Legenda: *Teste de Qui-quadrado; ** Teste U de Mann-Whitney; IC – Intervalo de confiança; AIQ – amplitude interquartil.

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Quadro 4 – Fatores de risco do RN, Centro Hospitalar Cova da Beira.

 ≥4000 g

n (%)2500-3999 g

n (%)Valor-p

Odds ratio [IC 95%]

SexoFeminino Masculino

 4 (13,3)

26 (86,7)

 133 (47,3)148 (53,7)

  

<0,001*

  

5,84 [1,99-17,17]

Idade gestacionalMedianaAIQ

 40

1

 391

 <0,001**

 

   

Legenda: * Teste de Qui-quadrado; ** Teste U de Mann-Whitney; IC – Intervalo de confiança; AIQ – amplitude interquartil.

Quadro 5 – Complicações neonatais, Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães.

 ≥4000 g

n (%)2500-3999 g

n (%)Valor-p

Odds ratio [IC 95%]

Apgar (5ºminuto) <7 0 0  

Hipoglicemia 1 (0,8) 1 (0,2) 0,387

Síndrome de aspiração meconial 0 1 (0,2) 1,000

Doença das membranas hialinas 0 0  

Distócia de ombros 19 (16,0) 9 (2) <0,001* 8,89 [3,91-20,23]

Fratura da clavícula 3 (2,5) 6 (1,39) 0,415

Lesão do plexo braquial 0 1 (0,2) 1,000

Morbilidade total 21 (17,6) 17 (3,9) <0,001* 5,21 [3,33-8,75]

Legenda: * Teste de Qui-quadrado; IC – Intervalo de confiança.

Quadro 6 - Complicações neonatais, Centro Hospitalar Cova da Beira.

 ≥4000 g

n (%)2500-3999 g

n (%)Valor-p

Odds ratio[IC 95%]

Apgar (5ºminuto) <7 0 0  

Hipoglicemia 4 (13,3) 4 (1,4) 0,004* 10,66 [2,52-45,10]

Síndrome de aspiração meconial 1 (3,3) 0 0,096

Doença das membranas hialinas 0 0  

Distócia de ombros 1 (3,3) 0 0,096

Fratura da clavícula 0 4 (1,4) 1,000

Lesão do plexo braquial 0 1 (0,4) 1,000

Morbilidade total 6 (20,0) 8 (2,8) 0,001* 8,53 [3,70-22,17]

Legenda: *Teste exato de Fisher; IC – Intervalo de confiança.

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macrossómico possui 10,66 vezes maior probabilidade de ter hipoglicemia do que um normossómico.

Não se registaram RN com índice de Apgar <7 ao 5º mi-nuto ou doença das membranas hialinas. Também não se en-controu qualquer associação entre macrossomia e síndrome de aspiração meconial, fratura da clavícula ou lesão do plexo braquial.

Verificou-se existir um risco significativamente maior de um RN macrossómico apresentar complicações neonatais face aos normossómicos, tanto no HSOG como no CHCB (Odds ratio de 3,98 e 7,47 respetivamente).

Os resultados das complicações maternas são apresenta-dos nos quadros 7 e 8.

No HSOG, a análise mostrou que mães de RN macrossó-micos têm maior probabilidade de apresentarem desproporção feto-pélvica (Odds ratio de 8,06) e parto por cesariana (Odds ratio de 2,49), comparativamente às dos normossómicos.

Relativamente ao tempo de internamento, no HSOG, as mães de RN macrossómicos ficaram, em mediana, mais um dia no hospital do que as mães dos normossómicos (72 vs 48 horas). Contudo, não se detetaram diferenças estatisticamente significativas entre a percentagem de mães de macrossómicos que tiveram internamentos prolongados e as dos normossómi-cos. Esta última análise difere da do tempo de internamento, pois leva em conta o tipo de parto. O estudo não demonstrou, neste hospital, diferenças entre os dois grupos no que se refere à probabilidade das outras complicações analisadas (transfusão sanguínea, parto por ventosa ou fórceps e laceração perineal de 3º ou 4º grau).

No caso do CHCB, apesar das medianas do tempo de inter-namento das mães dos RN macrossómicos e dos normossómi-cos serem sobreponíveis (48 horas), as primeiras têm uma maior probabilidade de internamento prolongado do que as segundas.

Quadro 7 – Complicações maternas, Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães.

 ≥4000 g

n (%)2500-3999 g

n (%)Valor-p

Odds ratio (IC 95%)

Transfusão sanguínea 0 1 (0,2) 1,000

Desproporção feto-pélvica 31 (26,1) 18 (4,2) <0,001* 8,06 [4,32-15,06]

Parto por cesariana 53 (44,5) 105 (24,4) <0,001* 2,49 [1,63-3,80]

Parto por ventosa ou fórceps 14 (11,8) 69 (16,0) 0,249

Laceração perineal (3º ou 4º grau) 2 (1,7) 9 (2,1) 1,000

Tempo de internamentoMedianaAIQ

 7224

 4824

 0,001**

 

Internamento prolongado 41 (34,5) 139 (32,3) 0,662

Legenda: * Teste de Qui-quadrado; ** Teste U de Mann-Whitney; IC – Intervalo de confiança; AIQ – amplitude interquartil.

Quadro 8 – Complicações maternas, Centro Hospitalar Cova da Beira.

 ≥4000 g

n (%)2500-3999 g

n (%)Valor-p

Transfusão sanguínea 0 2 (0,7) 1,000

Desproporção feto-pélvica 5 (16,7) 31 (11) 0,367

Parto por cesariana 8 (26,7) 71 (25,3) 0,867

Parto por ventosa ou fórceps 3 (10) 37 (13,2) 0,780

Laceração perineal (3º ou 4º grau) 0 5 (1,8) 1,000

Tempo de internamentoMedianaAIQ

 4824

 4824

 0,015*

 

Internamento prolongado 9 (30) 32 (11,4) 0,009*

Legenda: * Teste exato de Fisher; AIQ – amplitude interquartil.

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27original articlesartigos originais

DISCUSSÃOEstudos prévios têm demonstrado um aumento do peso

médio ao nascimento, assim como da proporção de RN ma-crossómicos nas últimas décadas em diversos países. Fatores maternos, como o aumento do índice de massa corporal (IMC), ganho de peso durante a gestação e prevalência de diabetes têm sido apontados como possíveis causas.23,24

No presente estudo, a percentagem de RN macrossómi-cos nos dois anos analisados foi de 2,9% no HSOG e 2,7% no CHCB. Esta incidência é bastante inferior à de 7,1% e 9,1% encontrada em estudos de outros países europeus.13,19

Embora diversos estudos tenham mostrado uma maior inci-dência de macrossomia com o aumento da idade materna, este estudo não encontrou qualquer associação entre essas variá-veis em nenhum dos hospitais.7.9

Não se encontrou associação entre pré-eclâmpsia e ma-crossomia, sendo que o número reduzido de casos não permite retirar conclusões consistentes. Embora seja geralmente asso-ciada a restrição de crescimento intra-uterino, alguns estudos têm colocado a hipótese de que a pré-eclâmpsia no terceiro trimestre exerça influência num maior crescimento fetal, possi-velmente por um aumento compensatório do fluxo sanguíneo da placenta.11,12,25,26 Mais investigação é necessária para comprovar essa hipótese.12

A presença de hábitos tabágicos durante a gestação tam-bém não mostrou, neste estudo, ter influência no peso do RN.

No HSOG, a multiparidade e a existência de um RN prévio macrossómico mostraram estar fortemente associados à pre-sença de macrossomia neonatal, com resultados similares aos de estudos anteriores de maior dimensão.3,7 Não se verificou essa associação no CHCB.

A diabetes materna é um fator de risco reconhecido em mui-tos estudos internacionais, inclusive nos países em desenvolvi-mento.3,5,27 O relatório do Consenso sobre Diabetes e Gravidez de 2011 menciona a importância do hiperinsulinismo fetal no seu crescimento excessivo.4 Neste estudo, encontrou-se uma associação entre diabetes materna e macrossomia neonatal no CHCB, mas não no HSOG.

Um estudo português realizado no HSOG avaliou a importân-cia do IMC prévio à gravidez e do ganho ponderal durante a gesta-ção na predição do peso do RN, no caso de mulheres com diabe-tes gestacional. Os investigadores concluíram que o excesso de peso materno e o ganho de peso durante a gestação influenciam, de forma independente, o peso ao nascimento. No estudo em causa, nenhum macrossómico nasceu de mulheres normoponde-rais com diabetes gestacional.28 A importância do peso prévio e do ganho ponderal durante a gravidez também foi avaliada neste estudo. Devido à inexistência de dados sobre a altura materna em muitos casos, não foi calculado o IMC prévio à gestação, o que limita as conclusões que podem ser retiradas. Contudo, a media-na do peso antes da gravidez foi significativamente superior nas mães dos macrossómicos, no HSOG (68 kg vs 62 kg) e no CHCB (73kg vs 61,5 kg). As mães dos macrossómicos também apresen-taram uma mediana do ganho de peso durante a gestação supe-rior à dos normossómicos no HSOG (15 kg vs 11,5 kg), mas não

no CHCB. O Institute of Medicine (IOM) forneceu recomendações acerca do ganho ponderal durante a gravidez de acordo com o IMC materno.29 Estudos posteriores poderão avaliar a influência do ganho ponderal superior ao recomendado na macrossomia, tendo em consideração gestantes portuguesas sem diabetes.

A análise dos fatores de risco do RN mostrou que existe uma forte associação entre o sexo masculino e macrossomia, o que é concordante com estudos prévios.13,19

Em ambos os hospitais, verificou-se que os RN macrossó-micos apresentaram, em mediana, mais uma semana de gesta-ção do que normossómicos (39 vs 40 semanas). Nascimentos pós-termo (≥42 semanas) foram considerados fatores de risco para macrossomia em outros estudos, contudo não foi possível avaliar essa associação neste estudo devido ao reduzido núme-ro de casos.7,30

A incidência de distócia de ombros, segundo alguns auto-res, varia entre 0,6 e 1,4% nos RN normossómicos e 5 e 9% em RN com peso ao nascimento entre 4000 e 4500g.16,31 A lesão do plexo braquial e a fratura da clavícula podem ocorrer como com-plicações da distócia de ombros, com incidência reportada por outros autores de 15% e 5-15% respetivamente.32 Wollschlae-ger et al encontraram uma incidência sete vezes superior de dis-tócia de ombros nos RN macrossómicos comparativamente ao grupo controlo (3000-3999g). No caso da fratura da clavícula e da paralisia de Erb, essa incidência foi cinco vezes superior.13 No presente estudo, foi encontrada uma associação estatisti-camente significativa entre distócia de ombros e macrossomia neonatal apenas no HSOG, com uma probabilidade cerca de nove vezes superior de apresentarem esta complicação rela-tivamente aos normossómicos. É importante levar em conta a elevada amplitude do IC, pelo que as conclusões a serem reti-radas não são robustas. Contudo, o limite inferior continua a ser considerável, pelo que a maior probabilidade desta complicação nos macrossómicos é admissível.

A incidência de fratura da clavícula e lesão do plexo braquial não se mostrou significativamente superior nos macrossómicos, em nenhum dos hospitais. Também não se constatou associa-ção entre macrossomia e síndrome de aspiração meconial.

A diabetes materna é considerada uma causa subjacente em muitos casos de hipoglicemia em RN macrossómicos. Contu-do, Linder et al demonstraram maior frequência de hipoglicemia nos macrossómicos relativamente aos controlos, ao analisarem apenas filhos de mães não diabéticas.2 No presente estudo, a frequência de hipoglicemia foi também superior nos RN com macrossomia, no CHCB. No entanto, não foram comparados os filhos de mães diabéticas com os de mães não-diabéticas, pelo que não podem ser obtidas conclusões similares às de Linder et al. Além disso, tal como no caso da distócia de ombros, o IC pos-sui uma grande amplitude. Estudos posteriores, com maior popu-lação e que eliminem a diabetes materna como variável de confu-são poderão obter conclusões mais sólidas no que diz respeito à associação entre macrossomia e hipoglicemia em Portugal.

A percentagem de RN com uma ou mais das complicações analisadas foi significativamente superior nos macrossómicos no HSOG e no CHCB.

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28 original articlesartigos originais

Os resultados na análise das complicações maternas, no HSOG, demonstraram a presença de desproporção feto-pél-vica em 26,61% dos partos dos macrossómicos, um resulta-do significativamente superior ao dos normossómicos (4,2%). Boulet et al demonstraram um aumento considerável de des-proporção feto-pélvica com o aumento do peso ao nascimen-to. Os resultados da investigação mostram uma taxa de 2,3% nos normossómicos e uma variação entre 5,3 e 11,1%, nos RN com pesos compreendidos entre 4000-4500 g e >5000 g respetivamente.

No HSOG, 44,5% dos macrossómicos nasceram por cesa-riana, um resultado significativamente superior ao dos controlos. Um estudo realizado na Hungria, em 2011, reporta uma taxa nas-cimentos por cesariana nos macrossómicos de 49,3%.19 Boulet et al reportaram uma percentagem que variou entre 25,5% (peso ao nascimento entre 4000-4499g) e 50,6% (peso ao nascimento >5000 g).3 Em ambos os casos e de forma consistente com este estudo, a proporção de nascimentos por cesariana foi significa-tivamente superior à dos controlos. No CHCB, essas diferenças não foram estatisticamente significativas.

Alguns autores encontraram uma maior percentagem de la-ceração perineal materna de 3º e 4º grau nos nascimentos de macrossómicos.7,13 Contudo, tal não se verificou no presente estudo.

A análise do tempo de internamento materno mostrou que, em mediana, no HSOG, as mães dos macrossómicos ficaram mais um dia no hospital do que as dos normossómicos. Contu-do, na análise do internamento prolongado, em que foi levado em conta o tipo de parto, não se encontrou diferenças significati-vas entre os dois grupos. Pelo contrário, no CHCB, as medianas do tempo de internamento foram sobreponíveis nos dois gru-pos (48h), mas a percentagem de internamentos prolongados foi maior nas mães dos RN macrossómicos (30% vs 11,4%).

A análise da proporção de mães com parto por ventosa/fórceps ou que receberam transfusão sanguínea não mostrou diferenças significativas entre os dois grupos analisados.

Boulet et al propuseram uma divisão dos RN macrossó-micos em três categorias: 4000-4499 g (grau 1), 4500-4999 g (grau 2) e >5000 g (grau 3). Os investigadores concluíram que o grau 1 de macrossomia é um indicador de risco aumentado de complicações neonatais e maternas, enquanto os restantes graus estão associados a maior morbilidade (grau 2) e morta-lidade (grau 3) neonatais. Esses resultados são concordantes com as recomendações do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), que mencionam o aumento do risco de morbilidade materna e neonatal quando o peso ao nascimen-to se situa entre 4000 e 4500 g, mas de forma mais acentuada quando esse peso é >4500 g.8

Dado o número limitado de casos no presente estudo, não foi realizada uma comparação entre os diferentes graus de ma-crossomia propostos por Boulet et al.

Sendo este um estudo retrospetivo, possui várias limitações. Uma das principais deve-se ao facto de ser baseado em regis-tos médicos. Dados que não constavam nos registos, como a escolaridade materna, não puderam ser avaliados no estudo.

Encontraram-se diferenças entre o HSOG e o CHCB no que diz respeito às variáveis que tiveram uma associação estatisti-camente significativa com peso ≥4000 g, quer a nível dos fato-res de risco, quer das complicações. Não foi efetuada uma com-paração entre os dois hospitais de modo a obter uma explicação para essas discrepâncias, o que poderá constituir também uma potencial limitação deste estudo. Os hábitos de vida associados à diferente localização geográfica, cobertura médica assisten-cial, assim como a diferença na dimensão da população incluída poderão ser possíveis explicações.

Um estudo de maiores dimensões e com um período mais longo, efetuado a nível nacional, poderia clarificar o cenário português.

CONCLUSÕES

Atualmente não existe muita informação no que diz respeito à situação portuguesa quanto à morbilidade neonatal e materna associada à macrossomia neonatal, sendo este um dos primei-ros estudos a abordar essa questão.

De forma consistente com várias publicações internacionais, o presente estudo revelou um aumento da incidência de compli-cações maternas e neonatais em RN com peso ≥4000 g, com-parativamente aos normossómicos.

Distócia de ombros no HSOG e hipoglicemia no CHCB mos-traram ter associação com macrossomia neonatal. O estabele-cimento de protocolos de atuação relativos a essas situações em casos suspeitos de macrossomia seria crucial para reduzir a morbilidade associada.

Não existem ainda métodos totalmente eficazes para a iden-tificação de macrossomia antes do nascimento.8 Assim, a apli-cação de medidas preventivas, nomeadamente o controlo apro-priado da diabetes gestacional e do peso materno, afiguram-se benéficas.10,28,33,34

Estudos prévios sugeriram que RN macrossómicos possuem uma maior predisposição para excesso de peso ou obesidade durante a infância e diabetes tipo 2 a longo prazo.35,36 A existência de um plano de seguimento dos RN macrossómicos incluídos neste estudo poderá permitir que investigações posteriores ava-liassem o risco de complicações a longo prazo.

AGRADECIMENTOS E ESCLARECIMENTOSEste estudo foi realizado no âmbito da Unidade Curricular

Dissertação/Monografia/Relatório de Estágio Profissionalizante do 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

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CORRESPONDENCE TOClara Paz DiasHospital Senhora da OliveiraRua dos Cutileiros, 114 Creixomil 4835-044 GuimarãesEmail: [email protected]

Received for publication: 12.05.2016 Accepted in revised form: 12.07.2016

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Proteção solar: Conhecimentos e hábitos na população pediátrica

SUN PROTECTION: KNOWLEDGE AND HABITS IN PEDIATRIC POPULATION

ABSTRACTIntroduction: Intense solar exposure during the first decade

in life is known to be closely related to photoaging as well as to the development of skin cancer. Parents should be responsible in fostering healthy habits, protecting their children from the risks associated to excessive sun exposure.

Objectives: To assess the level of knowledge and to understand the caregiver’s habits regarding sun protection of children/adolescents in outpatient and our Pediatric emergency department.

Material and Methods: Cross-sectional study in which was applied a questionnaire on socio-economic data, as well as knowledge and habits concerning sun protection. Frequency tables and chi-square tests were applied, statistically significant p <0.05.

Results: Sample totaled 249 caregivers. The period of the day of greatest exposure to sunlight was after 4:00pm (52%). In respect to the number of hours of daily sun exposure, the most reported was up to three hours a day (68% children/adolescents and 64% of caregivers). Regarding the use of sunscreen, 92% of children/adolescents and 85% of caregivers responded affirmatively, being that this result was statistically significant (p <0.05). As for the frequency of renewal of sunscreen, 35% of

children/adolescents renewed two times, and 37% of caregivers renewed one time, also statistically significant (p <0.05). Most of those included in the study affirm that they do not wear sunscreen during the other seasons of the year besides summer, one again statistically significant (p <0.05). Caregivers showed to acquire more information/knowledge about sun protection through the media (44%).

Conclusion: Prevention and multidisciplinary follow-up are of utmost importance. An efficient articulation between the family doctor and the pediatrician is crucial. As family physicians, we must be aware of this reality and should be more efficient than any other means.

Keywords: Children; adolescent; habits; sun protection; sun

RESUMOIntrodução: A exposição solar intensa nas primeiras déca-

das de vida relaciona-se com o fotoenvelhecimento cutâneo e desenvolvimento de cancro da pele. Os pais devem responsa-bilizar-se pela sua fotoproteção e fomentar hábitos saudáveis nas crianças, sendo importante evitar ou diminuir o tempo de exposição solar.

Objetivos: Avaliar os conhecimentos e hábitos dos cuidado-res relativamente à proteção solar das crianças/adolescentes, na consulta externa e serviço de urgência de Pediatria do Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga.

Material e métodos: Estudo transversal, para o qual foi apli-cado um questionário, sobre dados socioeconómicos, conheci-mentos e hábitos sobre proteção solar. Foram utilizadas tabelas de frequência e testes Qui-quadrado, sendo estatisticamente significativo p<0,05.

Resultados: Amostra de 249 cuidadores. O período do dia de maior exposição solar foi após as 16 horas (52%). Até três horas por dia foi o tempo de exposição solar diário mais relatado (68% criança/adolescente e 64% cuidador). Quanto ao uso de protetor solar, 92% das crianças/adolescentes e 85% dos cui-dadores, responderam afirmativamente, sendo estatisticamente significativo (p<0,05). Quanto à frequência de renovação de pro-tetor solar, 35% das crianças/adolescentes renovam duas vezes, e 37% dos cuidadores uma vez, sendo estatisticamente signifi-cativo (p<0,05). A maioria da população não usava protetor solar nas outras estações do ano, sendo estatisticamente significativo (p<0,05). Os cuidadores referiram obter mais informação sobre proteção solar através da comunicação social (44%).

Carla RibeiroI, Adriana RelvasII, Lígia CarvalhoIII, Vera CostaIV,Lúcia GomesV, Miguel CostaV

__________

I General Practice and Family Medicine, Unidade de Saúde Familiar La Salette, ACeS Entre Douro e Vouga II.

3720-255 Oliveira de Azeméis, Portugal. [email protected] General Practice and Family Medicine, Unidade de Saúde Familiar

Famílias, ACeS Entre Douro e Vouga I. 4535-068 Santa Maria da Feira, Portugal. [email protected] General Practice and Family Medicine, Unidade de Saúde Familiar

Calâmbriga, ACeS Entre Douro e Vouga II. 3720-250 Vale de Cambra, Portugal. [email protected] General Practice and Family Medicine, Unidade de Saúde Familiar São

João, ACeS Entre Douro e Vouga II. 3700-298 São João da Madeira, Portugal. [email protected] Department of Pediatrcis, Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga, 4520-211 Santa Maria da Feira, Portugal. [email protected]; [email protected]

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32 original articlesartigos originais

MATERIAL E MÉTODOSFoi realizado um estudo analítico transversal, visando co-

nhecer os hábitos da população pediátrica e seus cuidadores face aos cuidados relacionados com a proteção solar. A amos-tra foi composta por crianças dos 0 aos 18 anos e respetivos acompanhantes que frequentaram as Consultas Externas e o Serviço de Urgência de Pediatria do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga, E.P.E. (CHEDV) durante o mês de agosto de 2015. O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética do CHEDV.

Enquanto as crianças e cuidadores aguardavam na sala de espera pelo atendimento em contexto de consulta e/ou urgên-cia, foi distribuído um questionário com questões direcionadas aos hábitos da criança e do cuidador. Tratou-se de um questio-nário confidencial de auto-preenchimento pelos cuidadores das crianças, adaptado e construído para o efeito. Após o preen-chimento, os cuidadores deveriam colocar o questionário numa caixa fechada para o efeito. O tratamento estatístico dos dados obtidos, foi realizado através do software estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 20.0® para o Micro-soft Windows®.

Inicialmente foram aplicados conceitos de estatística descri-tiva, recorrendo a frequências absolutas (n) e relativas (%) para as variáveis qualitativas e a medidas de tendência central (média) e de dispersão (desvio-padrão) para as variáveis quantitativas.

Posteriormente, aplicaram-se técnicas de inferência esta-tística com o objetivo de validar as hipóteses em investigação. Para testar a normalidade das variáveis em estudo usou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov. Para verificar a homogeneidade das variâncias usou-se o teste de Levene. Para a análise de variáveis qualitativas usou-se o teste do Qui-quadrado e para variáveis quantitativas usou-se o teste t de student para amos-tras independentes.

A tomada de decisão foi feita com base no valor do p-value, considerando como nível de significância α = 0,05.

RESULTADOSResponderam ao questionário 249 cuidadores das crianças/

adolescentes, com uma média de idades de 38,83 anos. É de salientar que 80,72% dos principais cuidadores que acompa-nharam as crianças/adolescentes trataram-se de mães. O grau de escolaridade mais frequente foi o 12º ano (33,7%).

Pode-se constatar que o setor económico profissional do cuidador mais presente foi o setor terciário, com 48%, seguido do setor secundário, com 31%. Dos cuidadores inquiridos, 13% encontravam-se desempregados.

As crianças/adolescentes em estudo tinham uma média de idades de 9,49 anos. Cerca de 57% da amostra era constituída por indivíduos do género feminino.

Quando questionados relativamente à presença de algum problema de pele, a maioria (87%) referiu não apresentar pro-blemas de pele.

O fototipo de pele predominante foi o fototipo III (49,4%), seguido do fototipo II (41%) e fototipo V (9,6%). Durante o pe-ríodo em estudo, não foi inquirido nenhuma criança/adolescente com fototipo VI.

Conclusão: A prevenção e o acompanhamento multidis-ciplinar são importantes. A multidisciplinaridade entre os cui-dados de saúde primários e a Pediatria torna-se fulcral. Como médicos, devemos estar atentos para esta realidade, devendo ser mais eficientes do que qualquer outro meio.

Palavras-chave: Adolescente; conhecimento; criança; hábi-tos; proteção solar; sol

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2017; 26(1): 31-5

INTRODUÇÃOA maioria dos efeitos biológicos da luz solar sobre a pele

humana deve-se à radiação ultravioleta (UV). Os efeitos da ra-diação UV são cumulativos e irreversíveis. Alguns são imediatos como o aparecimento de eritema, pigmentação ou queimadu-ras solares e outros aparecem de forma mais tardia, como o envelhecimento cutâneo ou o aumento do risco de carcinogé-nese.1 A exposição solar intensa durante as primeiras décadas de vida relacionou-se especialmente com o fotoenvelhecimento cutâneo e o surgimento de cancro da pele. Neste sentido, de-monstrou-se uma intensa correlação entre as queimaduras na infância e o risco de melanoma.2

Os dados oficiais do Registo Oncológico Nacional de 2008 apontam para cerca de 8,2 novos casos de melanoma por 100.000 habitantes por ano e 1,2 novos casos de cancro de pele não-melanoma. Sabe-se que existe subnotificação dos cancros da pele em geral, em particular dos não-melanoma.3

Perante estes dados, é fundamental uma intervenção preco-ce. Assim, a prevenção primária do cancro da pele deve ter como principal população-alvo a infantil. A fotoproteção inclui todas as medidas que nos permitem proteger das radiações solares e deve começar na infância. As medidas de fotoproteção devem ser mais intensas na população infantil e juvenil, pois as crianças são mais suscetíveis às radiações UV. Cerca de 50-80% das alterações in-duzidas pela exposição solar que um indivíduo recebe ao longo de toda a vida ocorrem durante a infância e a adolescência.4 São os pais que devem responsabilizar-se pela sua fotoproteção e fo-mentar hábitos saudáveis nas crianças com o seu próprio exem-plo. A medida mais importante consiste em evitar ou diminuir o tempo em que as crianças estão expostas à radiação solar, seja de forma intencional ou não. Outras medidas físicas incluem o uso de fotoprotetores, o uso de óculos e guarda-sol.1

Assim, os objetivos deste trabalho foram avaliar os conheci-mentos e hábitos dos cuidadores relativamente à proteção solar das crianças e adolescentes e procurar estabelecer uma relação entre esses conhecimentos e diferentes variáveis (género, ida-de, escolaridade, profissão, tipo de pele, presença de sardas, le-sões na pele, horário de exposição ao sol, uso de protetor solar e fator de protetor solar, uso de outros meios físicos de proteção solar) bem como investigar a maior fonte de informação sobre proteção solar.

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A maioria das crianças/adolescentes não apresentavam sar-das (83,5%), 16,1% apresentavam e 0,4% não responderam.

Relativamente aos horários de maior exposição solar das crianças/adolescentes relatados pelos cuidadores, 30,1% e 52,2% referiram dois períodos de exposição solar (manhã e tar-de, respetivamente). O período do dia de maior exposição foi após as 16 horas (52,2%), como se pode verificar no gráfico 1. No gráfico 2, analisando o horário de exposição solar dos cuidadores, pode-se verificar que o maior horário de exposição foi o mesmo referido para as crianças/adolescentes (44,6%), havendo uma redução na exposição solar entre as 11 e as 16 horas (44,6%), com acréscimo no horário até às 11 horas da manhã (35,7%).

Quanto ao tempo de exposição solar diário das crianças/ado-lescentes como dos cuidadores, notou-se que foi até 3 horas por dia o tempo mais citado, com 68,3% e 64,3%, respetivamente.

Quando questionados sobre o uso de protetor solar na crian-ça/adolescente, 92% dos inquiridos responderam afirmativa-mente, e relativamente ao seu uso no cuidador, 85% afirmaram que usam protetor solar. Com estes resultados obtiveram-se di-ferenças estatisticamente significativas (p<0,001) nas respostas entre as crianças/adolescentes e o cuidador.

Sobre a frequência com que renovam o protetor solar na criança/adolescente, 35,4% renova 2 vezes. Relativamente ao cuidador 36,5% dos inquiridos renovam apenas 1 vez, tendo-se verificado resultados estatisticamente significativos (p<0,001) relativamente ao comportamento nas crianças/adolescentes versus cuidador.

Relativamente ao fator de proteção solar (FPS) mais usado pela criança/adolescente e cuidador, o FPS 50 ou 50+ foi usado em 66,3% da população, seguido do FPS 30 com 20,5%.

Em relação ao uso de outros meios físicos de proteção solar na criança/adolescente, foram colocadas diferentes opções e era possível selecionar mais de que uma opção. No gráfico 3, verifi-ca-se que o chapéu e o guarda-sol (27,8%) foram mais frequen-temente selecionados, seguido da camisola (25,5%) e dos óculos de sol (18,4%). É ainda de salientar que a maioria (41%) optou por selecionar o uso de 3 opções de meios físicos de proteção solar. No que respeita ao cuidador 66% responderam afirmativa-mente quanto ao uso de outros meios físicos de proteção solar.

A maioria dos inquiridos afirmou não usar protetor solar noutras estações do ano, tanto na criança/adolescente (68,3%) como no cuidador (75,2%). Dos inquiridos que responderam afirmativamente (28,5%), foi solicitado para especificarem em que estação do ano usavam protetor solar. Assim, 46,4% refe-riram usar durante a Primavera e 39,4% durante todo o ano. O uso de protetor solar noutras estações do ano obteve diferenças estatisticamente significativos (p<0,001) entre os dois grupos.

Quando questionados relativamente ao local onde obti-veram maior informação sobre proteção solar, 43,7% dos in-quiridos referiram que obtiveram maior informação através da comunicação social, seguido do Médico de Família/Enfermeiro de Família (25,4%). Apenas 4% responderam outro meio de in-formação, 33% especificaram a farmácia e 26,7% através de conhecimento próprio.

DISCUSSÃONo presente estudo, foram entrevistados 249 cuidadores de

crianças durante o mês de agosto de 2015. A idade média dos cuidadores foi de 38,83 anos, sendo 80,72% do sexo feminino. De forma semelhante, num estudo brasileiro recente efetuado por Bonfá et al, no qual o objetivo principal foi avaliar o perfil dos conhecimentos e hábitos de fotoproteção entre crianças e

Gráfico 1 - Horário da exposição solar da criança/adolescente.

Gráfico 2 - Horário da exposição solar do cuidador.

Gráfico 3 - Uso de outros meios físicos de proteção solar na criança/adolescente.

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os seus cuidadores, foram entrevistados cuidadores de crian-ças, verificando-se que 89,8% eram do sexo feminino e a média de idades foi de 35,84 anos.5 A idade média das crianças no presente estudo foi de 9,49 anos, o tipo de pele predominante foi morena clara (49,1%) e a maioria não tinha sardas (83,5%). Estes dados foram semelhantes entre os estudos.5

Relativamente ao horário e tempo de exposição, neste estu-do a maioria das crianças teve exposição solar em horário ade-quado (30,1% antes das 11h e 52,2% após as 16h). No entanto, verifica-se que uma percentagem considerável (25,7%) sofre exposição entre as 11 e as 16 horas.

Contudo, comparativamente com outros estudos, a nossa população parece mais consciencializada sobre os horários adequados de exposição. No estudo anteriormente referido, 37,3% das crianças relataram exposição entre as 10 e as 16 horas e num outro estudo brasileiro, o período de maior exposi-ção foi precisamente entre as 10 e 16 horas (65,5%).5,6 Bonfá et al relatam que parece não haver muito conhecimento entre os cuidadores sobre o melhor horário de exposição, uma vez que apenas 32,6% dos entrevistados referiu como horário adequado ser até às 10h e após as 15h.5

Em relação ao tempo de exposição, no estudo realizado a grande maioria das crianças (68,3%) tem exposição até 3 horas diárias e, de forma semelhante, Silva et al num estudo brasileiro, referem que o tempo de exposição mais relatado foi de 3 a 4 horas (33,3%).6

No que diz respeito ao protetor solar usado, cerca de 92% das crianças/adolescentes e 85% dos cuidadores responde-ram afirmativamente quanto ao uso do mesmo, sendo que se observaram diferenças estatisticamente significativas entre as crianças/adolescentes e os cuidadores (p <0,001). O fator de proteção solar (FPS) mais usado corresponde ao FPS 50 e 50+. Em contrapartida, no estudo de Bonfá et al o FPS mais usado foi o 30, com apenas 22% dos entrevistados referindo utilizá-lo sempre.5 Silva et al verificaram que 50% dos entrevistados re-lataram que as crianças não fazem o uso de protetor solar nem quando expostas a sol intenso.6

No que respeita à frequência da renovação do protetor so-lar existem diferenças estatisticamente significativas (p <0,001) entre o referido pelas crianças/adolescentes e pelos seus cui-dadores, sendo maior no referido pelas crianças/adolescentes.

Verificamos também, que a maior parte das crianças em estudo usa outras medidas de proteção solar adicionais, assim como no estudo de Bonfá et al, em que o uso de chapéu é o mais citado. Contrariamente, Silva et al verificaram que 66,7% das crianças não fazem uso de medidas de proteção adicio-nal.5,6

As discrepâncias em termos de hábitos relativamente à pro-teção solar entre estes estudos é difícil de explicar. Levantamos a hipótese da baixa escolaridade por parte dos cuidadores, uma vez que cerca de metade tinha apenas o ensino primário com-pleto ou incompleto, que pode levar a menos conhecimentos sobre os riscos associados à forte exposição solar e medidas de proteção. Contudo, em ambos os estudos verificou-se o mesmo perfil de escolaridade.5

Neste trabalho, o objetivo primordial foi avaliar as práticas quanto à fotoproteção e fotoexposição, não sendo possível avaliar de forma consistente os conhecimentos relativos a esta temática, uma vez que, ao colocar perguntas de ambos os com-ponentes num mesmo questionário poderia enviesar as respos-tas dadas pelos cuidadores, ao responderem o pretendido e não o real. No entanto, podemos tirar algumas conclusões.

Uma percentagem muito pequena de crianças faz uso do protetor solar diariamente, parecendo usá-lo apenas quando há exposição direta ao sol que seja evidente aos seus cuida-dores. De igual forma, a grande maioria apenas se protege nos meses de Verão, à semelhança de outros estudos pesquisa-dos, em que percentagens relativamente baixas de crianças usavam protetor solar diariamente. Ainda relativamente a este tema, é de salientar que se verifica uma diferença nas respos-tas sobre o uso de proteção solar noutras estações do ano entre crianças/adolescentes e os cuidadores (p <0,001). Em dois estudos brasileiros, apenas 18,3% e 13,4% das crianças faziam uso diário do protetor solar.5,6 Num estudo multicêntri-co europeu apenas 25% das crianças faziam uso rotineiro de protetor solar.7 Nos EUA, um estudo demonstrou que, 24% dos adultos, mesmo no Verão, nunca aplicavam protetor nos seus filhos.8 Noutro estudo na Lituânia, apenas 18,8% das crianças fazia uso de protetor solar “quase sempre”.9 Noutro estudo, 43% afirmaram usar protector solar nas suas crianças regu-larmente.10

O uso de protetor solar parece ser a medida mais usada para a fotoproteção.7,10

Importa ainda destacar o papel dos meios de comunicação social na informação da população, citada por 43,7% dos cui-dadores, o que está em consonância com outros estudos, nos quais a percentagem encontrada foi ainda mais elevada.1 Verifi-cou-se que 25,4% relataram como relevante o papel do médico de família na informação recebida. Este valor encontra-se muito aquém do que seria o ideal, ou pelo menos expectável, uma vez que o médico de família tem um papel primordial na prevenção. Este défice poderá ser colmatado futuramente através de cam-panhas de educação para a saúde dirigidas à população em geral e individuais a decorrerem nos centros de saúde. Assim, a comunicação social continua a ser o principal meio de educação para a saúde nesta área (43,7%), seguido do Médico de Família/Enfermeiro de Família (25,4%), farmácia (33%) e 26,7% através de conhecimento próprio.

Por fim, é importante destacar que comparando as atitudes dos pais relativamente à sua autoproteção com as que têm para com os filhos são bastante semelhantes. Com dados seme-lhantes, outros estudos consideram os hábitos parentais o fator mais determinante para a fotoproteção das crianças.11,12

A comunicação com os cuidadores, incorporando os prin-cípios da entrevista motivacional, pode ser mais eficaz na pro-moção da mudança comportamental do que advertências, para usar protetor solar.13

Assim, a educação sobre proteção solar deve ser destinada a crianças e seus cuidadores, seja em casa, na escola ou na sociedade em geral.

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CONCLUSÕESEste trabalho permite verificar que ainda há muito a fazer na

área da protecção solar de crianças e adolescentes, com pre-venção e acompanhamento multidisciplinar, abrangendo tam-bém a saúde dos cuidadores.

Os benefícios a retirar deste estudo permitiram demonstrar que ainda existe um hiato no âmbito desta temática, nomeada-mente os médicos de família deverão ter um papel mais ativo, na medida em que os cuidadores são também seus utentes, cons-tituindo uma área a investir. É de salientar que “um gesto vale mais do que mil palavras” e as crianças e jovens no seu futuro, seguem o exemplo dos seus cuidadores.

A complementaridade entre os cuidados de saúde primários e a Pediatria torna-se fulcral, para que este sistema preventivo funcione na sua plenitude. Sugere-se, assim, campanhas inte-grais que reúnam as várias especialidades médicas e técnicos de saúde, comunicação social, farmácias e escolas, para que todos estejam em uníssono, de forma a promover bons hábitos de proteção solar em Portugal.

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13. Cohen L,  Brown J,  Haukness H,  Walsh L,  Robinson JK. Sun  protection  counseling by pediatricians has little effect on parent and  child  sun  protection  behavior. J Pediatr. 2013;162:381-6.

CORRESPONDENCE TOCarla RibeiroGeneral Practice and Familiy MedicineUnidade de Saúde Familiar La SaletteACeS Entre Douro e Vouga IIRua Professor Ângelo da Fonseca 186,3720-287 Oliveira de AzeméisEmail: [email protected]

Received for publication: 14.06.2016Accepted in revised form: 12.09.2016

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Brain Magnetic Resonance evaluation and pubertal development variations among

female adolescents

ABSTRACTAim: There is evidence that adolescents with distinct rhythms

of pubertal maturation have different psychosocial behaviours. However, a relation between pubertal maturation and the development of the prefrontal cortex and limbic system was not yet established. The aim of this study was to apply brain magnetic resonance imaging to investigate brain development of teenagers with similar age but distinct timing of pubertal maturation.

Methods: We compared the hormonal profiles and brain structure and volume using magnetic resonance imaging of two groups of 14 year-old girls, four with an early pubertal development (group 1) and three with an average pubertal development (group 2).

Results: The age at onset of puberty was the only biological variable that distinguished the two groups (p = 0,05). There were no differences regarding global brain volume. However, early-maturers showed a tendency for an increased volume of all subcortical structures except for nucleus accumbens.

Conclusion: To our knowledge, this is the first work to address the relation of pubertal maturation timing and central nervous system development using brain magnetic resonance imaging. The observed tendency for an increased volume of the subcortical structures may be related to a possible delayed development of the nucleus accumbens in early-maturers, and may explain the increased vulnerability of this group to risk behaviours.

Keywords: Adolescence; brain development; magnetic resonance imaging; neuroimaging; puberty

TRADUÇÃO NEUROIMAGIOLÓGICA DOS RITMOS DE MATURAÇÃO PUBERTÁRIA EM ADOLESCENTES DO SEXO FEMININO

RESUMOIntrodução: Há evidência que adolescentes com a mesma

idade cronológica mas com estádios pubertários distintos têm comportamentos psicossociais diferentes. Desconhece-se, no entanto, se existe alguma relação entre o ritmo de maturação pubertária e o desenvolvimento do córtex pré-frontal e sistema límbico.

Objetivo: Pretendeu-se com este trabalho avaliar através de ressonância magnética, o desenvolvimento cerebral de adoles-centes do sexo feminino com a mesma idade cronológica mas com distintos ritmos de maturação pubertária.

Material e Métodos: Avaliaram-se parâmetros hormonais e imagiológicos (idade óssea, ultrassonografia pélvica e resso-nância magnética cerebral estrutural) a adolescentes de sexo feminino de 14 anos de idade.

Resultados: Foram incluídas no estudo quatro adolescen-tes maturadoras precoces (grupo 1) e três maturadoras médias (grupo 2), A idade de início da puberdade foi a única variável biológica que distinguiu os 2 grupos (p=0,05).

Apesar de não se encontrar significado estatístico, verificou--se que as maturadoras precoces, apresentavam volumes de todas as estruturas subcorticais estudadas superiores às matu-radoras médias, com exceção do núcleo accumbens.

Conclusões: Com base na pesquisa bibliográfica efetua-da, este estudo foi o primeiro a tentar relacionar os ritmos de maturação pubertária e o desenvolvimento cerebral através da ressonância magnética. A tendência observada para o aumento do volume das estruturas subcorticais poderá estar relacionado com um possível atraso na maturação do núcleo accumbens nas maturadoras precoces e poderá explicar o aumento da vul-nerabilidade deste grupo para comportamentos de risco.

Consideramos que poderá constituir o ponto de partida para investigações futuras, de forma a compreender melhor o desen-volvimento adolescente e assim permitir encontrar formas mais eficazes de intervenção.

Palavras-chave: Adolescência; desenvolvimento cerebral; neuroimagem, puberdade; ressonância magnética

Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal

2017; 26(1): 36-42

Paula FonsecaI, Daniela SeixasII, III, Helena FonsecaIV

Sofia BrandãoV, Manuel FontouraVI

__________

I Department of Pediatrics, Unidade de Vila Nova Famalicão, Centro Hospitalar Médio Ave. 4761-917 Vila Nova de Famalicão, Portugal.

[email protected] Department of Experimental Biology, Faculdade de Medicina,

Universidade do Porto. 4200-319 Porto, Portugal. [email protected] Department of Imaging, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

4434-502 Vila Nova de Gaia, Portugal. [email protected] Department of Pediatrics, Faculdade de Medicina, Universidade de

Lisboa. 1649-028 Lisboa, Portugal. [email protected] Magnetic Ressonance Unit, Centro Hospitalar São João. 4200-319 Porto, Portugal. [email protected] Department of Pediatrics, Faculdade de Medicina, Universidade do

Porto. 4200-319 Porto, Portugal. [email protected]

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São João - EPE, Porto, Portugal. All the volunteers were previously followed in this unit by suspected (not confirmed) pathology.

The inclusion criteria were the following: adolescent females of 14 years of age who had the thelarche between eight and nine years of age (early-maturers) or between 10 and 11 years of age (average-maturers). Exclusion criteria included having an associated pathology and / or being under pharmacological therapy. The study was approved by the Ethics Committee of the Centro Hospitalar São João - EPE. All volunteers and their legal representatives signed an informed consent according to the Helsinki Declaration.21

Clinical dataThe following data was collected from the individual clinical

files: weight, height, body mass index (BMI), the age at thelarche and menarche, sexual maturity rating (Tanner stage) (TS), hormonal profile previously performed within three months (including FSH – follicle-stimulating hormone; LH – luteinizing hormone; estradiol; 17OHP – 17 – hydroxyprogesterone; testosterone; DHEAS – dehydroepiandrosterone sulphate; androstenedione; IGF1 – insulin-like growth factor 1 (somatomedin C); FT4 – free thyroxine; TSH – thyroid stimulating hormone), bone age and pelvic ultrasound (including ovary volume, uterine volume and presence of endocavitary line).

Magnetic resonance imaging and brain volumetryMRI brain examinations were conducted in the Department

of Radiology of the Centro Hospitalar São João, EPE, using a 3.0T system (MAGNETOM® Tim Trio, Siemens Medical Solutions, Erlangen, Germany), equipped with a 12-channel head phased-array coil. All the datasets were acquired in a single session, with the presence of a neuroradiologyst. A 3D-T1-w pulse sequence (magnetisation prepared rapid acquisition gradient echo – MPRAGE) was acquired with the following parameters: 160 slices, 265 mm field-of-view (FOV); spatial resolution 1x1x1mm3, TR/TE/f.a. = 2030/2.96ms/9º.

Image processing was performed using the FMRIB Software Library (FSL) analysis tools.22,24 Brain volumetry (total brain, white matter and grey matter volumes) were calculated with the Sienax package from FSL, while the volume of subcortical structures (hippocampus, amygdala, thalamus, caudate nucleus, putamen, globus pallidus and nucleus accumbens) were measured with the FIRST toolbox, also part of FSL.22,26,27

Statistical analysisFrequency distributions were generated for every categorical

variable for the descriptive statistics. For non-homogenous variances, the Mann-Whitney test was adopted. Relations between hormone levels and subcortical structures were assessed using Spearman correlation coefficients. Statistical analyses were performed using SPSS 21 (IBM SPSS software). Results of the brain volumetry and of the volume of subcortical structures are presented as median and standard deviation (SD). Statistical significance was considered for p≤0.05.

INTRODUCTIONAdolescence is defined by marked physical and psychosocial

changes.1-6 It is a period of great vulnerability, particularly associated to experimentation and risk behaviours.7 The transition between childhood and adulthood is not straightforward and it is well known that adolescents with distinct rhythms of pubertal maturation have different psychosocial behaviours.2,8-10 Three distinct theories try to explain such differences: the “stressful change hypothesis”, the “off-time hypothesis” and the “early-timing hypothesis”.9 The first theory predicts that regardless of timing, girls experiencing the pubertal transition will manifest higher levels of emotional disturbance than pre or post-pubertal girls. The “off-time hypothesis” explains that both early and late maturing girls will manifest more psychological problems than their on-time age-mates. Finally, the “early-time hypothesis” advocates that girls maturing earlier than their peers will be less emotionally stable and will have more behaviour problems. Indeed, several studies have shown that early-maturer girls have a lower self-esteem, a higher risk of drug use and misuse and tend to carry a psychopathological profile, being more vulnerable to peer pressure.3,5,6

Although influenced by numerous factors such as genetics, nutrition and ethnicity, which may influence physical development, puberty is essentially a hormonal and neuroendocrinological process.1,4,7,11,12 Among girls, puberty starts between eight and 13 years of age (mean age: 10 years) with the onset of the thelarche.2,5,7,13,14

Notably, adolescence is recognized as the largest and most dynamic period of neuronal development. Longitudinal studies have revealed that grey matter maturation is represented by an inverted U-shape curve during childhood and adolescence, occurring from posterior to anterior regions of the brain. Accordingly, the prefrontal cortex (PFC), which participates in risk-benefit assessment and decision-making, is described as the last brain region to mature.6,13,15-19 As a result, the immature motivational circuit – limbic system/PFC – favours activity in brain emotional areas, including the nucleus accumbens and the amygdala.4,13,15 These data suggest that there may be a brain developmental explanation for the impulsivity and risk behaviours of adolescence.8

Magnetic resonance imaging (MRI) has been invaluable in the study of the central nervous system in humans in vivo, since it is an innocuous, reproducible and repeatable technique that offers high tissue contrast and spatial resolution.18-20

The purpose of this study was to investigate with MRI the brain development of female adolescents with the same chronological age but distinct rhythms of pubertal maturation.

To avoid potential confounding variables (such sex or endocrinology pathology) only healthy female adolescents were selected.

METHODS

SampleThe sample was identified and recruited from the Outpatient

Clinic of the Pediatric Endocrinology Unit of Centro Hospitalar

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38 original articlesartigos originais

RESULTSThirteen adolescents were identified. Four were excluded due

to no parental authorization (n=3) and participation refusal (n=1). From the nine volunteers that were included in the study, five were early-maturers (group 1) and four were average-maturers (group 2). The demographic characteristics of the sample are detailed in Table1.

The mean age of onset of puberty was 8,75 years for the early-maturers (range 8-11y) and 10,3 years for the average-maturers (range 10-11y), respectively. Menarche was at mean age of 11y for group 1 (minimum 11 years, maximum 12 years) and 12y for group 2 (minimum 11 years, maximum 13 years). All adolescents were TS 5, except for volunteer 5 who was stage 4. There were no differences between groups regarding age at menarche (p = 0,229), weight (p = 0,857) and BMI (p = 0,857).

Pelvic ultrasound evaluation was compatible with the respective pubertal development in all cases. Bone age was higher than chronological age in all adolescents (mean 15.4 ± 0.73 y). The hormonal profile was obtained for eight of the total of nine adolescents (Table 2). Hormonal results of all adolescents were within the reference values for age and gender, except for volunteer 1, 4 and 5, highlighted in Table 1, which were slightly above the reference values but without pathological relevance. Group 1 had higher levels than group 2 (not statistically significant) for FSH (p = 0,400), FT4 (p = 0,400), androstenedione (p = 1) and estradiol (p = 1); and lower levels of LH (p = 0,400), testosterone (p = 0,400), DHEAS (p = 0,400), IgF1 (p = 1), 17OHP (p = 0,700) and TSH (p = 0,629).

Regarding brain MRI, one adolescent did not complete the brain scan (V9). A diencephalic lesion was incidentally detected in another volunteer (V3), which was diagnosed later as a

pilocytic astrocytoma. Threrefore both volunteer (V3 and V9) were excluded.

Global brain and subcortical structures volumetry results are presented in Table 2. There were no statistical differences between the two groups for total brain volume, as well as for grey matter and white matter volumes (Figure 1). Concerning the volume of the subcortical structures, group 1 evidenced higher volumes for all subcortical structures (left and right-sided) than group 2, except for the nucleus accumbens (Figures 2 and 3).

Correlation of the subcortical brain structures volume and hormone levels was performed (Table 3). We found a positive correlation between FSH levels and the volume of the putamina (r = 0,886), and as well as between DHEAS levels and the volume of the left nucleus accumbens (r = 0,829). Negative correlations were found between LH levels and the left (r = -0,943) and right hippocampi volume (r = -1); between testosterone levels and the left caudate nucleus (r = -0,829), left and right putamina (r = -0,829) and globus pallidus (left r = -0,943; right r = -0,886); between estradiol and the left nucleus accumbens (r = -0,886); and between androstenedione levels and the right nucleus accumbens volume (r = -0,943).

DISCUSSIONOur research aimed at assessing brain neurodevelopment by

using brain MRI on a clinical sample of adolescents with distinct maturing rhythms. To our knowledge, this study is among the first to address the relation of pubertal maturation timing and the central nervous system development using MRI.

Regarding total brain volume, there were no differences between the early and average-maturers, despite early-maturers had had higher volumes for all subcortical structures except for the nucleus accumbens. It is well known that this nucleus

Table 1 – Characteristics of the study population.

ID Grou

p

T M W BMI

P TS FSH

(1.4

-40)

LH (1.1

-45)

Estr

ad(1

9-52

8)

Test

(11-

72)

DHEA

S(1

44-2

85)

Andr

os(0

.8-3

,3)

17-O

HP(0

.2-2

.3)

IGF1

(261

-540

)

FT4

(0.6

-1,6

)

TSH

(0.2

-5.4

)

V1 2 10 11 51,5 22,1 NP 5 3,44 5,61 284 90 191 5,37 1,3 277 0,93 1,91

V2 1 8 11 47,0 17,9 NP 5 7,88 5,53 62 24 98 1.2 0,87 327 0,69 2,02

V3 1 8 12 54,5 22,3 NP 5 0,29 0,21 12 43 188 2,02 0,34 138 0,74 1,72

V4 1 9 11 53,0 22,6 NP 5 7,09 4,72 116 45 83 4,75 1,07 476 0,99 1,18

V5 2 10 12 51,5 21,2 NP 4 6,09 3,59 48 37 317 2,78 1,34 518 0,82 2,74

V6 2 11 13 58,0 22,1 NP 5 5,51 6,64 54 49 154 2,36 1,1 550 0,69 1,86

V7 1 9 11 55,0 21,7 NP 5 5,15 3,33 42 46 219 3,11 1,86 524 0,9 2,41

V8 1 9 11 66,0 29,7 O 5 - - - - - - - 502 0,99 0,92

V9 2 11 12 95,4 35,5 O 5 5,22 8,02 53,4 25 132,2 - 2,2 - 1,15 2,24

Legend: [ID: identification, T: thelarche (years), M: menarche (years), W: weight (kgs), BMI: body mass index, P: percentile, NP: normoponderal, O: obesity, TS: Tanner stage, FSH: follicle stimulating hormone (mU/ml), LH:- luteinizing hormone (mU/ml), Estrad: estradiol (pg/ml), Test: testosterone (ng/dl), DHEAS: dehydroepiandrosterone sulphate (ug/dl), Andros: androstenedione (ng/ml), 17OHP: 17 hydroxyprogesterone (ng/ml), IGF1: insulin-like growth factor 1 (somatomedin C) (ng/ml), FT4: free thyroxine (ng/dl), TSH: thyroid stimulating hormone (uU/ml). Normal values between brackets. The highlighted values in bold are slightly above the reference values.

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39original articlesartigos originais

Table 2 – Total brain volume and subcortical structures volume in mm3.

V1 V2 V4 V5 V6 V7 V8

Group 2 1 1 2 2 1 1

TBV 1638251,24 1673169,48 1613117,76 1646785,79 1562173,12 1554448,93 1627019.53

GM 898179,44 950950,46 924326,55 943836,23 896585,23 868779,82 911730.66

WM 740071,80 722219,02 688791,21 702949,56 665587,89 685669,11 715288.87

hipoL 3513,61 3668,98 3935,80 4145,82 2949,98 3963,66 3539,32

hipoR 3726,85 3889,72 3993,66 4179,04 3569,33 4449,07 3716,13

talL 7178,30 8218,78 7470,83 8104,12 7076,51 8202,70 7622,99

talR 7305,82 8108,41 7634,78 7959,46 7034,72 8035,54 7661,57

cauL 3137,49 4647,31 3368,95 3526,47 3232,86 3702,20 4135,11

cauR 3552,88 4466,21 3514,68 3902,58 3412,88 3680,77 4202,61

putL 4384,77 5432,75 5688,85 5378,10 4729,81 4770,53 5519,55

putR 4220,83 5703,85 5920,31 5254,87 4593,72 4712,67 5916,02

palL 1638,40 1885,93 1673,76 1820,56 1643,76 1703,76 1719,84

palR 1615,90 1793,77 1755,20 1818,42 1611,61 1700,55 1643,76

amyL 1172,27 1401,59 1449,81 1055,48 893,67 1120,84 1339,44

amyR 1144,41 1266,57 1624,47 1735,91 1173,35 1295,50 1165,84

accuL 415,76 486,48 403,97 648,29 527,20 565,78 491,84

accuR 377,54 523,99 354,68 484,34 498,27 474,70 495,06

Legend: ID: identification of volunteers; TBV: total brain volume; GM: Grey matter; WM: white matter; hipo: hippocampus; tal: thalamus, cau: caudate; put: putamen; pal: pallidus; amy: amygdala; accu: accumbens, L-left, R-right.

Table 3 – Hormonal effects on the subcortical structures volume.

Structure Hormonal effect rs rs2 P

Putamen leftFSH + +0,886 0,784 0,019

Test - -0,829 0,687 0,042

Putamen rightFSH + +0,886 0,784 0,019

Test - -0,829 0,687 0,042

Accubens leftDHEAS+ +0,829 0,687 0,042

Estradiol - -0,886 0,784 0,019

Accubens right Androst - -0,943 0,889 0,005

Hippocampus left LH - -0,943 0,889 0,005

Hippocampus right LH - -1 1 <0,001

Caudate left Test - -0,829 0,687 0,042

Pallidus left Test - -0,943 0,889 0,005

Pallidus right Test - -0,886 0,784 0,019

Legend: rs: Spearman correlation coefficient, rs2: coefficient of determination.

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is involved in the connection between the limbic system and the PFC, and is associated with pleasure and reward. (28) The observed tendency for the higher volumes of all other subcortical structures among early-maturers may be explained by a possible delayed development of the nucleus accubens in this group and this could potentially translate into

the increased vulnerability and engagement in risk behaviours typical of early-maturers.

Regarding the hormonal profile, we found that group 1 had higher levels of androstenedione and lower levels of testosterone and DHEAS than group 2, despite not reaching statistical significance. Although no causal linearity has been established between the hormonal profiles and behaviour so far, it has been shown that boys and girls with maladaptive behaviours have higher levels of androstenedione and lower levels of testosterone and DHEAS during their early and middle adolescence, what is in line with the tendency of our results. Furthermore, it is well known the relevant role of the gonadal hormones on the central nervous system maturation, with for example both progesterone and estradiol facilitating myelination in adolescent females, while testosterone has a similar role in males.4,7 It is known as well that the hippocampus and the amygdala have a higher number of estrogen and androgen receptors, respectively, what may explain the largest volume of the amygdala among males during adolescence and hippocampal volume only among females.17,18

While the association between the levels of circulating gonadal hormones and sex-specific differences is well established, the effects of sexual hormones and pubertal stage on brain development, is not yet well understood. Studies are not consensual, with some suggesting a pubertal-related maturation of the hippocampus, amygdala and cortical grey-matter, and others not having been able to find a significant association between sexual hormones and the subcortical structures.12,29,30

The strong correlations between hormones with direct influence on the sexual development (FSH, LH, estradiol, testosterone, DHEAS, androstenedione) and the brain subcortical structures found in our study should be further explored.

The most important limitation of our study was the small sample size, which was related to difficulties in recruiting voluntary adolescents. The accidental finding of a diencephalic tumour in an asymptomatic volunteer, allowed timely surgery, with complete resection.

In spite of the small sample, our results support the hypothesis that brain maturation of early-maturers is not proportionate to biological maturation, in particular to the nucleus accumbens. This study should be seen as a starting point for future research for better understanding adolescent’s behavior and allowing the design of more efficacious interventions.

ACKNOWLEDGEMENTSProfessor Isabel Ramos, Director of the Department of Ra-

diology of Centro Hospitalar São João - EPE, and of the Group of Medical Imaging and Signal Processing of the Faculty of Me-dicine of Porto University, Portugal.

Figure 1 – Volumetry of global brain (total brain, grey matter and white matter). Comparison between group 1 (early-maturers) and group 2 (average-maturers).

Figure 2 – Volumetry of left subcortical structures. Comparison between group 1 (early-maturers) and group 2 (average-maturers). [hippo: hippocampus; thal: thalamus; caud: caudate; putam: putamen; pallid: palli-dus; amyg: amygdala; accum: accumbens].

Figure 3 – Volumetry of right subcortical structures. Comparison between group 1 (early-maturers) and group 2 (average-maturers). [hippo: hippocampus; thal: thalamus; caud: caudate; putam: putamen; pallid: palli-dus; amyg: amygdala; accum: accumbens].

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41original articlesartigos originais

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Info box: abbreviations

17OHP 17-Hydroxyprogesterone

BMI Body mass index

DHEAS Dehydroepiandrosterone sulphate

IGF1 Insulin-like growth factor 1 (somatomedin C)

FIRST FMRIB´s integrated registration and segmentation tool

FSH Follicle-stimulating hormone

FSL FMRIB´s software library

FT4 Free thyroxine

LH Luteinizing hormone

MPRAGEMagnetization-prepared rapid acquisition gradient echo

MRI Magnetic resonance imaging

PFC Prefrontal cortex

TS Tanner stage

TSH Thyroid stimulating hormone

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42 original articlesartigos originais

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CORRESPONDENCE TOPaula Fonseca Department of Pediatrics Unidade de FamalicãoCentro Hospitalar Médio AveRua Cupertino de Miranda, Apartado 31, 4761-917 Vila Nova de FamalicãoEmail: [email protected]

Received for publication: 04.04.2016 Accepted in revised form: 13.10.2016

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43review articlesartigos de revisão

Abordagem da dor muscoloesquelética na idade pediátrica

APPROACH TO MUSCULOSKELETAL PAIN IN CHILDREN

ABSTRACTIntroduction: Musculoskeletal (MSK) pain in paediatric

population is a frequent complaint in clinical practice for general practitioners (GP) and paediatricians, sometimes of difficult characterization. Although the aetiologies are frequently benign, it is essential to make a proper differential diagnosis. Most children with MSK complaints will present initially to their GP and the majority will not need referral to secondary care. However, it is vital that children are triaged and managed appropriately, which relies on careful clinical assessment and judicious use of investigations where indicated. This complaint usually involves high costs in complementary diagnosis means. The MSK pains which tend to be chronic have a negative impact in physical and psychological well-being of children and their families, compromising the quality of life for both.

Objective: To develop an algorithm of logical, multidisciplinary and systematic approach which encompasses anamnesis, the psychosocial environment and physical examination, in order to identify the cause and avoid long term complications.

Development: Any component of the musculoskeletal system may originate pain. Differential diagnosis includes several aetiologies, from rheumatologic, orthopaedic, infectious, degenerative or traumatic to neoplastic, most rarely. Thus, it is crucial to perform a thorough anamnesis, exploring the personal and family backgrounds, and a comprehensive and detailed physical examination. Complementary diagnosis means may be useful in case of suspected inflammatory pathology and may exclude infectious or malignant pathologies. It is essential to distinguish between benign and suspicious features, as well as warning signs for referral.

Conclusion: This kind of complaint, very frequent in clinical practice, requires an approach for a problem that very often presents itself as undifferentiated, demanding a systematic evaluation in order to obtained an accurate diagnosis and a timely intervention.

Keywords: Child; musculoskeletal pain; pediatrics

RESUMOIntrodução: A dor musculoesquelética (ME) na idade pediá-

trica é uma queixa frequente na prática clínica de Médicos de Família e Pediatras, por vezes de difícil caraterização. Apesar de ter frequentemente uma etiologia benigna é indispensável um correto diagnóstico diferencial. Esta queixa geralmente acarre-ta elevados custos em meios complementares de diagnóstico. A dor ME que tende para a cronicidade pode ter um impacto negativo no bem-estar físico e psicológico da criança e da sua família, comprometendo a qualidade de vida de ambos.

Objetivo: Desenvolver um algoritmo de abordagem lógica, multidisciplinar e sistemática que englobe a anamnese, o am-biente psicossocial e o exame físico, de forma a identificar a causa e evitar complicações a longo prazo.

Desenvolvimento: Qualquer componente do sistema mus-culosquelético pode originar dor. O diagnóstico diferencial inclui inúmeras etiologias, desde reumatológicas, ortopédicas, infe-ciosas, degenerativas, traumáticas e, mais raramente, neoplási-cas. Assim, torna-se fundamental a realização de uma anamne-se cuidada, exploração dos antecedentes pessoais e familiares e realização de um exame físico completo. Exames complemen-tares de diagnóstico devem ser orientados pela suspeita clíni-ca, podendo ser úteis no diagnóstico ou exclusão de patologia inflamatória, infeciosa ou maligna. É fundamental distinguir as caraterísticas benignas, bem como os sinais de alarme que de-vem motivar referenciação.

Conclusões: Este tipo de queixa, muito frequente na prática clínica, é um problema que se apresenta muitas vezes de for-ma indiferenciada e requer uma abordagem sistematizada, de forma a proceder a um diagnóstico correto e a uma abordagem atempada.

Palavras-chave: Criança; dor musculoesquelética; pediatria

Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal

2017; 26(1): 43-8

Rute MarquesI, Filipa DuarteII, Helena MarquesIII, Lúcia RodriguesIV

__________

I General Practice and Family Medicine, Unidade de Saúde Familiar S. Miguel.

[email protected] General Practice and Family Medicine, Unidade de Saúde Familiar

Nova Via. [email protected] General Practice and Family Medicine, Unidade de Saúde Familiar

S. Félix/ Perosinho. [email protected] Department of Pediatrics, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/ Espinho. [email protected]

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44 review articlesartigos de revisão

INTRODUÇÃOA dor musculoesquelética (ME) na idade pediátrica é uma

queixa que atinge 10-20% das crianças em idade escolar.1 Pou-co frequente antes dos três anos, aumenta de frequência com a idade até atingir um nível estável na adolescência, com um pico de incidência por volta dos 14 anos.2,3 Gonalgia e outras dores articulares representam 80% das dores ME, sendo que 60% são atribuídas a etiologias mecânicas3. Na idade escolar são mais frequentes síndromes de dor idiopática, como as “dores de crescimento” ou o síndrome de hipermobilidade ou dores após contusões, enquanto que na adolescência surgem mais as do-res traumáticas, doenças sistémicas inflamatórias ou dores de amplificação dolorosa. A maioria das etiologias é benigna; con-tudo, é indispensável um correto diagnóstico diferencial. Só em 1% dos casos a dor ME se associa a patologia grave (neoplá-sica, inflamatória ou autoimune).4 Este tipo de queixa, enquanto motivo de consulta, geralmente acarreta elevados custos em métodos complementares de diagnóstico ou referenciação para outras especialidades. As dores ME que tendem para a cronici-dade têm um impacto negativo no bem-estar físico e psicológi-co da criança e da sua família, comprometendo a qualidade de vida de ambos.

OBJETIVOSDesenvolver um algoritmo de abordagem lógica, multidisci-

plinar e sistemática que englobe a anamnese, o ambiente psi-cossocial e a clínica, de forma a agilizar o diagnóstico e evitar complicações a longo termo.

DESENVOLVIMENTO

AnamneseQualquer componente do sistema musculoesquelético pode

originar dor.5 O diagnóstico diferencial inclui numerosas doen-ças, desde doenças reumatológicas e/ou imunomediadas, orto-pédicas, infeciosas, degenerativas, traumáticas, síndromes de amplificação dolorosa ou causas neoplásicas.6 Dentro das múl-tiplas etiologias existem quadros cujo prognóstico depende de

um diagnóstico precoce, e outros que apresentam uma etiologia benigna apesar do seu longo tempo de evolução, tais como as “dores de crescimento”, osteocondrose, entre outros. As “dores de crescimento” apresentam incidência semelhante em ambos os géneros e podem ser diagnosticadas e tratadas nos Cuida-dos de Saúde Primários.7 A descrição das suas caraterísticas pode ser encontrada no Quadro 1.

Quadro 1 - Caraterísticas das “Dores de crescimento”.

Dores noturnas benignas dos membros – “Dores de crescimento”

• A dor nunca se apresenta de manhã, após o despertar• Início da dor mais frequentemente ao final da tarde

e noite• A criança não claudica• As atividades físicas não são limitadas pela presença

dos sintomas• As dores nos membros são simétricas e não se limi-

tam às articulações• As localizações mais frequentes são a coxa, perna e

fossa poplítea• O exame físico é normal (com a exceção de hipermo-

bilidade articular)• Sem alterações sistémicas• Aquisição normal dos principais marcos do desenvol-

vimento • Idades compreendidas entre os 3-12 anos• Dor de caráter intermitente

Quadro 2 - Incidência das principais patologias em função da idade

Pré-escolarIdade escolar

(5-10 anos)Adolescentes

• Infeciosas (artrite sética, osteomielite)• Mecânicas• Problemas congénitos do desenvolvi-

mento (Displasia congénita anca, pé equinovaro)

• Doenças neurológicas (paralisia cere-bral, síndromes hereditários)

• Artrite Idiopática Juvenil• Doenças inflamatórias musculares• Doenças malignas (leucemia, neuro-

blastoma)

• Mecânicas (trauma, lesões por sobre-carga, lesões desportivas)

• Artrite Reativa/ Sinovite transitória da anca

• Doença Legg-Calvé-Perthes• Artrite Idiopática Juvenil• Barra társica• Síndrome de dor idiopática• Doenças malignas (leucemia)

• Mecânicas (trauma, lesões por sobre-carga, lesões desportivas)

• Epifisiólise cabeça fémur• Artrite Idiopática Juvenil• Doenças inflamatórias musculares• Osteocondrite dissecante • Barra társica• Síndrome de dor idiopática • Doenças malignas (leucemia, linfoma,

tumor ósseo primário)

Conhecer os principais marcos do desenvolvimento, as pa-tologias mais frequentes em cada faixa etária (Quadro 2), reali-zar uma anamnese detalhada e um exame físico sistematizado (pGALS) são fatores essenciais para determinar que pacientes devem ser referenciados imediatamente, a quem solicitar exa-mes complementares de diagnóstico e aqueles que apenas necessitam de um seguimento clinico sem outro tipo de inter-venção.4

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Na colheita da história clinica é importante caraterizar a loca-lização da dor, duração, frequência, ritmo, padrão, intensidade, fatores de agravamento e de alívio, manifestações sistémicas, alteração no comportamento da criança, questionar o efeito das medidas farmacológicas e não farmacológicas, bem como ante-cedentes pessoais e familiares de relevo.

Exame físicoA realização do exame físico na criança deve ser minuciosa,

avaliando sistematicamente aparelhos e sistemas. A realização de um exame físico completo contribui para tranquilizar a família e para identificar sinais/sintomas que possam indiciar um deter-minado diagnóstico.8 A avaliação do paciente inicia-se a partir do momento de entrada do paciente no consultório, avaliando a marcha, postura, existência de claudicação, alterações morfoló-gicas, expressão de sinais indiretos de dor, fadiga, entre outros.

A literatura recente apoia a realização do rastreio muscu-loesquelético de acordo com o pGALS (Paediatric Gait, Arms,

Legs, Spine).9 O pGALS é o único rastreio musculoesquelético validado para a idade escolar e a sua realização demora aproxi-madamente 2 minutos (Quadro 3). O pGALS inclui três questões sobre a dor e a funcionalidade:

• Tem alguma dor ou dificuldade em movimentar alguma articulação, músculo ou coluna?

• Tem dificuldade em vestir-se sem ajuda?• Tem dificuldade em subir ou descer escadas?

Exames Complementares de DiagnósticoA necessidade de pedir meios complementares de diagnós-

tico e terapêutica (MCDT) é determinada pela avaliação clínica. Os MCDT geralmente não são necessários perante uma dor ME de caraterísticas benignas, isto é sem sintomas constitucionais, sem sinais de doença sistémica, crónica ou prévia, dor noturna que alivia com analgésicos e massagem local, sem dor óssea ou tendinosa e sem edema articular. Testes laboratoriais e imagio-lógicos podem auxiliar o diagnóstico numa suspeita de patologia

Quadro 3 - pGALS – Manobras de rastreio

Manobras de rastreio O que se deve avaliar?

Observe a criança de pé (de frente, costas e dos lados)Postura, lesões de pele, deformidades, diferença de comprimento dos membros, alinhamento das pernas (joelho valgo e varo), esco-liose, edema das articulações, hipotrofia muscular, pés planos.

Observe a criança a caminhar normalmente, sobre os calcanhares e nas pontas dos pés

Tornozelos e pequenas articulações dos pés; Posição arco plantar

Colocar os braços e mãos estendidas à sua frenteFlexão dos ombros, extensão dos cotovelos, punhos e pequenas articulações dos dedos

Virar as mãos e fechar com forçaSupinação dos punhos e cotovelos; flexão das pequenas articula-ções das mãos

Encostar os dedos indicadores aos polegares Coordenação motora, capacidade de pinça

Tocar nas pontas de cada um dos dedos com o polegar Coordenação motora

Apertar as articulações metacarpofalângicas Articulações metacarpofalângicas

Juntar as palmas das mãosFlexão do cotovelo; flexão dorsal dos punhos; extensão das pe-quenas articulações das mãos

Juntar as costas das mãosFlexão dos cotovelos; flexão ventral dos punhos; extensão das pequenas articulações das mãos

Levantar os braços e olhar para o tetoExtensão dos cotovelos, punhos e coluna cervical, abdução do ombro

Colocar as mãos atrás do pescoçoAbdução do ombro, rotação externa dos ombros; flexão dos cotovelos

Tentar encostar a sua orelha no ombro Rotação lateral coluna cervical

Abrir bem boca e colocar 3 dedos dentro dela Articulação temporomandibular

Palpar o joelho e pressionar a patela (sinal da tecla) Derrame na articulação do joelho

Flexão e extensão do joelho – palpar durante os movimentos para sentir crepitações

Extensão e flexão dos joelhos

Com o joelho a 90º fazer rotação interna e externa do quadril Flexão do quadril e rotação interna e externa do quadril

Dobrar a coluna sem dobrar os joelhos. Até onde consegue ir? Flexão toracolombar. Pesquisa de escoliose.

Adaptado de Foster H et al “pGALS – A screening examination of the musculoskeletal system in school-aged children” 2008.

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inflamatória e podem excluir patologias infeciosas ou malignas (Quadros 4 e 5). Testes laboratoriais reumatológicos podem con-firmar uma suspeita clínica, não fazendo o diagnóstico por si só.

São sinais de alarme que motivam pedido de MCDTs:4

• Sinais de trauma ou lesão mecânica (edema, luxação, claudicação)

• Sinais de infeção local• Sinais de doença sistémica (palidez, febre, mal-estar,

espleno ou hepatomegalia, adenopatias, fraqueza mus-cular, alteração do crescimento)

• Sinais de doença inflamatória ou autoimune (exantema, rash)

Principais etiologias São várias as etiologias associadas a dor ME. No Quadro 6

estão nomeadas as principais, agrupadas por categorias.

Sinais de alarmePerante uma queixa de dor ME não associada a trauma

existem certos sinais e/ou sintomas de alarme que são necessários pesquisar.1-3 A exclusão destes permite ao médico aferir, com grande segurança, uma etiologia benigna. Estes são:

• Dor que alivia com movimento e que está presente em repouso

• Rigidez matinal• Edema articular• Dor noturna não aliviada por analgésicos ou massagem

e/ou que persiste durante o dia• Dor intensa (“profunda”), desproporcionada face ao exa-

me físico• Repercussão sistémica com má evolução estato-ponderal• Sintomas constitucionais (perda de peso, febre, mal-estar)• Adenopatias e/ou organomegalias associadas • Hipersudorese noturna• Recusa total no apoio do membro• Alterações súbitas da marcha• Aumento dos parâmetros inflamatórios

Por outro lado, o reconhecimento destes sinais e/ou sinto-mas deve motivar uma investigação ou referenciação precoce, conforme preconizado no algoritmo apresentado na Figura 1, de forma a minimizar a morbimortalidade.

Algoritmo de abordagemFigura 1.

Figura 1 - Algoritmo de abordagem da dor musculoesquelética.Legenda: CE – Consulta Externa; PCR – Proteína C Reativa; SU – Serviço de Urgência; VS – Velocidade de Sedimentação.

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Quadro 6 - Principais etiologias da dor musculoesquelética.

Alterações ortopédicas Doenças nutricionais

Osteocondrose/osteocondriteFraturas de stresseSíndrome patelo-femoralLesões de ligamentos/meniscosSinovite vilonodularSinovite transitória da ancaNecrose/epifisiólise da cabeça do fémur

RaquitismoEscorbutoHipervitaminose AFluorose

Neoplasias Etiologia infeciosa

LeucemiasLinfomasTumores ósseosTumores de partes molesNeuroblastoma

Artrite ou osteomielite sépticasArtrite reativaDiscitesMiosite vírica ou bacteriana

Doenças hematológicas Doenças reumatológicas

Anemia de células falciformesHemofiliaTalassemia

Febre reumáticaArtrite idiopática juvenilDermatomiosite juvenilLúpus eritematoso sistémicoPúrpura de Henoch-Schonlein

Doenças metabólicas Síndromes dolorosas idiopáticas

Doenças lisossómicas de armazenamentoGota/pseudogotaHiperlipoproteinemia

Dor crónica generalizadaSíndromes de dor regional complexaSíndrome miofascial“Dores de crescimento”Síndromes de hipermobilidade

Transtornos endocrinológicos Outros

Hipo/hipertiroidismoDiabetesHipo/hiperparatiroidismo

Dor associada ao computador ou videojogosDor de origem psicossomáticaOsteoporose idiopática juvenil

Adaptado de Silva C et al. Doenças Reumáticas na criança e no adolescente. 2010. 2ª Ed.

Quadro 4 - Testes laboratoriais na dor musculoesquelética.

Quando pedir Interpretação de resultados anormais

HemogramaAvaliação inicial de artralgia, suspeita de LES, pesquisa de citopenias

Leucocitose ou trombocitose: inflamação, infeçãoCitopenias: LES, neoplasia

VS Avaliação inicial de artralgia Inflamação, infeção

ANA Suspeita de LES, AIJ LES, AIJ, vasculite

Fator Reumatóide Suspeita de LES, AIJ ou conectivite AIJ

Anti ds-DNA Suspeita de LES (atividade da doença) LES

HLA-B27Classificação de artrite, História familiar de espondilar-tropatia, psoríase, DII

Espondilartropatia

Legenda: AIJ – Artrite Idiopática Juvenil; DII – Doença Inflamatória Intestinal; LES - Lúpus Eritematoso Sistémico.

Quadro 5 - Exames de imagem na dor musculoesquelética

Quando pedir Interpretação de resultados anormais

Radiografia Avaliação inicial de artralgia ou dor óssea Tumores ósseos, fraturas, osteomielite crónica

Ecografia Avaliação de tecidos moles e articulações Derrame articular

RMN, TCAvaliação inicial de articulações difíceis de avaliar (ATM, anca), anomalias na radiografia

Inflamação periarticular, tumores, anomalias da carti-lagem

Ecocardiograma Febre, rash, artrite, LES com sintomas cardíacosDerrame pericárdico na AlJ, lesões valvulares na febre reumática aguda, pericardite no LES

Legenda: AIJ – Artrite Idiopática Juvenil; ATM – Articulação Temporomandibular; LES – Lúpus Eritematoso Sistémico.

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48 review articlesartigos de revisão

CONCLUSÕES A dor ME na idade pediátrica, pela sua prevalência,

representa um importante motivo de consulta em Medicina Ge-ral e Familiar e pode ter, a curto ou longo prazo, um grande impacto na qualidade de vida das crianças ou adolescentes. As etiologias são múltiplas, frequentemente benignas, sendo fundamental ter em consideração patologias cujo prognóstico depende em grande parte de um diagnóstico atempado (infe-ções osteoarticulares, artrites inflamatórias, neoplasias e certas patologias ortopédicas). Uma anamnese e exame físico exaus-tivos são essenciais e muitas vezes suficientes. A necessida-de de meios complementares de diagnóstico deve ser sempre avaliada caso a caso e orientada segundo a suspeita clínica de determinada patologia.

Certos sinais de alarme devem motivar referenciação a con-sulta externa de reumatologia pediátrica (dor de ritmo inflama-tório) ou mesmo ao serviço de urgência (suspeita de maus tra-tos, suspeita de fratura, alteração marcada e súbita da marcha/ incapacidade súbita para fazer carga no membro, atingimento sistémico).

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CORRESPONDENCE TORute MarquesGeneral Practice and Family Medicine Unidade de Saúde Familiar S. MiguelAv. Igreja, n.º 3114410-411 ArcozeloEmail: [email protected]

Received for publication: 26.09.2016 Accepted in revised form: 23.01.2017

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49case reportscasos clínicos

Belly Dancer’s Syndrome - a diagnostic challenge

ABSTRACTIntroduction: Belly Dancer’s syndrome is a rare movement

disorder characterized by involuntary contractions of the diaphragm, causing abnormal movements in the abdominal wall. Many different causes were described such as trauma, infections, metabolic disorders and drug ingestion. Sometimes the cause remains uncertain and a psychogenic disturb has been suggested in others.

Case report: A 14-year-old female presented with episodic involuntary movements of the abdomen that had started one week after falling. Besides these abnormal movements, physical examination was unremarkable. Belly Dancer’s syndrome was suspected and the neuroimaging revealed C3 and C4 nerve root injuries and several vertebral lesions. The treatment performed included oral chlorpromazine, immobilization with Jewett vest, rest and physiotherapy, with remarkable symptoms improvement.

Discussion: This clinical presentation of this syndrome is quite unusual, which may lead to late diagnosis or ineffective treatments. We report a case of traumatic Belly Dancer’s syndrome that improved significantly with stabilization of the lesion.

Keywords: Belly Dancer’s syndrome;abdominal movements; adolescence; trauma; involuntary movements

SÍNDROME DE BELLY DANCER – UM DESAFIO DIAGNÓSTICO

RESUMOIntrodução: A síndrome de Belly Dancer é um distúrbio

raro do movimento, caracterizado por contrações involuntárias do diafragma, causando movimentos anormais da parede ab-dominal. As várias causas descritas incluem trauma, infeções, distúrbios metabólicos ou ingestão de drogas. A causa pode permanecer incerta ou ser atribuída a distúrbios psicogénicos.

Caso Clínico: Adolescente de 14 anos de idade, sexo femini-no, recorreu ao serviço de urgência por movimentos abdominais involuntários, com início uma semana após queda. Apesar des-ses movimentos anormais, o exame físico era normal. Colocada a hipótese de síndrome de Belly Dancer, realizou neuroimagem que revelou várias lesões vertebrais, incluindo a nível das raízes nervosas de C3 e C4. O tratamento incluiu clorpromazina oral, imobilização com colete de Jewett, repouso e fisioterapia, com melhoria dos sintomas.

Discussão: Pela raridade e apresentação clínica incomum, o diagnóstico e respetivo tratamento podem ser tardios. Rela-tamos um caso com origem traumática e melhoria significativa após estabilização da lesão.

Palavras-chave: Síndrome de Belly Dancer;adolescência; movimentos abdominais; trauma; movimentos involuntários

Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal

2017; 26(1): 49-52

Ana Raquel MoreiraI, Ana Cristina FreitasI, Felisbela RochaI,Raquel CardosoI, Paula FonsecaI

__________

I Department of Pediatrics, Centro Hospitalar Médio Ave. 4761-917 Vila Nova de Famalicão, Portugal. [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

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50 case reportscasos clínicos

BACKGROUNDBelly Dancer’s Syndrome (BDS), also known as diaphragmatic

flutter, first described by Antony van Leeuwenhoek in 1723 is a rare movement disorder.1,2 The descriptions in the literature are mostly based on case reports, and the largest series published was by Patterson in 2011. This syndrome is characterized by involuntary, repetitive and irregular contractions of the diaphragm, causing a vibration of the adjacent muscles such as the abdominal wall.2 Although the pathophysiology of this condition is unclear, it has been associated with central and peripheral nervous system disorders, such as encephalitis and phrenic nerve irritation, pleural disorders, mediastinal disorders, intra-abdominal disorders, heart diseases, cardiac and thoracic surgeries, idiopathic cervical spine trauma, and lung diseases.2,3

In some cases the cause remains uncertain and a psychogenic origin has been suggested by others.2,4 The paroxysmal beats of the abdominal wall, especially in the epigastric region, are usually the most common presentation being unrelated to the heart and respiratory rates, commonly disappearing during sleep.4,8 The rate of the contractions is variable, with a frequency rate ranged from 35 to 480 contractions per minute.2 These movements can cause abdominal pain and dyspnea frequently.4 Respiratory distress, hyperventilation, hiccups or belching can also be present.8 These paroxysms usually last from a few seconds to months with variable asymptomatic breaks.2 In the cases described, the age of the patients ranged from four months to ninety-three years.4

CASE REPORTA healthy 14-year-old female presented in the emergency

department with episodic, intermittent involuntary movements of the abdominal wall, which had been started three weeks before. Initially they were infrequent and painless and later they started to occur every day. Although these movements were sporadic,

they sometimes persisted for several minutes causing abdominal pain, mainly in the epigastric region, and sometimes some respiratory distress was associated. There were no exacerbating or relieving factors. These movements did not occur during sleep. She also referred occasionally dorsal pain characterized as a sting pain and sometimes involuntary movements of her left leg, mainly when she was lying supine, which were not related. She denied any drug consumption.

After being questioned again she admitted that these episodes had started a week after falling 1.5 meters high, while she was playing with friends at school, without significant pain, conscience loss or other symptoms associated. On the day of the fall it was activated the school insurance and she was taken to the emergency room of a local hospital. She was observed and a spine x-ray was performed, which was normal. She was discharged recommending clinical surveillance.

Because of the appearance of movements previous described, with progressive worsening she was admitted to the emergency pediatrics department of a level 2 hospital. On her physical examination she was conscious and presented no focal neurologic deficit, including sensitivity asymmetries. It was evident rapid involuntary abdominal wall movements observed either in orthostatic and supine position (about 200 abdominal movements per minute, unrelated to respiratory cycles). When lying down there was observed involuntary, repetitive and rhythmic movements of her left leg. No other abnormal movements were detected. Physical and neurological exam were otherwise normal. The episodes were video recorded. The workup, including cells blood count, electrolytes and blood gases had no abnormalities. Vertebral magnetic resonance imaging (MRI) showed C3 and C4 signs of nerve root injury, D6 and D8 upper platform fractures, L4-L5 median and right paramedian herniated disc and L5-S1 grade I listhesis (images 1 and 2). In spite of being specifically asked it wasn’t possible to visualize

Figure 1 - D6 (A) and D8 (B) upper platform fractures.

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the phrenic nerve tract in the MRI. The electromyography (EMG) of the abdominal muscles was not performed, due to lack of cooperation.

The clinical case was discussed both with Orthopedics and Neurosurgery and it was decided an expectant attitude.

She was then admitted to the Pediatric Department with oral chlorpromazine (25 mg, PO) for acute symptoms exacerbation, column stabilization with Jewett vest and physiotherapy. There was a remarkable improvement after the immobilization and therapy with chlorpromazine was just required on the first day of admission. She maintained immobilization with the vest and physiotherapy for five weeks. She remained follow-up in the outpatient consultation for two years.

DISCUSSIONThe diaphragm is the main inspiratory muscle in humans.

The third to the fifth cervical ventral spinal rami form the phrenic nerves in the upper part of the scalenus anterior muscle, innervating the diaphragm.5 BDS is a form of myoclonic contraction of the diaphragm, similar to hiccups, but with a higher frequency and with no inspiratory sound associated.1-3 Spinal mechanisms have been postulated as an etiology, especially neuronal reorganization in response to a structural lesion in the spinal cord.6 The mechanism involved on the production of this flutter may be related with abnormal excitation of the phrenic nerve: by disturbances of the central nervous system, over the presence of irritating factors anywhere along the phrenic nerve, or even by the irritation of the phrenic nerve itself.2,3,7 Usually, the involvement is unilateral in peripheral lesions and bilateral in central lesions.1,4 No standardized treatment has proven to be effective.4 It should be directed toward the etiology.2 A range of therapies have been described, including diazepam, carbamazepine, phenytoin, chlorpromazine, phrenic nerve block or transection.9

In our patient, C3 and C4 nerve root lesions as well as the other lesions previously described, were linked to trauma. The rhythm and frequency of her abdominal movements might translate bilateral diaphragmatic flutter. Trauma may precede movement disorders, such as BDS, complex regional pain syndrome, and hemifacial spasm, changing functional connectivity of spinal sensoriomotor circuits.7 This may explain the atypical leg movements in our patient.

BDS diagnosis is clinical, and can eventually be proven by fluoroscopy or electrophysiological studies showing diaphragm movement.10 An EMG was performed in our patient but, because of lack of collaboration, it was possible only of her leg muscles.

The etiology can be multifactorial; in this case the evidence of a significant previous falling and spine lesions observed can explain the traumatic cause.

It was used chlorpromazine (for acute symptom relive), due to its efficacy in persistent hiccups; it may have also been helpful once it acts centrally by dopamine antagonism in the hypothalamus. It has been reported a similar case, in a newborn male, in whom symptoms improved with use of chlorpromazine.11

Due to its rarity, this syndrome is often undervalued and underdiagnosed, being frequently attributed to psychosomatic disorders. A detailed history and careful physical examination are crucial for a correct diagnosis, avoiding unnecessary investigations and drugs. Although a traumatic etiology might be more readily recognized, other causes of BDS must be considered, which may be reversible with specific treatment.

Figure 2 - L5-S1 grade I listhesis (<25%).

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CORRESPONDENCE TOAna Raquel MoreiraDepartment of PediatricsCentro Hospitalar Médio AveRua Cupertino de Miranda s/n Apartado 31 4761 - 917 Vila Nova de FamalicãoEmail: [email protected]

Received for publication: 30.03.2016Accepted in revised form: 28.07.2016

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53case reportscasos clínicos

Parotidite bacteriana bilateral no recém-nascido

BILATERAL SUPPURATIVE PAROTITIS IN A NEW NEWBORN

ABSTRACTNeonatal suppurative parotitis is a rare condition. Early

diagnosis is essential to improve prognosis in these cases.We describe a ten-day-old preterm breastfed girl who

developed bilateral suppurative parotitis. She was admitted to the hospital with general malaise, weight loss and bilateral pre-auricular swelling. Purulent drainage from both Sténon ducts into the mouth confirmed the diagnosis. Staphylococcus aureus was isolated from the purulent exudate and blood. Furthermore, Staphylococcus aureus was also found at the breast milk and, consequently, the mother was considered to be the source of the infection. Empiric antibiotic therapy was started with intravenous ampicilin and gentamicin. It was later changed to flucloxacilin, according to the antibiotic resistance profile. There were no complications or recurrences.

Although rare, neonatal suppurative parotitis should be suspected in newborns presenting with parotid swelling, in order to provide early treatment and prevent complications.

Keywords: Parotitis; newborn; Staphylococcus aureus

RESUMOA parotidite bacteriana neonatal é uma situação rara, de

diagnóstico essencialmente clínico e prognóstico excelente, quando tratada precoce e adequadamente.

Descrevemos um caso clínico de parotidite bacteriana bi-lateral numa prematura, com dez dias de vida, sob aleitamen-to materno exclusivo. Foi admitida no serviço de urgência por prostração, tumefação pré-auricular bilateral e perda ponderal. A drenagem de pus pelos canais de Sténon, para a cavidade oral, confirmou o diagnóstico de parotidite. O Staphylococcus aureus foi isolado no exame bacteriológico do pus, na hemocul-tura e na cultura do leite materno, tendo sido a mãe considerada a fonte de infeção. Foi iniciada antibioticoterapia empírica endo-venosa com ampicilina e gentamicina, substituída por flucloxa-cilina de acordo com o antibiograma dos locais de colheita. Não se verificaram complicações ou recorrências.

Apesar de rara, a parotidite deve ser considerada no diag-nóstico diferencial de tumefação da região parotídea no recém-nascido, permitindo o tratamento precoce e prevenindo as complicações.

Palavras-chave: Parotidite; recém-nascido; Staphylococ-cus aureus

Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal

2017; 26(1): 53-6

Cátia PereiraI, Ana Rita PriorII, Margarida AbrantesII, A. Siborro de AzevedoI

__________

I Departament of Pediatrics, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Centro Académico de Medicina de Lisboa.

1649-035 Lisboa, Portugal. [email protected]; [email protected] Neonatology Unit, Departament of Pediatrics, Hospital de Santa Ma-

ria, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Centro Académico de Medicina de Lisboa. 1649-035 Lisboa, Portugal.

[email protected]; [email protected]

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INTRODUÇÃOA parotidite bacteriana é rara no período neonatal.1 Tem uma

incidência estimada de 13,8:10000 admissões de recém-nasci-dos.2 Foram descritos desde 1878 aproximadamente 150 casos, oito dos quais em Portugal.1,3-6

A sua incidência é três vezes superior no sexo masculino, sendo predominantemente unilateral, surgindo entre os sete e os 14 dias de vida.7-9

A etiopatogenia da doença permanece por esclarecer.7 São fatores de risco: prematuridade, baixo peso ao nascer e desi-dratação.3,7-10

O diagnóstico é clínico perante tumefação da parótida e si-nais inflamatórios locais, podendo estar associados sinais sisté-micos (febre, recusa alimentar e perda ponderal).1,7 A drenagem de pus pelo canal de Sténon é patognomónica.3,7,8,10

O agente mais frequente é o Staphylococcus aureus.8-10 A antibioticoterapia empírica precoce deve abranger os

agentes mais frequentes, de forma a prevenir o aparecimento de complicações locais ou sistémicas.3,9,10

CASO CLÍNICORecém-nascido do sexo feminino, caucasiana, primeira filha

de pais não consanguíneos. Antecedentes de epilepsia e asma materna, medicadas com fenobarbital e budesonida inalatória. Gestação após fertilização in vitro. Ameaça de parto pré-termo às 26 semanas, tendo sido efetuada maturação pulmonar. Se-rologias negativas e ecografias sem alterações. Pesquisa de Streptococcus do grupo B no exsudado vaginal e retal negativa. Parto eutócico às 35 semanas, Índice de Apgar 10/10. Soma-tometria ao nascimento: peso 2,405 kg (P10-50), comprimento

44 cm (P10-50) e perímetro cefálico 32 cm (P50). Alta da mater-nidade às 48 horas de vida sob aleitamento materno exclusivo.

Ao 10º dia de vida, foi levada ao serviço de urgência pediá-trica por perda ponderal (10%) e tumefação na região parotídea esquerda, estando apirética. A ecografia da região parotídea não evidenciou alterações. Teve alta para o domicílio com o diagnós-tico de necrose gorda, suplemento lácteo e foi referenciada para a consulta externa. Vinte e quatro horas depois, pelo aumento das dimensões da tumefação parotídea esquerda, aparecimen-to de tumefação parotídea à direita (Figura 1) e prostração, foi levada novamente ao serviço de urgência. Na região parotídea apresentava eritema e edema bilateral, doloroso à palpação, mais exuberante e de consistência dura à esquerda. Na otos-copia, verificou-se hiperémia e edema do canal auditivo externo esquerdo, admitindo-se o diagnóstico de otite externa aguda. Da avaliação analítica salientamos: leucocitose (18660 leucócitos/uL), neutrofilia (65,7% de neutrófilos), proteína C reativa elevada (5,3 mg/dl), função renal e ionograma normais. Foi efetuada he-mocultura e foi internada, tendo sido iniciada antibioticoterapia endovenosa empírica com ampicilina e gentamicina.

No exame cultural do pus colhido dos canais de Sténon após compressão parotídea (Figura 2), na hemocultura e no leite materno foi isolado Staphylococcus aureus, sensível à flucloxa-cilina, pelo que efetuou dez dias de terapêutica com este anti-biótico.

Pela persistência de Staphylococcus aureus na cultura do leite materno, após terapêutica à mãe com flucloxacilina oral, foi suspenso o aleitamento materno.

Foi estabelecido o diagnóstico definitivo de parotidite bac-teriana.

Figura 1 - Tumefação da região parotídea direita. Figura 2 - Drenagem de pus do canal de Sténon à direita.

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Teve alta ao 12º dia de internamento, assintomática. Mante-ve seguimento em consulta de Neonatologia no primeiro ano de vida, sem intercorrências.

DISCUSSÃOO diagnóstico da parotidite bacteriana assenta em sinais de

inflamação da parótida, drenagem de pus pelo canal de Sténon e isolamento de bactérias patogénicas no mesmo, o que se ob-servou na doente.8 -10

Contrariamente ao descrito na literatura, este caso é no sexo feminino e bilateral.8,9

A via de infeção mais comum é a ascendente através do ca-nal de Sténon, a partir da cavidade oral.3,8,-10 O leite materno ou o leite adaptado contaminados podem contribuir para a trans-missão da infeção.8,9 Outro mecanismo patogénico possível é a disseminação hematogénea, precedida ou não de sépsis.3,8-10 Neste caso, o isolamento do agente no leite materno sugere a via ascendente como o mecanismo de infeção, explicando o envolvimento bilateral, e pelo isolamento na hemocultura admi-tiu-se disseminação hematogénea secundária.8-9

O Staphylococcus aureus é a bactéria mais frequentemente, isolada, em aproximadamente 55% dos casos. Outros agen-tes menos frequentes são cocos gram-positivos (22%), bacilos gram-negativos (16%) e anaeróbios (4%) (Tabela 1). 6,8,9

A prematuridade, o baixo peso ao nascer, a desidratação, a obstrução do canal de Sténon, o trauma local, as malformações da parótida, a imunossupressão e o sexo masculino constituem fatores de risco para a doença.3,7-10 No caso descrito, os fatores identificados foram prematuridade, baixo peso e desidratação (perda ponderal de 10%), sendo esta mais frequente nos pre-maturos por menor ingesta, resultando em redução da secreção salivar e estase, facilitando a ascensão das bactérias para a pa-rótida.9 Por isso a prematuridade pode ser considerada um fator de risco major, estando presente em 38% dos casos.8

A parotidite bacteriana neonatal pode ocorrer na presença de abcesso mamário materno, o que não se verificou no caso descrito, embora o estafilococo tenha sido isolado no leite ma-terno.7

A ecografia é o exame complementar mais utilizado no diagnóstico. O aumento do tamanho da parótida e presença de áreas hipoecogénicas são achados ecográficos compatíveis com parotidite.3,9,10 Pensamos que pela precocidade, a ecografia realizada não permitiu o diagnóstico, sendo este baseado na clínica. No entanto, permanece indiscutível no diagnóstico di-ferencial com outras doenças da parótida e no diagnóstico de complicações.9,11

A antibioticoterapia empírica deve abranger os agentes mais frequentes, nomeadamente o Staphylococcus aureus, através da associação de aminoglicosídeo ou cefalosporina de tercei-ra geração com penicilina resistente às penicilinases, sendo modificada de acordo com o antibiograma, o que se efetuou, substituindo a antibioticoterapia inicial para flucloxacilina, que manteve durante dez dias, com resolução total da sintomato-logia.3,6,9,11,12 A duração média da terapêutica é de sete a dez dias.8-10

A instituição precoce de antibioticoterapia dirigida permite a cura em 83% dos casos, evitando complicações como abces-so, paralisia facial, mediastinite, meningite e sépsis, atualmente muito raras.3,9,10

Neste caso, após isolamento do Staphylococcus aureus no leite materno, a mãe foi tratada com flucloxacilina oral. No en-tanto, o isolamento do Staphylococcus aureus numa segunda cultura de leite, após o término desta terapêutica, sugeriu-nos contaminação do leite materno provavelmente devido a conta-minação pela pele ou colonização cutânea materna, apesar de ambas as colheitas terem sido realizadas após desinfeção da pele. Pelo receio de reinfeção do recém-nascido, o leite materno foi suspenso.

O prognóstico é bom, sem complicações ou recorrências, como se verificou neste caso.3,10

A parotidite bacteriana, rara no período neonatal, deve ser considerada no diagnóstico diferencial de tumefação na região parotídea, particularmente na presença de fatores de risco. A suspeição, o diagnóstico e o tratamento precoces são fundamentais para prevenir complicações.9

Tabela 1 - Principais agentes etiológicos descritos nos casos de parotidite bacteriana neonatal.6,8,9

Cocos gram-positivos

Staphylococcus aureusStreptococcus viridans Streptococcus pyogenes Streptococcus agalactiae Streptococcus pneumoniae Staphylococcus coagulase negativos

Bacilos gram-negativosEscherichia coliKlebsiella pneumoniaePseudomonas aeruginosa

AnaeróbiosPeptostreptococcus intermediusPrevotella melaninogenicaFusobacterim nucleatum

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CORRESPONDENCE TOCátia PereiraDepartment of PediatricsHospital de Santa MariaCentro Hospitalar Lisboa Norte Centro Académico de Medicina de LisboaAvenida Professor Egas Moniz 1649-035 Lisboa Email: [email protected]

Received for publication: 06.04.2016Accepted in revised form: 01.08.2016

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Fistula broncopleural na pneumonia adquirida na comunidade

BRONCHOPLEURAL FISTULA IN COMMUNITY-ACQUIRED PNEUMONIA

ABSTRACTBronchopleural fistula, although rare in infant and child,

is one of the possible complications of community-acquired pneumonia.

A two-years-old boy, previously healthy, with complete anti-pneumococcal vaccination, was hospitalized on the fifth day of illness with a community-acquired pneumonia complicated with empyema. A chest tube was placed in D7 with intra-pleural fibrinolytic administration. In D10 the chest drain was removed after suspicion of a brochopleural fistula. Chest tomography was consistent with necrotizing pneumonia complicated with bronchopleural fistula. Conservative treatment with broad spectrum antibiotic therapy was decided for six weeks, with a favorable outcome. At two years of follow-up he remained asymptomatic.

The authors point out that, even in previously healthy children, community-acquired pneumonia may complicate with necrotizing pneumonia and bronchopleural fistula.

Keywords: Community-acquired pneumonia; necrotizing pneumonia; bronchopleural fistula

RESUMOA fístula broncopleural, embora rara em idade pediátrica, é

uma das possíveis complicações da pneumonia adquirida na comunidade.

Criança do sexo masculino com dois anos de idade, previa-mente saudável, com vacinação anti-pneumocócica completa, internado no quinto dia de doença com pneumonia adquirida na comunidade, complicada com empiema. Colocado dreno torá-cico em D7 e realizada terapêutica fibrinolítica intra-pleural. Em D10 foi removido o dreno por suspeita de fístula broncopleu-ral. A tomografia computadorizada de tórax foi compatível com pneumonia necrotizante complicada com fistula broncopleural. Submetido a tratamento conservador com antibioterapia de largo espetro durante seis semanas, com evolução favorável. Atualmente, com dois anos de seguimento tem-se mantido as-sintomático.

Os autores salientam que, mesmo em crianças previamente saudáveis, a pneumonia adquirida na comunidade pode compli-car com pneumonia necrotizante e fístula broncopleural.

Palavras-chave: Pneumonia adquirida da comunidade; pneumonia necrotizante; fistula broncopleural

Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal

2017; 26(1): 57-61

Inês FerreiraI, João NascimentoI, Margarida GuedesI, Lurdes MoraisI, Ana RamosI

__________

I Department of Pediatrics, Centro Materno Infantil do Norte, Centro Hospitalar do Porto. 4099-001 Porto, Portugal.

[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

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INTRODUÇÃOA fístula broncopleural (FBP) consiste numa comunicação

aberrante entre a árvore brônquica e o espaço pleural, através da qual o ar inspirado entra no espaço pleural, por um período de tempo superior a 24 horas.1,2

Em idade pediátrica, a FBP surge mais frequentemente na sequência de uma pneumonia necrotizante, com ou sem em-piema, causada por microrganismos anaeróbios, piogénicos, Mycobacterium tuberculosis, ou fungos, sendo o Streptococcus pneumoniae o mais frequente3. Durante o processo infecioso da pneumonia necrotizante, a necrose e a formação de abcessos pode-se estender até à pleura, com formação de FBP.4

Na idade adulta, a FBP está mais frequentemente associa-da a procedimentos cirúrgicos pulmonares. A incidência de FBP varia de 4,5% a 20% após pneumectomia e 0,5% após lobecto-mia, dependendo de diversos fatores de risco relacionados com o procedimento cirúrgico e com co-morbilidades do doente.5 A FBP pode ainda estar associada a neoplasia pulmonar, trau-matismo torácico penetrante, ou ocorrer como complicação de biópsia pulmonar, toracocentese ou radioterapia.2,5,6

A FBP é uma situação rara, especialmente em idade pediá-trica, com elevada morbilidade. O seu tratamento deve ser indi-vidualizado, implicando uma abordagem cirúrgica numa elevada percentagem de doentes5. No entanto, uma atitude conservado-ra pode ter sucesso, tal como no caso que apresentamos.

CASO CLÍNICOCriança do sexo masculino, com dois anos e oito meses,

previamente saudável, com quatro doses de vacina conjugada anti-pneumocócica (três doses de vacina 7-valente e uma dose 13-valente aos 18 meses de idade).

Internado numa unidade hospitalar privada no quinto dia de doença por febre, tosse, dificuldade respiratória de agra-vamento progressivo e recusa alimentar parcial. À admissão, apresentava-se com razoável estado geral, taquipneia, satura-ção periférica de oxigénio de 88-90% (com FiO2 21%), adejo nasal, tiragem global e diminuição do murmúrio vesicular em todo o hemitórax direito. O estudo analítico aí realizado reve-lou hemoglobina de 10,9 g/dL, 16500 leucócitos/µL (11800/ µL neutrófilos) e proteína C reativa < 0.5 mg/L. Radiografia de tórax com hipotransparência do hemitórax direito, confirman-do-se ecograficamente um derrame pleural de médio volume. Iniciou antibioterapia endovenosa com ampicilina e claritromi-cina.

Transferido para o Centro Materno-Infantil do Norte no dia seguinte, por agravamento da dificuldade respiratória. Repetiu ecografia torácica, que revelou um derrame pleural de grande volume, sem sinais de loculação ou empiema. Foi submetido a toracocentese (volume de líquido pleural não quantificado) e o exame citoquímico do líquido pleural (LP) foi compatível com transudado (pH 7 e 1000 leucócitos/µL), com relação proteínas totais LP/soro de 0,1 g/L e DHL inferior ao limite de deteção.

Por persistência dos sinais de dificuldade respiratória e da febre, ao sétimo dia repetiu estudo analítico, que demons-trou um agravamento dos parâmetros inflamatórios (leucóci-

tos 22900/µL com 69% de neutrófilos, proteína C reativa 326 mg/L). Foi colocado dreno torácico, com saída de LP purulento e exame citoquímico compatível com empiema (pH 7,0; rela-ção proteínas no líquido pleural / séricas 0,64; relação DHL líquido pleural / sérica 9,06; células 19155/µL com 89% de po-limorfonucleares).

Por drenagem incompleta do espaço pleural, foi administra-da terapêutica fibrinolítica intra-pleural (alteplase 0.1 mg/Kg/dia, 3 dias consecutivos), com uma drenagem total de 644ml. Ao décimo primeiro dia, detetado enfisema subcutâneo da parede lateral do hemitórax direito (Figura 1) e saída de líquido sero--hemático arejado pelo dreno torácico. Por suspeita de FBP foi removido o dreno torácico e efetuado encerramento cutâneo da solução de continuidade. Por persistência da febre e dos parâ-metros inflamatórios elevados, foi alterada a antibioterapia para ceftriaxone e clindamicina.

A Tomografia computorizada (TC) torácica revelou um pneu-motórax de médio a grande volume, aparentemente loculado na vertente postero-superior do pulmão direito, associada a uma formação cavitada multiloculada do lobo superior direito com-patível com processo necrotizante. Verificou-se ainda conso-lidação para-cardíaca do lobo superior e inferior direitos, com

Figura 1 - Enfisema subcutâneo da parede lateral do hemitórax direito, que se estende à parede abdominal, região cervical e axilar; hipotransparência heterogénea de todo o campo pulmo-nar direito, com preservação do parênquima pulmonar apenas no terço superior.

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broncograma aéreo e uma solução de continuidade entre árvore brônquica, espaço pleural e tecidos moles da parede torácica, sugerindo FBP central. Foi ainda possível documentar a presen-ça de enfisema subcutâneo, derrame pleural loculado na cisura oblíqua direita de médio volume e pequena lâmina de derrame pleural no fundo de saco costofrénico homolateral (Figura 2 e 3).

O doente evoluiu favoravelmente, com resolução da saída de ar pela parede torácica, melhoria do enfisema subcutâneo, apirexia sustentada desde D21 de doença, independência da oxigenoterapia suplementar desde D22 e normalização dos pa-râmetros inflamatórios. Teve alta em D50 de doença, comple-tando um total de 6 semanas de antibioterapia.

Nos exames culturais (hemocultura, bacteriológico, micoló-gico e micobacteriológico do LP) não foi isolado nenhum agen-te e o estudo imunológico (doseamento de imunoglobulinas e pesquisa de anticorpos específicos) foi normal. Não foi efetuada pesquisa de agente por Polymerase Chain Reaction (PCR).

Repetiu TC torácica em D38 de doença que confirmou a melhoria do processo necrotizante e a resolução do enfisema subcutâneo e da FBP. Identificou-se um espessamento seque-lar da pleural marginal póstero-lateral do pulmão direito e uma consolidação parenquimatosa do segmento posterior do lobo superior direito e duas lesões cavitadas, uma de 9 mm de maior diâmetro de conteúdo aéreo e outra de 26 mm com conteúdo líquido e aéreo (Figura 4).

Figura 2 - Enfisema subcutâneo multiloculado da parede lateral e posterior do hemitórax direito; formação cavitada multilocula-da no lobo superior direito; consolidação para cardíaca no lobo superior direito, com broncograma aéreo.

Figura 3 - Solução de continuidade infracentimétrica dos planos músculo-aponevróticos e pleurais com comunicação com a ár-vore brônquica e enfisema subcutâneo multiloculado na parede torácica lateral e posterior direita.

Figura 4 - Consolidação parenquimatosa do segmento poste-rior do lobo superior direito e da vertente posterior do segmento apical homolateral; lesão cavitada com 26 mm de maior diâme-tro com nível hidro aéreo.

Aos dois anos de seguimento, mantem-se assintomático, sem intercorrências infeciosas, com exame objetivo normal e sem alterações na radiografia torácica. O estudo de função respiratória ainda não foi realizado por falta de colaboração do doente.

DISCUSSÃOA FBP, como complicação de infeção pleuroparenquimatosa,

pode desenvolver-se em qualquer fase do curso da doença.5 O risco de FBP é mais elevado em doentes com pneumonia necro-tizante, por extensão do processo de necrose pulmonar através da pleura.7

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60 case reportscasos clínicos

A incidência de FBP em idade pediátrica não está bem do-cumentada na literatura. Sabe-se apenas que a pneumonia ne-crotizante, apesar de rara, tem-se tornado mais frequente, re-presentado cerca de 5 a 10% das pneumonias adquiridas na comunidade.8

A drenagem da cavidade pleural pode condicionar uma lo-culação de líquido pleural que aumenta o risco de fistulização, estando este risco associado à duração da drenagem.9,10 No en-tanto, não está documentado na literatura que a utilização de fibrinolíticos no tratamento do empiema, mesmo quando asso-ciado a pneumonia necrotizante, possa contribuir para a forma-ção de fístula.4

A terapêutica da FBP continua a ser um desafio, variando desde terapêuticas conservadores até procedimentos cirúr-gicos agressivos, não existindo normas de orientação ou con-sensos bem estabelecidos.6 Nas FBP secundárias a infeções pleuroparenquimatosas, a primeira abordagem deverá ser sempre conservadora, incluindo drenagem do espaço pleural, antibioterapia de largo espetro com cobertura para os agentes bacterianos mais frequentes, suplementação nutricional e ven-tilação adequadas.5,9

Apesar de muitas FBP se resolverem com tratamento con-servador, a necessidade de intervenção cirúrgica pode chegar aos 66%.7,10 A decisão de tratar uma fístula broncopleural cirur-gicamente baseia-se em critérios clínicos, que incluem a taxa de recorrência de pneumotórax, sépsis, fuga de ar persistente e a ausência de resposta à terapêutica conservadora, o que não se verificou neste doente. 7,11

Para além das opções cirúrgicas convencionais, as técni-cas por broncoscopia (com recurso a colas, balões e selantes) têm ganho popularidade na reparação de fístulas de pequenas dimensões (< 8 mm) ou para fazerem a ponte para a reparação cirúrgica de doente debilitados com fistulas grandes.2,5,6

No caso apresentado, é discutível a antibioterapia empírica inicial, já que de acordo com as Norma da Direção de Geral de Saúde a pneumonia adquirida na comunidade deve ser abor-dada com ampicilina.13 A realização de toracocentese em D5 poderia igualmente ter sido útil.

Apesar da criança manter febre e necessidade de oxigeno-terapia suplementar, manteve-se sempre hemodinamicamente estável, confortável e sem sinais clínicos de sépsis, pelo que se foi prolongando a atitude expectante na abordagem da FBP, com boa evolução clínica. Dado o tempo de evolução e gravida-de do quadro clínico, optou-se por manter antibioterapia endo-venosa prolongada.

O Streptococcus pneumoniae e o Staphylococcus aureu são os agentes etiológicos mais frequentemente envolvidos nas pneumonias necrotizantes em idade pediátrica.4,12,13 No entanto, neste doente não foi possível identificar nenhum agente, como está descrito para 50% de casos.8 A pesquisa de agente por PCR no LP poderia ter sido útil na identificação etiológica.

A febre prolongada está igualmente descrita na literatura, assumindo-se que não está necessariamente relacionada com a falta de efetividade na irradicação do microrganismo, mas associada à presença de produtos inflamatórios pirogénicos

e destruição celular, decorrentes do processo de necrose pul-monar.12

Em conclusão, a FBP deve ser reconhecida como compli-cação da pneumonia adquirida na comunidade em idade pe-diátrica, habitualmente associada à pneumonia necrotizante e empiema.4,5,7 A FBP é difícil de tratar e implica habitualmente um internamento prolongado e uma taxa de mortalidade que pode atingir os 50%.14 A raridade desta complicação em idade pediá-trica e o escasso número de casos publicados implicam que a abordagem dos doentes com FBP deva ser individualizada para cada doente. Salienta-se o facto de que a terapêutica conser-vadora, com antibioterapia durante quatro a seis semanas, em determinados doentes, constitui uma atitude adequada e de su-cesso na abordagem da FBP em idade pediátrica.

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CORRESPONDENCE TOInês FerreiraDepartment of PediatricsCentro Materno Infantil do NorteCentro Hospitalar do PortoLargo Prof. Abel Salazar,4099-001 PortoEmail: [email protected]

Received for publication: 23.05.2016 Accepted in revised form: 22.08.2016

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Atraso pubertário: um diagnóstico tardio

DELAYED PUBERTY: A LATE DIAGNOSIS

ABSTRACTBackground: Pubertal delay is a common condition in

the Endocrinology clinic. Many diseases can underlie this phenomenon, being inflammatory bowel disease, namely Crohn’s disease, one of the most commonly related chronic diseases.

Case report: Sixteen-years-old female adolescent, with no previous medical history, was referred to the Pediatric clinic because of pubertal delay with primary amenorrhea and failure to thrive. She had initially no digestive symptoms. She subsequently developed gastrointestinal complaints. Laboratorial, endoscopic and radiological studies that allowed the diagnosis of moderate to severe Crohn’s disease.

Discussion/Conclusion: We aimed to aware Crohn’s disease as one of the causes of pubertal and growth delay, highlighting the need for early diagnosis and therapy, in order to reach a favorable pubertal development.

KeyWords: Failure to thrive; Crohn’s disease; inflammatory bowel disease; pubertal delay

RESUMOIntrodução: O atraso pubertário é uma patologia frequen-

te na consulta de Endocrinologia. Várias doenças podem estar subjacentes a este problema, sendo a doença inflamatória intes-tinal, mais concretamente a doença de Crohn, uma das doenças crónicas mais associadas.

Caso clínico: Adolescente, sexo feminino, de 16 anos, sem antecedentes patológicos relevantes, referenciada à consulta de Pediatria por atraso pubertário com amenorreia primária e má evolução estaturo-ponderal. Inicialmente sem qualquer sin-tomatologia digestiva. Posteriormente iniciou queixas gastroin-testinais, tendo sido submetida a estudo analítico, endoscópico e radiológico, que permitiu o diagnóstico de doença de Crohn com atividade moderada-grave. Iniciou-se tratamento de indu-ção de remissão com corticosteroides e tratamento de manu-tenção com infliximab, com melhoria significativa dos sintomas e evolução pubertária favorável.

Discussão/Conclusão: Pretende-se relembrar a doença de Crohn como uma das causas de atraso de crescimento e puber-tário, salientando-se a necessidade de um diagnóstico precoce com instituição atempada de terapêutica, de modo a ser possí-vel uma evolução pubertária favorável.

Palavras-chave: Atraso pubertário; doença de Crohn; doen-ça inflamatória intestinal; má evolução estaturo-ponderal

Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal

2017; 26(1): 62-7

Helena FerreiraI, Tiago Cúrdia GonçalvesII, Maria João MoreiraII,Carla LaranjeiraI, Carla MeirelesI

__________

I Department of Pediatrics, Hospital da Senhora da Oliveira. 4835-044 Guimarães, Portugal. [email protected]; [email protected]; [email protected] Department of Gastroenterology, Hospital da Senhora da Oliveira. 4835-044 Guimarães, Portugal. [email protected]; [email protected]

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INTRODUÇÃOA puberdade é uma fase do desenvolvimento do ser huma-

no caracterizada por maturação da gametogénese, secreção de hormonas sexuais, desenvolvimento dos caracteres sexuais se-cundários e inicio da função reprodutiva.1 O início da puberdade resulta da atividade sustentada do eixo hipotálamo-hipófise-gó-nadas, o qual está altamente dependente da hormona libertado-ra de gonadotropinas (GnRH), hormona luteinizante (LH), hormo-na estimuladora dos folículos (FSH), estrogénios e androgénios.1 O atraso pubertário afeta cerca de 3% da população geral e as causas são variadas, podendo ser considerados quatro grupos: atraso constitucional do crescimento e desenvolvimento (ACCD - principal causa de atraso pubertário, sendo mais comum no sexo masculino e em casos de história familiar de atraso pu-bertário); hipogonadismo hipogonadotrófico (Hh) - resultante de disfunção do sistema nervoso central; hipogonadismo hipergo-nadotrófico (HH) - secundário a patologia gonadal e atraso pu-bertário secundário a doenças crónicas (APDC – etiologia mul-tifatorial, em que a resolução da doença subjacente permite a progressão do desenvolvimento pubertário).2,3 O Hh pode ainda ser classificado como congénito, adquirido ou constitucional, neste último caso secundário a anorexia, exercício extenuante, stress ou doenças crónicas.3,4

Várias doenças crónicas podem comprometer o desenvol-vimento pubertário e crescimento adequados. Em idade pediá-trica, o atraso de crescimento e pubertário pode constituir uma manifestação isolada da doença inflamatória intestinal (DII), o que pode dificultar o seu diagnóstico atempado.5,6 Esta mani-festação é mais comum na DC, com uma prevalência entre 10 e 30%, comparativamente aos 10% de casos na CU e parece ser secundário a um processo multifatorial.5,6

CASO CLÍNICOAdolescente de 16 anos, do sexo feminino, sem anteceden-

tes pessoais ou familiares patológicos relevantes, foi referencia-da à consulta de Pediatria por má evolução estaturo-ponderal associada a atraso pubertário com amenorreia primária. Não havia referência a outros sintomas nem alterações ao exame objetivo. Do estudo solicitado pelo Médico Assistente (tabela 1) salientava-se: anemia microcítica, hipocrómica e trombocitose; a radiografia do punho esquerdo evidenciava atraso da idade óssea comparativamente à idade cronológica de 3 anos e a

ecografia pélvica mostrava útero de pequenas dimensões, com paredes de reduzida espessura.

Na primeira consulta hospitalar, a doente negava sinto-mas de novo, nomeadamente cefaleias, alterações visuais, hiposmia, anosmia ou outros sintomas sugestivos de com-prometimento neurológico, bem como sintomas sugestivos de envolvimento de outros sistemas orgânicos. Negava ainda prática de exercício físico extenuante, comportamento alimen-tar restritivo, consumo de drogas ilícitas e não havia história de antecedentes cirúrgicos ou traumatismo crânio-encefálico. Ao exame objetivo salientava-se aspeto emagrecido, mas sem comprometimento do estado geral. Os parâmetros an-tropométricos revelaram peso corporal de 39 Kg (inferior ao percentil 5), estatura de 151,5 cm (percentil 5) sendo a sua estatura alvo no percentil 10, e índice de massa corporal (IMC) 17 kg/m2 (percentil 5). A adolescente não tinha quaisquer dis-morfias nem alterações da linha média, o fenótipo era femi-nino, os genitais normais e o estadio pubertário de Tanner 1 (P3,B1,A1). O restante exame objetivo, incluindo exame neu-rológico detalhado, não apresentava alterações. A observação das curvas do peso e da estatura, demonstrou um cruzamen-to de percentis em ambos os parâmetros antropométricos a partir dos 12 anos (figura1). Foi realizado estudo analítico e imagiológico, nomeadamente: função tiroideia, estudo do eixo hipotálamo-hipófise-gonadas, rastreio de doença celíaca, ca-riótipo e ecografia pélvica com biometria, que não revelaram alterações de novo (tabela 2).

Dois meses após a primeira observação a doente iniciou epigastralgias associada a alteração do trânsito intestinal, al-ternando diarreia e obstipação, mas com franco predomínio de obstipação. Negava perda de sangue ou muco nas fezes, febre, lesões cutâneas, aftas recorrentes, atingimento articular, sintomatologia ocular ou outros sintomas. Ao exame objetivo, estava com aspeto mais emagrecido, com peso corporal de 34,5 Kg, verificando-se uma perda ponderal de 11,5% com-parativamente à consulta anterior. Relativamente ao estadio pubertário de Tanner verificou-se evolução para o estadio de Tanner II (B2,P4). Perante esta nova sintomatologia e conside-rando a hipótese de DII, foi solicitado novo estudo complemen-tar (tabela 3) que revelou persistência da anemia microcítica e VS elevada. A endoscopia digestiva alta com biópsias revelou infeção por Helicobacter pylori, sem atividade inflamatória va-

Tabela 1 - Resultados dos exames complementares de diagnóstico solicitados pelo Médico Assistente.

Exames complementares Resultados Valores de referência

Hemoglobina MCV/ MCHCLeucócitosPlaquetas

10,3 g/dL 72,3 fL; 30g/dL8,02x103/L 570 x103/uL

12,0 – 16,0 g/dL 83 – 103 fL; 32,0 – 36,0 g/dL 4,8 – 10,8 x103/L 150 - 350 x103/uL

Rx mão e punho esquerdo 13 anos + 2 meses

Ecografia pélvicaÚtero de reduzidas dimensões, com paredes de reduzida espessura. Quisto anexial bilateral 9-10 mm

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lorizável, e duodenite inespecífica. Posteriormente, o resultado do doseamento da calprotectina nas fezes revelou-se elevado (>1800 µg/g), pelo que foi realizada colonoscopia total com biópsias, que corroboraram o diagnóstico de doença de Crohn (DC) ileocólica (tabela 3, figura 2). A entero-ressonância mag-nética realizada posteriormente confirmou espessamento seg-mentar do íleo distal com cerca de quatro centímetros de com-primento, com dilatação das ansas a montante, mas sem outro envolvimento do intestino delgado, permitindo classificar a DC, de acordo com a classificação de Paris, em A1b, L3+L4a, B2, G1, com atividade moderada-grave (Pediatric Crohn’s Disease Activity Index - PCDAI 40 pontos).

A indução de remissão com nutrição entérica exclusiva foi recusada pela doente, pelo que foi iniciado tratamento com

corticosteroides 1mg/kg/dia, com redução progressiva durante 10 semanas.

Cerca de um mês após ter iniciado terapêutica, constatou--se melhoria sintomática e analítica. Nesta altura ainda não tinha menarca. Ao exame objetivo apresentava bom aspeto geral e nutricional, com peso de 41 Kg (aumento ponderal de 6,5kg) e estatura sobreponível. Relativamente aos caracteres sexuais secundários, verificou-se evolução favorável, estando no esta-dio pubertário de Tanner B3P4. Cerca de 10 semanas após o diagnóstico foi iniciado infliximab na dose de 5mg/kg a cada 8 semanas. Com esta terapêutica ocorreu melhoria clinica e evolução pubertária favorável, tendo tido a menarca cerca de 4 meses após o diagnóstico, no entanto, sem evolução estatural favorável.

Tabela 2 - Resultados dos exames complementares de diagnóstico realizados na primeira consulta hospitalar.

Exames complementares Resultados Valores de referência

TSH T4L

3,660 UI/mL1,36 ng/dL

0,358 – 3,740 UI/mL 0,76 – 1,46 ng/dL

Anticorpo transglutaminase IgAIgA

0,8 U/mL325 mg/dL

<10 U/mL 114 – 457 mg/dL

LH; FSHProgesterona; prolactinaEstradiol

1,1 mUI/mL; 4,7 mUI/mL0,27 ng/mL; 10,7 ng/mL30 pg/mL

Cariótipo 46, XX

Figura 1 - Curvas antropométrica (CDC) do peso e estatura da adolescente, obtidas através do seu boletim de saúde infantil e juvenil.

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Tabela 3 - Resultados dos exames complementares de diagnóstico realizados após início de sintomatologia gastrointestinal.

Exames complementares Resultados Valores de referência

Hemoglobina MCV/ MCHCLeucócitosPlaquetas

11,4 g/dL 77,9 fL; 32,1 g/dL6,9x109/L379000/uL

12,0 – 16,0 g/dL 83 – 103 fL; 32,0 – 36,0 g/dL 4,8 – 10,8 x103/L 150 - 350 x103/uL

Velocidade de sedimentação 29 mm 0 – 10 mm

Calprotectina fecal >1800 µg/g

Endoscopia digestiva altaMucosa esofágica sem alterações. Transição esófago-gástrica regular. Fundo, corpo e antro sem alterações endoscópicas. Piloro centrado e permeável. Porção distal do bulbo duodenal até D3 com mucosa com atrofia vilositária.

Histologia da mucosa gástricaRetalhos de mucosa gástrica de tipo corpo sem alterações significativas e retalhos de mucosa gástrica de tipo antro com lesões de gastrite crónica superficial sem ativida-de inflamatória valorizável, associada a Helicobacter pylori.

Histologia da mucosa duodenalRetalhos de mucosa de tipo entérico, compatíveis com origem duodenal, de arquitec-tura vilositária e críptica preservadas e de córion com discreto infiltrado inflamatório polimorfo – duodenite inespecífica.

Ileocolonoscopia

Aos 10cm da válvula ileo-cecal, área de mucosa congestiva, com algumas úlceras ovaladas. Restante mucosa do íleo com marcada atrofia das vilosidades, sem outras alterações. Válvula íleo-cecal com mucosa congestiva e raras erosões aftoides, este-nosada, franqueável pelo colonoscópio.

Histologia do íleo

Histologia do cólon e reto

Lesões de ileíte com erosões associadas às quais se associam folículos linfóides na respetiva lámina própria. Não se identificaram micro-abcessos crípticos nem gra-nulomas epitelióides. Sem lesões de displasia nem lesões de natureza neoplásica maligna.

Morfologia globalmente apresentando parâmetros dentro da normalidade, com al-guns fragmentos com lesões de colite inespecífica focal com atividade mínima. Não se identificaram micro-abcessos crípticos, granulomas epitelióides, lesões de displa-sia nem lesões de natureza neoplásica maligna.

Figura 2 - Imagens da ileocolonoscopia. A - Erosões aftoides no cólon; B – Erosão e hiperemia da mucosa da válvula íleo-cecal; C – Úlceras no íleo terminal.

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DISCUSSÃO O atraso pubertário é uma causa frequente de angústia e

repercussões psicológicas nos jovens, que anseiam por um de-senvolvimento pubertário rápido para se igualarem aos seus pa-res.2 Assim, a referenciação precoce destes casos torna-se fun-damental para diminuir as repercussões físicas e psicológicas de um atraso pubertário prolongado. No entanto, a abordagem deste distúrbio endócrino nem sempre é fácil, uma vez que pode ter várias causas subjacentes, necessitando de uma vigilância clínica frequente e prolongada. A história clínica detalhada é fun-damental, não esquecendo de avaliar a presença de sintomas sugestivos de patologia crónica, sintomas neurológicos, con-sumo de fármacos, antecedentes cirúrgicos, padrão alimentar restritivo, prática de exercício físico extenuante e antecedentes familiares de atraso pubertário.7 No exame físico deve ser dada particular atenção aos seguintes aspetos: evolução da estatura e do peso, comparação entre o segmento corporal superior e in-ferior, caracterização dos caracteres sexuais secundários, pes-quisa de dismorfias sugestivas de síndromes e exame neuroló-gico minucioso, de modo a excluir uma causa central.7 Apesar da história clínica e do exame objetivo auxiliarem na orientação diagnóstica a requisição de exames complementares diagnósti-cos, nomeadamente do estudo hormonal, é fundamental.

No caso clínico apresentado, a história clínica, o exame ob-jetivo e resultados laboratoriais auxiliaram na orientação diag-nóstica. Assim, o ACCD era pouco provável, uma vez que se tratava de uma doente do sexo feminino e não havia história familiar de atraso pubertário. Do mesmo modo, a ausência de valores aumentados das gonadotropinas, a ecografia pélvica e o cariótipo normais excluíram o HH como causa do atraso puber-tário. O Hh por patologia hipotalámica ou hipofisária, seja congé-nita ou adquirida, também era pouco provável, dado a ausência de sinais ou sintomas sugestivos de envolvimento neurológico. Deste modo, o APDC era a causa mais provável, uma vez que para além do atraso pubertário, havia um cruzamento patológi-co dos percentis do peso e da estatura associado a anemia e trombocitose. A dificuldade na identificação da causa do atraso pubertário desta doente residiu no fato de numa fase inicial não ter qualquer sintoma associado que orientasse para uma causa orgânica, nomeadamente gastrointestinal. De facto, está bem descrito na literatura que o atraso de crescimento e o atraso pu-bertário podem ser a primeira manifestação da DII, o que dificulta o seu diagnóstico. 5,6 Esta associação é ainda mais consistente no caso da DC, ocorrendo em 10 a 30% dos casos. O mecanis-mo subjacente a este fenómeno ainda está mal esclarecido. A subnutrição tem sido reconhecida como um dos principais me-canismos envolvidos; no entanto, já foram descritos casos de atraso pubertário sem desnutrição, o que implica a existência de outros mediadores responsáveis. Algumas experiências de-senvolvidas em modelos animais e em humanos com doenças inflamatórias crónicas têm sugerido os mediadores inflamatórios como intervenientes importantes no desenvolvimento pubertário, independentemente do estado nutricional.5

A incidência da DC na população pediátrica tem vindo a au-mentar em todo o mundo, variando de 2,5 a 11,4 por 100.000,

com uma prevalência estimada de 58 por 100.000 crianças, o que realça a importância de se considerar este diagnóstico mes-mo nos casos que se manifestem numa fase inicial apenas com atraso pubertário. A gravidade e a extensão da DII em idade pediátrica são mais exuberantes, com consequências a curto e a longo prazo, quando não tratada adequada e atempada-mente.8 No caso reportado, a ausência inicial de manifestações gastrointestinais fez com que o diagnóstico se protelasse, o que resultou num estado de desnutrição e, consequentemente, perda de peso e baixa estatura. A realização de exames sub-sidiários simples e não invasivos como hemograma, VS, PCR, calprotectina fecal e ecografia abdominal com visualização da última ansa ileal, deveria ser considerada em doentes com atra-so pubertário não explicado, de forma a permitir um diagnóstico mais precoce da DII.

Nas crianças e adolescentes que ainda não finalizaram o crescimento, a nutrição entérica exclusiva constitui a terapêuti-ca de indução de primeira linha, uma vez que tem eficácia seme-lhante à corticoterapia mas com melhor perfil de segurança.8 No caso da doente apresentada, a nutrição entérica exclusiva não foi bem aceite, mesmo após se ter explicado as vantagens deste tratamento, nomeadamente no que diz respeito à sua eficácia e à ausência de efeitos adversos significativos, comparativamen-te ao tratamento com corticosteroides. Uma vez recusado este tratamento, e de forma a garantir a adesão terapêutica, optou-se por iniciar tratamento com corticosteroides orais com desmame progressivo ao longo de dez semanas.

Depois de atingida a indução da remissão, é necessário iniciar tratamento de manutenção, de forma a controlar o pro-cesso inflamatório e evitar recidivas. Existem várias opções terapêuticas, nomeadamente tiopurinas (azatioprina, 6-mercap-topurina), metotrexato e agentes biológicos (infliximab, adali-mumab).8 Dada a eficácia comprovada da terapêutica biológica no tratamento de indução da remissão e manutenção da DC e, tendo em consideração os fatores de mau prognóstico desta doente, juntamente com a necessidade de resposta terapêuti-ca rápida, de modo a não perder a janela de oportunidade em termos de evolução pubertária, optou-se pelo tratamento com infliximab, o qual foi bem tolerado.

A evolução favorável do desenvolvimento pubertário após ter sido controlada a atividade da DC, comprovou que a causa do atraso pubertário nesta adolescente era justificada pela pato-logia gastrointestinal. Este resultado está de acordo com o que está descrito na literatura, ou seja, que o tratamento da doen-ça crónica tem impacto favorável em termos do crescimento e puberdade. No caso da nossa doente o diagnóstico, apesar de tardio, não comprometeu o desenvolvimento pubertário, mas o crescimento ficou irreversivelmente afetado.

Com este caso pretende-se relembrar a DII como uma das causas frequentes de atraso de crescimento e atraso pubertário, mesmo na ausência de manifestações gastrointestinais evidentes. É crucial o diagnóstico correto e atempado desta doença, de forma a conseguir controlar a atividade inflamatória, pois só deste modo poderão ser obtidos os efeitos desejáveis em termos de evolução pubertária e crescimento.

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CORRESPONDENCE TOHelena FerreiraDepartment of PediatricsHospital da Senhora da OliveiraRua dos Cutileiros, Creixomil4835-044 GuimarãesEmail: [email protected]

Received for publication: 10.04.2016Accepted in revised form: 22.08.2016

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Linfedema congénito

CONGENITAL LYMPHEDEMA

ABSTRACTBackground: Primary lymphedema is chronic tissue

swelling, most commonly present in lower limbs.Case: An 1-month-old boy, previously healthy, was admitted

with a recent firm edema of the left leg and foot and bilateral hydrocele. No godet signal, other inflammatory signs or joint limitation. He had overlapping fingers and trophic changes of toenails. At 5-months of age did similar edema in the right foot. His great-grandmother had bilateral lower limb edema since childhood. This is consistent with a Milroy disease. Posteriorly, he needed admissions for cellulitis. The ultrasound revealed no vascular changes. No mutation was found in FLT4 gene. He started lymphatic drainage with clear improvement. Currently, he is clinically stable.

Comments/Discussion: Rare disease characterized by anaplasia/hypoplasia of lymphatic vessels and edema of the lower limbs, usually bilateral, other manifestations included hydrocele, recurrent cellulitis and nail changes. It has autosomal dominant transmission, but the mutation is found only in 70% of affected individuals.

Keywords: Autosomal dominant transmission; congenital lymphedema; hydrocele; Milroy’s disease; recurrent cellulitis

RESUMOIntrodução: O linfedema primário consiste num edema cró-

nico dos tecidos, mais comumente presente nos membros in-feriores.

Caso: Lactente de um mês do sexo masculino, previamente saudável, observado por edema firme da perna e pé esquerdos e hidrocelo bilateral recente. Sem sinal de godet, outros sinais inflamatórios ou limitação articular. Apresentava sobreposição dos dedos e alterações tróficas das unhas dos pés. Aos cin-co meses surge edema semelhante no pé direito. Bisavó com edema bilateral dos membros inferiores desde a infância. Apre-sentação consistente com Doença de Milroy. Posteriormente, necessidade de internamentos por celulite. Eco-doppler dos membros inferiores sem alterações vasculares. Estudo do gene FLT4 negativo. Iniciada drenagem linfática com franca melhoria. Atualmente, clinicamente estável.

Comentários/Discussão: Doença rara, caracterizada por anaplasia/hipoplasia dos vasos linfáticos e edema dos membros inferiores, geralmente bilateral, podendo cursar com hidrocelo, celulite recorrente e alterações nas unhas. Transmissão autos-sómica dominante, mas mutação encontrada em apenas 70% dos indivíduos afetados.

Palavras-chave: Doença de Milroy; celulite recorrente; hi-drocelo; linfedema congénito; transmissão autossómica domi-nante

Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal

2017; 26(1): 68-70

Catarina NevesI, Nádia BritoII, Lourdes MotaII

__________

I Department of Pediatrics, Hospital Pediátrico de Coimbra, Centro Hos-pitalar e Universitário de Coimbra. 3000-602 Coimbra, Portugal.

[email protected] Department of Pediatrics, Hospital Distrital da Figueira da Foz. 3094-001 Figueira da Foz, Portugal. [email protected]; [email protected]

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NASCER E CRESCERBIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNAL

year 2017, vol XXVI, n.º 1

69case reportscasos clínicos

INTRODUÇÃOO linfedema divide-se em dois tipos: primário, geralmente

congénito e hereditário, englobando doenças raras; e secundá-rio ou adquirido, muito mais frequente.1 O linfedema primário classifica-se em função da idade em congénito, precoce ou tardio.2 Consiste num edema crónico dos tecidos, mais co-mumente presente nos membros inferiores, resultante de uma anormalia intrínseca de drenagem linfática.3 Apresenta-se sem dor, calor, eritema ou limitação funcional no inicio.2

DESCRIÇÃO DO CASOOs autores apresentam o caso de um lactente do sexo mas-

culino, com um mês de idade, previamente saudável, que foi trazido ao serviço de urgência por tumefação da perna e pé es-querdos e hidrocelo bilateral de surgimento na última semana. Sem dor, rubor ou calor locais, febre ou alterações da mobi-lidade dos membros. O crescimento e desenvolvimento eram adequados à idade. Dos antecedentes familiares, de salientar a bisavó materna com edema bilateral dos membros inferiores desde a infância.

Na observação apresentava boa vitalidade, sem dismorfis-mos não familiares, lesões cutâneas ou sinais de dificuldade respiratória. Auscultação cardiopulmonar e avaliação do abdó-men normais. De salientar, edema marcado do membro inferior esquerdo até ao joelho (diâmetro perna esquerda 16cm, direita 15cm, pé esquerdo 13cm, direito 11,5cm), de consistência fir-me, sem sinal de godet, sem sinais inflamatórios ou limitação articular; e hidrocelo bilateral com edema significativo e sinal de transiluminação positivo. Apresentava, ainda, sobreposição dos dedos dos pés e alterações tróficas ligeiras das unhas dos pés (espessamento e sulcos horizontais) (Figura 1). Sem alterações esqueléticas, assimetria do comprimento dos membros, malfor-mações arteriovenosas ou capilares visíveis, ptose palpebral ou outras alterações.

Aos cinco meses surge edema semelhante no pé direito (Fi-guras). Foi realizado eco-doppler dos membros inferiores, que

confirmou a presença de aspetos compatíveis com linfedema, mas não revelou alterações vasculares.

Por suspeita clínica, corroborada pelo geneticista, de doença de Milroy, foi efetuado o estudo do gene FLT4, que foi negativo.

Iniciada drenagem linfática manual periódica, com clara me-lhoria do edema e funcionalidade, permitindo melhoria na aqui-sição da marcha. Posteriormente, teve dois internamentos por celulite em contexto de agravamento do linfedema. Apresentou boa evolução sob antibioterapia endovenosa e intensificação da drenagem linfática, com estabilidade clínica atual.

Mantem crescimento e desenvolvimento adequados à idade.

DISCUSSÃO Na presença de linfedema num pequeno lactente, devemos

evocar algumas hipóteses de diagnóstico, nomeadamente, sín-drome de Turner, síndrome de Noonan e síndrome de Milroy.4 Foi, também, encontrada associação do linfedema com linfan-giectasia intestinal, malformação vascular cerebral, ptose, ye-llow nail syndrome, distiquíase e colestase.4

Apesar do estudo do gene FLT4 ter sido negativo, a apre-sentação clínica de edema bilateral duro, sem sinal de godet, dos membros inferiores e escroto, sem dismorfismos, alterações esqueléticas ou alterações vasculares ecográficas, com cresci-mento e desenvolvimento normais e história familiar positiva, é compatível com o diagnóstico clínico de Síndrome de Milroy.

A doença de Milroy é rara e tem hereditariedade autossómi-ca dominante, com expressão variável e penetrância incomple-ta.1,5 Também têm sido descritos casos de transmissão autos-sómica recessiva ou ligada ao cromossoma X.4 A mutação mais frequente ocorre no gene FLT4, mas é encontrada em apenas 70% dos indivíduos afetados. Este gene codifica o recetor três do fator de crescimento do endotélio vascular (VEGFR-3).1,3,5 Outros genes têm sido relacionados com esta patologia, tal como, outra mutação stop do gene que codifica o VEGFR-3 ou o gene GJC2.3-5

Figura 1 - Edema marcado do ambos os membros inferiores, de consistência firme, sem sinal de Godet, outros sinais inflamató-rios ou limitação articular. Visível sobreposição dos dedos dos pés e alterações tróficas ligeiras das unhas dos pés (espessa-mento e sulcos horizontais).

Figura 2 - Edema marcado do ambos os membros inferiores até ao joelho, de consistência firme, sem sinal de Godet, outros sinais inflamatórios ou limitação articular.

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70 case reportscasos clínicos

Esta patologia é caracterizada por anaplasia/hipoplasia dos vasos linfáticos, que condiciona uma falha na remoção da linfa, levando à acumulação de proteínas no líquido extracelular, com estimulação dos fibroblastos e consequente edema organizado dos membros inferiores.1-3,5-7 Geralmente surge pouco tempo após o nascimento e é bilateral, cursando frequentemente tam-bém com hidrocelo. Existem casos descritos que apresentam ainda vascularização venosa proeminente, papilomatose, so-breposição dos dedos dos pés e alterações ungueais (espes-samento, sulcos ou coloração amarelada).1-3,5,7 Normalmente há história familiar positiva de edema congénito.2,3,5,7

O tratamento é essencialmente conservador, sendo de eleição a drenagem linfática manual ou por pressoterapia.2 Na ausência de malformações associadas, o prognóstico é geral-mente bom.2

Devido a hereditariedade mais frequente ser a autossómica dominante com expressividade variável, existe risco de recor-rência de 50% para os descendentes de indivíduos afetados. Na falta de identificação do gene afetado, como no nosso caso, não é possível realizar diagnóstico genético pré-natal.

CONCLUSÃOOs autores apresentam este caso pela sua raridade,

salientando a importância do diagnóstico clínico em conjunto com o estudo genético, sempre que possível, para respetiva orientação a longo prazo. Destacam, também, a importância das medidas de drenagem linfática local, que permitem melhoria franca da funcionalidade e previnem as complicações locais, como infeções cutâneas recorrentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2. Barral Mena E, Soriano-Ramos M, Pavo García MR, Llorente Otones L,  de Inocencio Arocena J. Primary lymphoedema outside the neonatal period. An Pediatr (Barc).  2016. pii: S1695-4033(16)00026-6. doi: 10.1016/j.anpedi.2016.01.016. [Epub ahead of print].

3. Brice G, Child AH, Evans A, Bell R, Mansour S, Burnand K, et al. Milroy disease and the VEGFR-3 mutation phenotype. J Med Genet 2005;42:98–102.

4. Kliegman RM, Stanton BF, Geme JWS, Schor NF, Behrman RM Nelson Textbook of Paediatrics. 20th edn. Philadelphia: Elsevier; 2016. p. 621, 622, 892, 1930, 2412-13.

5. Balboa-Beltran E,  Fernández-Seara MJ,  Pérez-Muñuzuri A,  Lago R,  García-Magán C,  Couce ML,  et al. A novel stop mutation in the vascular endotelial growth factor-C gene (VEGFC) results in Milroy-like disease. J Med Genet. 2014;51:475-8.

6. Andrade M. Linfangiogénese e genética dos linfedemas: revisão da literatura. J Vasc Bras 2008;7:256-61.

7. Domínguez-Carrillo LG, Armenta-Flores R, Domínguez-Gasca LG. Linfedema congénito, enfermedad de Milroy. Acta Médica Grupo Ángeles 2011;9:149-54.

CORRESPONDENCE TOCatarina NevesDepartment of PediatricsHospital Pediátrico de CoimbraCentro Hospitalar e Universitário de CoimbraAvenida Afonso Romão-Alto da Baleia, 3000-602 Coimbra, PortugalEmail: [email protected]

Received for publication: 24.07.2016 Accepted in revised form: 29.08.2016

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71dermatology case caso dermatológico

Caso dermatológico

Criança do sexo masculino, com nove anos, sem antecedentes relevantes, com uma lesão cutânea adquirida de aparecimen-to aos três anos, localizada na região malar esquerda, macu-lar, hipercrómica, com dimensões de 40x30mm, de limites bem definidos e com bordos irregulares. Aos cinco anos tornou-se evidente o aparecimento progressivo de lesões maculares mais hipercrómicas, tipo pontuado, com distribuição irregular (Figura 1) sobre a lesão prévia. Realizou dermatoscopia digital que não revelou atipias (Figura 2).

Qual o seu diagnóstico?

Inês FalcãoI, Isabel Couto GuerraI, Miguel HortaII

__________

I Department of Pediatrics, Centro Materno-Infantil do Norte, Centro Hospitalar do Porto. 4099-001 Porto, Portugal.

[email protected]; [email protected] Department Dermatology, Centro Hospitalar do Porto. 4099-001 Porto, Portugal. [email protected]

Figura 1 - Mácula hipercrómica de limites bem definidos e bor-dos irregulares, sobre a qual são evidentes lesões maculares mais hipercrómicas, tipo pontuado com distribuição irregular.

Figura 2 - Imagens de dermatoscopia digital sem atipias evi-dentes. Setas azuis a indicar os locais de pormenores em maior ampliação.

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72 dermatology case caso dermatológico

DIAGNÓSTICONevo Spilus

COMENTÁRIOSO diagnóstico desta lesão cutânea assenta nas suas carac-

terísticas clínicas, nomeadamente na existência de uma lesão macular hipercrómica, com limites bem definidos e irregulares, na qual se distinguem máculas, tipo pontuado, mais hipercrómi-cas e com distribuição assimétrica. O termo nevo spilus, tam-bém denominado nevo lentiginoso pontuado ou nevos sobre nevo, deriva do grego spilos que significa mácula.1 É uma lesão cutânea relativamente comum, com uma prevalência de 1-2% e corresponde, histologicamente, a uma lesão melanocítica.1,3,5 A sua etiologia permanece desconhecida, e os mecanismos etio-lógicos equacionados são defeitos nos melanoblastos da crista neural, fatores ambientais e genéticos.1

O nevo spilus pode ser congénito ou desenvolver-se nos primeiros anos de vida.1,3 Frequentemente a mácula surge no primeiro ano de vida e o pontuado entre os seis e os 39 anos.4 Varia consideravelmente de tamanho, podendo ser classificado clinicamente em três grupos: pequeno/médio, gigante e zoste-riforme.1,3 Pode ocorrer em qualquer parte do corpo, com mais frequência no dorso e nas extremidades.1,2

Apesar de caracteristicamente ser uma lesão benigna, apre-senta potencial maligno, com desenvolvimento de melanoma em casos raros.1,3,4 O risco de degeneração maligna é superior se a lesão estiver presente desde o nascimento e nas lesões de maiores dimensões. Relativamente ao tamanho, alguns autores estabelecem o cut-off nos quatro centímetros, enquanto outros consideram que o risco é mais elevado apenas nas variantes gigantes, motivo pelo qual estas últimas são consideradas por alguns como “potenciais precursores de melanoma”.1,3

Dada a inexistência de terapêutica eficaz para o melanoma, bem como ausência de um protocolo estandardizado para o se-guimento dos nevos spilus, a prevenção e a deteção precoce são mandatórias, nomeadamente pela vigilância clínica regular e dermatoscopia das lesões de maior risco (maiores dimensões/atípicas clínicas).2,3 A excisão profiláctica do nevo spilus não está indicada, estando a biópsia incisional reservada para as lesões suspeitas.2,3

RESUMOO nevo spilus é uma lesão melanocítica que pode ser congéni-

ta ou desenvolver-se nos primeiros anos de vida. Varia considera-velmente de tamanho e pode ocorrer em qualquer parte do corpo.

Apesar de ser uma lesão benigna, apresenta potencial ma-ligno com desenvolvimento de melanoma em casos raros. A prevenção e a deteção precoce são mandatórias. Descreve-se o caso clínico de um rapaz com 9 anos com um nevo spilus.

Palavras-Chave: Nevo spilus; nevo melanocítico; lesões hi-percrómicas; dermatoscopia; melanoma.

ABSTRACTNevus spilus is a melanocytic lesion which can be congenital

or develop early in life. This lesion varies considerably in size and can occur anywhere on the body. Although nevus spilus is benign, it has malignant potential and melanoma develops in rare cases. Prevention and early detection are mandatory. We describe the case of a nine-year-old boy with a nevus spilus.

Keywords: Nevus spilus; melanocytic nevus; hyperchromic lesions; dermoscopy; melanoma

Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal

2017; 26(1): 71-2

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Vaidya DC, Schwartz RA, Janniger CK. Nevus spilus. Cutis. 2007; 80: 465-8.

2. Martin KL. Cutaneous Nevi. In: Kliegman RM, Staton BF, et al. Nelson Textbook of Pediatrics. 20th ed. Philadelfia: Elsevier; 2015; 651: 3129-33.

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4. Luz FB, Mata BF et al. Halo Nevo Spilus. An Bras Dermatol. 2004; 79:323-7.

5. Schaffer JV, Bolognia JL. Congenital melanocytic nevi. Uptodate 2015. Available at www.uptodate.com. Accessed July 2015.

CORRESPONDENCE TOInês FalcãoDepartment of PediatricsCentro Materno Infantil do NorteCentro Hospitalar do PortoLargo do Prof Abel Salazar, 4099-001 PortoEmail: [email protected]

Received for publication: 24.01.2016 Accepted in revised form: 28.07.2016

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year 2017, vol XXVI, n.º 1

73imaging case caso imagiológico

Caso imagiológico

Criança de dez anos, sexo feminino, praticante de andebol, recorre ao Serviço de Urgência por gonalgia esquerda com uma semana de evolução, exacerbada com o exercício físico.

Negava traumatismo, dor noturna, febre, astenia ou outros sintomas.

Ao exame físico apresentava edema e dor à palpação da região da tuberosidade tibial esquerda, sem eritema ou calor lo-cal. Não existia limitação da mobilidade articular do joelho ou da anca.

Realizou radiografia do joelho com incidência de perfil que re-velou fragmentação da tuberosidade tibial e edema dos tecidos

moles adjacentes (figura 1).

Qual o seu diagnóstico?

Maria João VieiraI, Carla FerreiraI, Susana SoaresI

__________

I Department of Pediatrics, Hospital Senhora da Oliveira. 4835-044 Guimarães, Portugal. [email protected]; [email protected]; [email protected]

Figura 1 - Ponta de seta - fragmentação da tuberosidade tibial; seta longa - edema dos tecidos moles adjacentes.

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74 imaging case caso imagiológico

DIAGNÓSTICODoença de Osgood-Schlatter

DISCUSSÃOA doença de Osgood-Schlatter ou Apofisite do Tubérculo

Tibial, resulta de múltiplas microfracturas de avulsão da apófise tibial superior, causadas por contrações sucessivas e forçadas do músculo quadricípite femoral que aí se insere.1 Trata-se de uma lesão de sobrecarga, ocorrendo sobretudo em adolescen-tes praticantes de desportos que envolvam saltos, agachamen-tos ou remates.

Associa-se à fase de surto de crescimento, atingindo assim adolescentes entre os 12 e os 15 anos no sexo masculino e en-tre os 10 e os 12 anos no sexo feminino. É mais comum no sexo masculino e ocorre bilateralmente em 30% dos casos.2

A clínica habitual carateriza-se por dor de instalação gradual, localizada na tuberosidade tibial, exacerbada com o exercício físico e melhorada com o repouso. A dor pode ser reproduzida durante o exame físico através da palpação da tuberosidade ti-bial ou extensão do joelho contra resistência. É também carate-rística a presença de edema local.

Devem ser equacionados outros diagnósticos no caso de haver história de trauma, sintomas sistémicos (febre, astenia ou perda ponderal), dor noturna ou atingimento articular.

Apesar de este ser um diagnóstico clínico, deve ser pedida uma radiografia do joelho no caso de dor unilateral ou dor per-sistente sugestiva da presença de um ossículo intratendinoso.3 Os achados radiológicos típicos incluem a fragmentação da tu-berosidade tibial e edema dos tecidos moles adjacentes.

O tratamento da doença de Osgood-Schlatter é conservador, incluindo a analgesia, fisioterapia e redução da atividade física, que deve ser posteriormente retomada de forma gradual, guia-da pela sintomatologia do adolescente.1 Casos mais graves ou recidivantes podem requerer imobilização ou cirurgia ortopédica.

Trata-se uma patologia benigna e auto-limitada, ocorrendo uma resolução completa do quadro quando ocorre a fusão entre o tubérculo tibial e a diáfise, no final do surto de crescimento.1

A adolescente do caso apresentado foi medicada com anti-in-flamatórios não esteróides e esteve em repouso durante uma se-mana, com posterior retoma da atividade física de forma gradual. Não se observou nenhuma recorrência, nos 2 anos de seguimento.

RESUMOCriança de dez anos recorre ao Serviço de Urgência por

gonalgia esquerda com uma semana de evolução, exacerba-da pelos movimentos. Tratava-se de uma praticante regular de andebol sem traumatismo recente. Negava febre, dor noturna, fadiga ou outros sintomas constitucionais.

Ao exame físico apresentava edema e dor na tuberosidade tibial, sem eritema ou calor local.

A radiografia do joelho revelou fragmentação da tuberosida-de tibial e edema dos tecidos moles, achados consistentes com doença de Osgood-Schlatter.

A doença de Osgood-Schlatter é uma lesão de sobrecarga, causada por tensão repetida e avulsão crónica da apófise da

tuberosidade tibial. Associa-se com o surto de crescimento em adolescentes fisicamente ativos.

Esta adolescente foi medicada com anti-inflamatórios e sub-metida a repouso durante uma semana, com posterior retoma da atividade física de forma gradual. Não se observou recorrên-cia durante os dois anos de seguimento.

Palavras-chave: Adolescente; doença de Osgood-Schlatter; lesão de sobrecarga

ABSTRACTA ten-year-old girl presented with a one week history of left

knee pain, exacerbated by movement. She practiced handball regularly, but denied any recent trauma. There was no fever, night pain, fatigue or other constitutional symptoms.

Physical examination revealed swelling and tenderness over the tibial tuberosity without erythema or warmth.

Knee radiograph showed soft-tissue edema and fragmentation of the tibial tuberosity, findings consistent with Osgood-Schlatter disease.

Osgood-Schlatter disease is an overuse injury caused by repetitive strain and chronic avulsion of the secondary ossification center (apophysis) of the tibial tuberosity. It is associated with growth spurts in physically active adolescents.

The patient was treated with anti-inflammatories and rest during one week and gradually returned to activity. There was no recurrence during the two years follow-up.

Keywords: Adolescent; Osgood-Schlatter disease; overuse injury

Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal

2017; 26(1): 73-4

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Gholve PA, Scher DM, Khakharia S, Widmann RF, Green DW. Osgood Schlatter syndrome. Curr Opin Pediatr 2007; 19:44-50.

2. de Lucena GL, dos Santos Gomes C, Guerra RO. Prevalen-ce and associated factors of Osgood-Schlatter syndrome in a population-based sample of Brazilian adolescents. Am J Sports Med 2011; 39:415-20.

3. Launay F. Sports-related overuse injuries in children. Orthop Traumatol Surg Res 2015; 101: S139-47.

CORRESPONDENCE TOMaria João VieiraDepartment of PediatricsHospital Senhora da OliveiraRua dos Cutileiros, 114 Creixomil4835-044 GuimarãesEmail: [email protected]

Received for publication: 24.08.2016 Accepted in revised form: 31.08.2016

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75agenda ADEMI

AGENDA ADEMI 2015

Curso de Imunodeficiências PrimáriasIGM ICHP, 11 de MaioDestinatários:Pediatras, Internos Complementares de Pediatria

Curso de Colposcopia – do diagnóstico à terapêuticaCMIN I CHP, 29 e 30 de MaioDestinatários:Obstetras e Ginecologistas, Internos Complementares de Obstetrícia e Ginecologia

III Curso de Atualização em Pediatria para MGFCHP, 5 e 6 de JunhoDestinatários:Pediatras, Internos Complementares de Pediatria e de MGF

Da Enurese Primária à Bexiga NeurogénicaIGM, 2 de Outubro Destinatários:Pediatras, Internos Complementares de Pediatria e de MGF

Curso Teórico-Prático de Diabetes na Criança e AdolescenteIGM, 8 e 9 de OutubroDestinatários:Pediatras, Internos Complementares de Pediatria e de MGF

I Jornadas de Enfermagem do CMIN-CHPPorto, 29 e 30 de OutubroDestinatários:Enfermeiros da área da Saúde Materno Infantil e Pediátrica

XXVII Reunião Anual de Pediatria do CMIN-CHPCHP, 26 e 27 de NovembroDestinatários:Pediatras, MGF, Internos Complementares de Pediatria e MGF

Informação disponível em www.ademi.pt

AGENDA ADEMI 2017

Módulo II do Curso de Ventilação Mecânica Domiciliária:Traqueostomia e ventilação mecânica de longa duração

20 de janeiro

1.as Jornadas de Cirurgia Pediátrica para Pediatria e Medicina Geral e Familiar

3 de fevereiro

Curso de Doenças Lisossomais de Sobrecarga em Medicina Geral e Familiar

25 de Março

Módulo III do Curso de Ventilação Mecânica Domiciliária: Técnicas adjuvantes no doente ventilado

31 de Março

Curso de Ginecologia Pediátrica5 e 6 de Maio

V Curso de Atualização em Saúde Infantil29 e 30 de Maio

XXVIX Reunião Anual de Pediatria do CMINNovembro (data a confirmar)

Informação disponível em www.ademi.pt

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76 instructions for authorsnormas de publicação

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tion; Material and Methods; Results; Discussion and Conclusions.- The structure of review articles should include: Introduction; Objec-

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sed. They should contain: a brief Introduction, Case description and a suc-cinct discussion including a summary conclusion.

- The section of What is your Diagnosis? Is indicated to small case reports where the image is fundamental to the diagnosis. The images (two or three) should be relatived to the clinical observation of the patient or a supplementary diagnosis. Should contain a discription of the case that ended with a question: What is your Diagnosis? Must be follewed by the diagnosis, the orientation of the patient and a brief discussion.

- Any abbreviation used should be spelled out the first time they are used. When used more than six, it is recommended to include a table whe-re all be specified. Abbreviations are not accepted in the titles of papers.

- Parameters or values measured should be expressed in international (SI units, The SI for the Health Professions, WHO, 1977), using the corres-ponding abbreviations adopted in Portugal.

- Numbers 1 to 10 should be written in full, except in the case of deci-mals or units of measurements. Numbers above 10 are written as figures except at the beginning of a sentence.

- With regard to the results, the information should not be referred to in duplicate in the text and tables / charts, being enough emphasize the text cited in the main figure.

REFERENCES- References should be noted in the text with subscript Arabic num-

bers, in order from the first citation.- Sequencial references must be made indicating only the first and

last joined by hyphen (ex.: 4-7). They should be limited to 40 for original papers, 15 to case reports, 6 to What is your Diagnosis? and 80 to review articles.

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NASCER E CRESCERBIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNAL

year 2017, vol XXVI, n.º 1

77instructions for authorsnormas de publicação

- The journal complies with the reference style in the Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals (www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html). Abbreviate journal titles according to the List of Journals Indexed in Index Medicus. Authors should consult NLM’s Citing Medicine for information on its recommended formats for a variety of reference types. Examples:

a) Journal: list the first six authors followed by et al to surpass 6, title of the article, name of the journal, year, volume, pages. Ex: Haque KN, Zaidi MH, Haque SK, Bahakim H, el-Hazmi M, el-Swailam M, et al. Intravenous Immunoglobulin for prevention of sepsis in preterm and low birth weight infants. Pediatr Infect Dis 1986; 5: 622-65.

b) Chapters of books: author(s), title of the chapter or contribution, name and initials of the editors, title of book preceded by ‘In:’, number of edition, city and name of publisher, year of publication, first and last page of the chapter. Ex: Phillips SJ, Whisnant JP. Hypertension and stroke. In: Laragh JH, Brenner BM, editors. Hypertension: pathophysiology, diagnosis, and management. 2nd ed. New York: Raven Press; 1995. p. 465-78.

c) Book: author(s), title of book, number of edition, city and name of publisher, year of publication, page. Ex: Jenkins PF. Making sense of the chest x-ray: a hands-on guide. 2nd. London: Taylor & Francis; 2013. p. 120.

d) Online reference: Journal article on the Internet: Ex.: Jeha G, Kirkland J. Etiology of hypocalcemia in infants and children. January, 2010. (Accessed 8 May 2013). Available at: http://www.uptodate.com.

TABLES AND FIGURES- All illustrations should be in digital format of high quality.- Each table and figure should be numbered in sequence, by Ara-

bic numerals, in the order in which they are referenced in the text. They should each have their own page and bear an explanatory title and caption when necessary.

- All abbreviations and symbols need a caption.

- If the illustration has appeared in or has been adapted from copyri-ghted material, include full credit to the original source in the legend and provide an authorization if necessary.

- Any patient photograph or complementary exam should have pa-tients’ identities obscured and publication should have been authorized by the patient or legal guardian.

- The total number of figures or tables must not exceed eight for original articles and five for case reports. Figures or tables in colour, or those in excess of the specified numbers, will be published at the authors’ expense in the paper version.

ACKNOWLEDGMENTS AND CLARIFICATIONSThe acknowledgments and the conflict of interests must be published

at the last page.All authors are required to disclose all potential conflicts of interest.All financial and material support for the research and the work

should be clearly and completely identified in an Acknowledgment section of the manuscript.

MODIFICATIONS AND REVISIONSIf the paper is accepted subject to modifications, these must be sub-

mitted within fifteen days of notification.Proof copies will be sent to the authors in electronic form together

with an indication of the time limit for revisions, which will depend on the Journal’s publishing schedule.

Failure to comply with this deadline will mean that the authors’ revisions may not be accepted, any further revisions being carried out by the Journal’s staff.

LETTERS TO THE EDITOR

Letters to the Editor should be a comment to scientific manuscript or a small note about an important new clinical practice. A letter should not exceed 500 words and have a maximum of 5 references.

STRUCTURE OF THE ARTICLES - PUBLICATION STANDARDS

Article

AbstractKeywords

(Portuguese and English)

TextTables and

FiguresReferences

Maximum words

SectionsMaximum words

(excluding References and Tables)

Sections Máximum Máximum

Original articles

250

. Background

. Methods

. Results

. Conclusions

3 a 105000

. Introduction/Aim

. Methods

. Results

. Discussion

. Conclusions

8 40

Case Reports 150. Introduction. Case report. Discussion/Conclusions

3 a 10 2500. Introduction (short). Clinical Case. Discussion (including conclusions)

5 15

Review articles

250

. Introduction

. Aim

. Results

. Conclusions

3 a 10 5000

. Introduction

. Methods

. Main text

. Discussion (including conclusions)

8 80

What is your diagnosis?

150 . Introduction 3 a 10 2500. Case /Historical. Diagnosis. Comments/Discussion (Conclusions)

2/3 15

Letters to the Editor

_ _ _ 500 _ _ 5

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NASCER E CRESCERBIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNALyear 2017, vol XXVI, n.º 1

78 instructions for authorsnormas de publicação

INSTRUÇÕES AOS AUTORES

A Revista NASCER E CRESCER - BIRTH AND GROWTH MEDICAL JOUR-NAL, dirige-se a todos os profissionais de saúde e à comunidade científica em geral com interesse na área da Saúde Materno Fetal, Neonatal e Pe-diátrica. Tem como principais objetivos a difusão de informação científica, rigorosa, atualizada e a promoção da investigação, sendo o seu conteúdo composto por artigos originais, artigos de revisão, casos clínicos, artigos de opinião e resumos de apresentações em eventos científicos.

A revista é propriedade do Centro Hospitalar do Porto e está sob a coordenação do Departamento de Ensino, Formação e Investigação (DEFI). A sua publicação é trimestral. Os artigos publicados na NASCER E CRES-CER - BIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNAL são disponibilizados de acordo com uma licença Creative Commons. A gestão dos conteúdos científicos é da responsabilidade do corpo redatorial.

Os manuscritos devem respeitar as instruções aos autores e devem ser submetidos electronicamente através do portal da revista no SARC -RCAAP, redigidos em inglês.

MANUSCRITOA submissão de manuscritos para publicação na Revista NASCER E

CRESCER - BIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNAL deve ser efetuada através da plataforma online no website:

revistas.rcaap.pt/nascercrescer

com documento anexo em qualquer versão atual de Microsoft Word, acompanhados da declaração de autoria.

Os artigos estão sujeitos a um processo de revisão e cabe ao Editor a responsabilidade de os: a) aceitar sem modificações, b) aceitar após alterações propostas, ou c) rejeitar, com base no parecer de pelo menos dois revisores que os analisarão de forma anónima. Os pareceres serão sempre comunicados aos autores.

CONSENTIMENTO INFORMADO E APROVAÇÃO PELA COMISSÃO DE ÉTICA

É da responsabilidade dos autores garantir que são respeitados os princípios éticos e deontológicos, bem como, a legislação e as normas aplicáveis, conforme recomendado na Declaração de Helsínquia.

Nos estudos experimentais, é obrigatório que os autores mencionem a existência e aplicação de consentimento informado dos participantes, assim como a aprovação do protocolo pela Comissão de Ética.

É obrigatória declaração de conflito de interesses ou financiamento.

NORMAS DE PUBLICAÇÃO

A Revista NASCER E CRESCER - BIRTH AND GROWTH MEDICAL JOUR-NAL subscreve os requisitos para apresentação de manuscritos a revistas biomédicas elaboradas pela Comissão Internacional de Editores de Re-vistas Médicas (Uniform Requirements for Manuscripts submitted to biomedical journals. http://www.icmje. org. Updated July 2011).

O trabalho deve ser apresentado na seguinte ordem: 1 – Título em inglês e português; 2 – Autores; 3 – Resumo em inglês e português. Palavras-chave nos dois idiomas; 4 – Corpo do artigo; 5 – Referências Bi-bliográficas; 6 – Figuras; 7 – Quadros; 8 – Legendas; 9 – Agradecimentos e esclarecimentos.

As páginas devem ser numeradas segundo a sequência referida atrás.

TÍTULOS E AUTORES – O título deve ser o mais conciso e explícito possível, escrito na

primeira página, em inglês e português, não mencionando a identificação da instituição onde decorreu o estudo.

– A indicação dos autores deve ser feita pelo nome clínico ou com a(s) inicial(ais) do(s) primeiro(s) nome(s), seguida do apelido e devem constar as afiliações profissionais.

– Os contactos de todos os autores devem incluir endereço postal, endereço eletrónico e telefone.

RESUMO E PALAVRAS -CHAVE– O resumo deverá ser redigido na língua utilizada no texto (inglês) e

sempre em português, devendo evitar-se abreviaturas.– Artigos originais: deverá compreender no máximo 250 palavras e

ser elaborado segundo o seguinte formato: Introdução, Objectivos, Mate-rial e Métodos, Resultados e Conclusões.

– Artigos de revisão: deverá compreender no máximo 250 palavras e ser estruturado da seguinte forma: Introdução, Objectivos, Desenvolvi-mento e Conclusões.

– Casos clínicos / Qual o seu diagnóstico: não deve exceder 150 palavras e deve ser estruturado em Introdução, Caso Clínico e Discussão/Conclusões.

– Nos casos Qual o seu Diagnóstico? Deverá compreender no máxi-mo 150 palavras e deve ser estruturado da seguinte forma: Caso, Diag-nóstico, Comentários/Discussão e Conclusões.

– Abaixo do resumo deverá constar uma lista de três a dez pala-vras--chave, em inglês e português, por ordem alfabética, que servirão de base à indexação do artigo. Os termos devem estar em concordância com o Medical Subject Headings (MeSH).

TEXTO– O texto deve ser redigido em inglês.– Os artigos originais de investigação devem ser elaborados com a

seguinte organização: Introdução; Material e Métodos; Resultados; Dis-cussão e Conclusões.

– Os artigos de revisão devem obedecer à seguinte estrutura: Introdu-ção, Objectivos, Desenvolvimento e Conclusões.

– Os casos clínicos devem ser exemplares, devidamente estudados e discutidos e conter uma breve introdução, a descrição do(s) caso(s) e uma discussão sucinta que incluirá uma conclusão sumária.

– A secção Qual o seu Diagnóstico? é dedicada a casos clínicos curtos em que a imagem seja fundamental para o diagnóstico. As imagens (duas ou três) podem ser relativas à observação clinica do doente ou a meios complementares de diagnóstico. Deve incluir uma descrição do caso, que finaliza com a pergunta: Qual o seu Diagnóstico? Deve seguir-se o diag-nóstico, a orientação do doente e discussão breve.

– As abreviaturas utilizadas devem ser objecto de especificação. Quando necessária a sua utilização, devem ser definidas na primeira vez que são mencionadas no texto. Quando usadas mais do que seis, recomenda-se a inclusão de um quadro onde todas serão especificadas. Não se aceitam abreviaturas nos títulos dos trabalhos.

– Os parâmetros ou valores medidos devem ser expressos em unida- des internacionais (SI units, The SI for the Health Professions, WHO, 1977), utilizando para tal as respectivas abreviaturas adoptadas em Portugal.

– Os números de 1 a 10 devem ser escritos por extenso, excepto quan- do têm decimais ou se usam para unidades de medida. Números superiores a 10 são escritos em algarismos árabes, excepto se no início da frase.

– Relativamente aos resultados, a informação não deverá ser referida em duplicado no texto e nos quadros / tabelas, bastando salientar no texto os principais citados na figura.

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NASCER E CRESCERBIRTH AND GROWTH MEDICAL JOURNAL

year 2017, vol XXVI, n.º 1

79instructions for authorsnormas de publicação

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS– As referências devem ser classificadas e numeradas por ordem de

entrada no texto, com algarismos árabes, formatados sobrescritos. – Referências sequenciais devem ser feitas indicando apenas a pri-

meira e a última, unidas por hífen (ex.: 4-7). Serão no máximo 40 para artigos originais, 15 para casos clínicos, 6 para Qual o seu diagnóstico? e 80 para artigos de revisão.

– Os autores devem verificar se todas as referências estão conformes aos Uniform Requirements for Manuscript submitted to biomedical journals (www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html) e se utili-zam os nomes abreviados das publicações adoptadas pelo Índex Medi-cus. Os autores devem consultar a página NLM’s Citing Medicine relativa-mente às recomendações de formato para os vários tipos de referência. Seguem-se alguns exemplos:

a) Revista médica: listar os primeiros seis autores, seguidos de et al (em itálico) se ultrapassar 6, título do artigo, nome da revista, ano, volume e páginas. Ex.: Haque KN, Zaidi MH, Haque SK, Bahakim H, el-Hazmi M, el-Swailam M, et al. Intravenous Immunoglobulin for prevention of sepsis in preterm and low birth weight infants. Pediatr Infect Dis 1986; 5: 622-65.

b) Capítulo em livro: autor(es), título do capítulo, nome(s) do(s) Editor(es), título do livro, número da edição, cidade e nome da casa editora, ano de publicação, primeira e última páginas do capítulo. Ex.: Phillips SJ, Whisnant JP. Hypertension and stroke. In: Laragh JH, Brenner BM, editors. Hypertension: pathophysiology, diagnosis, and management. 2nd ed. New York: Raven Press; 1995. p. 465-78.

c) Livro: autor(es), título do livro, número da edição, cidade e nome da casa editora, ano de publicação e número de página. Ex.: Jenkins PF. Making sense of the chest x-ray: a hands-on guide. 2nd. London: Taylor & Francis; 2013. p. 120.

d) Referência electrónica: artigo de revista em formato electrónico. Ex.: Jeha G, Kirkland J. Etiology of hypocalcemia in infants and chil-dren. Janeiro, 2010. (Acedido em 8 de Maio de 2013). Disponível em: http://www.uptodate.com.

FIGURAS E QUADROS– Apresentadas em formato digital de boa qualidade. – Cada quadro e figura deverá ser numerado sequencialmente, em nu-

meração árabe, por ordem de referência no texto, ser apresentado em página individual e acompanhado de título e legenda explicativa quando necessário.

– Todas as abreviaturas ou símbolos necessitam de legenda. – Se a figura ou quadro é cópia de uma publicação ou modificada,

deve ser mencionada a sua origem e autorização para a sua utilização quando necessário.

– Fotografias ou exames complementares de doentes deverão impe-dir a sua identificação devendo ser acompanhadas pela autorização para a sua publicação dada pelo doente ou seu responsável legal.

– O total de figuras e quadros não deve ultrapassar os oito para os artigos originais e cinco para os casos clínicos. As figuras ou quadros coloridos, ou os que ultrapassam os números atrás referidos, serão publi-cados a expensas dos autores.

AGRADECIMENTOS E ESCLARECIMENTOSOs agradecimentos e indicação de conflito de interesses de algum

dos autores ou financiamento do estudo devem figurar na última página.

MODIFICAÇÕES E REVISÕESNo caso do artigo ser aceite mas sujeito a modificações, estas devem

ser realizadas pelos autores no prazo de quinze dias. As provas tipográficas serão enviadas aos autores em formato elec-

trónico, contendo a indicação do prazo de revisão em função das necessi-dades de publicação da Revista.

O não respeito do prazo desobriga a aceitação da revisão dos autores, sendo a mesma efectuada exclusivamente pelos serviços da Revista.

CARTAS AO EDITORAs Cartas ao Editor deverão constituir um comentário a um artigo da re-

vista ou uma breve nota sobre uma importante nova prática clínica. Não de-vem exceder as 500 palavras e ter um máximo de 5 referências bibliográficas.

ESTRUTURA DOS ARTIGOS – NORMAS DE PUBLICAÇÃO

Tipo de artigo

ResumoPalavras -chave

(Português e Inglês)

TextoFiguras e Quadros

Bibliografia

Número máximo de

palavrasEstrutura

Número máximo de palavras(excluindo Referências e

Ilustrações)Estrutura

Número total

máximo

Número máximo de referências

Artigos originais de investigação

250

. Introdução/Objectivo

. Material e Métodos

. Resultados

. Conclusões

3 a 105000

. Introdução/Objectivo

. Material e Métodos

. Resultados

. Discussão

. Conclusões

8 40

Casos Clínicos

150. Introdução. Caso(s) clínico(s). Discussão/Conclusões

3 a 10 2500. Introdução (breve). Caso(s) Clínico(s). Discussão (com conclusão)

5 15

Artigos de revisão

250

. Introdução

. Objectivos

. Desenvolvimento

. Conclusões

3 a 10 5000

. Introdução

. Métodos

. Desenvolvimento

. Discussão (com conclusões)

8 80

Qual o seu Diagnóstico?

150 . Apresentação 3 a 10 2500. Caso / Historial. Diagnóstico. Comentários / Discussão (conclusões)

2/3 15

Carta ao Editor

_ _ _ 500 _ _ 5

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Curso de Ventilação Mecânica Domiciliária em Pediatria

Módulo III– Técnicas Adjuvantes no Doente Ventilado 31 de Março de 2017 – Centro Hospitalar do Porto

Programa

09h00 Abertura do Secretariado 09h15 - 09h30 Apresentação do curso 09h30 - 10h30 Cinesiterapia respiratória no doente ventilado

Medicina Física e Reabilitação 10h30-11h00 Assistência mecânica à tosse 11h00 - 11h30 Intervalo 11h30 - 12h00 Técnicas de oscilação da parede torácica 12h00 - 12h30 Outras técnicas de gestão de secreções 12h30 – 14h00 Almoço 14h00 - 15h00 Casos Clínicos 15h00 - 17h00 Bancas práticas 17h00 - 17h30 Intervalo 17h30 - 18h00 Resumo do Curso 18h00 - 18h30 Avaliação Final Nº de inscrições por módulo: 30 Valor da inscrição por módulo: 60€ para não sócios da Ademi; 50€ para sócios da Ademi Apoio do Módulo III: Vitalaire Apoio Logístico: ADEMI Comissão Organizadora: Ana Cristina Freitas, Ana Ramos, Lurdes Morais, Maria Guilhermina Reis, Telma Barbosa Comissão Científica: Prof. Doutor Caldas Afonso, Dr.ª Paula Cristina Fernandes, Dr.ª Sílvia Alvares, Dr.ª Elga Freire, Dr.ª Ana Ramos, Dr.ª Lurdes Morais

Curso de Ventilação Mecânica Domiciliária em Pediatria

Módulo III– Técnicas Adjuvantes no Doente Ventilado 31 de Março de 2017 – Centro Hospitalar do Porto

Programa

09h00 Abertura do Secretariado 09h15 - 09h30 Apresentação do curso 09h30 - 10h30 Cinesiterapia respiratória no doente ventilado

Medicina Física e Reabilitação 10h30-11h00 Assistência mecânica à tosse 11h00 - 11h30 Intervalo 11h30 - 12h00 Técnicas de oscilação da parede torácica 12h00 - 12h30 Outras técnicas de gestão de secreções 12h30 – 14h00 Almoço 14h00 - 15h00 Casos Clínicos 15h00 - 17h00 Bancas práticas 17h00 - 17h30 Intervalo 17h30 - 18h00 Resumo do Curso 18h00 - 18h30 Avaliação Final Nº de inscrições por módulo: 30 Valor da inscrição por módulo: 60€ para não sócios da Ademi; 50€ para sócios da Ademi Apoio do Módulo III: Vitalaire Apoio Logístico: ADEMI Comissão Organizadora: Ana Cristina Freitas, Ana Ramos, Lurdes Morais, Maria Guilhermina Reis, Telma Barbosa Comissão Científica: Prof. Doutor Caldas Afonso, Dr.ª Paula Cristina Fernandes, Dr.ª Sílvia Alvares, Dr.ª Elga Freire, Dr.ª Ana Ramos, Dr.ª Lurdes Morais

Curso de Ventilação Mecânica Domiciliária em Pediatria

Módulo III– Técnicas Adjuvantes no Doente Ventilado 31 de Março de 2017 – Centro Hospitalar do Porto

Programa

09h00 Abertura do Secretariado 09h15 - 09h30 Apresentação do curso 09h30 - 10h30 Cinesiterapia respiratória no doente ventilado

Medicina Física e Reabilitação 10h30-11h00 Assistência mecânica à tosse 11h00 - 11h30 Intervalo 11h30 - 12h00 Técnicas de oscilação da parede torácica 12h00 - 12h30 Outras técnicas de gestão de secreções 12h30 – 14h00 Almoço 14h00 - 15h00 Casos Clínicos 15h00 - 17h00 Bancas práticas 17h00 - 17h30 Intervalo 17h30 - 18h00 Resumo do Curso 18h00 - 18h30 Avaliação Final Nº de inscrições por módulo: 30 Valor da inscrição por módulo: 60€ para não sócios da Ademi; 50€ para sócios da Ademi Apoio do Módulo III: Vitalaire Apoio Logístico: ADEMI Comissão Organizadora: Ana Cristina Freitas, Ana Ramos, Lurdes Morais, Maria Guilhermina Reis, Telma Barbosa Comissão Científica: Prof. Doutor Caldas Afonso, Dr.ª Paula Cristina Fernandes, Dr.ª Sílvia Alvares, Dr.ª Elga Freire, Dr.ª Ana Ramos, Dr.ª Lurdes Morais

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Porto, Seminário de Vilar, 25 de Março 2017

PROGRAMA

08:30 - Abertura do Secretariado 09:00 - Sessão de Abertura

09:15 - Introdução às Doenças Hereditárias do Metabolismo

Moderador| Anabela Bandeira (Unidade de Doenças Metabólicas-CHP) Palestrante| Esmeralda Martins (Unidade de Doenças Metabólicas-CHP)

Mesa I - Doenças Lisossomais de Sobrecarga: Suspeita Clínica Moderadores | Olga Oliveira (ACeS Maia Valongo)

| Arlindo Guimas (Unidade de Doenças Metabólicas-CHP) 09:45 - Dismorfias Anabela Bandeira (Unidade Doenças Metabólicas-CHP) 10:15 - Organomegalias Ermelinda Silva (CMIN-CHP) 10:45 - Clínica Respiratória Joana Correia (Unidade Doenças Metabólicas-CHP)

|Lurdes Morais (CMIN- CHP) 11:15 - Coffee-Break

11:45 - Manifestações Cardiovasculares Sílvia Álvares (CMIN-CHP) 12:15 - Doença Neurológica Sara Rocha (Unidade Doenças Metabólicas-CHP)

12:45 - Outros Sinais e Sintomas Sugestivos Rosa Ribeiro (Unidade Doenças Metabólicas – CHP)

13:15 - Almoço

Mesa II - Doenças Lisossomais de Sobrecarga: Diagnóstico e Orientação Moderadores| Esmeralda Martins (Unidade Doenças Metabólicas-CHP)

|Rosa Ribeiro (Unidade Doenças Metabólicas-CHP) |Deolinda Almeida (ACeS Porto Ocidental)

14:30 - Bases de Diagnóstico Dulce Quelhas (CGM-CHP) 15:00 - Tratamento Arlindo Guimas (Unidade Doenças Metabólicas-CHP)

15:30 - Aconselhamento Genético e Diagnóstico pré-natal Ana Fortuna (CGM-CHP) 16:00 - Articulação de Cuidados de Saúde Primários e Centro de Referência Rita Matos (ACeS Gondomar)

16:30 - Coffee-Break 17:00 – Quizz de Doenças Lisossomais de Sobrecarga 17:30 - Encerramento

SECRETARIADO e INSCRIÇÕES www.ademi.pt

[email protected] PATROCÍNIO CIENTIFICO

ORGANIZAÇÃO

APOIO

SECÇÃO DE DOENÇAS HEREDITÁRIAS DO METABOLISMO DA SPP

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26|1Birth and Growth Medical Journal

Vo

l. 2

6, n

º 1

, Mar

ço 2

01

7

SAÚDEINFANTIL

DE ATUALIZAÇÃO

V CURSO DE

////////////////////////////

29&30 DE MAIOBIBLIOTECA ALMEIDA GARRETT / PORTO

ORGANIZAÇÃOASSOCIAÇÃO PARA

O DESENVOLVIMENTOE ENSINO MATERNO INFANTIL ‘17

PROGRAMA

SEGUNDA-FEIRA29/05

09h00 Sessão de abertura

09h30 Como abordar?

Puberdade precoce Hirsutismo Acne Caso clínico

10h30 Pausa para café

11h00 Quando pedir ou... não pedir?

“Exames de rotina” Testes de alergias Testes reumatológicos Colheitas de urina Caso clínico

13h00 Almoço de trabalho

14h00 Como tratar?

Conjuntivite Doença aftosa Obstipação Diarreia aguda Caso clínico

15h45 Conferência: Vacinação HPV (Papiloma Vírus Humano)

16h15 Pausa para café

16h45 Adolescência

Comportamentos de risco/sexualidade Contraceção Dependência de tecnologia – tempo de ecrãCaso clínico

////////////PRELIMINAR

TERÇA-FEIRA30/05

09h00 Sono

Higiene do sono Insónia comportamental da infância Perturbação respiratória do sono Caso clínico

10h30 Pausa para café

11h00 Desafios para 2017

BCG Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção Períodos de evicção escolar

12h00 Teste de Avaliação

13h00 Encerramento do Curso

COMISSÃO CIENTÍFICAAmélia Moreira Anabela ResendeCarla FerrazConceição NovaisCristina Pascoal Fátima Pinto Fernanda Teixeira

Fernando AlmeidaLuísa CaldasLuísa CunhaManuela AguilarMargarida GuedesMa Guilhermina ReisNuno Capela